quinta-feira, maio 22, 2008

POETAS DO RIO GRANDE DO SUL



MARCO CELSO HUFFEL VIOLA

SONETO DO AMOR PERFEITO

O amor perfeito é com pacto de sangue, fervoroso, espesso,
No entanto palpável, completo no desejo, palatável, adjunto,
Maleável, dobrável, inquebrantável. O amor só é inteiro se for perfeito,
Nem sempre masculino e feminino, pode ser do mesmo gênero.

Se for sensível ao toque, pele a pêlo, um pelo outro, sem apelo,
De posse concedida. O amor tem que construir pontes, frestas, fontes,
Postigos, aberturas, caminhos, ninhos, recantos, recatos. O amor não existe
Sozinho, não resiste quieto, parado, adormecido, é acordado tal e qual

É tormenta, é calmaria, é desvelo, é febre, balsamo,
É comunhão, consola, não arranha, não bate, nem apanha é ajustado
M todos os detalhes. O amor só se faz perfeito sem cercas, domínios,

Propriedades, é bem sem direitos, vantagens, territórios,
O amor exige liberdade e renuncia, isto é vital. O amor perfeito
De amor é feito, é maior e reina acima d tudo que é essencial.

POEMA ENCONTRADO NUM SONHO

O vento canta canções ao vento
Que o vento não sabe explicar
Quando o vento canta canções eternas
Ele vem me chamar.

ODE A TUA NUDEZ

Repousa Rosa e Ana adormecida,
Úmida, onda, onça, neste aromal, lhana,
Digo a noite em silêncio tu nombre
Com medo de acordar à noite
Tu nombre, dorme numa arena repleta, sobre a rocha.
Atento por meus cuidados
Cingida de iasmins
Seguro o vento para que não perturbe teu rosto lheno,
Secreta planta em vaso de cristal restrito,
Peço a luz das estrelas que não
Caiam sobre ti para não marcar tua pele,
Seguro tua mão para que não voes pela noite sem mim,
Estás nua dentro de ti
E teu decoro é tão grande que velo teu sono
Como guardião feroz, sagrado teu cavaleiro
Armado com adaga de Vera gusa
No alpendre da varanda
Não permito que nada possa cessar
Este momento sagrado
E está encerrado.

HAI KAIS

Com a linha
Do horizonte
Teço um monte

O amor perfeito
Não se anuncia
Nasce de qualquer jeito

Fiz minha casa
Na tua asa,
Passarinho

A borboleta
Abana a flor
Que reclama do calor

A aranha quis prender
A lua em sua teia
A lua, ficou cheia

MARCO CELSO HUFFEL VIOLA: POEMAS PARA LER EM VOZ ALTA. O poeta gaúcho Marco Celso Huffell Viola começou a imprimir e a expor seus poemas em 1969, iniciando o que a crítica denominou, mais tarde, de geração mimeógrafo. Os poemas acima integra o livro “Poemas para ler em voz alta”, Porto Alegre: Office, 2004. A respeito de sua obra diz o jornalista, escritor e poeta Nei Duclós: Marco Celso tem esse perfil: o poeta que todos apostaram que já tinho ido embora, mas quando surge nos diz que sempre esteve conosco e traz a boa nova da poesia sem máscara, a que tem o dom do encantamento e a força da vocação que jamais pode ser negada. Ele edita os blogs Marco Celso Huffel Viola e Marco Celso Viola.

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