segunda-feira, janeiro 31, 2011

ROSA PENA



VERS&PROSA DE ROSA PENA

DISFARCE

Veja como te convém
o meu disfarce.
Como te dizer:
-Te amo
Se olhares mais além,
verás que não és
só mais alguém.
Minha boca chora
meu olhar implora.
Como pedir
que compres o meu passe,
se nem sou jogador?
E se ficássemos juntos,
certamente diminuiria o meu valor.
Convivência é sinônimo de desgaste.
Sem negociações e sem impasse.
Fico eu e meu disfarce.
Contorcida face.

TEREZINHA, AI JESUS!

Terezinha foi presa. Atirou no pau do gato, seu terceiro marido, um adúltero pé de valsa que se enrabichou por um traveco de nome Marlene que dançava pagode como ninguém. Nunca teve sorte no amor!
O primeiro era alcoólatra, adorava um limão batizado, virou ex.
O segundo era laranja de um deputado, foi à luta depois do escândalo do mensalão.
Esse último um puto gay.
Tanta ginástica, tanto botox, tanto silicone derramado.
Ela declara que não se arrependeu de nada.
Só ficou injuriada, pois o safado do gato boiola não morreu

SEM DIETA

Doce ou salgada
Noite e dia
Massa me apraz
Mas prefiro as com queijo.
Pizza é como amor.
Nunca é demais
Alô!
Mais um pedaço, por favor.
Com dupla camada.
A de cima com beijos
Salpicados de poesia.

VADE RETRO, SATANÁS!

Babaca com vagaba?
Três dias de folia.
Trezentos de vazio.

FATO CONSUMADO

Bebo conhaque, sal de fruta, até cicuta.
Nenhum veneno terreno mata
nossa ternura filha da puta!

COCHICHANDO

Em suas mãos (bem escondidos) permanecem cativos os fios do tempo (em que sonhávamos). Eles não se rompem (nem se romperão) e se confundem com as linhas de vida da sua palma. A distância entre seus dedos é igual a nossa (pequena e grande) e eles (por hora) não fazem o V da vitória. Estão sem a alegria de outrora. O amor nos deixou frágeis (sempre deixa), sem a coragem de sermos o que fomos até ainda pouco (nós nos achávamos uma fortaleza).
Em suas mãos (bem escondidos) os fios farão uma ramagem que você sentirá quando eu (volta e meia) aparecer em suas lembranças (não vou deixar você me esquecer). O amor desconhece o prefixo ex, (quando verdadeiro, ainda que passageiro). O nosso é.

INVENTÁRIO INÚTIL

Ficas com todas as cores, exceto o azul. A terra, as matas, quase todas as flores, os frutos, os animais, as nuvens, o sol, a lua, as estrelas. Eu fico com o céu e o mar.

—Tem coisas que não têm como se separar? Os peixes coloridos do fundo do oceano? As asas das borboletas?

Podes vir apanhar e aproveitas para me levar. Sou da cor da tua pele, mais ainda, sou ela. Se cobre comigo novamente.

Tipo assim...Eternamente.

TAMBÉM ELA

a rosa do jardim, do canteiro,
esbanjava charme, beleza
tempo inteiro.

ROSA PENA – A escritora e professora carioca Rosa Pena, trabalhou na Divisão de Multimeios da Educação na Secretaria de Educação e Cultura do Rio de Janeiro, com projetos ligados a cinema, teatro, música e literatura. Tem livros virtuais publicados e quatro livros impressos editados. Entre seus livros publicados estão PreTextos (All Print, 2004), reúne cem crônicas de sua autoria e UI! (Bagatelas, 2007), reunindo cerca de 40 contos e 50 crônicas. Veja mais da autora no Crônica de amor por ela.



Confira mais:
Comemorando 5 anos do Tataritaritatá e suas mais de 150 mil visitas ,
Também comemorando pelas mais de 160 mil exibições e acessos no canal LAM do YouTube ,
ARTE CIDADÃ ,
As previsões do Doro para 2011 ,
PROJETO CORDEL NA ESCOLA ,
TCC ONLINE CURSO
TODO DIA É DIA DA MULHER,
CRENÇA: PELO DIREITO DE VIVER E DEIXAR VIVER,
CANTARAU: CANÇÕES DE AMOR POR ELA,
MINHAS ENTREVISTAS.

