terça-feira, maio 20, 2008

POETAS DE SÃO PAULO



ALFREDO ROSSETTI

POEMETO 12

Quero coisas novas a cada instante,
Mesmo que tenham mil anos.
Pequena parte de mim pode ser saudade,
Mas o resto: susto constante.

ENDEREÇO

Não escrevo sobre a criança que fui.
Nem o alguém que tenho estado.
Não busco os dias claros nem o tempo obscuro.
Escrevo somente para mim, que é a quem procuro.

CONFISSÃO

Eu sou a soma do que tentei ser.
Forjado naquilo que não consegui.
Sou desconstruído em mosaicos,
Alvenaria flácida,
Portos distantes dentro do mesmo continente.
Sou sempre busca.
Sou sempre nova etapa.
Sou sempre o que nunca concluo.
Mas, látego, um poeta habita em mim como um grito.

PÃO E VINHO

Inebriado pelas suas conquistas,
O homem imola sua crença cega.
Beija a pobreza de seu Mestre;
E à oferta de amor e vinho
Constrói sua própria adega.
Ao pão,
Escolhe o não.
O homem vive daquilo que nega.

EXERCÍCIO MATINAL

Nas pontas dos dedos no novo dia,
Um escuro de medos. Reflete
Certa energia (que deve vir)
Do recordar d um parágrafo
Ou em devir motor de um culto ágrafo.
Um mal sabedor que rompe, cria cores
Ou notas silenciosas
Que prorrompe dores ocultas e pastosas.
Mas antes que qualquer lembrança m divida
Acordarei do que foi me dito em algum passado
E verterei aos olhos, numa simples sacudida,
Raios de sol eufônicos neste instante alforriado.

A POESIA IV

Na avenida da língua portuguesa
Deus
Passeia em rimas
Com ateus.

METAPOEMETO

Houve um amor.
Houve uma flor.
Há um lugar-
Comum à dor.

O MEDO

O dedo do povo
Na urna
E o dedo no gatilho
Na rua
Grassam o medo de sentir medo
Na pátria nua.

CONSEQUENTE

Não sei de onde vim
E para onde vou me inquieta.
Vivo entre a lógica e a loucura.
Daí, poeta.

PERSONA

A chave da minha vida só a poesia destrava.
Sinto estar sempre entre a aparecia de névoa
E um verso, ao qual recorro, se a dor crava.
Quando verdade,
Não sou carne nem espírito.
Apenas palavras.

LÍRICO

Pouse o amor na palma da sua mão.
Não trema a mão.
Não feche a mão.
E mesmo que escorra o amor,
Embate algum será em vão.

ALFREDO ROSSETTI – o poeta paulista Alfredo Rossetti é autor dos livros “Em busca do verso (a elegia do olhar)”, “Dia de Chuva” e do recém publicado “Colheita dos ventos”, editado pela Legis Summa, agora em 2008, de onde foram selecionados os poemas aqui publicados. Ele possui o Sítio de Poesia reunindo seus poemas visuais, haicais, versos livros e poemas concretos. Confira.

VEJA MAIS:
POETAS DE SÃO PAULO
CRÔNICA DE AMOR
GUIA DE POESIA
PALESTRA: CIDADANIA NAS ESCOLAS
BRINCARTE
RÁDIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM & CURTA!
PUBLIQUE SEU LIVRO – CONSÓRCIO NASCENTE
TCC – FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS