segunda-feira, março 31, 2008
POETAS ALAGOANOS
ELISABETH CARVALHO NASCIMENTO
SONATA
(Música de Luiz Alberto Machado. Vozes: Valderez de Barros & Gabi. Arranjos de Jarbinhas Rocha)
Lembra o tropeço do minueto
que dançamos pela vez primeira?
Lembra o licor que restou
no primeiro sonho lugar comum?
Lembra o adágio sonolento
que parou na quinta nota difusa?
Lembra do adargueiro
que na falta de guerras
escudava o amor?
Lembra da tosca azenha de vovó
que girava moendo segredos?
E ficamos no ar
eternos ébrios
do amor que sequer começou.
VIDA BRANCA
Voluptuosa sob o caramanchão
O corpo girava
Em ângulos de festa
Os pafos do vestido de organdi
Faziam ondas no espaço
Irritando a pele
O chapéu atirou-se longe
Fugindo...
E na falta do pás-de-deux
Rodopiava na valsa do só
Enquanto a luz banhava de branco
A vida.
SOLITUDE
A solidão dói mais
Na madrugada
Passeando em dores no peito
Como um vulto que perambula
Em becos úmidos
Quase desaparecidos na neblina espessa
Encurvado, sorrateiro
E minha solidão
No silêncio dos que dormem
Em crime premeditado
Faz mais uma vítima.
FIO DE VIDA
Nem sei quanto me resta
Dos dias certos
E de tão parca festa
Nem olho a reluzente ampulheta
Correndo fios de ouro
Silenciosamente.
PEQUENO SONHO
Meu coração
Vasilha de barro sob goteira
Recebe gotas sonoras
Da chuva
Fazendo canto de ninar
E adormeço sonhadora
De desejos
Iluminada pelo dourado
Dos seus cabelos.
MATA-BORRÃO
Meu coração balança no peito
Na tentativa de apagar
Essa paixão doida e doída
Meu coração balança na vida
Feito o mata-borrão de meu pai
Pressionado sobre o papel
De molhados números e letras azuis
Sorvendo o excesso de tinta
Tal como tento conter
A intensidade desse amor.
PRISIONEIRA
Prende-se a vida em mim
Como sua marrafa buena-dicha
Por entre fios ondulantes
Ondulados
E se me recosto a morte
Firma-se em estribos de prata
Qual amazona delusa
Que não vai
Nem vem
Presa como esapulário
Na memória.
SAUDADE
Faz tanto tempo dessa réstia escurecida
E ainda
Vejo você
No fundo do abismo que jamais bebi
Onde Toulouse escondeu a taça?
TIMIDEZ
Ao fitar seus olhos
Me vem patética timidez
Tão tola
Quanto o preconceito
Enfrentado pelo solitário pingüim
Que estático
Na fantasia do pólo
Repousa acima de nós
Sobre a geladeira.
ELISABETH CARVALHO NASCIMENTO – A magistrada alagoana Elisabeth Carvalho Nascimento é desembargadora no Tribunal de Justiça de Alagoas e autora do livro “Da cor do passado”. Deste livro recolhemos os poemas selecionados aqui. FONTE: NASCIMENTO, Elisabeth Carvalho. Da cor do passado. Maceió: Catavento, 2007.
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sexta-feira, março 28, 2008
PRIMEIRA REUNIÃO
6 DE AGOSTO DE 1945 – UMA SEMI-CANÇÃO PARA ROBERT LEWIS
Luiz Alberto Machado
- Meu deus, o que fizemos?
Era seis de agosto de mil novecentos e quarenta e cinco.
Nem se esperava um ataque cardíaco a vinte de junho de mil novecentos e oitenta e três.
O bolso cheio de dinheiro e tirania. E cem mil olhares sob o sol rastejando a sentença.
- Meu deus, o que fizemos? -, proferiste e teria feito tudo de novo como se o orgulho besta norte-americano resolvesse a crise do mundo e o mesmo mundo é o mesmo mundo e o mesmo mundo está sob ameaça de uma nova guerra e sempre na iminência de uma tragédia, tudo sob o símbolo da Cruz de Prata e da Cruz Aeronáutica Distinguida. E sob estas comendas muitos diriam a mesma coisa e dirão!
E, por isso, um novo cogumelo de radiotividade se faz e fará reluzir sempre num Japão que não será mais Japão, mas América ou Américas do fim do mundo.
Eu não sei por que na Ilha de Guam não te esperava um cogumelo similar e o céu desaparecesse e tua filha, Susan Marcotte, chorando com a noite por não ter onde dormir no meio da incandescência porque teu peito não saberia deitar a cabeça de Susan, a tua Hiroshima despetalada, bramindo, estrebuchando a sina que o destino reservou.
E ela, a inocente Susan, tentava fugir, tentativa inútil. O Enola Gay aprisionava as tuas vaidades e as pernas dela. E o teu corpo catatônico e tua alma patriótica mais e mais como um dentuço vítreo apavorante cheio de sangue e esconjuro.
Enervado e inútil, tu nem sabias como sair da enrascada nem via teu companheiro Tibets sorrindo de tua desgraça, enquanto tremias e ele com uma careta piscando o olho, sem perceber o fogo queimando o próprio Enola Gay e o tempo que restaria para que pudesse ser dito:
- Meu deus, o que fizeram?
Era seis de agosto de mil novecentos e quarenta e cinco.
Nem se esperava um ataque cardíaco a vinte de junho de mil novecentos e oitenta e três.
Agora, tudo cinza, pó, poeira, radiotividade aqui e por todo lugar.
Tio Sam sorri.
E agora estás seis vezes morto
Morto teu arrependimento
Morta a tua devassidão.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.
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FINAL DE SEMANA COM DICAS TATARITARITATÁ!!!!
GERVASIO BAPTISTA - No Balaio Cafè - 201 NorteDia 04 de abril, às 19h30 Brasìlia DF Info: Isabela Lyrio http://www.flickr.com/photos/isabelalyrio & http://www.punctum-foto.com & http://punctum-foto.blogspot.com/
QUANDO TUDO ACONTECE - Obra, organizada por Anna Claúdia Ramos com seis contos que abordam os dilemas e as descobertas vividos na adolescência, narradas por Marilia Pirillo, Sandra Pina, Sueli Boston, Flávia Côrtes, Lilá Maia e Anna Cláudia Ramos, que dialogam diretamente com o público jovem ao se valerem de seu universo pelas mais diversas formas, dentre elas a linguagem.Editora: Larousse do Brasil Autor: Marilia Pirillo, Sandra Pina, Sueli Boson, Flávia Côrtes, Lila Maia e Anna Cláudia Ramos Ilustrador: Daniel Kondo Formato: 13,5 X 20,5 cm Nº de páginas: 72 ISBN: 978-85-7635-286-0 Preço: R$ 16,90 Lançado pelo selo ‘EntreTempos’, da Editora Larousse. Informações: Communica Brasil (11) 3865-3534 Andrea Funk andrea@communicabrasil.com.br) Daniella Dolme daniella@communicabrasil.com.br Lívia Ascava livia@communicabrasil.com.br Info: Daniella Dolme (11) 3865-3534 .Veja mais no Fórum do Guia de Poesia.
SARAU DO CAMARIM DAS ARTES - Poesia, Música, Contação de estória, Circo, Teatro, Atv. Infantil - Produção Cia Catarse Dia 28 de março de 2008, das 19h às 24h Rua Araguaia, 359, Freguesia, Jacarepaguá/RJ Coord. Marcelo Demarchi Mestre de Cerimônia - Sérgio Gerônimo Apoio: APPERJ / OFICINA Editores & PARTIDO POLÍTICO DA POESIA Abertura - texto de Eurídice Hespanhol Música incidental - Brasil mostra a tua cara (Cazuza) Arautos: Flávio Dórea - poeta, estilista, produtor visual (poema - Brasil) Márcia Leite - poeta, contista, vice-pres. APPERJ, coord. do evento Todas Elas & Alguns Deles (poema - Ladeiras íngremes) Aluizio Rezende - poeta, contista, coord. do evento Poesia, você está na Barra (poema - Sabemos tudo) Eurídice Hespanhol - poeta, coord. do evento Salão Poético da AABB e Poetas Sem Fronteiras (poema - A Escola) Sérgio Gerônimo - poeta, editor, pres. da APPERJ, coord. do evento Te Encontro na APPERJ (poema - Máscara & fantasia) Glenda Maier - poeta, cronista, produtora cultural, secretária da APPERJ (poema - Eleições) Descontente-mor: Mariangela Mangia - professora, coord. do evento Poesia, você está na Barra(Manifesto PPP de Glenda Maier) POETAS CONVIDADOS Ana Carolina Coelho Denize Vieira Instintiva Lavanda A criação do mundo Carlitos, Barbarella Jovanholi ( poetas e músicos coordenadores do evento Sarau Conecte) & Márcio Dias (ator)
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quinta-feira, março 27, 2008
POETAS DE MINAS GERAIS
JULIO POLIDORO
O LOUCO
Quem anotou a história
Olvidou João-sem-nome
Aquele que vimos todos
E dissemos: pobre!
Esquecido no átrio da antifábula
Tornou-se menestrel
Fez-nos rir pois
Nos sentimos inseridos
Em outra trama
Que o exclui
Mas ele, o louco,
Roteiro mais cruel
Subverte o calhamaço oficial
Reescreve o mundo
Em tom carmin
MUITAS VOZES GRITAM DENTRO EM MIM
Muitas vozes gritam dentro em mim
E quase nenhuma me seduz.
Escavo feridas, carne em pus,
Tanta negação e tanto sim.
De não ter ido embora agora vim
A tatear da sombra alguma luz,
Em alcançar a meta me dispus:
Acerco-me do meio, não do fim.
Quisera ter tangido, sem embargo,
O verbo que procuro, de um só trago
E que dissesse mais que sim ou não.
