domingo, dezembro 21, 2008

MANUAL DO POETA & TATARITARITATÁ



MANUAL DO POETA – O excepcional livro “Manual do poeta: tudo que você gostaria de saber sobre a arte poética”, escrito pelo lexicólogo e tradutor, Ivo Korytowski, é uma verdadeira e indispensável ferramenta para os que se aventuram a fazer e tratar poesia. No volume ele reúne textos saborosíssimos de se ler e aprender, além de trazer importantes ensinamentos para quem deseja lidar com a arte poética, trazendo temas como poesia, poema, verso, estrofe, métrica, rima, ritmo ou cadência, sonoridade, recursos de construção, recursos imagísticos e outros, prosa poética versus poesia prosaica, soneto, minimalismo, haicai, poetrix, trova, balada, ode, elegia, poesia popular: repente e cordel, o soneto mais bonito da língua portuguesa, o que o poeta é e dicas de sites de poética e poesia.
Ivo Korytowski é lexicólogo, graduado em Filosofia pela UFRJ, tradutor e editor dos blogs Literatura Rio de Janeiro e Sopa no Mel. Imperdíveis.
FONTE:
KORYTOWSLI, Ivo. Manual do poeta. Rio de Janeiro: Ciencia Moderna, 2008.



ALEXANDRE SANTOS – o escritor, engenheiro civil, mestre em Engenharia da Produção e de Gestão Pública para o Desenvolvimento, na UFPE, Alexandre Santos, é presidente da Academia de Letras e Artes do Nordeste, vice-presidente da União Brasileira dos Escritores [UBE-PE], editor-geral do informativo ‘A Voz do Escritor’, semanário eletrônico da Rede Integrada de Academias de Letras do Nordeste, secretário-geral da Academia Brasileira de Autores Solidaristas. Alexandre Santos ainda é membro do Conselho de Política Cultural da Cidade do Recife, da Câmara de Sustentabilidade e Responsabilidade Cultural, do Instituto de Estudos Políticos e Sociais da Sociedade Pernambucana de Cultura e Ensino e do Instituto Solidarista de Estudos Políticos e Sociais. Ele tem vários livros e artigos publicados no Brasil e no exterior, entre os quais se destacam ‘Os retirantes’, ‘A Inflação Desmistificada’, ‘A Propriedade dos Meios Naturais de Produção’, ‘Os Conceitos de Economia’, ‘Fortalecimento da Economia de Base Local’, ‘A Inevitável Primavera’, ‘Teoria do Valor’, ‘Economia & Poder’, ‘Solidarismo: O Brasil para Todos’, ‘Subsidiariedade Econômica: a opção decisiva’, ‘O Desenvolvimento Integrado dos Campos’, ‘O fim do ciclo liberal’, ‘O Direito ao Trabalho Remunerado’, ‘A face oculta do mercado’, ‘O Moinho’, ‘O Ato de Produção’, ‘O attaché’, ‘Bastidores & Camarins’, e ‘G’Dausbbah’.



SARINHA FREITAS – A bela e apaixonante poeta e escritora Sarinha Freitas edita, entre outros blogs, o Sentimentos-Sam e Desnuda, reunindo seus escritos e divulgando textos e poemas de muitos outros escritores. São espaços encantadores e imperdíveis. Confira.

IV PREMIO VALDECK ALMEIDA DE JESUS – POESIA - O Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus visa estimular novas produções literárias na modalidade Poesia e é dirigido a candidatos de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil ou no exterior, desde que seus trabalhos sejam escritos em língua portuguesa. As inscrições estão abertas até 31 de dezembro de cada ano (acompanhada de CD ou disquete com o material inscrito), através dos correios, no seguinte endereço: Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus Rua Sargento Camargo, 95-A, São Caetano CEP 40391-152 - Salvador/BA Ou via e-mail para: valdeck@hotmail.com MAIS INFORMAÇÕES: Valdeck Almeida de Jesus Tel: (71) 8805-4708 E-mail: valdeck@hotmail.com

MUPA - Já está aberta a Exposição de Artes Visuais do Museu Palácio Floriano Peixoto (Mupa). A exposição conta com a participação de 40 artistas alagoanos com estilos e trajetórias diversas. Com curadoria de Viviani Duarte, montagem de Eliomar Augusto e design gráfico de Amanda Nascimento, a mostra segue com entrada gratuita e vai até 28 de fevereiro de 2009. Outras informações: (82) 3315.7874.

20X20= ARTE - A exposição de artes visuais, 20 x 2 = ARTE, que fez parte da programação, na comemoração dos cinco anos do espaço cultural do SESI, na Pajuçara, Maceió – AL, em abril de 2008, teve continuidade com sua montagem, no período de setembro à outubro de 2008, no Memorial à República e agora segue para o Museu Palácio Floriano Peixoto – MUPA, numa realização da Secretaria de Estado da Cultura. De 16 de dezembro de 2008 a 28 de fevereiro de 2009.

