segunda-feira, abril 14, 2008

DICAS DA SEMANA & TATARITARITATÁ!!!



SALETE REGO BARROS – Numa promoção da União Brasileira de Escritores e Livraria Saraiva, o projeto A Ficção em Pernambuco fará uma sessão em homenagem a obra da escritora e editora Salete Rego Barros, nesta segunda, 14 de abril, 19hsno Espaço Manuel Bandeira - Livraria Saraiva Shopping Center Recife - Boa Viagem – Recife – PE. Vamos prestigiar. Detalhes: http://www.ube-pe.org.br/051127.htm

CIRCUITO PARALELO DE VÍDEOS – O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108) lança o programa Circuito Paralelo de Vídeos, na próxima quinta-feira, 17, às 18h30. Gratuito ao público e com periodicidade bimestral, o novo programa exibirá, no auditório do 3º andar do CCBNB-Fortaleza, mostras de vídeos autorais e de filmes realizados por jovens vinculados a organizações não-governamentais. A proposta do Circuito é traçar linhas de discussões sobre o vídeo autoral e os vídeos realizados por ONGs. Diante disso, o programa traz um olhar de fora para dentro, ou seja, da comunidade para a sala de exibição, onde outros jovens estarão assistindo e conversando sobre a realidade de suas comunidades. Nesta primeira edição, o cineasta Alexandre Veras debaterá o tema “Personagens da cidade de Fortaleza”, a partir da exibição de três documentários de curta-metragem: “Seu Alves”, de Ythallo Rodrigues; “Os que trazem o peixe”, da ONG Aldeia; e “Amigo do pobre e conhecido do rico”, da ONG Encine. Alexandre Veras é diretor do Alpendre – Casa de Arte, Pesquisa e Produção, onde coordena o Núcleo de Vídeo, os projetos de formação e é co-responsável pela curadoria do núcleo de Artes Plásticas, que realizou intervenções com artistas de todo o País. Também é diretor da produtora Alpendre Produções. Trabalha com vídeo desde 1989 e tem desenvolvido intensa atividade como professor, trabalhando com oficinas de vídeo-arte, documentário, videodança, história e teoria do filme experimental. Vem desenvolvendo pesquisas e produções em videoarte, videodança, imagens projetadas e tem colaborado em projetos de vídeo e videoinstalações com diversos artistas. ENTREVISTAS E INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Alexandre Veras (debatedor convidado) – (85) 9936.7233 Rúbia Mércia (produtora do programa Circuito Paralelo de Vídeos) – (85) 8766.2778 / 3251.1965 Carolina Teixeira (coordenadora do novo programa) – (85) 3464.3178 / 9629.1777 – carolinatr@bnb.gov.br Luciano Sá (assessor de imprensa do Centro Cultural Banco do Nordeste) – (85) 3464.3196 / 8736.9232 – lucianoms@bnb.gov.br



POESIA MIX – A primeira rádio de poesia e literatura do Brasil, Poesia Mix, reúne uma série de poetas além de dicas, contos, crônicas, concursos e outras informações. Confira.

JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO & O CAVALEIRO DE FOGOJosé Inácio Vieira de Melo é poeta, jornalista e co-editor de arte, crítica e literatura da publicação “Iararana”, autor de vários livros de poesia. Também edita o excelente blog Cavaleiro de Fogo, confira.

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sexta-feira, abril 11, 2008

PRIMEIRA REUNIÃO



Imagem: Rene Asmussen.