Quisera transcender o tom amargo
Das tristes noites em que me embriago,
A boca inerte, em capitulação.
NÃO SEI O QUE SINTO
Não sei o que sinto.
O mundo é argamassa
E eu o contamino.
A gleba em minhas mãos.
Sem intendente.
Crispo uma face,
A outra desatino.
E a rima se constrói
Do vazio
Que fumino.
Não sei o que sinto.
Perco o que passa
E termino.
ANTÍPODA
Agora as pessoas que fui se juntam
Se separam, que nunca se juntaram.
Porque soltas, jamais se separam
E unidas, não são coisas que se ajuntam.
Umas caladas, que outras se besuntam
Do aroma das bocas que calaram:
Tudo disseram porque não falaram
Porque não falaram, ó, disseram tudo.
E pessoas tantas todas quero ser
Que dizendo muito muito a dizer
Dizam outraquelas o que não disseram.
Quero quero todas e nenhuma quero:
Estes seres que de noite recupero
Capturo pela sua negação.
III
O sentimento
É meu tapa na cara:
Comiserar é querer a si
Sendo outro.
O que está mais próximo
É o anel
Eu conduzirá as duas vidas.
Dentro do próprio, não ouço nada.
VI
Você não me conhece.
Nasci no principio da guerra
E quando acordei, já era.
Você não me conhece.
Os estilhaços são minha linguagem;
Mastigo guerra, vivo guerra, morro guerra.
Você não conhece os estilhaços,
Você não me conhece.
VII
O quarto é como vivo o assassino,
É como assisti a encenação
De um flagelado moribundo,
É como senti a fome do desgraçado,
É como morri na vida da prostituta.
Mas eu, sou o que sou,
Não quero ninguém assistindo,
Não quero a fome na tela.
Isso – é como me durmo.
AMOR-PERFEITO
Me sou te sendo e tu me és
Costura que se ata sem coser
Me tens sem mim e eu sem te ter
Possuo-te inteira ao revés
O amor eleva a onda das marés
Evola-se da chama a esplender
Torna-me cativo do teu ser
Amante, faz-te escrava a meus pés.
UM RASTRO NOS PERSERGUE
Lustros são lastros sem conta
Na agenda do tempo:
Ontem quem me vivia
Hoje me exaspera
O que nos intriga
Vestimos com farta palavra
Que em nada alivia
A dor de saber que
Um rastro nos persegue
Pelo atalho da memória
PARALELEPÍPEDOS
O chão repartido
Comparte o coração
Se essa rua fosse minha
Eu bradava algo sacana
Putas, viúvas, mucamas
Passaram por essa rua
E as pedras tão frias
Nos acusam
Eis o adúltero, o agiota
E a faladeira na porta
O ladrão nos rouba
O fio da memória
João-sem-nome, coitado,
Come restos da lata
Ali, onde o bonde passava,
Restou sangue de beata?
Atropelamentos, rusgas, fofocas,
Secaram a calçada
O homem atravessa a história
Nestas lajes furtivas
Ai, vida, declina do teu galope
Na próxima esquina.
TEUS OLHOS
Tanto a dizer
Por tudo
E calo
Quando a fala
Ante teus olhos
Se consola
Do inefável.
JULIO POLIDORO – o poeta Julio Polidoro já publicou os livros “Treze poemas essenciais”, “Pequenos assaltos” e “Orla dos signos”. Além destes, também publicou o livro “Outro sol”, de onde foram recolhidos os poemas aqui publicados. FONTE: POLIDORO, Julio. Outro sol. São Paulo/Juiz de Fora: Nankin/Funalfa, 2004.
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quarta-feira, março 26, 2008
SOCORRO LIRA, MEIO MUNDO DE COISA & TATARITARITATÁ!!!
RODAS DE LEITURA – SESC PINHEIROS – De 01 de abril a 20 de maio o SESC Pinheiros apresenta "Rodas de Leitura". Os encontros acontecem todas as terças-feiras, às 20h, na Sala de Leitura, 2º andar. Professora Susanna Ventura e o ator Clóvis Torres Autores abordados nos encontros e suas respectivas datas: Abril Dia 01- Juan Rulfo Dia 08 - João Gilberto Noll Dia 15 - Augusto dos Anjos Dia 22 - William Burroughs Dia 29 - Luiz Alfredo Garcia-Roza Maio Dia 13 - Franz Kafka Dia 20 - Machado de Assis SUSANNA VENTURA - Professora Doutora Susanna Ventura, mestre e doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo, com experiência em docência no Brasil e Portugal e na elaboração de material didático da área de literatura para cursos superiores. CLÓVIS TORRES Ator, dramaturgo, produtor e assessor de imprensa. É criador do projeto de leituras dramatizadas "Letras em Cena" realizado no MASP - Museu de Arte de São Paulo. É autor do espetáculo "Retrato Emoldurado" dirigido por Jairo Mattos e com as atrizes Rosi Campos e Arlete Montenegro, além de seu monólogo "Maria Macuta" entre outros textos. SERVIÇO: RODAS DE LEITURA Sempre às terças, às 20h. Sala de Oficinas, 2º andar. Recomendável a partir de 15 anos. Inscrições pessoalmente no local. Grátis Endereço: Rua Paes Leme, 195 Horário de funcionamento da Unidade - Terças a sextas, das 13 às 22 h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h. Tel. para informações: 11 3095.9400 ESTACIONAMENTO - COM MANOBRISTA - VAGAS LIMITADAS - Veículos, motos e bicicletas - Terça a sexta, das 7h às 22h; Sábado, domingo e feriado, das 10h às 19h Taxas: Matriculados no SESC: R$ 5,00 as três primeiras horas e R$ 0,50 a cada hora adicional // Não matriculados no SESC: R$ 7,00 as três primeiras horas e R$ 1,00 a cada hora adicional Para mais informações sobre esta e outras programações ligue 0800 118220 Assessoria de Imprensa do SESC Pinheiros:Telefone: (11) 3095-9425 / 3095.9421 - com Francisco Santinho e Andréia Lima.
HAIKAIS – Uma publicação reunindo vinte e sete micropoemas resultado do trabalho dos autores com a poeta Alice Ruiz, numa iniciativa do projeto Unidéia/Unilivro Os vinte e sete micropoemas reunidos na publicação foram selecionados pela professora e escritora Jane Tutikian, pelo poeta e músico Ricardo Silvestrin e pelo escritor e jornalista Luis Dill. Data: 27/03/08 Horário: 19 : 00h Local: Cinema Universitário/Sala Redenção Luiz Englert, s/n Campus Centro UFRGS http://www.museu.ufrgs.br/programacao/index.php Autores selecionados: Ana Mello Rafael Vecchio Cristiane Saldanha Pilla Carlos Pessoa Rosa Edla Eggert Adriana Dorfman Priscilla Ribeiro dos Santos Renato Lago Ricardo Mainieri Ietive Fianco D'arrigo Fernando Nicolazzi Sérgio Francisco Pichorim Nilva Irene Schütz Ferraro Cezar Dias Marcelino Jesus e Lima Cleusa Alves da Rocha Marcelo Souza Taís Bruck de Freitas Ana Rita d Paulo Ramos Derengovski.
MOSTRA DE FILMES DE HOU HSIAO-HSIEN - O Fórum de Ciência e Cultura www.forum.ufrj.br e a Escola de Comunicação da UFRJ promovem a Mostra de filmes de Hou Hsiao-Hsien. A mostra acontecerá no Salão Moniz de Aragão Fórum de Ciência e Cultura da UFRj, de 31 de março a 4 de abril, sempre às 18:30. Mais detalhes sobre a programação podem ser encontrados no link: http://www.forum.ufrj.br/news/310308.html. Beatriz Resende, Coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ Ivana Bentes, Diretora da Escola de Comunicação da UFRJ Denilson Lopes, Superintendente de Difusão Cultural do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.
HORA DO CURTA - SESC 24 de Maio Apresenta Programação conta com filmes concebidos a partir de obras literárias Na segunda-feira, dia 31 de março, às 16h, o SESC 24 de Maio-Espaço Transitório exibirá quatro curtas-metragens nacionais, dentro do projeto “A Hora do Curta”. Todos os filmes foram concebidos a partir de obras literárias. A entrada é gratuita, com 80 lugares. A sessão começa com "A Moça que Dançou Depois de Morta", de Ítalo Cajueiro. Baseado em uma história de cordel de J. Borges, renomado artista popular, foi produzido inteiramente com xilogravuras originais do próprio autor. O curta retrata a história de um rapaz que se apaixona por uma misteriosa moça num baile de carnaval do interior, sem saber que esse encontro iria mudar a sua vida para sempre. 11 minutos. Depois é a vez de "Meu Nome é Paulo Leminski", de Cezar Migliorin. Embate familiar em torno da poesia de Paulo Leminski, quando o pai tenta convencer o filho a recitar versos do poeta paranaense. "Tudo que eu faço, alguém em mim que eu desprezo sempre acha o máximo; mal rabisco, não dá mais para mudar nada, já é um clássico". 5 minutos. "A João Guimarães Rosa", de Roberto Santos e Marcelo Tassara, revela imagens do sertão (tipos humanos, aspectos geográficos, afazeres domésticos) e trechos narrados do romance "Grande Sertão: Veredas". 13 minutos. “Imensidade", de Amílcar Claro, encerrará a programação. O curta tem como fio condutor "O Navio Negreiro", poema épico de Castro Alves. A exemplo de outras obras do período romântico, o poema foi concebido para ser lido em praça pública. Idalina, único personagem ficcional do filme, o faz agora pelas ruas da cidade. 15 minutos. O endereço do SESC 24 de Maio é Rua Dom José de Barros, 178, esquina com a Rua 24 de Maio. Mais informações pelo telefone 3224-8638 ou pelo portal www.sescsp.org.br .Serviço: A Hora do Curta
SESC 24 de Maio – Espaço Transitório Onde: Rua Dom José de Barros, esquina com a 24 de Maio Quando: Segunda-feira, dia 31 de março, às 16h Entrada Gratuita – 80 Lugares Para maiores de 16 anos.Fone: 3224-8638 Atendimento à imprensa: Renato Pereira – MTB 28.417 Tel. (11) 3111-7018 Cel. (11) 8387-2889 Email: renato@carmo.sescsp.org.br
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terça-feira, março 25, 2008
O VAREJO SÓ É BOM PORQUE É MULTIVARIADO!!!!