SONINHA PORTO



A POESIA DE SONINHA PORTO

VERSO DO AVESSO

brotam do livro
palavras às avessas
coisas sem nexo
o verso enjaulado
em momentos dispersos
fala e não diz
ou diz e não toca
pura morfologia
plena sintaxe
a rima de praxe
é um saco
pura monotonia
a boca não baba
o poeta não se gaba
a poesia passa ao largo

O AVESSO DO VERSO

brotam do livro
palavras às avessas
coisas sem nexo
o verso enjaulado
em momentos dispersos
fala e não diz
ou diz e não toca
pura morfologia
plena sintaxe
a rima de praxe
é um saco
pura monotonia
a boca não baba
o poeta não se gaba
a poesia passa ao largo

MULHER

Inteira de seus filhos,
desenha origem
cria raízes,
despedaça brilhos,
adianta seus passos.
Colo, carinho seguro;
seios, farto alimento,
afagos, generoso abrigo.
Guerreia pelos campos,
sem medo, o impossível!
luta outros tantos,
a sina, trabalhar!
Mulher, imbatível!
Carrega mágoas
entremeadas de sonhos
Quer viver!
Mulher ágil,
às vezes temerosa,
outras, valente,
fragilizada por amores,
sem ser nada,
segue em frente,
sempre!
Mulher-amante,
Rosa perfumada,
Entre suspiros,
entrega delicado mel.
Se desdobra
sem medo da sorte,
se rende à morte,
cala o ontem,
trilha o agora
à espera do amanhã,
sua hora!!!!
Mulher.

LAPIDAR

poeta
tem pedra bruta
no peito
a palavra está crua
a procura de jeito
e quase no cio
a intuição agoniza
detalhista
lapida o verso:
sem anestesia
infere juízos
do tudo que viu
do talho: jóia viva
no olho da lente

PALAVRAS

Palavras
alimento da mente
onde mentem as rimas
combinam silêncios
e gritos
buscam pluralidade
ser inteligíveis
malditas e insanas
entrelaçam certezas
percorrem paralelas
as prosas
falam de vida,
'rosam'
símbolos de mergulhos
na vulnerabilidade
duradouras e sutis
por vezes inaudíveis
remexem em mim
a voz tagarela

LUZ EM MEUS DEDOS

matiza o medo
toca o poema
fio da meada
da poesia.

SONNHA PORTO – A escritora, colunista e ativista cultural gaucha Soninha Maria Ferraresi, a Soninha Porto, é formada em Comunicação Social pela PUC-RS e especialista em Relações Públicas. Trabalhou na Casa do Poeta Rio-Grandense (CAPORI), como Assessora da Presidência (2006/2007) e Tesoureira (2007). É Consulesa dos Poetas Del Mundo da cidade de Porto Alegre, Coordenadora da área de Divulgação do Movimento Proyecto Cultural Sur, núcleo Porto Alegre, Membro-correspondente da Academia Cabista de Ciências e Letras de Arraial do Cabo/RJ e da Academia Momento Lítero Cultural de Rondônia. Organizou a primeira coletânea infanto-juvenil, “Poemas à Flor da Idade”, com poetas da sua comunidade para oferecer aos alunos das escolas de Bento Gonçalves, durante a programação do XVI Congresso de Poesia, onde também lançou as antologias da Poemas à Flor da Pele (2008 e 2009), nessa cidade, durante o evento, com adesão de poetas de várias partes do País. Tem um programa de arte e poesia na Rádio Web da Gente, veiculado na internet. Veja tudo isso e muito mais da autora no Crônica de amor por ela.

Confira mais:
Comemorando 5 anos do Tataritaritatá e suas mais de 150 mil visitas ,
Também comemorando pelas mais de 160 mil exibições e acessos no canal LAM do YouTube ,
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MINHAS ENTREVISTAS.