ESPERA

Luiz Alberto Machado

A vida levando
Sombria esperança
Os dias tão tontos
Servindo estranheza
Mostrando a utopia
De ser existente
O fácil vazio
Que só arrefece
Em praça tolhida
Em ser condução
Esperando Pinheiros
No Largo da Paz

Eu não sei agonia
Ou se espero amanhã
O fato existe
Em não ser amanhã
Ser tempo presente
Imediato
O átimo sensível
De não se expressar

Eu não sei ironia
Ou se já anoitece
Se bem que meu peito
Ainda nem amanhecia

A pedra está por todo lugar
E a solidão num banco de praça
Em meu corpo uma chuva fininha
Que aglutina
Aglutina
Já é temporal
Sequer o ônibus Pinheiros
Sequer
Apontou no Eldorado

Minha praça vazia
Meu coração
Todos os outros se foram
Pegaram seu rumo
Esqueceram a poeira
No cansaço marcado
E eu nessa praça
Sozinho no mundo

Já não posso molhar
Meu corpo na chuva
Nele só cabe
O mormaço da vida
Esperando Pinheiros
No Largo da Paz.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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quinta-feira, abril 10, 2008

CINEMA, MUITA FESTA & TATARITARITATÁ!



MANFREDO CALDAS – o filme "Romance do Vaqueiro Voador", de cineasta paraibano Manfredo Caldas foi contemplado com o Premio Signis de Melhor Documentário no Festival de Toulouse. O documentário "Romance do Vaqueiro Voador" trata da construção de Brasília. Segundo o júri do festival, o filme foi premiado por seu "estilo audaz" e a maneira como honra o "dever de memória" para com os operários vindos das zonas rurais, que construíram a cidade. Veja mais acessando: http://www.vaqueirovoador.com.br/



VIRADA CULTURAL - Com 24 horas ininterruptas de atividades, a edição 2008 da Virada Cultural deverá acontecer nos dias 26 e 27 de abril. Entre as principais atrações divulgadas pela assessoria do evento estão a cantora do Cabo Verde Cesária Évora, o ex vocalista do Iron Maiden Paul Di’Anno, e o produtor americano Afrika Bambaataa, considerado o pai do rap. Está será a quarta edição do evento. A maratona que reúne 700 atrações começa 18h de sábado com Cesária Évora, no palco principal, ao lado da Avenida São João. Mutantes, Gal Costa, Zé Ramalho e Jorge Ben Jor se apresentam na seqüência. Novas cantoras, como a sensação do indie-folk Mallu Magalhães, terão um local especialmente dedicado a elas, o Palco das Meninas, na esquina da Avenida Ipiranga com a Rua Araújo, no Centro. Ali se apresentarão também Mariana Aydar, Marina de La Riva e Fernanda Takai, interpretando o disco “Onde brilhem os olhos seus”, dedicado a Nara Leão. No palco Rock República se apresentam o músico Lobão e a banda Ultraje a Rigor, além de Paul Di’Anno, primeiro vocalista do Iron Maiden. O inglês deve cantar na íntegra o album “Killers”, segundo disco do grupo e o último em que participou antes de dar lugar a Bruce Dickinson. O espaço Festivais Independentes, no Páteo do Colégio, reunirá bandas de diversas partes do Brasil, como Mundo Livre S/A, Los Porongas, Vanguart, Macaco Bong, Superguidis e Siba e a Fuloresta, que encerram a programação. Afrika Bambaataa - que se apresentou em 2007 no Skol Beats - será um dos destaques do espaço batizado de Baile Chique, no parque Dom Pedro, que contará com a presença de nomes do hip hop nacional, como Xis e Rappin Hood, além de ícones da black music, como Skowa e a Máfia e o DJ Tony Hits. A programação completa no http://viradacultural.org/