GENINHA DA ROSA BORGES – a artista pernambucana Geninha da Rosa Borges é um nome representativo do teatro, ao atuar a partir de 1941, nos grandes palcos que levou a integrar o grupo Teatro de Amadores de Pernambuco pelas mãos do seu fundador, Waldemar de Oliveira. Ela tem um livro publicado sobre a história do Teatro Santa Isabel: “Nascedouro e Permanência”. O livro conta desde os banquetes até os bailes de máscaras que aconteceram durante os 150 anos de existência do Santa Isabel. O comportamento do público e os costumes da época de ouro do teatro também são retratados. A obra trata ainda dos aspectos históricos e arquitetônicos do prédio. E no próximo dia 31 de março, em evento programado para começar às 19h00, no auditório da livraria Cultura, no Paço Alfândega, no Recife Antigo, a obra da atriz Geninha da Rosa Borges será homenageada no âmbito do projeto 'A cultura e a arte em Pernambuco'. Info: http://www.ube-pe.org.br/
BRAULIO TAVARES & O MUNDO FANTASMO - O poeta, escritor, compositor, colunista e roteirista de shows, cinema e televisão, o paraibano Bráulio Tavares agora traz um blog, O MUNDO FANTASMO reunindo os seus artigos publicados no "Jornal da Paraíba" de Campina Grande-PB. Para acessar o blog é só visitar http://mundofantasmo.blogspot.com/ Outra coisa: veja a entrevista que ele concedeu para o Guia de Poesia e artigos dele apreciados no Fórum do Guia de Poesia.
MORTE SEM SORTE A TRÊS – Lançado do filme que é uma produção extra classe dos alunos do Curso de Cinema - Campus Rebouças. Na ocasião: SHOW AO VIVO COM AS BANDAS BASE4, ECSTRUMÍÍÍ e PERLA SIETE. PROJEÇÕES Clipe do Músico "Damn Sinister", música "Nada Ela" Curta "Gaiola de Ferro", dirigido por Felipe Siniscalchi e Curta "MORTE SEM SORTE A TRÊS". O filme MORTE SEM SORTE A TRÊS - FICHA TÉCNICA: Roteiro e Direção: Thiago Coelho Ass. de Direção: Edmundo Albrecht Direção de Produção: Alan Hanssen Ass. de Produção: Tainá Carvalho Fotografia: Renato Tobias Ass. de Fotografia / Platô: David Israel Still: Vinicius R.A. Som Direto: Felp Scott Arte: Isabela Espíndola Cenário / Telas: Bruna Guarnelli Com: Tatyane Mayer / Stephanie Serrat / Thiago Coelho / Edmundo Albrecht SERVIÇO Data: 25/03 - Terça-Feira Local: Espírito das Artes - Cobal do Humaitá (2° andar) Início do Evento: 19:00 / Projeções: 20:30 Tudo isso numa festa SEM HORA PRA ACABAR!!!! ESTACIONAMENTO ROTATIVO NO LOCAL Produção: Thiago Coelho e Edmundo Albrecht
CÂNDIDA DE ARRUDA BOTELHO - Lançamento do livro da escritora Cândida de Arruda Botelho "CANDIDO E CARMINHA, DOIS MUSICOS DOS ANOS 30" no Local Espaço Sociocultural CIEE - rua Tabapuã, 445 1º andar - Itaim Bibi, hoje dia 25 de março de 2008 terça 18 H - prefácio de Julio Medaglia, Anna Maria Kieffer, Paulo Bonfim e Lea Vinocur Freitag.
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segunda-feira, março 24, 2008
AGENDA DA SEMANA & TATARITARITATÁ
I ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES (24 A 26 DE MARÇO DE 2008) REALIZAÇÃO: UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES - UBE/RN dDias 24,25 e 26/03 Realização: União Brasileira de Escritores do Rio Grande do Norte - UBE/RN Local: Auditório Desembargador Floriano Cavalcanti, do Tribunal de Justiça do RN - 3º andar Praça Sete de Setembro, s/n - Cidade Alta e-mail: eduardogosson@tjrn.gov.br 3216-6800 ramal 714 9983-6081
PPP - Partido Político da Poesia com Sérgio Gerônimo, Aluizio Rezende, Gladis Lacerda, Eurídice Hespanhol, Ilka Jardim, Neudemar Sant'Anna e Sandra Grego (voz e violão); Instintiva Lavanda (esquete: música e poesia) com Carlitos, Barbara Jovanholi & Márcio Dias e Recital Democrático da Poesia com poetas da platéia. Dia 1° de abril, 18h, no CAMINHO NIEMEYER ao lado do TEATRO POPULAR OSCAR NIEMEYER (atrás do Terminal Rodoviário João Goulart) Auditório Luiz Carlos Tourinho Info: APPERJ www.apperj.com.br
EUCLIDES CAVACO: HORIZONTES DA POESIA – a ser lançado em Portugal em Maio e Junho deste ano. Info: www.euclidescavaco.com
CASA DO POETA BRASILEIRO DE PRAIA GRANDE – SP – SARAU: Dia 27/03/08 às 19h30min Local: BOQUEIRÃO PRAIA SHOPING CULTURAL AV: PRESIDENTE COSTA E SILVA Nº. 70 – 3º Piso *POESIA – PERFORMANCE TEATRAL – MUSICA E aRTES DIVERSAS INFORMAÇÕES: 3592.2713 (Celso) 3472.3643 (Edu) Entrada franca! PARCEIROS: Oficina de Atores IGOR BARTCHEWSKY BOQUEIRÃO PRAIA SHOPING CULTURAL WWW.SINCERIDADE.COM.BR
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CONSÓRCIO NASCENTE
Agora chegou a sua chance de publicar seu livro!!!
O Consórcio Nascente traz planos para 25 e 50 meses.
Mensalmente a publicação de 2 livros: 1 por lance e outro por sorteio!
Livro com capa em policromia, miolo 112 páginas preto e branco sem ilustrações com tiragem para 1.000 exemplares.
Valor do crédito: R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais)
Taxa de Adesão: R$ 100,00 (cem reais)
Mensalidade:
Grupo de 25 meses (50 pessoas) R$ 295,00 mensais
Grupo de 50 meses (100 pessoas) R$ 195,00 mensais.
Participe! Envie um mail para lualma@terra.com.br ou ligue para o fone 82.8845.4611.
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quinta-feira, março 20, 2008
NOTÍCIAS, DICAS & TATARITARITATÁ
EXPEDIÇÃO DE OLHO NOS MANANCIAIS - Festa de Lançamento do projeto "Expedição de Olho nos Mananciais", numa realização: ISA - Instituto Socioambiental e Estúdio Madalena, dia 26 de março, quarta-feira, a partir das 20:00h, na Choperia do Sesc Pompéia: Pocket Show com Fernando Sardo, intervenções Bijari e Canal Motoboy e ainda Dj Tutu. Info: Iatã Cannabrava
SARAU CASA DO POETA BRASILEIRO DE PRAIA GRANDE – SP - Terceiro sarau dos Pensadores em homenagem a Castro Alves (nascimento: 14/03/1947) e em comemoração ao Trigésimo segundo aniversário da Casa do Poeta, fundada em 19/03/1976. Dia 27/03/08 às 19h30min Local: BOQUEIRÃO PRAIA SHOPING CULTURAL AV: PRESIDENTE COSTA E SILVA Nº. 70 – 3º Piso POESIA – PERFORMANCE TEATRAL – MUSICA E ARTES DIVERSAS Info: 3592.2713 (Celso) 3472.3643 (Edu) Entrada franca! Casa do Poeta Brasileiro de Praia Grande Celso Corrêa de Freitas e Diretoria casadopoeta.tripod.com
FÓRUM SÉCULO XXI – publicação ecológica que objetiva a humanização da sociedade pela humanização da informação. Fórum Século XXI, www.forumseculo21.com.br
CONFRARIA TERCEIRO ANIVERSÁRIO - 3 anos CONFRARIA DO VENTO: uma noite festiva com música, performance, cinema e poesia na V Semana Cultural em Santa Tereza. Leitura (convidados): João Gilberto Noll Ivo Barroso Silviano Santiago Armando Freitas Filho (editores): Márcio-André Victor Paes Ronaldo Ferrito Karinna Gulias Aderaldo Luciano Thiago Ponce Pablo Araújo performance: Lauro Góes e alunos do curso de direção teatral da UFRJ música: Bombo de Corda Notyesus exibição de curtas: Pelo Rio, de Paula Gaitán Quimera, de Eryk Rocha e Tunga 5 poemas concretos, de Christian Caselli dia 22 de março sábado, a partir das 19hs Espaço Cultural Laurinda Santo Lobo Rua Monte Alegre, 306, Santa Teresa. Veja mais detalhes: http://www.confrariadovento.com/
FESTCINE XANGAI - Estão abertas até 31 de março as inscrições para o 11º Festival Internacional de Cinema de Xangai (SIFF 2008), que ocorre entre os dias 14 e 22 de junho em Xangai, China. O Festival realiza a mostra International Student Shorts Awards, que exibe curtas universitários e tem inscrições até 30 de abril. Filmes com cópia em 35mm podem concorrer a vários prêmios. Para participar, uma cópia do filme em DVD, com legendas em inglês, deve ser enviada até a data-limite de 31 de março. Inscrição e outras informações: www.siff.com/.
