segunda-feira, agosto 11, 2008
POETAS DE SANTA CATARINA
FÁTIMA VENUTTI
AS MULHERES QUE ME HABITAM
Quantas mulheres existem dentro de uma mesma mulher?
Quantas estrelas cintilam na noite de um único céu?
Quantos rios deságuam num mesmo oceano?
Quantos beijos aguardam, ansiosos, o naufrágio em uma única boca?
São Marias, Joanas, Terezas, cada qual esconde seus segredos, suas paixões, suas dúvidas, seus desejos.
Rugas brotadas pelo tempo que ainda insite em disfarçar sua essência.
Na batalha pelo prazer, eis que surgem:
Guerreiras, invasoras, desveladas.
Quantas delas se perderam sem jamais terem sido notadas?
Quantas perderam seu brilho abafado pela dor, pelos traumas, por desamores?
E quantas outras mais insistem em impor sua presença,
Ainda que se perca a alma...
Quantas mulheres ofuscam como estrelas?
Quantas estrelas guardam em si uma Maria?
Caminhos percorridos tendo somente seu instinto como guia.
Temores resguardados pela sutileza de um único verbo: amar.
Esperas, desvios, enganos, traições, pactos e implosões de desencontros.
Mesmo em derrota, ainda lampeja a primazia de toda sua existência:
Apaixonar-se!
Ah!
Elas são bocas que não calam o desejo deste beijo.
Num empurra-empurra de excelências,
Enroscam-se em seus membros,
Tropeçam em seus prazeres incontidos e absolutos buscando ainda o assalto primoroso desta peleja:
Tornarem-se estrelas no espetáculo do seu êxtase.
PELE
Quando o nosso desejo
Se confundir com a realidade
E as mãos do vento unirem nossos corpos
Num longo encontro repentino
E a lua se fizer nossa única testemunhas
O mundo todo se extinguirá no nosso beijo.
Quando o seu olhar
Fizer o papel da frase que tanto espero
Completando o êxtase do meu canto,
O tempo retrocederá no nosso gozo.
Quando nossos caminhos se fizerem distantes
E a saudade bater tão de repente
Na procura do vento que desenha nossos corpos
Da lua que pincela
A união das nossas cores
Dos olhares que a brincar recitamos,
Da ânsia que sentimos o calor
E o sabor do sumo em nossas bocas,
Da pele que sugamos tão felinos
Do meu cabelo atrapalhando nosso beijo
E tocando os espaços vazios de nossos corpos,
Do tempo que invade nosso leito,
Do fogo que alimenta a chama
De nos querermos na chuva, na brisa, pelo ar...
E de toda a magia que transporta nosso desejo
Numa viagem a templos orientais
Fantasiando ainda mais nossa realidade
Nos sonhos que tanto buscamos
E desejamos que jamais tenham um fim....
Eu saberei, então, que tudo fora muito pouco.
Um pingo que se perderá
Em nossos infinitos encontros.
CANTICOS PARA O TEU SUOR
Num corpo demarcado pelo tempo
A pele, sentinela deste templo,
Configura o ritual da transformação
Em meio a cânticos, confissões que enaltecem
Este único e preciso momento de prazer.
A iniciação do bailado de teus gestos
Amenos, ainda que demais precisos,
Convida e avisa meus reflexos:
É chegada a hora da exaltação!
Ah, que tanto espero e anseio este fulgor
A me banhar como seda transparente
Feito um gibão a cobrir-me e presenteando
Meu corpo, minha tez, meu ser
Com esta consagração: o teu suor.
Ah, traz-me este canto libertino
Para que eu louve incessante e minuciosa
Cada cristal que me for presenteado
Este mimo antecessor de teu êxtase
A pugnar somente para mim:
Esta tua Rainha em seu púlpito de esplendor de gozos e felicidade.
E assim,
A temperar a maciez de minha pele
Com este teu sal de vida faz-se o batismo deste encontro genuíno
Entalhado, entre curvas, flancos, ventres e assaltos de nossas únicas palavras,
A gota que escorre exata de tua testa a cair e entregas todos os teus ais em minha boca.
RECADO
Entre os corpos,
Entre os astros,
Entre as estrelas....
Sob o mar,
Sob o azul,
Sob o luar...
Então, o amor,
Então, o nascer.
Então, o encontrar.
Eu estarei
Eternamente
A te embalar
Em meus fictícios
Versos a voar...
Nua
Tua
A te esperar.
ALTAR
E se deixar...
Eu te levo pra casa
Te conto estórias pra dormir
Te embalo em meus braços
Te consumo em meu ensejo
Te acomodo no meu peito
E te mato no meu beijo.
E se ainda for pouco....
Te adoto, dou-te o meu nome
E te crio, como força do meu ser.
E se ainda não bastar...
Te amarei até que o sol deixe de nascer
E até que a lua deixe de iluminar
As noites que virão.
E se ainda não te contentar....
Te darei a comunhão de nossas vidas
Pra que ela se torne ainda mais infinita.
INCÓGNITA
Incógnita esta tua chegada
De repente, fez-se azul.
A clarear meus dias nublados
A emoldurar-me nas noites abissais
A degustar de mim
O resgate dos versos derramados
Na soleira do meu tempo
Incógnito desejo
Que embora distante estejas
Intimo almejado são teus beijos madrigais
Na ânsia deste novo que principia
Respiro e navego no teu aroma,
Êxtase guardado sob o véu da tua ternura.
Calada e distante, confesso
Meu vislumbre por sobre a tua vinda
A rechear-me os dias, já azulados,
Com outra incógnita:
O germinar deste amor
Que agora respira em mim.
FATIMA VENUTTI – A poeta Fátima Venutti é paulistana de Osasco e reside em Blumenau desde 2002. É formada em Letras e membro da Sociedade Escritores de Blumenau desde 2004. Atualmente, é presidente da entidade (gestão 2007). É autora do livro “Último Beijo”, editado em 2007, bilíngüe, com prefacio de Gervasio Tessaleno Luz e comentário de Jairo Martins.
FONTE:
VENUTTI, Faatima. Último beijo. São José do Rio Preto –SP: THS Arantes, 2007.
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