VINICIUS DE MORAIS - Samba Falado - A editora Azougue lança no dia 16 de abril, às 20h, na Livraria Argumento do Leblon - RJ, Samba Falado – crônicas musicais, reunião inédita de crônicas de Vinícius de Moraes publicadas nas décadas de 1950, 60 e 70. O livro faz um retrato realista da cena cultural brasileira aonde Vinicius se impõe como observador atento, além de partícipe ativo. São ao todo 54 crônicas. O bastante para Vinicius de Moraes falar da bossa nova e de seus herdeiros, fazer previsões sobre a nova geração, tecer loas aos seus parceiros mais íntimos e nos permitir conhecer melhor o período e suas idiossincrasias. Uma obra fundamental para os apaixonados por música e pela história da cultura brasileira. Mais conhecido como poeta e compositor popular, Vinícius foi também um cronista exímio. Dono de um humor peculiar e um senso estético bastante apurado, escreveu no Pasquim e nos jornais Última Hora e A Manhã. Seu olhar e impressões sobre as questões culturais brasileiras e, principalmente, sobre a bossa nova são registros significativos de uma época. Tom Jobim, Elizeth Cardoso, Edu Lobo, Marcos Valle, Jayme Ovalle, Ismael Silva, João Gilberto, Baden Powell, Sérgio Mendes, Dorival Caymmi, Antônio Maria, Ciro Monteiro, são alguns dos personagens da presente antologia. A organização de Sergio Cohn, Simone Campos e Miguel Jost, que também assina o prefácio, é fundamental para o bom andamento do livro. Elege temas para separar as crônicas, dando assim coerência e ritmo à leitura. No meu tempo era assim, diz-que-discos, duas cartas e um testemunho, bossa nova, retratos e outras bossas são os capítulos que formam a coletânea e conduzem o leitor a testemunhar três décadas de intensa participação do autor na cena cultural brasileira. O músico e produtor Domenico Lancellotti é responsável pela orelha do livro. O livro será lançado no dia 16 de abril, na livraria Argumento do Leblon (Rua Dias Ferreira, 417). Azougue Editorial Serviço Samba Falado – crônicas musicais de Vinícius de Moraes Organização: Miguel Jost, Sergio Cohn e Simone Campos Ed. Azougue Editorial ISBN 978-85-88338-89-0 Preço: R$ 36,90 200 páginas Lançamento Dia 16 de abril 20h Livraria Argumento Rua dias Ferreira, 417 – Leblon – RJ (21) 2239 5294 Assessoria de imprensa Mais e Melhores Produções e Marketing Paulo Almeida paulo@maisemelhores.com.br (21) 2208 5952 | 8197 5600



LETÍCIA PARENTE - O Núcleo de Cultura e Tecnologia da Imagem (N-Imagem) da Universidade Federal do Rio de Janeiro e a MP2 Produções estarão lançando, no dia 11 de abril de 2008, no Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Salão Moniz Aragão, Av. Pasteur 250, Praia Vermelha) o dvd contendo toda a obra em vídeo da artista Letícia Parente. Ela nasceu em Salvador, em 1930, e faleceu no Rio de Janeiro, em 1991. Doutora em química, professora titular da Universidade Federal do Ceará e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, foi uma das pioneiras das novas mídias no Brasil (xérox, arte postal, vídeo arte). Entre 1975 e 2008, participou das mais importantes manifestações de vídeo arte no Brasil e no exterior. Seu vídeo Marca Registrada (1975) tornou-se um emblema da vídeo arte no país. Depois de um longo trabalho de pesquisa e restauração, patrocinado pela Petrobras por meio do seu programa Petrobrás Cultural - Memória das artes (2006), 11 DVDs de Letícia serão exibidos e distribuídos para centros culturais, museus, escolas de cinema, comunicação e arte, bem como bibliotecas de referência no Brasil. O evento de lançamento se dividirá em dois momentos. A partir das 13 horas haverá um ciclo de palestras: às 13 horas teremos a palestra da professora Kátia Maciel(Pesquisadora e artista de novas mídias, ECO-UFRJ) intitulada "A Casa", que discorrerá sobre da importância, para a obra da artista, do espaço de uma espécie de casa relacional constituída de espaços e objetos, de gestos e subjetividades múltiplas; às 15 horas, o professor André Parente (Pesquisador e artista de novas mídias UFRJ - idealizador do projeto do DVD) fará uma palestra intitulada "Vídeo e memória", na qual destacará o papel de Letícia como uma das pioneiras das novas mídias no Brasil; às 17 horas, Cláudio da Costa(Professor de Estética e Teoria da Arte do Instituto de Artes - UERJ) realizará uma palestra intitulada "Letícia Parente: a vídeo arte como prática da divergência", na qual situará o trabalho de Letícia face a questão do corpo, uma das questões seminais da arte contemporânea. Após as palestras, haverá o lançamento do dvd com projeção dos vídeos de Letícia Parente. Realização: N-Imagem (Núcleo de Tecnologia da Imagem da Escola de Comunicação da UFRJ)



