quarta-feira, março 04, 2009

POETAS DE PERNAMBUCO



MADALENA CASTRO

AO LONGO DO CAMINHO

Da minha infância eu me lembro
Quando estava caminhando
À beira de um riacho
A vida fantasiando
No meu mundo tão pequeno
Levava o tempo sonhando

Fui crescendo, fui crescendo
E um dia descobri
Um mundo bem diferente
Daquele em que vivi
Acabou-se a fantasia
Aí então eu sofri

Mas dei a volta por cima
Vivi a realidade
Deixei meu interior
E vim morar na cidade
Comecei a estudar
Com muita garra e vontade.

Superei os obstáculos
Passei por necessidade
Até me acostumar
Com a vida aqui na cidade
Tentei, mas não consegui
Cursar uma faculdade

Porém não desanimei
Fui professora, enfermeira
Aprendi serigrafia
Tentei ser cabeleireira
Fiz curso de alta costura
Pra ser boa costureira

Com bastante sacrifício
A minha vida toquei
Encontrei um grande amor
E com ele me casei
Tive quatro lindos filhos
A quem eu me dediquei

Descobri que sou poeta
E poeta pode sonhar
Ir aos lugares distantes
Sem nem sair do lugar
Atingir o infinito
Ou ir ao fundo do mar
Pode viajar de carro
De trem ou de avião
Chegar até aonde for
A sua imaginação
O importante é que tenha
Sempre Deus no coração

Hoje sou dona de casa
Não posso ficar parada
Gosto de ler e escrever
E sou bastante apressada
Quem me fizer esperar
Deixa-me muito irritada

Com linguagem popular
Escrevo com o coração
Encontro tempo pra tudo
Deus conduz a minha mão
Em tudo que me rodeia
Encontro inspiração

Deus já me deu quase tudo
Que tinha para me dar
Deu saúde e inteligência
Que eu soube aproveitar
Uma bonita família
E um coração para amar

Agradeço ao meu bom Deus
Por ser sua protegida
Pelos amigos que tenho
Pela família querida
Pelos olhos que iluminam
Os meus caminhos da vida

NA FILA DO BANCO

Certa vez eu fui ao banco
Tinha uma fila danada
Por incrível que pareça
Eu não me senti cansada
Pois muita gente era alegre
E contava coisa engraçada
Bem ali rtã minha frente
Uma moçá'no chão sentou
A outra que estava ao lado
Também lhe acompanhou
E um história comprida
Nesta hora começou
"Menina eu vou te contar
O que me aconteceu
Arrumei um home bom'
Depois que José morreu
Mas quatro meses depois
O cara se escafedeu
Já me dissero que viro
Ele cum outra mulé
Com um shortinho de coto
E uma havaiana no pé
Tão feia de fazer dó
Parece que é da ralé
Vou me informar direitinho
Onde eles foram morar
Puxo ela pelos cabelos
Vou dá-lhe um pau de lascar
Depois agarro meu home
Nem dexo ele se explicar"
Mas adiante um rapaz
Contava a sua aventura
Dizendo: Amigo estou bem
Estou com uma criatura
Que jurou me sustentar
Pois é rica e tem cultura"
O outro então respondeu:
Amigo tenha cuidado!
Pois vida de gigolô
Nunca tem bom resultado
Quando ela encontra um mais jovem
Você é logo trocado
Mas quando isso acontecer
Já terei aproveitado
O que ela me oferecer
Aceitarei de bom grado
Mas meu gordo pé de meia
Já estará bem guardado"
E haja papo daqui
E haja papo de lá
E a fila quilométrica
Nada de se acabar
Quando de repente ouvi
Outra história começar
"Depois que fiquei viúva
Meu filho veio pra cá
Desempregado e com filho
Bebendo pra se daná
O pió foi que descobri
Que ele deu pra roubar
"E cadê a Mulher dele ?"
A amiga perguntou.
Disseram que a maldita
Muita gaia lhe botou
Com um velho caminhoneiro
Que pra longe a levou"
Lá à fila dos idosos
Uma senhora chegou
Pediu pra ficar na frente
Porém ninguém concordou
Ela disse: estou bem doente
Pensem nisso por favor...
Houve um grande falatório
Um cidadão se alterou
Dizendo; "eu também sou velho
E doente também estou
Se você ficar na frente
Eu juro que também vou"
A senhora bem tranqüila
Muito educada falou
"não precisa confusão
Fiquem calmos, por favor
Que eu já estou indo pra fila
Não está aqui quem falou"
Pra encurtar a história
Pra confusão aumentar
O gerente muito calmo
Se propôs a anunciar
Que neste exato momento
O sistema saiu do ar
Aí todos se agitaram
Muitos sentaram no chão
Um homem falou pra mim
Com uma cansada feição
É isso que acontece
Com o pobre nesta nação.
Um boy falou: isso é nada
Já estou acostumado
Quando eu sair deste banco
Noutro o lugar tá guardado
E quando eu sair de lá
O dia tem terminado
Com o Salário que ganho
Não devo me apressar
Quem corre cansa, amigo
E eu não quero me cansar
E aqui é tão divertido
Nem vejo o tempo passar"
Depois de 15 minutos
O sistema então voltou
Novamente a longa fila
Aos poucos se arrumou
Depois de quase duas horas
Foi que minha vez chegou
Assim que fui atendida
Eu saí dali pensando
No jeito que aquela gente
Suas histórias iam contando
Sem tomar nenhum cuidado
Com quem estava escutando
Não foram somente essas
As histórias que escutei
Daquela gente humilde
Nas horas que ali passei
Apenas só foram, essas
As que mais me interessei
Se observar os que contam
As histórias engraçadas
Você vê que são pessoas
Alegres, bem humoradas
Capazes até de fazerem
Sisudos darem risadas
Imaginem como seria
O tédio de se ficar
Esperando numa fila
Sem ter onde se sentar
Sem ouvir um comentário
Ou uma história popular.

