PAULO PROFETA – Tudo começou quando uma noite lá
altas horas, minha irmã Ana Lúcia chegava do colégio com um espalhafato
medonho:
- E aí? Tu já conheces o Profeta? Ele parece um
padre, mas é poeta.
De cara fiz um muxoxo poque não era muito achegado
a coisa de profeta, principalmente por que à época havia o modismo de uma
telenovela global e também porque nunca fui simpatizante às coisas de profecia.
Cá comigo, desconfiei, mas se tratando dessa minha irmã danadamente justa e
acertada, eu não podia deixar de lado. Mas deixei, fiz pouco caso.
Não demorou muito e lá estou eu frente a frente com
o dito cujo, em reuniões artísticas e culturais na minha terrinha. Vi o quão
estava enganado: o cara além de preparado, já mostrava ser um cabra daqueles
que a gente precisa cultivar a amizade pro resto da vida por se tratar de
honestidade, firmeza e dedicação em pessoa.
Logo já estava lendo o seu primeiro livro de
poesias e dali encetando parcerias. Não deu outra, daí nasceu uma amizade que
reputo uma das poucas que merecem meu respeito e afetividade.
Trata-se do sergipano nascido José Paulo de
Menezes, pedagogo por formação, bancário aposentado, poeta dos bons e, também,
artista plástico.
Testemunhei a publicação do livro Jogo Vivo, dele
em parceria com o amigo Felipe Maldaner. E também do seu engajado Sindicalismo X Repressão.
Estivemos juntos nos movimentos culturais e artísticos
do municipio, a exemplo de participantes das Noites da Cultura Palmarense, e,
posteriormente, como fundadores das Edições Bagaço que à época era um movimento
editorial e cultural.
Findamos vizinhos por vários anos trocando ideias,
leituras e muita literatura, a ponto de eu musicar um de seus poemas.
Muito teria a dizer de José Paulo Profeta de
Menezes, ou simplesmente Paulo Profeta. Ele possui a irreverência de um
verdadeiro artista, merecendo, portanto, alguns superlativos, além de poeta,
artista plástico, professor e político sério: é uma pessoa decente? Decentíssimo.
É competente? Competentíssimo. É dedicado? Dedicadíssimo. É íntegro, inarredavelmente
honesto e verdadeiramente amigo. Pra ele assino em branco, marcho solidariamente
junto e bato no peito: esse é ser humano de verdade.
Finalizo essas modestas palavras com o seu poema
Mulher Seculada, dedicado à sua esposa Nalva e que eu musiquei:
Mulher Seculada
Linda fonte de
beber
teu corpo, escultura de prazer.
Quero sempre em tuas curvas sobrar
e no perfume de tua mata me molhar.
Quero nos teus
lindos e fofos montes
subir, descer
e no teu leito,
cheiro de gente,
de ser,
poder me perder.
E saber
que apesar de tudo - e sobretudo,
estamos sós e somente,
seculando um minuto
pois o que restou do dia,
o que restou do mundo,
pra mim é você.
Um beijabração pro Paulo, Nalva e os profetinhas.
Veja
mais Paulo Profeta, Poetas de Palmares e Literatura.