SANGUE QUENTE – A hematologista e poeta Karin Massaro lança no próximo dia 16 de abril, a partir das 19 horas, seu livro de poesias “Sangue Quente”, na Casa das Rosas, no espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. Karin Schmidt Rodrigues Massaro tem participações em diversas Antologias, inclusive nas publicadas pela SOBRAMES - SP (Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - SP). É membro da REBRA (Rede de Escritoras Brasileiras) e do Movimento Poético Nacional. Médica responsável pela Hematologia do Hospital Santa Catarina, é mestre pela Faculdade de Medicina da USP - Hematologia, doutoranda pela Faculdade de Medicina da USP. Atualmente, é integrante da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, da American Association of Blood Banks, e ex-presidente e membro e da SOBRAMES - SP (Sociedade Brasileira dos Médicos Escritores). Foi a "Primeira Mulher" presidente desta Sociedade. Ficha Técnica Livro de Poesias: Sangue de Quente Autora: Karin Schmidt Rodrigues Massaro – médica hematologista Noite de Coquetel e Autógrafo: Dia 16/04/2008 – a partir das 19 horas Local: Casa das Rosas, no espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. Informações para a Imprensa: Baruco Comunicação Estratégica Fone: 11 3539-9901 | 9902 – info@baruco.com.br Erika Baruco: 9900-7448 | Ricardo Berlitz: 9645-2067 | Aline Pires: 8352-2559 BARUCO COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA Ricardo Berlitz | 11 9645-2067 - berlitz@baruco.com.br



ANGELA ROSA & ÉDIMO DE ALMEIDA - MOSTRA COLETIVA DE PINTURA E ESCULTURA DOS ARTISTAS PLÁSTICOS Ângela Rosa e Édimo de Almeida Quinta-feira, dia 10 de abril de 2008, às 20 horas, na Sobá Livraria e Café Rua Rio de Janeiro, n.º 1278 – Lourdes, Belo Horizonte/MG, Tel.: (31) 3234-7655 sobalivros@uol.com.br A exposição permanecerá no local do dia 10 ao dia 30 de abril de 2008. Visitação: de segunda a sexta-feira , das 10 às 21 horas e aos sábados, das 10 às 13 horas.



JULIANA HOLLANDA: ACORDEI NUM ICEBERG – será lançado nesta sexta, 11/04/2008, 19h, na Fundação Casa França-Brasil Rua Visconde de Itaboraí, 78 Centro Rio de Janeiro – RJ, do livro ACORDEI NUM ICEBERG de Juliana Hollanda. A autora é poeta, jornalista e canceriana, lança, aos 29 anos, seu primeiro livro de poemas, para mostrar a produção dos últimos dois anos selecionados entre os poemas que escreveu para as leituras noturnas de poesia no Rio de Janeiro. Faz parte do grupo de peosia de rua carioca Ratos di versos, ao lado de Marcelo "Nietzsche", Dudu Pererê e Carluxo, entre outros. Escreve desde os dez anos. Sabendo-se catártica e, às vezes, prolixa, sonha com os pés no chão. Faz versos como filmes de arte. Fragmenta sentimentos em frames – pedaços, sentimentos, cheiros, sabores. O texto rápido e preciso de Juliana faz dela uma das melhores poetas de sua geração. Acordei num Iceberg é uma fábula urbana, uma pequena planta que consegue nascer entre duas pedras no muro. E esse muro tem história, bebeu muita chuva, vê e viu muito vai-e-vem. A teia que entrelaça os poemas transforma-se ora em diário, ora em narrativa, num desabafo do mundo contemporâneo ou pós-moderno. Prefácio de Luiz Felipe Leprevost, posfácio de Célio Porto e apresentações de Tavinho Paes e Ricardo Ruiz. ACORDEI NUM ICEBERG, Juliana Hollanda, poesia, ISBN 978-85-7823-003-6, 88 p., 12x18cm, R$ 25,00. Info: http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=4399 & http://www.mpbfm.com.br/letraemusica.asp