CURTAS NO GATE'S PUB - O 3º Festival de Curtas do Gate's Pub acontece a partir de abril em Brasília, com exibição dos curtas da mostra competitiva sempre às segundas-feiras, contando com a presença dos realizadores. O objetivo é promover um maior intercâmbio entre as produções realizadas em Brasília e no resto do país. As inscrições seguem até o dia 31. Serão aceitos trabalhos em película e em outros suportes digitais. Os curtas devem ter até 30 minutos de duração, com data de conclusão a partir de janeiro de 2004. Todos os trabalhos deverão apresentar cópias em DVD para projeção em vídeo. Outras informações: www.gatespub.com.br/.
ARTES VISUAIS - O projeto Memória das Artes Visuais na Paraíba - do Século XIX à Contemporaneidade, que acontece de 26 março a 10 maio na Usina Cultural Saelpa, em João Pessoa, está com inscrições até o dia 26 para duas oficinas: Tudo é Desenho, ministrada por Chico Dantas, que se propõe a explicitar a "expansão das fronteiras do desenho"; e Site Specific: conceitos e projetos, ministrada por José Rufino, voltada à "compreensão dos conceitos de instalação e site specific, enquanto categoria das artes visuais". A inscrição é gratuita e o número de vagas limitado. Outras informações: (83)3042.7979 , conexaoparaiba@gmail.com/.
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quarta-feira, março 19, 2008
POETA DOS PALMARES
ARTUR GRIZ
EXALTAÇÃO A PALMARES
Minha terra!.... meu berço estremecido
- seio de amor que tanto prende a gente –
sob o teu céu azul tenho vivido
pedindo glórias para ti somente.
Palmares!... expressão de uma cantiga
Doce como o sussurro de uma prece....
És grande, boa, fraternal e amiga,
Quem te vê uma vez, nunca te esquece.
Delicioso recanto do Brasil
Onde canta sorrindo a natureza,
Teu nome encerra a música sutil
De um poema terno e cheio de grandeza.
Tuas estrelas, teu luar, teu sol
Tens um fulgor estranho e mais divino,
Como formando um vívido farol
Para cobrir de luz o teu destino.
Tens a feição das coisas singulares,
Há mistérios em ti encantadores...
Talvez por isto em multidão, nos ares,
Fazem-te festa os pássaros cantores.
Dizem até que no teu rio lindo,
Vogando a flor das águas buliçosas,
Cantam de noite, quando estás dormindo,
As sereias românticas, formosas.
És a cidade-sonho a palpitar
Dentro das tuas madrugadas louras,
E a brisa leve que te vem beijar
Traz as bênçãos das fadas protetoras.
HISTÓRIA DE UM GATO MARACAJÁ
Rosseline, venha cá
Escutar a longa história
De um gato maracajá
Que eu guardei bem na memória.
Era um fato que falava
Sabia ler e escrever
Fazia graças, cantava
Dando gosto a gente ver.
Gostava de andar vestido
E calçado, como a gente.
As vezes, meio atrevido,
Ficava brabo, insolente.
Também cantava, o bichinho,
E andava de bicicleta.
Bebia cachaça e vinho
Mas ficava em linha reta.
Outra coisa eu vou contar
- não é mentira, nem peta:
um dia, tentou casar
com uma macaca preta.
Mas a macaca não quis,
Ele, então, desesperado
Gritou: Macaca infeliz!
E ficou todo amuado.
Certa vez pelo São João
Tornando-se desordeiro
Pulou dentro de um salão
Para agredir um violeiro.
Aí, foi dura a parada,
Levou ele tanto pau
Que saiu de cara inchada
E o corpo feito mingau.
Outra vez num piquenique
De gente muito grãfina
Foi ele fazer despique
A uma linda menina.
De novo levou cacete
Ficou de venta quebrada
Quando chegou um cadete
E também lhe deu pancada.
Era uma coisa sem jeito
Esse bicho trapalhão.
A ninguém tinha respeito
A fazer provocação.
De outra feita num mercado
Também formando barulho
Teve um triste resultado
Saiu caro o seu embrulho.
Aí, a coisa foi preta,
Diferente, dessa vez:
Levou surra de marreta
E foi parar no xadrez.
Depois de solto, emendou-se
Ficou mansinho, pacato.
E, como dantes, tornou-se
O mesmo decente gato.
Então pensou em seguir
A carreira militar
Fazendo o povo sorrir
Quando se punha a marchar.
Fez de um cabe de machado
Sua espingarda. O facão
Ele fez de um pau achado
Nos fundos de um barracão.
Mas logo, o que aconteceu?
Andando pra lá e pra cá
Dessa vez endoideceu
O pobre maracajá.
Então (para terminar)
Numa cela bem escura
Foi o bichano morar
Em gaiola bem segura.
RESTO DE CAMINHO
(poema musicado por Zé Ripe)
meu inverno já chegou... já vejo, perto,
o fim, o ocaso, a morte me espreitando.
Já nítido, bem claro, vejo aberto
Um túmulo sombrio me esperando.
Mas vou sereno a passo tardo, incerto,
Como estranha visão, me aproximando
A buscar esse nada, esse deserto
- o reino do não-ser me fascinando.
Não me faz medo, no entanto, o que diviso,
E até encaro com valor e riso
Irônico, sarcástico, escarninho,
Esse acabar de vida lento e lento,
Para Deus elevando o pensamento
Neste meu curto resto de caminho.
CIGANA
Linda nômade! Vendo o teu riso divino,
Eu já nem quero mais que leias minha mão.
Pois ele já prediz, na mais franca expressão,
Que bendito e feliz será o meu destino...
ESTROFE
Perdi o jeito de fazer o verso,
Da alma fugiu-me toda a inspiração.
Meu espírito vive agora imerso
Num mundo hostil vazio de ilusão.
Um nada, um trapo, um ser desconhecido.
Foi um covarde, um tímido, viveu
Inerme assim até ficar vencido....
- esse covarde (escutem lá) sou eu.
OLINDINA (filha de Lael)
Teu primeiro aniversário
Salve! Filhinha querida,
Rico tesouro, sacrário
De amor, que temos na vida.
ARTUR GRIZ – poeta, contista, cronista, dicionarista e jornalista, Artur Griz era conhecido como uma das maiores expressões da vida cultural palmarense. Publicou a Enciclopédia Griz e vários livros, entre eles, Vultos de Palmares desaparecidos, Pelejas e desafios, e O livro de Zulmira.
A LUTA DO RESGATE, OU: EITA, ATÉ QUE ENFIM!
Luiz Alberto Machado
Quando conheci a obra de Artur Griz, de sopetão me deparei com um volume enciclopédico que mal se conseguia apalpar, anunciando-se outros volumes à referida pesquisa. Afora isto, alguns poemas publicados n´A Notícia, artigos avulsos, crônicas. Foi quando Zé Ripe, cantor das modas mais brejeiras, compôs uma canção próxima da beleza real, sobre o poema “Resto de Caminho” que curiosamente se sentiu a necessidade de conhecer melhor a obra deste poeta, escritor, enciclopedista, etc. Artur Griz, pessoa que não tive oportunidade de conhecer mais de perto, exceto quando passava apressado pela praça Maurity ou quando caiu rebentadamente e armado de um penico e escova de dentes da escadaria fatídica de sua residência, só foi, através de Jessiva Savino, nobre madrinha da atividade cultural jovem da cidade dos Palmares, que se conhecia algo mais. Mas o bolo grosso estava entulhado entre roupas, detritos, traças e abandono, num recanto amaldiçoado da casa. Amigo próximo da família herdeira do poeta, é que tive oportunidade de vasculhar mais algumas obras de Artur, além de conmheer livros que até então sequer havia colocado a vista. De imediato me deparei com a primeira edição do livro “Caminhos da solidão”, de Hermilo Borba Filho, além de livros de Juan Ramon Jimenez, Otto Maria Carpeaux, Aldous Huxley, edições primárias de Erico Verisssimo, livros raros e traduções antigas. Nessa época estávamos editando a Revista A Região que fez publicar um artigo na procura inicial de resgatar e fazer sensibilizar as autoridades competentes para a necessidade de se publicar sua obra, a exemplo do que deve ser feito com o Fenelon Barreto, ainda longe de se conhecer sua obra teatral, poética e prosaica. Quando tomei nas mãos este volume entre às Edições Bagaço através do compromisso assumido pelo senhor Luis Portela de Carvalho de resgatar, antes que os ratos traças do tempo o consumisse, fiquei deveras surpreso. Passando a vista em artigos como “Hermilo Borba Filho”, “Palmares do Passado”, Um jornal para Palmares” e “A condição adversa do escritor pobre” e poemas como “Saudação a Palmares”, Decreptude” próximo do “Resto de Caminho” e o poemeto “Estrofe”, entre outros poemas já apresentados na edição dos Poetas dos Palmares, organizada pelo poeta Juarez Correya. Por fim, prosa e verso reunidos num só volume que reúne parcialmente a obra deste autor que fez parte da história dos tempos do Clube Literário, trazendo a lembrança do tempo em que Palmares fervilhava na desenvoltura artística. De certa forma traduz-se uma dor: a dor da reminiscência. Mas é com satisfação que tais páginas possa ser apresentadas ao leitor para que a demonstração da importância desta cidade no contexto cultural do Estado de Pernambuco, e do Brasil, seja realmente efetivada. No mais, com a palavra: Artur Griz. Palmares/PE, junho de 1987.
FONTE:
MACHADO, Luiz Alberto. A luta pelo resgate, ou: eita, até que enfim! In: GRIZ, Artur. Cantos, contos, crônicas. Palmares/PE: Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho/ Bagaço, 1988.
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terça-feira, março 18, 2008
POETAS GAUCHOS
MARIO QUINTANA
DE REPENTE
Olho-te espantado:
Tu és uma estrela do mar.
Um mistério estranho.
Não sei...
No entanto,
O livro que eu lesse,
O livro na mão,
Era sempre o teu seio!