domingo, janeiro 30, 2011

CIDADE DE MARILIA & MOVIMENTO LITERÁRIO IMPARCIALISMO



CIDADE DE MARILIA & MOVIMENTO LITERÁRIO IMPARCIALISMO - Excelentes blogs editados pelo poeta, professor, criador da literatura e do Movimento Literário Imparcialismo, José Nunes Pereira. O Cidade de Marilia trata de assuntos como educação, esportes, cursos, empregos, concursos, cultura, poesia, vídeos, imagens, informações e diversidades sobre a cidade de Marília. O do Movimento Literário Imparcismo por propósito criar o novo contexto para a literatura, para assim formar a leitura do homem contemporâneo, com seus medos, suas aflições, suas dúvidas, seus pensamentos, seus sentimentos, seus conflitos, suas condutas, sendo assim, a Literatura Imparcialista busca a arte objetiva, trazendo temas como letras, holística, estudo sociocultural, artigos, trabalhos acadêmicos, poesia, métrica, cronopoema, bucolismo urbano, pseudônimos, literatura contemporânea, literatura experimental, estudos literário de um novo contexto, teoria literária, entre outros. Confira.

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CAMPANHA TODO DIA É DIA DA MULHER: DÉBORA MORENO



DÉBORA MORENO: SAPATOS DO TEMPO E ENTREVISTA

ASSIM NASCE A SAUDADE

Numa viagem de amor,
Num abraço,
Num perfume,
No toque de lábios
No carinho,
Num presente feito a mão e entregue de repente.
Numa carona em pleno dia de chuva
Numa promessa,
Num beijo inesquecível,
Numa oportunidade,
No jeito de olhar,
Na forma de refletir,
No ajudar,
Na transparência,
Num texto deletado sem querer,
Num dia azul de verão,
Numa tarde chuvosa,
Na forma de procurar entender...
Na forma de reclamar a falta sem perceber,
Num sorriso correspondido só para você,
Enquanto a saudade é o fruto maduro da semente que soube sobreviver.

É VOCÊ MAR

Meu coração acelera,
Bate tão apressado,
Parece bongo,
Lembra pandeiro,
Chega a imitar uma bateria de Escola de samba... É só você chegar.
Quando lhe abraço tudo fica mais tranquilo,
O bongo se cala,
O pandeiro se isola,
A bateria apenas nos obedece esquece até da escola
Só para desfilar-mos numa avenida diferente do jeitinho da gente.

ALMA NUA

Sou uma poesia encontrada na vida,
Sou um grito,
Sou um silêncio,
Sou um calafrio,
Sou um rio,
Sou abrigo,
Sou tudo o que digo,
Sou alarme,
Sou delicada,
Sou frágil,
Sou coragem,
Sou forte,
Sou a canção da vida,
Sou decidida,
Sou a força do pensamento refletida no tempo,
Sou gratidão,
Sou o revelado,
Sou o escondido,
Sou o motivo de elogios nunca ouvidos,
Sou um concerto navegando num mar de acordes despertados.
Eu conserto corações partidos

MINHA SIMETRIA

Eu me encontro neste abraço,
Sigo as linhas que talvez sejam laços,
Nós desatados.
Eu me encontro,
Eu me amparo,
Sigo seus passos, seus traços, traço linhas,
Decifro frases,
Fases e fases da lua nua que ilumina a rua;
Onde encontro, perco... Traço linhas,
Desenho formas de vida e dou de presente o que é atraente.
O reflexo no espelho é apenas outra vez,
De tudo de bom que se faz
Ou que se fez,
O reflexo no espelho é a simetria do desejo outra vez.

HIPERBOLE DE POETA

Eu apenas pinto palavras para vestir a poesia que existe dentro de você.
Eu morro de amor para despertar o seu desejo
Atiro-me na luz do teu suor e consigo lhe acertar...
Mas você simplesmente não morre dentro da minha hipérbole de poeta.

A COR

A cor do sangue é vermelha de amor.
É vemelha de esperança,
É vermelha de vontade,
É vermeha de saciedade,
É vermelha de igualdade,
É vermelha de liberdade dentro da minha cor negra.

MALLAKHANB

Subo e desço no vertical pensamento de nós dois,
Faço uma circunferência no seu corpo nu.
Onde me entrego a uma utopia sem destinatário.
Peço, agradeço, mando e ainda sou submisso desse amor,
Vou à lona,
Vou a nocaute e sou e não consigo vencer a liberdade,
O medo,
A dor,
A saudade e ainda sou anfitrião dos sonhos sonhados de sonhos longínquos.
Subir e descer me fortalece,
Mostra o quanto quero...
Ser livre, ser forte, ser discreto, ser visto...
Visto a camisa de uma cultura, de uma arte tão preciosa: Mallakhamb.



DÉBORA MORENO – A poeta Débora Moreno tem 36 anos de idade, já foi catadora de latinhas, faxineira e empregada doméstica, hoje trabalha num Call Center e vive da poesia com 18 livros inéditos. Depoimento - Débora por ela mesmo: “A poesia vive dentro de mim. Sempre gostei de fazer redações, na época de escola sempre fui "fera" nas redações. Notei que um dia fiz uma professora sorrir, que antes era muito séria, do tipo que não ria pra aluno. Ela foi corrigir a redação que eu fiz e quando teminou a correção me chamou à mesa sorriu e disse que tinha se lembrado de uma antiga música e a minha redação estava engraçada. Eu fiquei feliz com o sorriso dela. Era uma época que tinha-se mais respeito aos educadores e vice e versa [...] Lancei o meu Primeiro livro de poesias (Sapatos do tempo) no dia 2 de outubro de 2010. Vou lançar mais um livro, sapatos do tempo em maio de 2011”. Veja a entrevista que ela concedeu pro Varejo Sortido.



LAM - Débora, você já foi catadora de latinhas, faxineira e empregada doméstica. Como e quando foi que você encontrou a poesia?

Encontrei a poesia e a arte de declamar aos 27 anos de idade, escrevi alguns pensamentos e decorei e percebi: rimas, sentimentos...

LAM - Quais as influências da infância e adolescência que contribuíram na formação da poeta?

Cresci lendo Daniel Azulay e ouvindo rádio, amo ler e assistir reportagem de histórias de vida, ler biografias.



LAM - Você vive em Niterói. O que a cidade que você nasceu tem contribuido para sua formação poética?

As paisagens, principalmente o mar me inspira, o jeito do povo Niteroiense.

LAM - Você já publicou o livro "Sapatos do Tempo". Fala pra gente dessa experiência e da receptividade do público.

Sapatos do tempo é composto de Gente em forma de poesia. Trabalhei por quase 3 anos para juntar dinheiro e poder publicar o meu livro, saiu do jeito que sempre sonhei. A receptividade foi e é boa, pois renderam-me de entrevista a Record ao topo do morro.



LAM – Você já escreveu 18 livros de poesias que estão inéditos. Como você a oportunidade da poesia num mercado tão competitivo como é o atual?

Comecei a escrever o meu 18° livro de poesia, escrevo por que o Dom e a inspiração estão dentro da minha alma. Vejo o mercado da poesia competitivo, mas percebo que cada um tem um estilo, “uma forma de provocar tesão”, e por isso acho e acredito que temos força na poesia.

LAM - Você é declamadora e vive de poesia. Fala pra gente como é viver da própria arte?

Ganho dinheiro, faço alguns shows declamando poesias, casamentos, festas... Nunca pensei em viver da própria arte, encaro como um trabalho, vou lá deixo saudades, provoco emoções.

LAM - Você trabalha num call center, como você concilia essa atividade com a poesia?

Até lá no Call Center tenho espaço, lá tem um espaço para que mostremos nossos dons e o meu eu mostro, sou conhecida como: a escritora. Trabalho 6:20 mim, tenho tempo para compor.



LAM - Você participa do Mural de Escritores. Qual a sua expectativa na participação nessa comunidade?

A expectativa é essa aí: conhecer outros poetas, outras artes, fazer amigos, poder dar entrevista como esta agora. A propósito vi os seus trabalhos e tiro o meu chapéu. Parabéns.

LAM - A internet tem contribuído para difusão do seu trabalho?

Sim a internet é a melhor maneira para divulgação, tem muita vida e força.

LAM - Quais os projetos que a poeta tem por perspectiva de realizar?

Continuar vestindo esta camisa da literatura, estou prestes a lançar o meu próximo livro, e quero fazer um curso de fotografia, pois amo tirar fotos de paisagens, objetos, pessoas distraídas. Obrigada. Beijos Debora Moreno - Niterói 29/01/2011



Veja mais Débora Moreno, a Campanha Todo Dia é Dia da Mulher e as manifestações no Fórum do Guia de Poesia.

