segunda-feira, janeiro 31, 2011

ROSA PENA



VERS&PROSA DE ROSA PENA

DISFARCE

Veja como te convém
o meu disfarce.
Como te dizer:
-Te amo
Se olhares mais além,
verás que não és
só mais alguém.
Minha boca chora
meu olhar implora.
Como pedir
que compres o meu passe,
se nem sou jogador?
E se ficássemos juntos,
certamente diminuiria o meu valor.
Convivência é sinônimo de desgaste.
Sem negociações e sem impasse.
Fico eu e meu disfarce.
Contorcida face.

TEREZINHA, AI JESUS!

Terezinha foi presa. Atirou no pau do gato, seu terceiro marido, um adúltero pé de valsa que se enrabichou por um traveco de nome Marlene que dançava pagode como ninguém. Nunca teve sorte no amor!
O primeiro era alcoólatra, adorava um limão batizado, virou ex.
O segundo era laranja de um deputado, foi à luta depois do escândalo do mensalão.
Esse último um puto gay.
Tanta ginástica, tanto botox, tanto silicone derramado.
Ela declara que não se arrependeu de nada.
Só ficou injuriada, pois o safado do gato boiola não morreu

SEM DIETA

Doce ou salgada
Noite e dia
Massa me apraz
Mas prefiro as com queijo.
Pizza é como amor.
Nunca é demais
Alô!
Mais um pedaço, por favor.
Com dupla camada.
A de cima com beijos
Salpicados de poesia.

VADE RETRO, SATANÁS!

Babaca com vagaba?
Três dias de folia.
Trezentos de vazio.

FATO CONSUMADO

Bebo conhaque, sal de fruta, até cicuta.
Nenhum veneno terreno mata
nossa ternura filha da puta!

COCHICHANDO

Em suas mãos (bem escondidos) permanecem cativos os fios do tempo (em que sonhávamos). Eles não se rompem (nem se romperão) e se confundem com as linhas de vida da sua palma. A distância entre seus dedos é igual a nossa (pequena e grande) e eles (por hora) não fazem o V da vitória. Estão sem a alegria de outrora. O amor nos deixou frágeis (sempre deixa), sem a coragem de sermos o que fomos até ainda pouco (nós nos achávamos uma fortaleza).
Em suas mãos (bem escondidos) os fios farão uma ramagem que você sentirá quando eu (volta e meia) aparecer em suas lembranças (não vou deixar você me esquecer). O amor desconhece o prefixo ex, (quando verdadeiro, ainda que passageiro). O nosso é.

INVENTÁRIO INÚTIL

Ficas com todas as cores, exceto o azul. A terra, as matas, quase todas as flores, os frutos, os animais, as nuvens, o sol, a lua, as estrelas. Eu fico com o céu e o mar.

—Tem coisas que não têm como se separar? Os peixes coloridos do fundo do oceano? As asas das borboletas?

Podes vir apanhar e aproveitas para me levar. Sou da cor da tua pele, mais ainda, sou ela. Se cobre comigo novamente.

Tipo assim...Eternamente.

TAMBÉM ELA

a rosa do jardim, do canteiro,
esbanjava charme, beleza
tempo inteiro.

ROSA PENA – A escritora e professora carioca Rosa Pena, trabalhou na Divisão de Multimeios da Educação na Secretaria de Educação e Cultura do Rio de Janeiro, com projetos ligados a cinema, teatro, música e literatura. Tem livros virtuais publicados e quatro livros impressos editados. Entre seus livros publicados estão PreTextos (All Print, 2004), reúne cem crônicas de sua autoria e UI! (Bagatelas, 2007), reunindo cerca de 40 contos e 50 crônicas. Veja mais da autora no Crônica de amor por ela.



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