CULTURA POPULAR - O Fundo de Incentivo a Cultura (FIC) promove, de 26 a 28, o II Encontro Sertanejo de Cultura Popular, na cidade de Poço de José de Moura - identificada como um centro de discussão, incentivo e produção da cultura popular na Paraíba. O evento acontece na Praça do Juazeirão e conta com apresentações de dança folclórica, teatro, recitais de poesia, encontro de bandas, oficinas, palestras, debates e exposições. Outras informações: neiry.ana@hotmail.com/

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GUIA DE POESIA
MUSA TATARITARITATÁ 2008

sábado, dezembro 20, 2008

POETAS DE SÃO PAULO



ELIANE ACCIOLY

A MORTE DO GATO

Enquanto o gato que me habitava morria,
(sete vidas espertas e bem vividas agora moribundas)
um espelho explode um planeta,
a noite escura abate minha alma:
que mais em mim quebrando se esvaía?
Como ficar sem os muros
as heras e unhas-de-gato
as noites de cios vadios
as brigas e a malandragem
os gritos nas madrugadas as travessias de ruas?
Sem o vício por sardinha
sem as cumbucas floridas
entornando leite ou água?
Sem os dengos
sem as manhas
o novelo arrepiado
a poltrona beije rasgada
de afiar vinte garras?
Como perder o poder
e fazer tremer e correr
ratazanas e baratas?
A oitava vida se vai, lunar,
em tranças pretas e prata
Nenhum príncipe para me acordar
mas também, nenhuma torre
de onde ser libertada
A grande morte chegou?
Passada a quarentena
brotos de um verde tímido, os vigias guardiões,
me tiram da cidadela gritando uma notícia:
ouça! o poeta com martelo e bigorna
forja um dia mais
sons de bronze, as palavras,
esteira de mil sinos,
acordam a cidade, escuta!
Um último suspiro apaga a chama da pena de mim
seco os olhos, abro cortinas e persianas
com a força dançarina de mãos e braços,
e felina, (a isto não renuncio...)
espreguiço diante de um Sol acolhedor
a letargia sim espanto em uma cascata gelada
(coisa que gato abomina)
Me penteio, escovo os dentes
visto velhas pantalonas
e descalça, preparo-me para rodar
mais algumas tantas milhas
por estreitas vigílias escarpadas, não mapeadas

A surpresa

O gato-maravilha que em mim morreu
retorna às vezes, cara redonda e invisível
Sombra errante corre
a saudade de bandos vadios
e arrepia as ruas de meu corpo
Lábio de lua crescente
fixo só na aparência
ri de mim, Alice,
prisioneira dos contrários,
o país dos espelhos
onde me extravio
na aprendizagem banal e mágica
de ser humana
morria,
(sete vidas espertas e bem vividas agora moribundas)
um espelho explode um planeta,
a noite escura abate minha alma:
que mais em mim quebrando se esvaía?
Como ficar sem os muros
as heras e unhas-de-gato
as noites de cios vadios
as brigas e a malandragem
os gritos nas madrugadas
as travessias de ruas?
Sem o vício por sardinha
sem as cumbucas floridas
entornando leite ou água?
Sem os dengos
sem as manhas
o novelo arrepiado
a poltrona beije rasgada
de afiar vinte garras?
Como perder o poder
de fazer tremer e correr
ratazanas e baratas?
A oitava vida se vai, lunar,
em tranças pretas e prata
Nenhum príncipe para me acordar
mas também, nenhuma torre
de onde ser libertada
A grande morte chegou?
Passada a quarentena
brotos de um verde tímido, os vigias guardiões,
me tiram da cidadela gritando uma notícia:
ouça! o poeta com martelo e bigorna
forja um dia mais
sons de bronze, as palavras,
esteira de mil sinos,
acordam a cidade, escuta!
Um último suspiro apaga a chama da pena de mim
seco os olhos, abro cortinas e persianas
com a força dançarina de mãos e braços,
e felina, (a isto não renuncio...)
espreguiço diante de um Sol acolhedor
a letargia sim espanto em uma cascata gelada
(coisa que gato abomina)
Me penteio, escovo os dentes
visto velhas pantalonas
e descalça, preparo-me para rodar
mais algumas tantas milhas
por estreitas vigílias escarpadas, não mapeadas

A surpresa

O gato-maravilha que em mim morreu
retorna às vezes, cara redonda e invisível
Sombra errante corre
a saudade de bandos vadios
e arrepia as ruas de meu corpo
Lábio de lua crescente
fixo só na aparência
ri de mim, Alice,
prisioneira dos contrários,
o país dos espelhos
onde me extravio
na aprendizagem banal e mágica
de ser humana

VIANDANTES

Relevos e povos que sou abrem-se para ti, corsário. Chegas sem passado futuro promessas. Eu que sempre pedi e prometi descubro, no presente, somos instantes táteis, carnaval de sentidos, este fascínio. Meu corpo, corso para teus dedos mãos lábios mordiscos pele suor células, circo de areia que se desmancha. Um sol vermelho agoniza na tua boca, enseada onde encontro peixes azuis, sal, marés, e meus delírios. Brincamos de liberdade, rimos, e quando não mais suporto essa soltura conjugo verbos de conjurar o medo, me agarro aos nossos nomes entrelaçados _ o meu o feminino do teu, e crio crenças, meu amor, mitos, tantas histórias de impedir o nosso tempo juntos se esvaia.

TEATRO

os personagens
apresentam-se
na flor da carne

SILÊNCIO

as faces
côncavasde seu olho,
espelhos
negros micro-
firmamentos
piscinas de estrelas
e peixes abissais:
cegos videntes

ONÍRICO

Quem somos?
Amores inquietos?

Chego de visita a tua casa
o cão me fareja, não ladra,
talvez reconheça meu cheiro

Não me recordo ter estado aqui,
parece a primeira, embora,
a tua casa seja a minha casa
desde os primórdios

Esta certeza não vem de lembranças, vem dos sentidos:
conheço os cantos, o macio e o áspero,
e o gosto dos objetos se confunde com os sabores do teu corpo

Na intimidade de nosso quarto mulheres me espiam,
a toalha que me cobre cai,
delata minha nudez

As mulheres servem suspiros em um prato,
claras em neve e açúcar amorenados de forno

Os suspiros, pequenos cones,
são corvos e augúrios
e crocitam doces passados em minha boca

Fruto-bendito entre as mulheres,
atento a poemas, não me percebes

ELIANE ACCIOLY - Eliane Accioly Fonseca, poeta e terapeuta. Psicanalista, educadora somática-existencial, pesquisadora e ensaísta. Mestre em Psicologia Clínica e doutora em Comunicação e Semiótica, PUC São Paulo. Parecerista da Revista de Psicologia Perfil, da UNESP, Campus de Assis. Há duas décadas investiga as diferenças e convergências, encontros e discrepâncias entre os ofícios poético e terapêutico, práticas cotidianas, cartografando fronteiras entre a clínica e a arte. Livros publicados: Histórias de Ventania. São Paulo, Massao Ohno, São Paulo, 1990. Trapeiro de sonho. Coleção Almanaque de Minas, Mulheres Emergentes Ed.Alternativas, MCMXCVII, Belo Horizonte, 1997. A palavra in-sensata, poesia e psicanálise. São Paulo, Escuta, 1993. Corpo-de-sonho, arte e psicanálise. Annablume. São Paulo, 1999. Poemas na Arena. Mulheres Emergentes Ed.Alternativas, Belo Horizonte, 2001. Terra e Tear. In Setevozes, São Paulo, Ed. Do Escritor, 1998 "As Interfaces de Helena Armond". In: Armond, H., Em Busca do Elo Perdido. São Paulo, Escrituras, 2000.

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POETAS DE SÃO PAULO
GUIA DE POESIA

quarta-feira, dezembro 17, 2008

DICAS TATARITARITATÁ!!!!

VIDEO POEMA RETRATO DE PERNAMBUCO – Nesta quarta-feira, a partir das 20 horas, estará acontecendo no Restaurante Pai D´Égua, na Cidade Universítária, Recife – PE, o lançamento do vídeo poema Retrato de Pernambuco, de Jorge de Souza, do cd É do povo, de Edy Carlos e do projeto Plantando Sementes, da Livraria Expressa. QUANDO – 17.12.2008 – QUARTA FEIRA HORA – 20 HS LOCAL – RESTAURANTE PAI D!ÉGUA – CIDADE UNIVERSITÁRIA – RECIFE-PE Contatos: Anselmo – 99556741 Alberto – 99903555 Leda Dias - 99083650

XV SALÃO DA BAHIA - lançamento 19/12/2008, sábado, 19h exposição_ 20/12/2008 a 01/03/2009 - Pela primeira vez, o Salão conta com um projeto de ações educativas elaborado especialmente para o evento. Serão realizados debates, palestras e mesas redondas que vão ter a participação de artistas, curadores e especialistas em artes visuais do país e exterior. O 15º Salão da Bahia será expandido, ultrapassando as dependências do MAM e alcançando outros espaços, contribuindo à formação de um circuito de arte contemporânea no Centro Antigo de Salvador. Além disso, o evento vai marcar a reabertura do Parque das Esculturas, galeria que foi completamente reformada e teve suas obras restauradas. segmento pintura, música, gravura, fotografia, desenho local Museu de Arte Moderna da Bahia - MAM BA Av. Contorno Solar do Unhão Salvador / Bahia / Brasil 55-71-3117-6043 55-71-3171-6133 mam@mam.ba.gov.br www.mam.ba.gov.br/ horários_Terça a domingo, 13-19h; sábados e domingos, 13-21h Curadoria de Solange Farkas, Rodrigo Moura, Mariza Mokarzel, Fernando Oliva, Ayrson Heráclito Info: Ascom UFBA Fonte: http://www.canalcontemporaneo.art.br/ Nesta sexta (19), a partir das 19h, inicia-se o 15º Salão da Bahia. A abertura vai contar com intervenções musicais de Arto Lindsay, acompanhado de outros músicos e percussionistas do Ilê Aiyê. O salão, que neste ano marca a reabertura do Parque das Esculturas, amplia sua programação e sai das dependências do MAM, chegando a outros espaços da cidade. Durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, serão realizados ciclos de palestras, debates, mesas redondas, oficinas, visitas agendadas e encontro com artistas. Outras informações: www.cultura.ba.gov.br/.

POESIAS: MELHOR DA WEB – comandado por Claudio Joaquim que edita o espaço literário Melhor da Web, reunindo escritores e poetas que publicam seus textos, com página personalizada de autor, perfil, diário online, textos com fotos e espaço para álbum de fotografias, sem limites de espaço,links, contato, gerenciador de comentário, livro de visitas, baners, espaço para fãs e muito mais. Confira acessando: http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/

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GUIA DE POESIA

segunda-feira, dezembro 15, 2008

DICAS TATARITARITATÁ!!!