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quinta-feira, janeiro 27, 2011

ADEUS ZANOTO



JOSÉ DE SOUZA PINTO, O ZANOTO – Desde a segunda metade dos anos 70, quando tive o primeiro contato com Zanoto, que acompanhava seus escritos. Trocamos muitas correspondências e quando editei o tablóide Nascente – Publicação Litero-Cultural, na segunda metade dos anos 90, ele me premiou com sua participação por meio de vários artigos que lá publiquei, ao lado do saudoso Artur da Távola, do Guido Bilharinho, Ari Lins Pedrosa, entre outros.
Sou testemunha das colaborações de Zanoto para inúmeras publicações de vários estados e países, inclusive da coluna Caminhos em Blocos, no jornal Cultura Blocos no Rio de Janeiro/RJ e transcrito no suplemento Garatuja, de Bento Gonçalves/RS, do poetamigo Ademir Bacca.
Além de escritor, Zanoto era funcionário aposentado da Secretaria de Finanças do Estado de Minas Gerais e editor há 42 anos da página Diversos Caminhos, no 2º Caderno do Jornal Sul de Minas, Varginha – MG. Também era presidente de honra vitalício da Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências (AVLAC).
Para nossa consternação, ele faleceu na última sexta-feira, dia 21 de janeiro, vítima de um infarto fulminante, segundo informe dos jornalistas, empreendedores culturais, produtores e colunistas sociais/culturais Marcos Misael e Lindon Lopes e de matérias veiculadas no jornal Correio do Sul.
Aqui a minha homenagem para esta personalidade memorável que viverá para sempre no meu coração. Adeus, Zanoto.

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ARTISTAS DA PARAIBA



ARTISTAS DA PARAIBA – Excelente blog que reúne um grupo de militantes da cultura na Paraiba, funcionando como um informativo das atividades culturais no estado, evidenciando grandes eventos e dando especial atenção para ações que não despertam o interesse da mídia tradicional. Confira ARTISTAS PB - Um blog para a divulgação da cultura e dos artistas da Paraíba.

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SONIA NOGUEIRA



POEMAS DE SONIA NOGUEIRA

LUIZ ALBERTO MACHADO

Parabéns para você
Homem de garra gigante
Mostrando a todo instante
Arte com garra e prazer

Cada página um encanto
Vi na arte do momento
Olhando o som do canto
Despojou todo talento

A voz firme soava ligeira
Como sol que aqui reluz
Nesta tarde tão fagueira
Da Fortaleza da luz

A arte nasceu contigo
Bastou numa tecla tocar
Os dedos deslizam e fico
Ouvindo teu canto soar

EU ME INVENTO

No mundo grandioso eu me perco
traçados camuflados de invasão
critérios arraigados que me dão
cansaço, eu me invento e me cerco

Invento cada dia uma saída
apago as passadas dos chinelos
mergulho na emoção e crio elos
o coração insano em recaída

Aponta no varal mais um modelo
o mesmo que rodeia há milênios
amor sem solução, em sacrilégios
sorrindo como força e desvelo

Dispenso invento outra nota sol
A música chega viva delirando
No som o mesmo mote deslizando
A mesma invenção o mesmo rol

CARTA DE AMOR

Faço estas mal traçadas linhas
Com coração apertado de amor
Que siga entre as entrelinhas
Uma saudade de cunho abalador

O sonho permanece ventureiro
Traçando sorte e vida duradoira
Como canção antiga trovadoira
Cantando ao luar verso matreiro

Na tarde calma, olhando da janela
E vendo na distância tua imagem
Parece encantada uma miragem
Do rosto no retrato que se anela

Na mente desejosa do teu verso
Grafado no registro em surdina
Encanto que detenho no regresso
Lembrança, talvez, inda menina

Responda sem demora à missiva
Com mesma retidão do coração
Quem sabe uma nota inda assertiva
Renasça das cinzas, em furacão

HINO DE AMOR

Quando a noite no silêncio ronda
Levando a canção aos namorados
Eu sinto meu pulsar em sons alados
Voar buscando encanto ao teu lado

É música afinada em sintonia
Trocando na distância as vontades
O mesmo acorde vem em liberdades
Inebriando o mote em agonia

As notas dançam, riem debruçadas
Vibrando cada tom em meu sonhar
Querendo teu sonhar no meu pensar
Nas cordas do violão extasiadas

