quarta-feira, janeiro 30, 2008
POETAS PAULISTAS
ETHEL FELDMAN
BOM BOM DIA
- Respira antes que tropeces na palavra. ..
- hmfffffffffffff
- Agora inspira. Nesta pausa reflecte. Encontra um sinónimo
- Mas e o... aquele... sabes? O, o ... gaita! Estou tão esquecida!
- Com pressa apressas a conversa. Atropelas o acto de estar.
Inspiro. Respiro. Antes de expirar - a pausa pedida. Por fim largo:
- Quando sugeres presente, cantas assim: pre, pre pre-sente! Será que é mesmo assim? Um milésimo antes de sentir? Inspira e canta-me outra …
-*-
Faz de conta que a verdade não é senão a verdade – sem tempo
Faz de conta que o desejo não é senão o desejo – sem dor
Faz de conta que o principio se confude com o fim – no vazio
Faz de conta que o tempo não é tempo - espaço
Ali mesmo onde o branco inventa a cor do teu sentimento
-*-
Sou Maria Madalena
Mais Madalena
que Maria
no corpo protegido
a vontade de amar
- E Maria?
- Ressuscita feito Jesus
- Transformista?
- Como tu quando te descobres a poente
Me invento Madalena
enquanto vou sendo Maria
assim sendo
vou-me inventando
-*-
essas mãos
que são por ora quatro
tão insanas
se tornam duas
tão doidas
se confundem
numa
tão. .
por dentro de ti
somos nenhum
Espera amor deixa que o sol pouse sem pressa
pelo tempo que prometemos existir
-*-
toada artodoada
a arte da nota sem tom
no baile no tango
me embalo
na língua a minha
o som deste som
sem tom
A poeta paulista ETHEL FELDMAN reside em Lisboa, Portugal. Ela realiza um trabalho poético digno de aplausos, apesar de até agora inédita, coisas da vida. Reúne seus trabalhos poéticos no seu blog Paladar da loucura.
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