BRASIL COM S - O projeto Brasil com S é uma iniciativa que trabalha pelo reaproveitamento artístico de antiguidades, que carregam em si um valor histórico, principalmente madeira e ferro, também mescladas à plantas da flora brasileira –, produzindo artigos de decoração e utilitários para a casa e o jardim. Tem sede em Juiz de Fora, carregando a identidade cultural mineira. Um trabalho que parte do "garimpo" das antiguidades e objetos utilizados, numa produção artesanal que gera peças únicas, como vasos para plantas, espelhos, luminárias, oratórios, armários, objetos de decoração para parede, pés de máquina de costura transformados em pés de mesa, cabideiros, luminárias, porta retratos e baús.Conheça um pouco do trabalho no site www.brasilcoms.art.br e visite a nossa exposição, de 07 a 21 de dezembro, no Casarão Cultural Terra Brasilis – hospedaria e espaço cultural em Santa Teresa, localizado em frente ao Parque das Ruínas, com uma bela vista do Centro do Rio, além da deliciosa cozinha Cozinha Cultural Terra Brasilis aos fins de semana, com pizzas e berinjelas artesanais e ótimos vinhos. Casarão Cultural Terra Brasilis Rua Murtinho Nobre, 156, Santa Teresa - em frente ao Parque das Ruínas infos : 8667-2949

100 POETAS SEM LIVROS - Vai até 24 de dezembro o prazo de inscrição para a antologia '100 POETAS SEM LIVROS' em produção pelo Movimento Litera PE, que contempla cem autores que nunca editaram livro. Os poemas remetidos para o e mail literape@gmail.com serão selecionados pelo Conselho Editorial do Movimento. Maiores informações podem ser obtidas com o poeta Cristiano Jerônimo pelo site www.cristianojeronimo.blogspot.com Info: Alexandre A Voz do Escritor – UBE – PE www.ube-pe.org.br

ACADEMIA DE LETRAS BRASIL – Capitaneada por Donato Ramos resultado da idéia de amigos virtuais de São Paulo e Santa Catarina, a Academia de Letras Brasil se propõe a publicar livros, promoção da leitura, divulgação, intercâmbio, entre outras atividades. Confira acessando: http://www.academiadeletrasbr.com/



ARTE EM 10x10 - SOLAR DO ROSÁRIO - Neste domingo (14), a partir das 11h, no Solar do Rosário, a exposição com realização do Solar do Rosário, CACEV - Centro de Arte Contemporânea Edilson Viriato e Ateliê Livre de Arte Edilson Viriato. A exposição "Arte em 10x10", são obras de aproximadamente 70 artistas, em pequeno formato 10x10, como o próprio nome indica e podem ser adquiridas a preços incríveis! Uma excelente oportunidade de presentear com bom gosto e estilo. Imperdível! Galeria de Arte Solar do Rosário Rua Duque de Caxias, 04 – Curitiba – PR (41) 3225-6232 www.solardorosario.com.br Info: Katia Velo Divulgação www.guiasjp.com.br/katiavelo

PONTES DE VERSOS – Nesta segunda, a partir das 20h30, com a presença dos POETAS DA PONTE e dos amigos da Ponte de Versos para ler nossos melhores poemas TRADUZIDOS de Sylvia Plath, Shakespeare, Anne Morrow Lindbergh, Keats, Shelley, Byron, Mayakovski, Baudelaire, Bukowski, Whitman, Rimbaud, Paul Eluard, Edgard Allan Poe, W.B. Yeats, T.S. Eliot, e. e. cummings e muitos outros. Segunda-feira, 15/12/2008, às 20h30 Livraria da DaConde Rua Conde de Bernadotte, 26 lj. 125 Leblon Rio de Janeiro | RJ

FOTOGRAFIA DO CARIRI - A Lira Nordestina, o IFoto e Poesia da Luz,promovem o encontro dia 19 de dezembro as 17:30 para debate acerca da Fotografia do Cariri para o ano de 2009. Info: Nívia Uchôa Poesia da Luz Fotografia Nívia Uchôa (88) 96127485 / 35114787 http://www.poesiadaluz.blogspot.com

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MUSA TATARITARITATÁ 2008

sábado, dezembro 13, 2008

POETAS DE MINAS GERAIS



MARIA THEREZA NORONHA

VERSOS IMPLUMES

Pousa no papel, de leve,
A pluma de um verso imberbe.
Sem peso e sem gravidade
Ao vento flutua, incerto.
Não há mão que, firme, o empunhe
Nem há, certeira, a palavra
Que armá-lo em seus ossos possa
E a ele se prenda, escrava.
E a ele se agarre, invicta,
Nos expoentes da luta
E delineie o sentido
Que a maré vazante esboça.
E se vá emplumando em signos
Nas densas hastes do ritmo
E coreografe o minuto
Onde o verbo se faz carne.
Ah, que a palavra desate
O cativo, implume pássaro!
E nele exercite a arte
De livre voar, incólume,
E explodir, absoluto.

MARINHA

Três vezes atravessei
Mares de olhos gelados
Atrás do homem que amei.
Três vezes abriu-se o mar
E o futuro a mim foi dado
Entrever – e o reneguei.
O rosto em algas sulcado
À beira da praia vela
Vela o retorno do amado.
Três vezes ultrapassei
Geleiras nuvens tormentas
Atrás do homem que amei.
Ah que bem cedo voltasse
Que fosse visto, atracado,
À meia-noite, ao farol.
Que fosse visto, encantado,
Caminhando sobre as águas,
Braços abertos ao sol.
Três vezes agonizei
Gritando ao vento e ao relento
O nome do homem que amei.