BALADA DO AMOR

Eu só queria acordar pela manhã
Antes que o dia começasse a clarear
Para sentir a leve brisa no meu rosto
E o teu corpo adormecido contemplar

Também queria, toda noite a lua cheia
Cobrindo a terra com seus raios de luar
Em minha volta só o som de um violino
Me embalando e convidando pra te amar

Se esse meu sonho se tornasse realidade
Eu poderia meus problemas descartar
E ficaria só pensando em ti, somente!
Pois seu só vivo e viverei só pra te amar

Cada minuto do meu tempo é importante
A vida é bela e é preciso aproveitar
Toda ternura e os carinhos do meu bem
Inteiramente no aconchego do meu lar.

BEIJOS DE MÃE

Recebi beijos de amor
Beijos de amigos também
Mais puro que o da mamãe
Não recebi de ninguém

Beijos de amigos também
Tantas vezes recebi
Nem todos foram sinceros
Poucas emoções senti

Mais puro que o da mamãe
Com jeitinho angelical
No universo inteirinho
Não haverá beijo igual

Não recebi de ninguém
Só da minha mãe querida
Que me beijou com carinho
Para adoçar minha vida

AMOR DE MÃE

Só mesmo quem já é mãe
Tem o dom de compreender
Porque a mulher faz de tudo
Para um filho defender

Se for preciso ela briga
Mesmo até com os amigo
E entra em qualquer lugar
Sem ter medo dos perigos

E sofre mais do que ele
Se descobre está doente
A dor que um filho sentir
Primeiro é ela quem sente

Se por acaso alguém diz
Que seu filho é mau sujeito
Ela briga e continua
Amando-o do mesmo jeito

Somente ela é quem tem
Este amo puro e profundo
Porque é amor de mãe
Que é o amor maior do mundo

BALADA DO AMOR

Eu só queria acordar pela manhã
Antes que o dia começasse a clarear
Para sentir a leve brisa no meu rosto
E o teu corpo adormecido contemplar

Também queria, toda noite a lua cheia
Cobrindo a terra com seus raios de luar
Em minha volta só o som de um violino
Me embalando e convidando pra te amar

Se esse meu sonho se tornasse realidade
Eu poderia meus problemas descartar
E ficaria só pensando em ti, somente!
Pois seu só vivo e viverei só pra te amar

Cada minuto do meu tempo é importante
A vida é bela e é preciso aproveitar
Toda ternura e os carinhos do meu bem
Inteiramente no aconchego do meu lar.

MADALENA CASTRO – a poeta geminiana e pernambucana Madalena Castro, é sócia fundadora da Sociedade dos Poetas Vivos de Olinda – SPVO e da União dos Cordelistas de Pernambuco - Unicordel/PE. É também sócia efetiva da União Brasileira de Escritores - UBE-PE e extraordinária do Grupo Literário Celina de Holanda. Ela já publicou diversos livros e cordéis, além de participar de várias Antologias. Ela edita o blog Madalena Castro – Poetisa olindense.

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