E nesta emoção as notas vibram
Quase desmaiada eu seu acorde
Envolta da emoção quase recorde
Duas notas dão-se e se cativam

Hino de encanto que me desnuda
Em cada nota um pranto contido
No mudo jardim coração banido
Vai nesta poética a canção muda

SONIA NOGUEIRA – A escritora e educadora Sonia Nogueira é graduada em História e Estudos Sociais, e especialista em Planejamento Educacional. É autora dos livros Datas Comemorativas em Poesia, Eu Poesias Contos e Crônicas e No Reino do Sininho, participando de diversas antologias. Edita os blogs Poesia e Liberdade e Eu Poesia. Visite o site de Sonia Nogueira e o Site de Poesias. Veja mais da autora no Crônica de amor por ela.

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quarta-feira, janeiro 26, 2011

AILA SAMPAIO



AÍLA SAMPAIO: DE OLHOS ENTREABERTOS

NO DIA DOS MEUS ANOS

No dia dos meus anos,
tu vieste, como um anjo, abençoar-me.
Como um homem,
tu vieste beijar-me a boca,
ensinar-me o amor
em rápidas lições.

No teu abraço,
meu corpo desenhou espirais,
aprisionou o instante
e parou os ponteiros de todos os relógios
sem indagações.

Do lado de fora, a chuva a distrair
o mundo com seus muros e interditos.
Do lado de dentro, um incêndio
a queimar nossos corpos aflitos,
nossas bocas a compor, uma na outra,
as mais belas e impublicáveis canções.

ILUSÃO

Tudo já foi dito
digitado ou manuscrito,
aos gritos ou em silêncio
por ato ou omissão.

Eu é que não acredito
e, como toda mulher apaixonada,
insisto
em só ouvir o coração!

DE OUTRO TEMPO

Há em mim uma casa desabitada
perdida no abandono dos ventos
que sopram sem direção
há portas que batem silenciosas
atrás de um adeus sem data,
lágrimas nas paredes retintas
e trancas enferrujadas nos portais
há hera entranhada nas vigas,
nos muros e em minha alma,
fechando porteiras,
lacrando janelas
misturando-se ao musgo
que no jardim cresceu

Há em mim um silêncio quase sagrado
e a memória de um tempo que não é o meu.

PALAVRA

ainda te necessito
para despir os meus silêncios.

Lâmina cortante ou ungento que sara,
és tu, palavra, a vestimenta das histórias,
o vento que leva toda mágoa
ou o anjo que anuncia as boas novas.

AMO-TE

Amo-te como flor que cresce no deserto
somente com o sal da terra.

Como fera mansa que deixa a selva,
amo-te em paz, em plena guerra,
e navego em teu corpo, sem remos, sem embarcação.

Amo-te como quem vê estrelas no amanhecer,
como quem, longe do litoral, vê o mar
e guarda no pensamento uma canção.

Como quem ama simplesmente por amar
e sem saber por quê,
amo-te em silêncio e te desejo
como quem sai a velejar deseja o vento.

ESPERA

Quando ele a encontra rapidamente na hora do intervalo de trabalho não sabe do dia inteiro de espera que ela carrega nos olhos. Ele a olha como se a visse e se vai. Ela o vê antes de olhá-lo e, resignada, ansiosa, se mantém ávida pelo que ele nem sonha que pode lhe dar.

AILA MARIA LEITE SAMPAIO – A escritora, poeta e professora cearense Aila Sampaio é graduada em Letras pela Universidade Estadual do Ceará – UECE, com Especialização em Língua Portuguesa.É mestre Letras pela UFC com a dissertação Tradição e Modernidade nos contos fantásticos de Lygia Fagundes Telles, em 1996. É funcionária da Secretaria de Educação do Ceará e integra o quadro de docentes da Universidade de Fortaleza - UNIFOR, ensinando Metodologia da redação no Curso de Direito. É assessora pedagógica do Centro de Ciências Humanas, editora da Revista de Humanidades e leciona nos Cursos de Publicidade e Propaganda e Audiovisual e Novas Mídias as disciplinas: Língua Portuguesa I e II e Estética e Linguagem. É autora dos livros de poesias Desesperadamente Nua (1987) e Amálgama (2001) e do ensaio: Os fantásticos mistérios de Lygia (2009). É membro da Academia Cearense de Língua Portuguesa, cadeira 21. Edita o blog Literaila e tem textos publicados no Jornal de Poesia, no LiteCearense e no LiteBrasil. Veja tudo isso e muito mais de Aila Sampaio no Crônica de amor por ela.

