quarta-feira, setembro 12, 2012

POETAS DE PALMARES: PAULO PROFETA




PAULO PROFETA – Tudo começou quando uma noite lá altas horas, minha irmã Ana Lúcia chegava do colégio com um espalhafato medonho:

- E aí? Tu já conheces o Profeta? Ele parece um padre, mas é poeta.

De cara fiz um muxoxo poque não era muito achegado a coisa de profeta, principalmente por que à época havia o modismo de uma telenovela global e também porque nunca fui simpatizante às coisas de profecia. Cá comigo, desconfiei, mas se tratando dessa minha irmã danadamente justa e acertada, eu não podia deixar de lado. Mas deixei, fiz pouco caso.

Não demorou muito e lá estou eu frente a frente com o dito cujo, em reuniões artísticas e culturais na minha terrinha. Vi o quão estava enganado: o cara além de preparado, já mostrava ser um cabra daqueles que a gente precisa cultivar a amizade pro resto da vida por se tratar de honestidade, firmeza e dedicação em pessoa.

Logo já estava lendo o seu primeiro livro de poesias e dali encetando parcerias. Não deu outra, daí nasceu uma amizade que reputo uma das poucas que merecem meu respeito e afetividade.

Trata-se do sergipano nascido José Paulo de Menezes, pedagogo por formação, bancário aposentado, poeta dos bons e, também, artista plástico.

Testemunhei a publicação do livro Jogo Vivo, dele em parceria com o amigo Felipe Maldaner. E também do seu engajado Sindicalismo X Repressão.

Estivemos juntos nos movimentos culturais e artísticos do municipio, a exemplo de participantes das Noites da Cultura Palmarense, e, posteriormente, como fundadores das Edições Bagaço que à época era um movimento editorial e cultural.

Findamos vizinhos por vários anos trocando ideias, leituras e muita literatura, a ponto de eu musicar um de seus poemas.

Muito teria a dizer de José Paulo Profeta de Menezes, ou simplesmente Paulo Profeta. Ele possui a irreverência de um verdadeiro artista, merecendo, portanto, alguns superlativos, além de poeta, artista plástico, professor e político sério: é uma pessoa decente? Decentíssimo. É competente? Competentíssimo. É dedicado? Dedicadíssimo. É íntegro, inarredavelmente honesto e verdadeiramente amigo. Pra ele assino em branco, marcho solidariamente junto e bato no peito: esse é ser humano de verdade.

Finalizo essas modestas palavras com o seu poema Mulher Seculada, dedicado à sua esposa Nalva e que eu musiquei:


Mulher Seculada


Linda fonte de beber
teu corpo, escultura de prazer.
Quero sempre em tuas curvas sobrar
e no perfume de tua mata me molhar.


Quero nos teus lindos e fofos montes
subir, descer
e no teu leito,
cheiro de gente,
de ser,
poder me perder.


E saber
que apesar de tudo - e sobretudo,
estamos sós e somente,
seculando um minuto
pois o que restou do dia,
o que restou do mundo,
pra mim é você.



Um beijabração pro Paulo, Nalva e os profetinhas.