segunda-feira, fevereiro 25, 2008

POETAS DOS PALMARES



Arte: Teatro Cinema Apolo, de Ângelo Meyer.

ANTONIO VELOSO

REMORSO

Um remorso tão grande me apavora
Ao final desta vida tão inútil...
É que tudo que eu fiz, me foi tão fútil
E já não posso remediar agora.

Em vão procuro os atos bons de outrora
Numa vida que enfim seria útil
E, no entanto, ficou tão inconsútil
O tempo que perdi, que foi embora.

Os meus sonhos, amores, ilusões,
Meus trabalhos, amigos e paixões
Tudo acabou... apenas ficou isto:

Uma vida comum, ao bem perdida
A minha alma a vogar desiludida
Esquecida de tudo.... até que existo.

PALHAÇOS

Quando eu morrer, por certo, os meus parentes
Lamentarão, por mera cortesia,
Esse infausto colapso que um dia
Me levou para mundos diferentes.

Lamentarão também, indiferentes,
Meus amigos de festa e de folia,
Não faltando é bem certo, a covardia
De umas lingüinhas frias, maldizentes.

Mas, se realmente uma outra vida existe,
Se para salvação d´alma consistem
Fora do corpo o espírito vagar

Lá... bem longe, que boa gargalhada
Eu darei, vendo a triste palhaçada
Desses tristes palhaços a chorar.

ANTONIO VELOSO nasceu em Palmares (1894-1976), publicou poemas e artigos em jornais, editando poemas e livros, sendo membro do Clube de Poesia do Recife, cidade onde faleceu. Ele foi incluido na antologia Poetas dos Palmares.

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