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terça-feira, janeiro 25, 2011

MACEIÓ.COM.BR



MACEIÓ.COM.BR - Portal que registra eventos culturais maceioenses, trazendo um vídeo contento documentário sobre Maceió. O espaço não traz registro de editores nem expediente, trazendo um acervo importante de fotos registrando os mais diversos eventos. Mesmo assim, trata-se de um excelente espaço para os que querem ficar por dentro de tudo que acontece no espaço cultural da capital alagoana.

Na atualização do Portal estou ao lado do amigo & empresário Marcos Alexandre Martins Palmeira, prestigiando o III Reveillon dos Músicos, ocorrido no último domingo, dia 23 de janeiro, no Restaurante Bar O Quintal, em Garça Torta, Maceió, Alagoas.



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MINHAS ENTREVISTAS.

DOMINGO GONZALEZ CRUZ & ENTRE NESSAS LINHAS



DOMINGO GONZALEZ CRUZ & ENTRE NESSAS LINHAS – Excelente blog criado pelo escritor e poeta espanhol Domingo Gonzalez Cruz. O autor nasceu em Vigo, na Galícia, Espanha, em 1949. Publicou artigos e poemas nos suplementos literários dos jornais Tribuna da Imprensa, Minas Gerais, Araraquara, Correio das Artes e nas re¬vistas Poema Convidado (USA) e Encontros com a Civilização Brasileira. Em 1970, recebeu o prêmio de poesia moderna na Segunda Promoção de Poesia no Estado da Guanabara (Instituto Villa-Lobos). Bibliotecário aposentado do Serviço Público Federal, após trinta anos de trabalho na Fundação Casa de Rui Barbosa, recebeu em 1996 a Medalha Rui Barbosa, por sua contribuição ao desenvolvimento da cultura brasileira. Membro da Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro (Federação das Academias de Letras do Brasil). Lecionou na Escolinha de Arte do Brasil — fundada por Augusto Rodrigues e outros arte-educadores — e no Tear leitura e criação de texto. Atualmente, ministra palestras sobre cinema e educação nas escolas do Município do Rio de Janeiro — projeto do Cineduc. OBRAS PUBLICADAS: A História de Marta Mazzetti. Rio de Janeiro, Fundação Casa de Rui Barbosa, 1980. (Prêmio Alice Leonardos da Silva Lima – União Brasileira de Escritores.) A Casa de Rui Cheia de Encantos. Rio de Janeiro, Fundação Casa de Rui Barbosa,1995. (Poemas sobre a vida de Rui Barbosa.) Alfredina. Rio de Janeiro. Anuais, 1996. Recordações e Encantos da Rua Cosme Velho. Rio de Janeiro, Anuais. 1996. O Ateneu: (Crônica de Saudades.) Raul Pompéia, Rio de Janeiro, BVZ, 1998. (Adaptação livre para público jovem. Indicado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil para o Catálogo da Feira de Bolonha – 1998 e “Altamente Recomendável” na categoria jovem.) No meio do caminho tinha Itabira: ensaio poético sobre as raízes itabiranas de Drummond. Rio de Janeiro, BVZ, 2000. Livros de poemas: Papel de Pouso, Vida Silenciosa, Passeios Noturnos. (Edições do autor.). O autor faz parte da equipe do Palavrarte. Veja mais de Domingo Ganzalez Cruz.

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Também comemorando pelas mais de 160 mil exibições e acessos no canal LAM do YouTube ,
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PROJETO CORDEL NA ESCOLA ,
TCC ONLINE CURSO
TODO DIA É DIA DA MULHER,
CRENÇA: PELO DIREITO DE VIVER E DEIXAR VIVER,
CANTARAU: CANÇÕES DE AMOR POR ELA,
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BLOG DO ARIMATÉA



BLOG DO ARIMATÉA – Excelente blog editado pelo poeta, escritor, fotógrafo e professor cearense José de Arimatéa dos Santos, que colabora com blogs do Crato, Juazeiro, Caricaturas, ZoomCariri, do site Chapada do Araripe e portal Luiz Nassif. Também é blogueiro e twitteiro que busca o equilíbrio na vida e que os sonhos sejam a tônica da convivência entre todos. Confira o blog do Arimatéa onde estão seus poemas, textos, informações e curiosidades, também estou por lá, confira aqui.