ÁS SEIS DA TARDE

Às seis da tarde sempre morro um pouco.
Vou-me embora como dia. Mas, retorno
Para à noite tecer finas mortalhas
Onde me abrigarei – mas não tão cedo.
Pela manhã desperto cega e inflável
Dependendo do sopro e o espaço em torno.
Devagar, abro os olhos: e aos detalhes
Fluidos, olhar mais nítido concebo.
E face ao dia – colhê-lo ou carpi-lo?
Se um tanto tem de flor o outro de cinzas,
Desfolhá-lo, indecisa, ou despedi-lo?
Que tanto faz me traga as boas-vindas
Ou se esconda e ofereça-me em sigilo.
Às seis da tarde morreria à míngua.

MANHÃ EM AMSTERDAM

Alguém abriu a noite e disse: entra.
De dentro vista, a noite era mais densa.
No copo em chamas, uma estrela afogou-se.
A lua olhava as ruas e os canais.
Vento algum veio varrer para longe as carnais
Tulipas dos desejos.
A taça de conhaque.
O reconhecimento tácito nos olhos,
Nos poros,
Aturdida turista, me enterneço
Na curva desse lábio.
Não se é estrangeiro na concha acre e liquida:
Topázio ardente por onde flui a noite.
Alguém abriu o dia e disse: veja.
E eu vi as flores, a louça azul do céu, as espigas
De ouro dos cabelos. A praça Dam.
A liberdade no haxixe apregoado na esquina.
Os canais, os museus: Van Gogh, Rembrandt.
Mais distantes, os moinhos, os moinhos,
Girando braços, como amantes que se despedem.
E eu abri um arenque e bebi a manhã
Nos olhos primaveris de Amsterdam.

CANTILENA

Os ventres roem a noite:
É nossa e passa.
Eu límpida, você lâmpada
Que o dia embaça.
Eu ânfora, recôncava,
Devassa.
Você, recluso hospede
(sonham sombras na vidraça).
Na noite em que chegando:
O ouro, a raça.
Não sejam nuvens a espada
Nem se desfaça.
A noite rói-nos os ventres.
O amor? Chalaça.
Canta ao longe a cotovia,
A noite se despedaça.
O dia se veste rindo
E em seu rapto nos retraça.
Eu límpida, você lâmpada
Que o sol embaça.

FINEZAS

Afina as cordas do teu cello
Define o acorde, o tom exato.
De amor se fina uma donzela
E amor é flor de fino trato.
Se é fina a corda e rompe a verve
Confina o medo que te habita.
Só desafina o que não serve
À fina flor dos sibaritas.
Vem refinada e com nuanças:
O aprendizado é prata fina.
Saber pular conforme a dança
Polir da adaga a ponta fina.

CRUZADAS

Cruzei palavras com o vento.
Suspiros e folhas secas
Vieram na horizontal
Desinências, dissonâncias
Na vertical
Sussurros e amendoeiras
Sopraram em diagonal
Anáforas e amor-perfeito
Na transversal.
Cruzei palavras ao vento.
Vieram textos canônicos
Na vertical
Pássaros brancos em bando
Na horizontal
Sonetos camonianos
Na original
E sapos bandeirianos
No carnaval.
Cruzei palavras com o vento.
Cartas Chilenas chegaram
Na horizontal
Castroalvinas flutuantes
Espumas na vertical
Sermões de Padre Vieira
No areal
Machado de Assis é Aires
No memorial.
Com o vento cruzei palavras.
Vieram folhas em branco
Na vertical
Vagas estrelas da Ursa
Na horizontal
A roca sem fuso ou uso
No vendaval
E um poema esfacelado
Na marginal.

VENCEDOR

Palavras que se caçam por minuto
Vezes que o verso mal flutua à tona.
A mão vadia traz, de estranha zona
Quinquilharias nuas de atributo.
Rútilo, o verso algum momento assoma
Cortante como o aço, agreste, enxuto.
Seja oráculo, arauto, prostituto,
Um floco ao mar, um floco à terra. Toma-o.
E inda que não triunfe, aposta a chama
De que se nutre. Aposta na dezena
De tons, disfarça a voz, reverte o tema
Que lhe entreabre artérias rumo ao drama:
Vencedor implacável, o poema.

PLANICIE

Para fazer um poema sobre o amor
Mando buscar as antíteses:
Fogo e neve, noite e dia,
E quanto mais do amado estou distante
Mais presente revive a cada instante.
Para fazer um poema sobre o amor
Busco as areias desertas e os jardins
As praças sitiadas e os jardins
As idéias afins e as antagônicas
As margens prazerosas e as agônicas.
Toda verdade anterior, submersa.
Submersos os olhos e as metáforas..
O que agora começa vem pousado
Na ferrugem do verso, vem pausado
Alternando o que é peso e o que é leveza
Barafunda e singeleza.
Para os grandes amantes o amor trágico
o antropofágico
o meu seja singelo. Amor singelo.
E quanto mais em planície me transforme
Mais sinta o pé sem peso em meu contorno.

