terça-feira, setembro 09, 2008
POETAS DE SERGIPE
NIVALDO MENEZES
INFÂNCIA
- Vamos brincar de saudade?
- Vamos!
- Então, fique lá que eu fico cá...
DESPEDIDA
Traiu a solidão
Com um riso bêbedo...
Antes da lágrima!
TRAVESSIA
Os amigos embarcaram
Em caravelas fantasmas
Para longe, muito longe...
Onde o lugar recebe o nome de saudade.
PÁRA, ELIS!
Quando descobriram o coito
Entre a cocaína e uma mulher
Não entenderam sua ânsia de parir a paz;
Inventaram acusações!
É, nunca percebem que a morte
Tem também cotidiano.
OFICIO
Põe=se de pé, mulher amada;
Luta por tudo quanto for vida
E se lhe tomam também a razão,
Prepara teu corpo
Para as peripécias do acaso.
IMPRESSÃO
Suponho ter visto o cio
Procurando nas calçadas da cidade
Quem não tivesse medo do pecado....
Ou foram os homossexuais
Que se fizeram débeis,
Tentando mostrar que o amor resiste
À procriação das máquinas?
CÚMPLICE
Esperaram que o silêncio das calçadas
Compartilhasse com afagos ébrios
Um primeiro beijo....
Assassinando-o, em seguida,
Na madrugada da metrópole.
ÊXTASE
O passeio do esperma jorrado,
Suado,
Tocado,
O forte odor suave dos desejos...
E nós limpos/loucos
Colocando nos contornos multiformes
A arte copiada de uma vida.
EGOCÊNTRICO
Toca o gosto ácido dos humildes
E nele percebe o amor desperdiçado pelo querer;
Chega mais perto do que é nada
E metralha angustia no espaço dos sentidos
Para daí nascer uma for com o nome:
Liberdade.
SOCIEDADE
Por detrás das muralhas,
Um palácio...
De lixo!
NIVALDO MENEZES – O poeta, escritor, jornalista e editor sergipano, Nivaldo Menezes é autor dos livros “Poemas de primeira fase”, “Nativo” e “Andança”, fundador e editor da revista Raiz e incluído no Anuário de Poetas do Brasil, 1982.
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