Tu estavas no morno da grama,
Na polpa saborosa do pão...
Mas agora encheram-se de sombra os cântaros
E só o meu cavalo pasta na solidão.
DA AMARGA SABEDORIA
Conhecer a si mesmo e aos outros... ver ao mal
Com mais clareza... ó triste e doloroso dom!
E sofrer mais que todos, no final,
Sem o consolo de ter sido bom.
DA REALIDADE
O sumo bem só no ideal perdura...
Ah! Quanta vez a vida nos revela
Que “a saudade da amada criatura”
É bem melhor do que a presença dela...
DA MORTE
Um dia... pronto!.... me acabo.
Pois seja o que tem de ser.
Morrer que me importa?.... o diabo
É deixar de viver.
DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las....
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
DA MODERAÇÃO
Cuidado! Muito cuidado...
Mesmo no bom caminho urge medida e jeito.
Pois ninguém se parece tanto um celerado
Como um santo perfeito.
DA VOLUPTUOSIDADE
Tudo, mesmo a velhice, mesmo a doença,
Tudo comporta o seu prazer....
E até o pobre moribundo pensa
Na maneira mais suave de morrer.
DO OUTRO MUNDO
Mandou chamar um moribundo
Seus inimigos e abraçá-los quis.
“Bem se vê (um então lhe diz)
que já não és deste mundo...”
DO MAL E DO BEM
Todos têm seu encanto: os santos e os corruptos.
Não há coisa, na vida, inteiramente má.
Tu dizes que a verdade produz frutos...
Já viste as flores que a mentira dá?
DA RIQUEZA
O dinheiro não traz venturas, certamente.
Mas dá algum conforto... e em verdade te digo:
Sempre é melhor chorar junto á lareira quente
Do que na rua, ao desabrigo.
DAS BELAS FRASES
Frases felizes.... frases encantadas....
Ó festa dos ouvidos!
Sempre há tolices muito bem ornadas....
Como há pacóvios muito bem vestidos.
DA SÁTIRA
A sátira é um espelho: em sua face nua,
Fielmente refletidas,
Descobres, de uma em uma, as caras conhecidas,
E nunca vês a tua....
DAS ILUSÕES
Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida....
Que extraordinária sensação de alivio!
DOS HÓSPEDES
Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia...
MENTIRA
A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer.
DA MANEIRA DE AMAR OS INIMIGOS
Novo inimigo tens? Não te cause pesar
Tão risonho motivo...
No dia em que triunfes, hás de achar
Na cara dele o teu prazer mais vivo.
DA MEDIOCRIDADE
Nossa alma incapaz e pequenina
Mais complacência que irrisão merece.
Se ninguém é tão bom quanto imagina,
Também não é tão mau como parece.
O POEMA
Uma formiguinha atravessa, em diagonal, a página ainda em branco. Mas ele, aquela noite, não escreveu nada. Para quê? Se por ali já havia passado o frêmito e o mistério da vida...
DO HOMO SAPIENS
E eis que, ante a infinita criação,
O próprio Deus parou, desconcertado e mudo!
Num sorriso, inventou o homo sapiens, então,
Para que lhe explicasse aquilo tudo...
CARRETO
Amar é mudar a alma de casa.
DA ETERNA PROCURA
Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada...
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada.
XXIV
A ciranda rodava no meio do mundo,
No meio do mundo a ciranda rodava.
E quando a ciranda parava um segundo,
Um grilo, sozinho no mundo, cantava...
Dali a três quadras o mundo acabava.
Dali a três quadras, num valo profundo...
Bem junto com a rua o mundo acabava,
Rodava a ciranda no meio do mundo....
E Nosso Senhor era ali que morava,
Por trás das estrelas, cuidando o seu mundo...
E quando a ciranda por fim terminava
E o silêncio, em tudo, era mais profundo,
Nosso Senhor esperava... esperava....
Cofiando as suas barbas de Pedro Segundo.
DO EXERCICIO DA FILOSOFIA
Como o burrico mourejando à nora,
A mente humana sempre as mesmas voltas dá....
Tolice alguma nos ocorrerá
Que não a tenha dito um sábio grego outrora...
CANÇÃO DE OUTONO
O outono toca realejo
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça descida.
Tristeza? Encanto? Desejo:
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dorido
De caricia a contrapelo...
Partir, ó alma, que dizes?
Colher as horas, em suma...
Mas os caminhos do outono
Vão dar em parte alguma.
DO CAPÍTULO PRIMEIRO DO GÊNESIS
Sesteava Adão. Quando, sem mais aquela,
Se achega Jeová e diz-lhe malicioso:
“Dorme, que este é o teu último repouso”.
E retirou-lhe Eva da costela.
XVII
Da primeira vez em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha....
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha...
E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada....
Arde um toco de vela, amarelada...
Como o único bem que me ficou!
Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Vejai!
Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!
DA FELICIDADE
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!
MÁRIO QUINTANA – o poeta, tradutor e jornalista gaúcho Mario Quintana (1906-1994) é autor de uma expressiva obra, dentre elas, A Rua dos Catavento, O aprendiz de feiticeiro, Espelho mágico, Quintanares, Baú de espantos, dentre outros.
FONTE:
QUINTANA, Mario. Poesias. São Paulo: Globo, 1989.
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segunda-feira, março 17, 2008
DICAS TATARITARITATÁ PRA SEMANA!!!!
ASCENSO: SESC- SANTA RITA, DO RECIFE, HOMENAGEIA ASCENSO FERREIRA. O poeta pernambucano Ascenso Ferreira está recebendo uma significativa homenagem do SESC - Santa Rita, do Recife : a unidade inaugura, na próxima quarta-feira, dia 19 deste mês, às 19 horas, o Laboratório de Autoria Ascenso Ferreira, com palestra sobre a sua vida e sua obra proferida pelo poeta e editor Juareiz Correya, relançamento do livro OUTROS POEMAS & INÉDITOS, de Ascenso Ferreira, lançado pela Panamérica Nordestal Editora, do Recife, em 2006, com o apoio cultural da CNI - Confederação Nacional da Indústria, e uma apresentação especial dos seus poemas em montagem do Grupo de Teatro de Amadores do SESC - Santa Rita, dirigido por Rodrigo Cintra e Katarina Menezes. Emanuella de Jesus, analista de cultura da entidade, informa que a gerente do SESC - Santa Rita, Maria Gorete Araújo de Lima, está muito motivada e feliz com essa iniciativa, que, “homenageia, em seu Estado natal, um dos maiores poetas do Nordeste, criando, em benefício dos que vivenciam o SESC - Santa Rita, um espaço cultural dinâmico, inteligente e criativo, a mesma identificação que a gente encontra no poeta Ascenso Ferreira. O espaço vai fomentar trabalhos com literatura e outras atividades culturais do SESC”, ressalta a gerente da unidade do serviço social.
EXPOSIÇÃO: ENTRE AMIGO & AMORES. No Centro Cultural da Justiça Federal – CCJF Danni Carlos, Antônio Cícero e Jean Wyllys lêem poemas no CCJF, na abertura da exposição "Entre Amigos & Amores", de Pedro Stephan O Centro Cultural da Justiça Federal – CCJF promove, nesta segunda-feira, 17 de março, evento de abertura da exposição "Entre Amigos & Amores – espaços de socialização GLS do Rio", do fotógrafo Pedro Stephan. O evento – com entrada gratuita – terá início às 19h com leitura de poemas relacionados à temática, recitados por artistas como a cantora Danni Carlos, o poeta Antônio Cícero e o jornalista e ex-BBB Jean Wyllys. Entre Amigos & Amores – espaços de socialização GLS do Rio Exposição fotográfica multimídia de Pedro Stephan Texto: Heloísa Buarque de Hollanda Curadoria: Andréas Valentim Produção: Rodolfo Abreu Período: 18/03/2008 a 27/04/2008 Galerias do 1º andar Visitação: de terça a domingo das 12h às 19h Entrada Franca Sobre o fotógrafo: O carioca Pedro Stephan é conhecido fotógrafo e jornalista da imprensa especializada gay no Brasil e no exterior. Seus ensaios foram publicados nas mais importantes revistas internacionais como a francesa "Tetu Magazine", editada pelo estilista Yves Saint Laurent; nas alemãs "AK Magazine", "Siegessaeule" e "Du und Ich"; e nas norte-americanas "Circuit Noize" e "La Vida.", entre outras. Contribuiu para importantes trabalhos institucionais como os cartazes da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo de 2004 e a Campanha de Prevenção à AIDS organizada pelo Grupo militante Arco-Íris e patrocinada pelo Ministério da Saúde e pela UNESCO. Atualmente vem se dedicando a um trabalho de documentarismo antropológico, fotografando os diversos aspectos da cultura homossexual brasileira, além do processo de emancipação homossexual, que talvez seja a grande conquista civil e democrática desta década. ASSESSORIA DE IMPRENSA Rodolfo Abreu (21) 8123-3294 / 9616-8242 rodolfo.abreu@gmail.com Info: Isabela Lyrio http://www.flickr.com/photos/isabelalyrio & http://www.punctum-foto.com & http://punctum-foto.blogspot.com/
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sexta-feira, março 14, 2008
PRIMEIRA REUNIÃO
ELBA
Luiz Alberto Machado
Há mil cantos no teu seio milumanoites milumamor
Ei-la jogando a sua voz agreste do leste no meu coração
Ei-la no sol que inaugura seu cabelo de guerra de terra & amor
E ela vem despertando furor minultima emoção milágrima
E eu me deliciando com seu jeito cantando o mundo & eu tocantando história de vaqueiro homenino de gente sem cor sem
E ela é um sonho de menina que dorme no quarto com cinturinha de pilão espiando o passado que dorme e os farrapos de esperança os beijos de antípodas e as ocasiões oh não!
Ela vem com seu cheiro matutino voz de língua afiada no meu sexo como o transe que se oferece à emoção ao alcance da mão & eu cantor derradeiro com a certeza do rio corrente armando revés no seu canto agora sim!