TADEU TERRA: HABITANTES DO EU – acaba de ser lançado o livro Habitantes do Eu de Tadeu Terra. Para adquiri-lo pelo email: tadeuterra28@hotmail.com Tadeu Terra Poeta (35)9161-2285



IX CONCURSO DE LITERATURA - CONTO, CRÔNICA, POESIA - FUNDAÇÃO CULTURAL DE CANOAS/RS – Estão abertas as inscrições até o dia 31 de julho, na Fundação Cultural de Canoas – Av. Victor Barreto, 2301, CEP 92010-000, Canoas/RS, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, ou através de correio postal. Maiores informações acesse www.fundacan.com.br ou com Clara Forell - Assessora Cultural da FCC



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quarta-feira, abril 09, 2008

POETAS DA BAHIA



ANTONIO RISÉRIO

1

Paises intraduzíveis
Em seus caprichos
De treva e luz.
Pai de feitiços
Em praias de coral.
Mãe de mistérios
De inúmeras cores negras.
Cama de deusas,
Mina de deuses,
Sob estrelas.

REVANCHE

Considere um lance de dados
Em circunstâncias efêmeras.
Mas um lance limpo no ar
Um vôo de peças no puro nada
E não um lance enfermo
De pedra viciada.
Agora, voltemos o filme.
Antes que o dado dance,
Estou de posse de muitos dados.
Conheço a geografia do movimento
O mapa exato da paisagem muscular
Os contornos precisos
De cada poro da mão do jogador.
Conheço as mínimas medidas
De cada lado do dado alado.
Conheço as trilhas possíveis
Das correntes de ar.
A microtopografia do abismo sem fundo.
A força e o ângulo
Do pulso e do impulso.
Quando o dado tiver dado
Apenas alguns volteios
Em meio aos floreios do ar,
Darei o sinal.
E meu computador me dirá
De sua trajetória inteira –
Da partida ao pouso
E ao repouso final.
A menos que ocorra
Algum carnaval.

3

oh vós homens cidadãos
oh vós povos curvados
e abandonados
a liberdade
consiste
no estado feliz
no estado livre
do abatimento
a liberdade é a doçura da vida
cada vez mais exaltada.

ORIKI P/OIÁ-IANSÃ

Leopardo no ar alto
Fuzilando a treva.
Ira e brisa pelos campos.
Corisco na cara da escuridão.
Senhora que incendeia
A casa da mentira.
Senhora sem medo algum.
Senhora que relampeia
Entre os tambores do orum.

STRASSENKINDER

Crianças que miram espelhos
E giram as caras cansadas
Onde narciso não é conselho
Nem comboio acha a estrada.
Criança de poucos pentelhos
De rubras roupas rasgadas
Entre guinchos gosmas e relhos
Orgasmos de putos no ralo.
Crianças de coxas vermelhas
No beco das bocas usadas
Moeda e moenda dos grelos
Nas fodas das doidas danadas.
Crianças que masturbam velhos
E chupam xotas grisalhas
Lambendo o sangue dos medos
Nos dedos grudando de gala.
Sob a navalha da ira
O sol se descola sagrado
Que a vida por mais que me fira
Não me verá conformado.