DIA DO POETA

O dia do poeta acende a sala
De palavras: antena outro tâmara
Todas compondo a egregora que a rama
Dos anos vai tecendo em fina opala.
O dia do poeta acende a fala:
Imagens abrem frestas sobre o tema.
E pouco importa a chama seja efêmera
Se eterna é a poesia onde se cala.
À flor do dia luminosa esteira:
Vão chegando Drummond, Vinicius, Mario,
Jorge de Lima, Cecilia, Bandeira.
Sentam-se à mesa dos eternos topos.
Colhem o dia, acordam o tempo vário.
E, como Mallarmé, batem os copos.

SAFRA

Noturna flor do amor senil
Surpresas pétalas agitar
Há-de.
Se antigos os gerânios, abril
Depois de março as asas abrirá
Qualquer
A idade.
E na curvatura juvenil
- estreito anel que dilatados olhos
Alargam – há algo mais sutil
Que saudade.
Onde recomeça ou acaba
Das amoreiras o tempo febril,
Quem sabe?
Noturna rosa desarma o ardil
Do sentimento onde buscava
A chave.
Uma onde se esconde o vinho mil
Vezes cultivado e de orgulhosa
Safra.

MARIA THEREZA NORONHA – Maria Thereza Belisário de Noronha, mineira de Juiz de Fora, radicada no Rio de Janeiro, formou-se em Direito, trabalhou no BNH e na CEF. Poeta, estreou em livro em 1990, com A face na água. É autora dos livros "Pedra de limar" (1993), Ed. de Minas; "A face dissonante" (1995), Oficina do Livro Editora; e "Alaúde" (2001), parte do livro "Poesia em três tempos", Ed. Bom Texto. Participou de varias antologias e conquistou alguns prêmios em concursos de poesia. Integrou durante algum tempo o Conselho Editorial da Oficina do Livro Editora. Publicou ainda "O verso implume", Oficina do Livro Editora - Rio de Janeiro (RJ), 2005. Os poemas reclhidos aqui são do livro "50 poemas escolhidos pelo autor", Editora Galo Branco, 2008.

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POETAS DE MINAS GERAIS
MUSA TATARITARITATÁ 2008

quinta-feira, dezembro 11, 2008

POETAS DO RIO GRANDE DO NORTE



REYNALDO BESSA

hoje nenhuma palavra
a ser dita
nenhum grito,
nenhum silêncio
saudade nenhuma
nada
apenas um dia
que despencou do
calendário

*

uma noite
minha mãe
puxava-me pela mão
éramos quatro;
eu, ela, o medo e a pressa
disso lembro-me bem
enquanto os três conversavam
eu pregava os olhos nos olhos tristes das casas e
me dava uma tremenda vontade de perguntar
“mamãe, o que elas têm?”

*

deixa disso
siga o risco
o que é a vida
se não olho e cisco?
seja arisco
sangra o resto
o que é a morte
se não sábio disco?
nunca teremos o pouco aquém do menos
nunca seremos o muito além do mais
a cota será certa
a senda será meta
sempre serena será
a reta eterna da
raça toda

*

hoje sonetos
amanhã só netos

*

rio de fevereiro,
quando alguém me diz:
só em março, depois do carnaval
rio de março,
o ano só começa em abril
rio de abril,
o primeiro dia é quando somos sinceros
rio de maio,
desse, rio demais
é o mês do meu aniversário e
não há nada pra comemorar
rio de junho,
o carnaval ainda não acabou
rio de julho,
não há motivos, por isso rio
rio de agosto,
mais pra lá do que pra cá, mas ainda riso
rio de setembro
o dia sete é uma boa piada
rio de outubro
sou uma criança, mas eles não acreditam
rio de novembro
o ano seguinte já mostra o seu riso amarelo
rio de dezembro
o vizinho me sorri, só porque é natal
em janeiro não rio
meu riso tira férias
vai ao Rio de Janeiro
curtir um choro

*

tarde quente
sonhos esfarrapados no varal
úmidas lembranças

*

entre a caneta e o
guardanapo; um dilema
eu não sabia se tentava ou se
ia ao cinema
não fiz uma coisa nem outra
assoei o nariz com o quase-poema
ah! chega!
com ele ou sem ele
nada muda
é tudo cena

*

o mar
o azul
o domingo
bati na porta de Deus
Ele estava dormindo
o bar
o sol
o alarido
fui convidar Deus para um trago
Ele havia saído
então!
bebi
o mar
o azul
o domingo
o bar
o sol
o alarido
só não bebi Deus
porque Ele havia morrido

*

os vestidos escondem
mais segredos do que o mar

*

marchinhas
fevereiro sambando
sem ela

*

os macacos
desceram das árvores
aí nasceu o trabalho,
a infidelidade, o divórcio e
o apartamento de um dormitório