Ela vem dos teréns e com a urgência do amor o que significa pra mim a vida da minha fada madrinha.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.
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FINAL DE SEMANA TATARITARITATÁ
SEMANA DA POESIA – RJ - 1ª Semana da Poesia, no Rio de Janeiro - SEXTA, 14 de março de 2008 DIA NACIONAL DA POESIA TREM DA POESIA Recital no Alto do Corcovado A Estrada de Ferro do Corcovado e o MinC convidam você para a 5ª festa de comemoração do nascimento de Castro Alves e Glauber Rocha homenagem póstuma: Wally Salomão Estação Estrada de Ferro do Corcovado Concentração: A partir das 15 horas Não perca o TREM DA POESIA (desde 2004) Coordenação Geral: Ricardo Ruiz Coordenação Poética: Tavinho Paes Produção Executiva: Herbert Marinho Poesia, Você Está na Barra A Partir das 18h Piano Bar do Clube do Condomínio Novo Leblon. Av. das Américas, 7607, Barra da Tijuca, em frente ao shopping InfoBarra. Convidados Especiais: Flávio Dórea, Sérgio Jerônimo, Tanussi Cardoso Coordenação: Mariangela Mangia e Aluizio Rezende Informações: alurez@oi.com.br ou 86257878 FILÉ DE PEIXE e GOMO http://www.filedepeixe.multiply.com/ palavril@gmail.com SÁBADO 15 de março de 2008 Poesia In Concert Artur Gomes IN Pessoa Artur Gomes http://youtube.com/fulinaima cine vídeo teatro poesia http://youtube.com/cinemanovo DOMINGO, 16 de março de 2008 Festa Poesia Canto do Leme A FESTA POESIA das domingueiras começa às 17h, no canto do Leme, entre a praia e a pedreira. DuduPererê & Eduardo Tornaghi Realização Movimento InVerso - Clauky Saba (inverso.movimento@gmail.com) Oficina Literária Cairo Trindade – Cairo (cairotrindade@gmail.com) e Site Alma de Poeta - Luiz Proa (luizproa@uol.com.br) Confiram a programação completa no blog www.movimentoinverso.blogspot.com Info: Luiz Fernando Proa www.almadepoeta.com Clauky Saba (produção cultural)
http://arteemtodaparte.blogspot.com & http://movimentoinverso.blogspot.com
GERVÁSIO BAPTISTA - Exposição no STF "Gervásio Baptista: 50 Anos de Fotografia", que será inaugurada na próxima quarta-feira (12), no Supremo Tribunal Federal (STF). A exposição traz 45 obras do profissional que tem a credencial de imprensa número 001 do Palácio do Planalto e é um dos mais respeitados fotógrafos brasileiros. Na mostra, os visitantes podem ver fotos já publicadas e bem conhecidas (como a do Presidente Juscelino Kubitschek acenando com a cartola em frente ao Congresso Nacional no dia da inauguração de Brasília) e também de arquivo pessoal. "Uma foto que eu considero, assim, curiosa, é a que eu fiz em Santo Amaro da Purificação: bonde puxado a burro. Na terra do Caetano Veloso", indica o fotógrafo. Baiano de Salvador, Baptista começou cedo na profissão. Fotografou políticos, artistas, eventos esportivos, belas mulheres, revoluções. Cobriu até a Guerra do Vietnã. Parte dessa história é contada em 4.130 verbetes que aparecem no Google quando seu nome é colocado como termo de busca, além de ser, ele próprio, um verbete da Wikipédia. Gervásio também ganhou uma capítulo especial no site da ABI –Associação Brasileira de Imprensa. A solenidade de abertura da exposição, com a presença da ministra Ellen Gracie, presidente do STF, será realizada a partir das 18 horas, no Edifício Sede do STF, Salão dos Bustos. Os interessados em conhecer mais a história do fotógrafo poderão visitar a mostra a partir de quinta-feira, dia 13 de março até o dia 18 de abril. A visitação é aberta ao público de segunda a sexta-feira, de 13h às 18h. Já nos sábados, domingos e feriados o horário de visitação é de 10h às 17h30. Serviço Gervásio Baptista: 50 Anos de Fotografia 13 de março a 18 de abril segunda a sexta-feira, de 13h às 18h sábados, domingos e feriados de 10h às 17h30 Salão dos Bustos Supremo Tribunal Federal – Praça dos Três Poderes Info: Isabela Lyrio http://www.flickr.com/photos/isabelalyrio http://www.punctum-foto.com http://punctum-foto.blogspot.com/
FERNANDO PESSOA HOMENAGEADO NO XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA - A coordenação do CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA, em sua décima-sexta edição, definiu os homenageados deste ano: Portugal e os cento e vinte anos de nascimento do poeta Fernando Pessoa. Parceria neste sentido foi firmada entre o Proyecto Cultural Sur/Brasil, Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, Instituto Cultural Português e Consulado de Portugal no Rio Grande do Sul, em encontro recentemente realizado na capital do Estado. Haverá,portanto, a Feira do Livro, atividades estas preparatórias ao Congresso Brasileiro de Poesia, que será realizado entre os dias 6 e 11 de outubro vindouro.
POESIA FALADA DO RIO DE JANEIRO - PRÊMIO FRANCISCO IGREJA. A APPERJ - Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro - O tema do concurso é livre, sendo aceitos todos os estilos poéticos. Poderão participar poetas residentes no país, de qualquer nacionalidade, exceto os diretores da APPERJ. Cada concorrente poderá enviar até três poemas inéditos, em língua portuguesa, digitados, de no máximo 30 linhas (espaços inclusive), em 3 (três) vias de cada, acompanhados da taxa de inscrição: 10 reais por poema e cinco selos simples (cópia do depósito feito em nome de APPERJ, Banco Real, ag. 0367, cc 8736848), até o dia 31 de julho de 2008, para: Festival de Poesia Falada do Rio de Janeiro - Prêmio Francisco Igreja; Estrada de Jacarepaguá, 7166/404. Cep: 22753-045, Rio de Janeiro/RJ, Info: APPERJ www.apperj.com.br Outras informações pelos tel: Márcia Leite (21) 2447-0697 / Sérgio Gerônimo (21) 3328-4863. Apoio cultural: www.oficinaeditores.com.br
PERSONA NA CLICKTV – O programa Persona é apresentando por Warde Marx e traz crítica, informação, comentários, formação de público,dicas e serviços nas áreas de cultura, comportamento, atualidade, artes e espetáculos, com ênfase em teatro. Veja acessando www.clictv.com.br
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VAREJO SORTIDO
CRÔNICA DE AMOR
RÁDIO TATARITARITATÁ
SHOW TATARITARITATÁ
quinta-feira, março 13, 2008
GELÉIA GERAL & TATARITARITATÁ
O POEMA E SUA CRIAÇÃO - Espaço B_arco com Dirceu Villa e Ana Rüsche 8 encontros, sábado, das 14h às 17h Rua Dr. Virgilio de Carvalho Pinto 422, Pinheiros Informações: 3081-6986, www.obarco.com.br A oficina O Poema e a Criação propõe uma apresentação acessível, em 8 encontros, sobre as possibilidades de se escrever poesia, ensinando técnicas de diferentes dicções, seus limites com a prosa, o uso da imagem, as relações com a música e mecanismos de engenho poético. Além do material de apoio (impresso e audiovisual), será construído um blogue coletivo, no qual será possível proporcionar outro tipo de interação entre os alunos. Não é necessário conhecimento prévio para participar dos encontros, destinando-se tanto a escritores iniciantes quanto a interessados em literatura em geral. Programa: http://www.obarco.com.br/extras/o-poema-e-a-criacao/
DIA DA POESIA – Dia Nacional da Poesia - 14 / 03 / 2008 – sexta-feira nascimento de Castro Alves e Glauber Rocha, homenagem póstuma: Wally Salomão - Estação Estrada de Ferro do Corcovado concentração: A partir das 15 horas TREM DA POESIA (desde 2004) passagem gratuita para os poetas Recital no Alto do Corcovado Coordenação Geral - Ricardo Ruiz coordenação Poética -Tavinho Paes Produção Executiva - Herbert Marinho + O Dia da Poesia, 14 de março, já está sendo comemorado: uma caravana da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins está percorrendo escolas públicas do Estado recitando e contando estórias. Cerca de 30 instituições vão receber a visita dos artistas. Nesta sexta, dia 14, uma programação especial acontece em Natal, com poesia nos ônibus, cantoria de violeiros e shows d’Os Poetas Elétricos e Chico César no Palácio da Cultura, a partir das 18h30, também com entrada franca. Outras informações: www.natal.rn.gov.br/.
POESIA NA BOCA - Os Poetas de Boca juntamente com o grupo Poesia Simplesmente e os Amigos do Café farão novo lançamento do cd Poesia de Boca, numa festa bacana e com muita poesia, durante a Semana da Poesia. Dia 25 de março, no Terça ConVerso no Café. Teatro Gláucio Gil, em Copacabana, RJ - 18:00 horas. Equipe Alma de Poeta
www.almadepoeta.com Festa de lançamento http://www.youtube.com/watch?v=0WbgBMduCkw Convite
http://www.youtube.com/watch?v=05oLL6_02_4
DIÁRIO DE AMOR PERDIDO – Poemas de João José de Melo Franco – Segunda-feira, 17/03/2008 a partir das 19h Leitura de poemas a partir das 21h Rua Conde de Bernadotte, 26 lj. 125 Leblon - Rio de Janeiro – RJ Tel: (21) 2274-0359 www.daconde.art.br João José de Melo Franco (1956) publicitário, cineasta e editor, é paulista de Barretos, e estreou, em 1979, com o livro Primeira Poesia (Edição do Autor), obtendo enorme estímulo da crítica especializada. A este livro, seguiram-se Esse Louco Desejo (Altair Brasil, 1980) e Amor-Perfeito (Altair Brasil, 1984). Nos anos 80 também escreveu Pequeno Dicionário de Termos Literários (Editora Três) e Dicionário Biográfico Universal (Editora Três). Em 2006, depois de 20 anos afastado do mercado editorial, publicou O Mar de Ulisses (Ibis Libris). Para 2008, além do presente livro, estão programadas as publicações de Carmina Burana, tradução de poemas medievais em latim, e Périplo (poesia), ambos pela Ibis Libris.