OCA

Cava o passado.
Cava e escava,
Escravo.
Cava o chão
Do passado.
Erra na terra deserta.
Vela a vila desaparecida.
Deita na aldeia abandonada.
Chora na cidade fantasma.
Mas cava, escravo.
Cava e escava o passado.
Cava a esmo no ermo.
Cava o mesmo no mesmo.
(O alucinado sempre
repetindo o filme;
o criminoso sempre
no local do crime).
Lavra, sulca, escarva.
E assim até chegar
Ao carvão mais vivo
Do ébrio coração escândalo
Que brilho ainda resta:
Uma chama na montanha,
Outro fogo na floresta.

VERS

Amor que parte o claro riso
Em querer desmedido
E recusa insana
Amor que me toma
Como um carrossel de sóis
E um girassol de lâmpadas
Vê se me alumia
Me esclarece
Me doma
) sim não simnão nim são sins (
eis que não me sei
ser menos que seis
toda e cada vez
) sim não simnão nim são sins (
amor que vence os tigres
vê se vence a mim
e me arrasa e me ilumina
para que eu saiba
saber o sim

KOYOTAYA

Errar por terras desconhecidas
É coisa quase certa, meu amor.
Mas o que me floresce e incita
São matizes, aromas e timbres
De paises desconhecíveis.
E é por isso que viajo até doer
Quando você me exila em você.

POEMA DA CATEQUESE

Estranho ao santo
Astro casto
Branco e manco
Engastando-se lasso
Num canto sem vida
(o fogo afogado
a libido inibida),
o caraiba tupi
comia funaça
coçava cabeça
tocava cabaça
e em graves cantares
e grandes beberes
gozava da graça
de muitas mulheres.

ANTONIO RISÉRIO – o poeta, antropólogo, tradutor e ensaísta soteropolitano, Antonio Risério, é autor de vários livros, dentre eles, Fetiche (1996). Nos anos 60 participou da contracultura. Em seguida, nos anos 70 editou revistas de poesia experimental e escreveu para a imprensa brasileira. Teve suas parcerias poético-musicais gravadas por diversos nomes da música popular brasileira, como Caetano Veloso. Foi um dos criadores e diretores da Fundação Gregório de Mattos e concebeu e dirigiu o Centro da Referência Negromestiça (Cerne).

FONTE:
RISÉRIO, Antonio; BARBOSA, Frederico. Brasibraseiro. São Paulo: Landy, 2004.

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terça-feira, abril 08, 2008

POETAS DO RIO DE JANEIRO



ARTUR GOMES

ALGUMA POESIA

I
Não. Não bastaria a poesia
Deste bonde
Quedespenca lua
Nos meus cílios.
Num trapézio de pingentes
Onde a lapa
Carregada de pivetes nos seus arcos
Ferindo a fria noite como um tapa
Vai fazendo amor por entre os trilhos.

II
Não. Não bastaria a poesia cristalina
Se rasgando o corpo
Estão muitas meninas
Tentando a sorte
Em cada porta de metrô.
E nós poetas desvendando palavrinhas
Vamos dançando uma vertigem
No tal circo voador.

III
Não. Não bastaria todo riso pelas praças
Nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
Com os pardais despedaçando nas vidraças
E as mulheres cuidando dos seus filhos

IV
Não bastaria delirar Copacabana
E esta coisa de sal que não me engana
A lua na carne navalhando
Um charme gay
E um cheiro de fêmea
No ar devorador
Aparentando realismo hiper-moderno,
Num corpo de anjo
Que não foi meu deus quem fez
Esses gosto de coisa do inferno
Como provar do amor
No posto seis.
Numa cósmica e profana poesia
Entre as pedras e o mar do arpoador
Uma mistura de feitiça e fantasia
Em altas ondas
De mistérios que são vossos.