*

seu corpo
é o único argumento
que não sei
refutar

*

seus olhos
são meu livro de cabeceira

REYNALDO BESSA - O cantor, compositor e violonista potiguar, Reynaldo Bessa nasceu em Mossoró, no Rio Grande do Norte, morou em Fortaleza e já está radicado em São Paulo há 15 anos. Já lançou quatro cds autorais. O trabalho de estréia foi “Outros Sóis” (1994 - independente). Em 1996, lançou “O Beco das Frutas” (Selo – Alpha Music) e o terceiro, “Angico” (2004 – Selo - Devil discos) este último, selecionado para o prémio TIM de música de 2005. Além dos discos autorais, Reynaldo Bessa já participou de vários discos de outros artistas e cds de coletâneas. Num desses projetos, o cd “Cachaça Fina” dirigido ao mercado europeu, teve incluídas duas músicas do artista. Reynaldo Bessa tem parcerias com diversos outros compositores. Dessas parcerias, a música “Por Amor” de Bessa e Zé Rodrix, foi gravada pelo grupo IRA!, no seu acústico MTV. Das inéditas, É a única música no disco que não é do guitarrista Edgar Scandurra. Já tocou ao lado de Rosa Passos, Quinteto Violado, Chico César, Alceu Valença, Moraes Moreira, Zé Geraldo, Geraldo Azevedo, entre outros. Já participou de diversos festivais de música, sendo premiado diversas vezes. O Artista está lançando o seu quarto disco, “O Som da Cabeça do Elefante" com participação da cantora maranhense, Rita Ribeiro. Desse cd, duas músicas já foram selecionadas para o mapeamento da música brasileira, realizado todo ano pelo Instituto Cultural Itaú.
Sobre o livro Outros Barulhos, o poeta, jornalista e mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS, Fabrício Carpinejar, “(...) o músico e compositor Reynaldo Bessa guardou a infância no quarto até onde deu. Agora explodiu pelas janelas e portas. Outros barulhos é um baú que transbordou: quando os mortos e vivos se embaralham na linguagem, lembranças são confundidas com premonições; vozes, com cheiros. Ou ele publicava esse livro ou ficava louco, não tinha escolha. É uma fartura de vida, um armazém de fiados, armário de brinquedos extintos, que todo leitor vai se exuberar. É uma obra da saudade. A saudade alegra, inclusive, os dias em que cortamos os dedos. Sua sensibilidade é espiã. Não suportaria suas dores se não carregasse também a dos outros. Por isso, sofre com o bêbado voltando para casa, como se houvesse um trapézio transparente na rua; os vizinhos rindo e os familiares o segurando com os olhos. A poesia quando narração é imbatível. A poesia como contadora de histórias é imbatível. Sabemos muito mais da memória de Bessa.”
SERVIÇO: Noite de Autógrafos Data: 18/12 – quinta-feira Local: Av. Paulista, 509 – Cerqueira César – Tel.: 2167-9900 Horário: das 18h30 às 21h30 Livro: Outros barulhos Autor: Reynaldo Bessa Editora: Anome Livros.

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MUSA TATARITARITATÁ 2008

sábado, dezembro 06, 2008

DICAS TATARITARITATÁ



A VILLA CAETÉ EM REVISTA – Poeta e professor Eduardo Proffa edita o boletim virtual A Villa Caeté em REVISTA, trazendo uma série de dicas, informações, eventos e muitas coisas importantes. Para recebê-lo é só enviar correspondência para eduardoproffa@yahoo.com.br ou eduardoproffa@hotmail.com

LUIZ GONZAGA - A Exposição denominada OS CAMINHOS DE GONZAGA (sobre a vida e obra de Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”), ficará no Museu da Imagem e do Som – MISA no período de 09 a 15 de dezembro. A exposição será composta por 100 quadros. Haverá, ainda, uma apresentação musical de Chiquinha Gonzaga e Sérgio Gonzaga, respectivamente, irmã e sobrinho de Luiz Gonzaga, além de uma palestra com Paulo Vanderley, um dos maiores conhecedores da obra de Gonzaga, no sábado, dia 13 de dezembro. A entrada é de Gratís. Resp: CHIARA MACEDO (Associação Espaço Cultural Luiz Gonzaga). E-mail: aecig@hotmail.com - Fone: (81) 9971-7079

ARTE EM TODA PARTE - Acontece, até 14 de dezembro, no Sítio Histórico de Olinda, a 8ª edição do Olinda Arte em Toda Parte. Exposições, desfiles de moda, shows, performances, roteiro gastronômico, além da visitação aos ateliês compõem a programação do evento. Ao todo, 95 deles abrem as portas para expor os trabalhos de 311 artistas e artesãos que moram na cidade ou a tenham adotado como seu local de produção.O evento comemora mais um título concedido pela Unesco para Olinda: Memória do Mundo. Outras informações: www.olindaarteemtodaparte.com.br/.

SALÃO DE ARTES - Em cartaz até o dia 18 de janeiro, no Museu do Estado de Pernambuco (Graças) , a 47ª edição do Salão de Artes Plásticas de Pernambuco com a exposição Narrativas em Madeira e Muro: Presença da xilogravura popular nas obras do gravador Gilvan Samico e do grafiteiro Derlon Almeida. A mostra revela aproximações que se estabelecem entre trabalhos de diferentes épocas e produzidos em diferentes suportes pelos artistas. Outras informações: (81) 3426.5943.

CONEXÃO PB - Dia 19, às 19h, a Subsecretaria de Cultura da Paraíba inaugura a exposição Conexão PB, apresentando15 artistas plásticos que produzem em diferentes pontos do Estado. Em uma segunda versão, o projeto fica aberto ao público, em horário comercial, no Casarão dos Azulejos - sede do órgão estadual no centro da capital paraibana. . A exposição pode ser visitada até 5 de janeiro de 2009. Programação e outras informações: www.paraiba.pb.gov.br/.