SALÃO DE FOTOGRAFIA - As inscrições para o XIV Salão Municipal de Fotografia acontecem até 31 de março e podem ser feitas na Casa da Cultura de Teresina, na Rua Rui Barbosa, 348 - Sul, das 8h às 13h. O tema é livre. O Salão premiará com R$ 2 mil a melhor fotografia de cada modalidade: Fotografia Colorida, Fotografia Publicada e Fotografia Preto e Branco. O Prêmio Fotógrafo José Medeiros, de R$ 2,500,00, será concedido ao melhor trabalho do Salão. Outras informações: (86) 3215.7849.
VOZES DE MENINAS - Helio Neri convida para o Vozes de Meninas: lançamento do livro de poemas 8 Femmes, (8 mulheres escritoras) + leitura com: Virna Teixera, Greta Benitez, Jurema Barreto de Souza, Vanessa Molnar- dia 14/ 03, sex. feira, a partir das 19:30, local: Casa da Palavra, Praça do Carmo, 171, centro, Sto André – SP.
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VAREJO SORTIDO
CRÔNICA DE AMOR
RÁDIO TATARITARITATÁ
SHOW TATARITARITATÁ
quarta-feira, março 12, 2008
APRUMANDO A CONVERSA & TATARITARITATÁ
EU VI O BRASÍ JOGÁ.
Zé Brejêro
Já farto dos prejuízo
Que eu tinha nas prantação
Azuní meus matulão
Num corozin de cavalo
Caminhei seiscentas légua
Dessas qui satanáis maicou
E fui pará no interior
No istado de São Paulo
O póbe do meu quartáu
Num agüentando as caminhada
E eu já cas canela inchada
De tanto assim caminha
Pedí rancho na Senzala
Da fazenda Trêis Maria
E só entonce no outro dia
Me incontrei nas capitá
Bati o mundo e o fundo
Atráz de incolocação
Pru fim bati num portão
Dum palacete granfino
Donde apareceu um gorducho
Cum cara de quem mato
E após cubá-me todo, falou:
“-Qui dezeja seu minino?”
“-Meu patrão cheguei do norte
Um tanto desmantelado
Num tenho no borso um cruzado
Prá móde comprar um pão
Se vormicê pricizá
Dum trabaiadô dispôsto
Aceito com muito gosto
seja qual for a função”
“Entre prá dentro cabôco
Sua graça cuma é?
Vamos bebê um café
Mode adispôis cunversá
Eu preciso de um vigia
De vergonha e de corage
Pra guarda minha garage,
Minha casa e meu quintá”
Ganhei logo a confiança
Daquele bom cidadão
Qui num era mais patrão
Era um pai e um amigo meu
E a cabo de trêis semana
Me falou-me: “Zé Brejêro,
Vô viajar prú instrangeiro
E vormicê vai mais eu”
Veja as coisa cuma é,
Quando Deus qué meu patrão:
Um curumba disgraçado
Qui nunca andou nem de trem
Mitido cum gente de bem
Viajando de avião
E cum distino as Oropa
Pra vê o Brasí jogá
Eu já tinha visto falar
Qui o Brasí era o mió
Mais quando ispiei cum esses óio
Qui a terra hái de cumê
Posso afrirmá sem tremê
Num pode havê mais mió
O patrão mim ensinou-me
O nome dos jogadô
Do bolêro ao centrefó
Ele deu difinição:
O golêro era Girmá
Qui pegava inté pensamento
Djarma era o elemento
Siguro na maicação
O outro beque, o Beline
O falado capitão,
Pelos are ou pelo chão
Num queria brincadeira.
Foimava cum Orlando e Zito
A respeitada barreira
Na ponta isquerda o Zagalo
Topava quarqué parada
E quando dava uma canelada
Era da páia avuá
Perto dele um mulecote
Cunhicido prú Pelé
Esse tando cum a bola nu pé
Pudia comemorá
E o centrefó, o Vavá
Foi na minha opinião
O mais mió jogadô
Tendo os péis do Didi
Aqueles passos bem feito
Levava tudo nos peito
E sempre maicava um gol
Só não posso mi isquecê
Dum caboco meio Zambêta
Qui fazia tanta faceta
Tanta goga e imbraiação
Qui os póbre dos ingrês
Ficava tudo azuado
Uns de cóca outros assentado
E outros cá cara no chão
Cum jogadô dessa maica E aqui fica um consêio
Ninguém pudia perdê Pra num si perdê de vista
E cuma havera de sê Jogadô do Brasí é artista
O Brasí foi campeão E discunhece maicação
E se o patrão entrô na farra Quem inventou aquela taça
O xeleléu nem se fala Faça outra diferente
Isquecemo inté as mala Prú que a qui vêio cá gente
No campo de aviação Ninguém dêxa vortá não.
SEXTA DE VERSOS: Nesta sexta-feira, dia 14-03, a partir das 19h30min, o gracejo e a irreverência da poesia popular nordestina voltam a se espalhar no Restaurante Feijão & Cia., com mais uma edição do projeto SEXTA DE VERSOS, desta vez em comemoração ao DIA NACIONAL DA POESIA. O cordel, o repente, a embolada e a poesia matuta se misturam nas declamações dos integrantes da União dos Cordelistas de Pernambuco (Unicordel) e seus convidados. A Unicordel é um movimento que tem o propósito de divulgar e promover a literatura de cordel, visando a despertar a consciência da comunidade para a sua importância como genuína expressão da cultura pernambucana, como instrumento de formação e informação, além de fonte de prazer e entretenimento. Criada em abril de 2005, a Unicordel ao longo desses seus quase três anos de existência vem promovendo recitais, oficinas, palestras e debates nos mais diversos ambientes (restaurantes, bares, mercados públicos, empresas, escolas, faculdades, sindicatos, etc). O Feijão & Cia fica na Rua São Francisco, nº 60, bairro do Paissandu (Por trás do Hospital Português), servindo petiscos e bebidas diversas (com destaque para a cerveja sempre gelada), com preços bem camarada. Fone: 3231-6293. Evento: SEXTA DE VERSOS Data: 14/03/08 (sexta-feira) Hora: 19h30min Local: Restaurante Feijão e Cia - Rua S. Francisco, nº 60 - Paissandu (por trás do Hospital Português) Preço: R$ 3,00 Realização: União dos Cordelistas de Pernambuco-Unicordel Informação: Altair Leal (3371-5564 / 92587151) João Campos (99770746) e Gilberto-Feijão&Cia (32316293).
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LITERATURA DE CORDEL
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terça-feira, março 11, 2008
POETAS PERNAMBUCANOS
ÂNGELO MONTEIRO
O RECIFE OCULTO*
Há o Recife que viveu em mim
E não o que eu vivi.
Há o Recife que acendeu minhas perplexidades
Quando ao passar abstraído em suas pontes
Atrás de mim deixei correndo as águas
Ao seu destino numero e só.
Há o Recife enflorado de presenças
Sem história. E há outro anfíbio e oculto
Plasmado pelas ânsias de uma fé intensa
À redondez das coisas óbvias.
Uma cidade é mais que uma cidade
Para todo o que foge às superfícies
E, atrás de encontros mais irmãos
Que a silhueta fria dos seus edificiios,
Busca descer às paragens mais secretas
Onde lateja o sangue das correntezas
E a alma viscosa dos seus pobres mangues
Ao seu cruzamento de ontens e amanhãs.
Por isso, para mim,
Que celebrei a falácia das auroras
E desprezei a dor velada dos crepúsculos
Fala mais alto o recife que eu não vi.
Aquele que está sempre de passagem
Como a rua passeada há muitos anos
Ou o reflexo distante da paisagem
Dos meus enganos e meus desenganos.
O Recife suspenso sobre as águas
Em memória dos sonhos desfolhados
Na lápide dos dias.
EXPECTAÇÃO Nº 1**
Não só compreendidos mas adivinhados
Quero que sejam os ventos de minha alma.
Assim me disse a voz por trás das portas
Que se fechavam sobre o meu destino,
Quando eram movediços todos os caminhos da terra
E a minha paciência era já uma forma de crueldade
Perante a agressão inocente, e não calculada, das coisas.
Eu era um pobre pontífice de tiara desgastada
Cuja benção apodrecia em mãos que já não sabiam abençoar.
O cansaço era a única atmosfera
Em que meu corpo e a minha alma jaziam.
E eu não sabia o que fazer desse cansaço
Até que me sobreveio um abalo
E a voz me falou, clamando no seu fogo enigmático,
Debatendo-se em meus ossos e animando minhas esperança
Que eu não sabia se existisse mais.
Eu não tinha mais que uma oferta de cinzas
No meu coração carbonizado:
Mas minha falsa vida, sob o seu hálito,
Viu destruídos os laços protetores
Que ainda me prendiam aos antigos enganos
E às tremulas aparências
Da face em que deixei de acreditar.
Louvada seja a voz no seu esforço
De nos fazer escravos dos seus dons.
Pois submissos servos nossos corpos
Aspiram no seu fogo ser aniquilados.
A voz que tem domínio sobre as portas
E habita a inviolada região dos selos:
E pela luz dos seus signos submete
As mais cansadas sendas e bandeiras.
Daí que seja vil qualquer esforço
Fora do movimento
Impresso pela voz em que nossos corpos.
O maior sentimento é um movimento
Do seu querer em nós, impresso e dado.