V
Não. Não bastaria toda poesia
Que eu trago em minha alma
Um tanto porca,
Este postal com uma imagem
Meio Lorca:
Um bondinho aterrizando lá na Urca
E esta cidade deitando água
Em meus destroços
Pois se o cristo redentor
Deixasse a pedra
Na certa nunca mais
Rezaria padre-nossos
E na certa só faria
Poesia com os meus ossos.

TERRA DE SANTA CRUZ

Ao batizarem-te
Deram-te o nome:
Puta
Posto que a tua profissão
É abrir-te em camas
E dar-te em ferro
Ouro
Prata
Rios, peixes, minas, mata
Deixar que os abutres
Devorem-te na carne
O derradeiro verme.

RETÓRICA

Salve lindo pendão que balança
Entre as pernas
Abertas da paz.
Sua nobre sifilítica herança
Dos rendez-vous
De impérios atrás.

TROVA

Meu coração é tão hipócrita
Que não janta
E mais imbecil
Que ainda canta:
Ou
Viram no Ipiranga
Às margens plácidas
Uma bandeira arriada
Num país que não levanta,

ECO LÓGICA

Fosse o Brasil
Mulher das amazonas
Caminhasse passo a passo
Disputasse mano a mano.
Guardasse a fauna e a flora
Da fome dos tropicanos.
Ouvisse o lamento dos peixes
Jandaias, araras e tucanos
Não estaríamos assim condicionados
Aos restos do sub-humano.

TERCEIRO MUNDO

Sonho rola no parque
Sangue ralo no tanque
Nada a ver com tipo dark
E muito menos com punk
Meu vício letal é baiafro
Com ódio mortal de yanque.

SUB/VERSÃO

Só desfraudando
A bandeira tropicalha
É
Que a gente avacalha
Com as chaves dos mist´rios
Dessa terra tão servil.
Tirania sacanagem safadeza
Tudo rima uma beleza
Com a própria/mãe que nus pariu.

ART POP

Macunaíma
Ilumina o lobisomem
Na selva de new York
O rato roeu a roupa
Do gênio da art pop
Nosso samba popular
Não precisa ser star
Cantando rock.

GELÉIA GERAL

A coisa por aqui
Não mudou nada
Embora sejam outras
Siglas no emblema
Espada continua a ser espada
Poema continua a ser poema

MAGIA

Quando meto pés
Em tuas matas
Selvagem índio
Passaro animal
Devasto céus sem ter limites
Com poesia sobrenatural

TROPICALHA

Vendo a lua leviana
No império das bananas
Papagaios periquitos
Graviola
A fruta eu chupo morena
Semente eu planto cigana
Na selva pernambucana
Nossa língua deita e rola.

ARTUR GOMES – o premiado poeta, ator e artista gráfico carioca Artur Gomes foi o criador da Mostra Visual de Poesia Brasileira, em 1983, e também do Projeto Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, realizado em Campos dos Goytacazes (junho 95), Ouro Preto (julho 95), São Paulo (outubro 95) e São Caetano do Sul (novembro 95). Criador do seu Ateliê de Performance, ele viajou por diversas cidades do país com um espetáculo de Dança.Teatro.Poesia, ao lado da bailarina Nirvana Marinho (Curso de Dança da Unicamp), sendo ainda coordenador e participante de diversos movimentos teatrais e poéticos. Ele é autor dos livros: Couro Cru & Carne Viva foi premiado no Concurso Internacional de Poesia da Universidade de Laval-Quebec, Canadá, em 1987; o Suor & Cio são partes dos objetos de estudo para tese de Doutorado em Antropologia do Historiador Jorge Santiago, em Paris, dentre outros livros. Em 2000, lançou Brazilírica Pereira, A Traição das Metáforas, sua primeira obra de ficção e, em 2002, o cd Fulinaíma - sax, blues e poesia, com Dalton Freire, Luís Ribeiro, Naiman e Reubes Pess.



FONTE: GOMES, Artur. Couro cru & carne viva. Rio de Janeiro: Damadá, 1987.

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