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GUIA DE POESIA

sexta-feira, dezembro 05, 2008

PRIMEIRA REUNIÃO: MACEIÓ, 193 ANOS



MACEIÓ, UMA ELEGIA PARA OS QUE OUSAM SONHAR

Luiz Alberto Machado

A cidade emerge no meu riso matinal e o sol faz paradeiro na minha alma desafortunada. Os meus passos reviram ruas redimindo meus pesares, remorsos e alucinações nessa paradisíaca paragem. É tudo muito lindo premiando o meu devaneio. E eu recito loas pelas beiradas da idéia, pelas abissais paralelas do meu exílio atrevido, de minha presença castigada.

Nesse cenário eu vou de corpo e alma. Vou pelas transversais, avenidas, perpendiculares, a reconhecer a punição da vida no que de vário se faz real pelo esplendor do mar e onde se lavam culpas no negrume do asfalto, onde se pezunham esperanças na imensidão do espaço, onde se constroem todas as avenças e desavenças de nada.

É outro dia sempre e a gente a sonhar com o estrondo da felicidade mesmo que tudo seja apenas feito de partidas e chegadas no desencontro dos anseios.
É outro dia sempre e a gente com o plano de vôo circunscrito na incerteza, como se a regra desse jogo fosse sempre o confronto da distância entre começar e acabar, sem ter prorrogação na morte súbita indesejada.

É outro dia e sempre a cidade emerge na minha finitude atlântica que bordeja pelas apaziguadoras ruas breves da Mangabeiras e se arrasta na expectativa da Jatiúca, aderna pelo emaranhado da Ponta Verde, singra pela beira-mar da Pajuçara e dá nos cotovelos rentes com a fabularia do Jaraguá. É lá onde me eternizo nas cinzas.

Adiante está a lama do Salgadinho empestando a Avenida onde uma guerra oculta cospe mulheres paridas e deserdadas dos arredores do Tabuleiro do Martins e homens ciclópicos que ululam desmemoriados de tudo sem nada, oriundos do longe mais distante das bandas de lá além do Mundaú e que povoam a superfície perversa da exclusão. E me refaço porque é outro dia e sempre me esforço subindo a rodoviária até o Farol onde contemplo de tudo: a fantástica panorâmica, o silêncio dos roncos cansados, a espera dos madrugadores por condução, a perspectiva que bate as botas em Cruz das Almas e o meu desejo que escorre descendo o Riacho Doce e se esquece dos pleitos que se tornaram causas inúteis revogadas previamente pelos tribunais de então. Mas é outro dia sempre e as crianças no meio fio da madrugada com seu cobertor de mar e de noite com sonhos incertos no barulho do trânsito indômito. É outro dia e um punhado de adultos amontoam o teatro cristão com o berreiro dos desentoados em preces devotadas com seus sotaques e timbres nas rezas por seus dissabores, por remoetas embaçadas, por sacrifícios ostentatórios, pela salvação das almas da ignomínia. E tudo parece um abstrato aceno de paradoxais festeiros na celebração da tragédia pelas mesquinharias políticas, pela soberba nos limites onde o canavial impera ao lado dos alguns poucos privilégios de gados e miséria nos pastos de outro tabuleiro, onde amadurece a desimportância da oportunidade e todos são escravos do passado mesmo que se achem senhores de si e do futuro, mesmo que a vida seja um lapso de tempo nas causas perdidas.

Mesmo assim a cidade emerge e meu coração se avexa com o tumulto do dia e se esboroa pela tarde e faz aconchego na noite que anuncia outro dia para um mais que desejoso amanhã. Amanhã que já será hoje, hoje que será ontem e tudo que esquecerá. E esquecendo não veja criança estendida na calçada da manhã, nem pedinte mendigando no semáforo, nem velho xingado nas filas, nem violência como efeito da desigualdade, porque os adultos precisam acordar ciosos de si a vingarem o humano à revelia dos mandos no sonho de todos os sonhos.

A verdade é que a cidade emerge nos meus olhos e já é outro dia. Mesmo assim continuo atrevido e teimoso de sonhos, enquanto o meu coração bate buliçoso e atônito pelas ruas de Maceió, entoando uma elegia para os que ainda ousam sonhar.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992. Poema incluído na antologia “Poesia de Alagoas”. Recife: Bagaço, 2007.

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PRIMEIRA REUNIÃO

segunda-feira, dezembro 01, 2008

PRIMEIRA REUNIÃO



Imagem: xilogravura de Erivaldo Ferreira da Silva

ENSALMO NUM JARRO DE AMARA BROTINHA

Luiz Alberto Machado

Mal que comeis
Este corpo de suor
Cedeis então para sempre
Pois agora sou senhor do meu destino
Abandonais
De dez em dez lágrimas
De nove em nove aperto de mão
De oito em oito mágoas
De sete em sete extrema unção
De seis em seis litros d´água
De cinco em cinco ramos de manjericão
De quatro em quatro cantos na taboa
De três em três sentenças de condenação
De dois em ventos na anágua
De um em um gesto de fornicação

Janeiro vai
Janeiro vem
Feliz daquele
A quem deus quer bem

Janeiro vai
Janeiro vem
Feliz daquele
Que tem seu bem.

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