Se não formos submissos ao seu apelo de chamas
E não quisermos ser por elas incendiados,
Seremos pobres jazigos, sem a graça da morte,
Pois só depois de perdidos somos salvos.
(Se é que alguém um dia já foi salvo).
De qualquer modo nos perderemos,
Pois todo caminho leva à perdição.
O próprio caminho se perde quando achado,
E ai de quem se perde muito tarde.
A voz me revelou essas coisas
Pondo em meus ouvidos o beijo da promessa
De que as palavras – feras provocadas –
Seu destino de feras cumprirão,
E poderão nos levar a não sei quantas milhas
Dos ventes terrestres
Ao coração perturbado dos outros mafiosos de Deus.
EXPECTAÇÃO Nº 4**
Iniciei a minha vida pública
Semeando equívocos, de qualquer forma melhores
Que as pretensões habituais
Dos falsos sustentadores da ordem do mundo.
Iniciei a minha vida pública
Falando, quando deveria calar,
E calando, quando deveria falar.
Em nenhuma parte
Encontrei os seres de minha escolha:
Agregando-me àqueles sem parte alguma com minha alma
E desagregando-me de outros que deveriam estar ligados comigo.
Meu erro fundamental
Foi julgar que houvesse acaso no mundo.
Quando, mesmo entre os cultivadores do acaso,
Existe a misteriosa exigência de uma ordenação.
Não sou responsável pelos eclipses
Nem pelos cataclismos:
Eles por si dispensariam meu testemunho.
Mas sou responsável por ter traído minha própria voz,
Condescendendo com apelos estranhos à minha natureza.
Sou responsável por ter gerado
Das minhas próprias forças o antípoda.
E o Deus me recrimina em tom de benção,
E apesar de o ter vilmente traído,
Depois de confundir todas as vozes
(as dos anjos e as dos demônios)
ainda me faz reencontrar o eco sagrado de sua voz
há tanto tempo perdida.
ÂNGELO MONTEIRO - O poeta, filósofo, jornalista e ensaísta alagoano radicado no Recife, Ângelo Monteiro, é professor universitário, Mestre em Filosofia pela UFPE e já publicou vários livros de poesias e de ensaios, dentre eles, “O Inquisidor”**. Participou da antologia Poesia Viva do Recife*. Poesia Viva do Recife: nova edição da antologia homenageia a cidade em agosto A antologia POESIA VIVA DO RECIFE, lançada pela CEPE-Companhia Editora de Pernambuco, em 1996, com a participação de 100 poetas, será relançada, este ano, ampliada com a presença de 150 poetas pernambucanos, em homenagem à cidade no “6º. Festival Recifense de Literatura”, que ocorre em agosto. Na primeira edição, realizada por iniciativa do jornalista Evaldo Costa, diretor-presidente da CEPE (hoje secretário de Imprensa do Estado), o então Vice-Governador Jorge Gomes (hoje Secretário de Saúde do Estado) assinava a primeira orelha e o então Secretário da Fazenda Eduardo Campos (hoje Governador do Estado) assinava a segunda orelha, ressaltando que “feliz é a cidade que, como o Recife, pode orgulhar-se de ter na poesia uma parte essencial de sua substância vital.” Essa primeira edição contava com a participação destes 15 poetas, ausentes da nova edição, pelo fato de terem falecido : Alberto da Cunha Melo, Arnaldo Tobias, Audálio Alves, Celina de Holanda, Edmir Domingues, Estephânia Nogueira, Francisco Espinhara, Geraldino Brasil, João Cabral de Melo Neto, Mário Souto Maior, Nerivaldo Xavier, Paulo Cardoso, Potyguar Matos, Sílvio Roberto de Oliveira e Waldemar Lopes. O poeta e editor Juareiz Correya, organizador da antologia e idealizador da “Coleção Poesia da Cidade”, projeto da Nordestal Editora, que já publicou também a POESIA VIVA DE NATAL, em 1999, e tem prontas para publicação as antologias POESIA VIVA DE SÃO PAULO e POESIA VIVA DE MACEIÓ, explica que a nova edição da POESIA VIVA DO RECIFE, “embora desfalcada com a ausência desses nomes importantes da poesia pernambucana, hoje eternizados, apresenta, na medida do possível, uma seleção de nomes que, nas duas últimas décadas e nesta década, têm renovado a expressão poética em Pernambuco, sobretudo atuando na vida cultural recifense.” A segunda edição da antologia, revista e ampliada, além de preservar 85 poetas/poemas da primeira edição, publica textos, criados sobre o Recife, de alguns poetas já maduros e destes novos e novíssimos poetas que “vivem, amam e eternizam a cidade” : Adriana Perrucci, Aluísio Santos, Antonio Botelho, Ary Sergas Santos, Arnaud Mattoso, Carlos Cardoso, Carlos Maia, Cida Pedrosa, Cuinas Cervantes, Débora Brennand, Davino Sena, Delmo Montenegro, Eduardo Diógenes, Edvaldo Bronzeado, Esman Dias, Everardo Norões, Fábio Andrade, Fernanda Jardim, Fernando Araújo, Fernando Chile, Gustavo Krause, Ivan Maia, Ivan Marinho Filho, Joca de Oliveira, Jomard Muniz de Britto, José Almino de Alencar, José Terra, Josilene Corrêa, Lara, Lenilde Freitas, Liana Mesquita, Luciano Nunes, Luiz Carlos Dias, Malungo, Marcílio Medeiros, Marcos d’Morais, Mariana Arraes, Miró, Nivaldo Lemos, Odmar Braga, Paulo Jofilson, Pedro Américo de Farias, Raimundo de Moraes, Robson Sampaio, Rogério Generoso, Romero Amorim, Ronildo Maia Leite, Samuca Santos, Sérgio Augusto da Silveira, Sérgio Leandro, Silvana Menezes, Sílvio Hansen, Tarcísio Regueira, Wilson Vieira e Valmir Jordão, entre outros. * Poema incluído na antologia Poesia Viva do Recife. ** Poema incluído no livro “O Inquisidor”. São Paulo: Qurion, 1975.
Uma inquisição de baixo quilate - Por Ronaldo Castro*
"A Universidade Federal de Pernambuco, através do seu Departamento de Filosofia, acaba de ter negado, e pela segunda vez, uma simples progressão ao professor e poeta Ângelo Monteiro. Para quem conhece o grande poeta, esteta e ensaísta isso é um escândalo que torna, a priori, este ou qualquer outro artigo inútil. "Ai de nós - diz o poeta T.S. Eliot - que perdemos a sabedoria pelo conhecimento, e o conhecimento pela informação". E a filosofia é, sobretudo, sabedoria. As universidades não criam a inteligência, mas deveriam reconhecê-la, sob suas diversas formas, e não negar-lhe, farisaicamente, abrigo em sua morada. Não têm o Daimon e nem o toleram. Preferem antes a sombra dos administradores acadêmicos que a luz de um espírito livre e sedento de saber. O talento poético e filosófico do professor Ângelo Monteiro está imortalizado em sua obra vasta e profunda e mais ainda encarnado em sua própria vida pessoal. O inesquecível professor Alfredo Antunes, uma das poucas luzes desse já sombrio Departamento de Filosofia, pergunta: "Quem foi que disse que os Poetas têm que ficar de fora da "República"? Quem foi que propôs que sentimento e razão não devem dar-se as mãos?" Mas os doutores, representando a UFPE, não estavam interessados na coerência entre o ser e o conhecer e, sim, na posse das pequenas e lustrosas vantagens acadêmicas. Imagino que a poesia e a estética de Ângelo Monteiro sejam muito pouco aproveitáveis à instrumentalização do saber tão em voga. Mas não acredito que tenha havido nem mesmo esse mísero critério nessa inquisição. Ao saber do ocorrido procurei conhecer os métodos de avaliação e me certifiquei de sua miséria. Devo admitir que me surpreendi com a coerência das notas, impecavelmente uniformes, como é de praxe à burrice doutoral. Um certo isolamento monástico do poeta Ângelo Monteiro pode ter um aspecto anti-social, mas a solidão não alimentou toda a história da filosofia? Toda a nossa civilização não se nutriu até hoje desses solitários? Como comparar a verdadeira produção intelectual com a mera exibição de títulos acadêmicos? É um aspecto menor o fato de se ter uma personalidade mais ou menos social numa comunidade intelectual, ao contrário de certas comunidades onde a participação nos rituais sociais é fundamental. Mas creio que os Departamentos de Filosofia no Brasil estão tomados do esprit de corps. Na verdade os sindicatos europeus são bem mais modernos que as nossas elites intelectuais. É sintomático que o autor de O Inquisidor, sofra justamente uma inquisição, ainda que de baixo quilate. Mais simbólica ainda é a formação dos seus inquisidores. Há entre eles um ex-jesuíta (e por lembrar de suas aulas sobre Filosofia da Religião arrisco dizer que se trata de um jesuíta sem Jesus, pois que só buscava explicações materiais, sociológicas e psicológicas para a existência de Deus. Era espantoso!). Há ainda um especialista em Filosofia e Psicanálise e uma doutora na Psicologia do Desenvolvimento Cognitivo. É quando me dei conta de que o critério formal de participação na vida acadêmica, bem como a estatística kafkiana dos títulos, constituíam apenas uma mise en scene para confrontar o que realmente interessava: a alma do poeta diante do corpo filosófico, ou melhor, do cadáver. O peso psicanalítico dessa inquisição livrou a Universidade Federal de Pernambuco do pesadelo de um poeta que ama a beleza do segredo e do mistério. Devo admitir que os psicanalistas estavam bem afiados. A ironia em tudo isso é que esse veredicto do Departamento de Filosofia da UFPE na verdade coroa de êxito duas grandes obras do Ângelo Monteiro: o Tratado da Lavação da Burra, que trata da ausência de universalidade do "ser brasileiro" e O Inquisidor, onde vemos o poeta transcender as contingências. Quem viver verá! Aliás, já se vê!"
*Ronaldo Castro é escritor
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