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segunda-feira, janeiro 24, 2011

TERESA ARAGÃO & VIVA MAIS



TERESA ARAGÃO & VIVA MAIS – Excelente blog da farmacista conterrânea Teresa Aragão. No espaço Viva Mais ela traz dicas de saúde, beleza, bem-estar, nutrição, dietas e curiosidades da nossa terra natal, Palmares, cidade da mata sul de Pernambuco. Ela é herdeira de uma tradição no ramo de medicamentos,sempre fez do seu trabalho uma forma de procurar amenizar as dores de quem vem até a Farmácia; vendendo remédios para quase todos os males,ajudando as pessoas a se livrar das doenças e vícios e viver mais e melhor. Além disso compartilha experiências com incentivo a quem procura melhorar a qualidade de vida, cuidando da saúde do corpo e da mente.

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quarta-feira, janeiro 19, 2011

LAU SIQUEIRA: A RELEVÂNCIA DOS BLOGS PARA A POESIA CONTEMPORÂNEA



A RELEVÂNCIA DOS BLOGS PARA A POESIA CONTEMPORÂNEA

Por Lau Siqueira

Conforme N. Katherine Hayles, no livro Literatura eletrônica - novos horizontes para o literário, "a literatura do século XXI é computacional". Isso já diz muito acerca das reflexões que pretendemos neste artigo. Afinal, até mesmo os livros impressos são elaborados e revisados virtualmente. Talvez comece aí a desmistificação da importância do livro impresso neste tempo de velocidades virtuais. Houve uma inversão de valores para que se pudesse compreender alguns instrumentos de mídia virtual e a sua devida importância para a literatura. Não são poucos os canais de divulgação da poesia a partir de um instrumento que hoje podemos reconhecer como utensílio doméstico, o computador pessoal. São sites pessoais, canais de relacionamento, grupos de discussão literária. Tudo no espaço físico da sua residência destinado ao computador ou nos giros tridimensionais do lap-top. Todavia, nenhuma outra ferramenta se mostrou tão valiosa para os poetas e para a poesia que os blogs. Não chamaria isso de inversão de valores, mas até mesmo escritores consagrados mundialmente como José Saramago não abriram mão deste instrumento interativo, para uma relação mais aproximada entre o autor e a diversidade de olhares dos mais diferentes tipos de leitor.

Inicialmente reconhecido como uma ferramenta criada para distrair adolescentes ou no máximo para despertar a criatividade de uma geração de nerds, os blogs foram pouco a pouco se transformando em importantes veículos de comunicação interativa, seja para escritores ou para jornalistas, muito especialmente. Nomes reconhecidos da mídia tradicional, nas duas vertentes do conhecimento aos poucos foram ocupando os melhores espaços na blogosfera com blogs dos mais diversos estilos. Podemos afirmar, sem risco de engano, que com o surgimento dos blogs a poesia foi o gênero mais beneficiado entre todos os gêneros da literatura. O fácil acesso e o fácil manuseio desta ferramenta foi naturalmente conquistando escritores reconhecidos ou desconhecidos. Eles foram percebendo que poderiam focar na sua produção ao invés de preocupar-se, também, com o equilíbrio das tags e das ranhuras de uma tecnologia que vem sendo pensada às fatias e desenvolvendo-se de forma surpreendentemente veloz. Certamente que dentro de algum tempo os blogs representarão uma linguagem superada. No entanto, no final desta primeira década do Terceiro Milênio representam a redenção, a democratização e compreensão dos novos caminhos da poesia contemporânea em qualquer parte do mundo.

Certamente ainda é muito importante lançar um livro. Os e-books, neste sentido, parecem longe da possibilidade de superação da “ácaro-mania”. A paixão pelos livros nos tempos em que a banalização inspira cada vez maiores cuidados com as formas e com os conteúdos ainda é a mesma dos tempos de Proust, quando este clássico francês chegou a afirmar que as melhores lembranças da nossa infância estariam nas imagens colhidas da memória dos primeiros livros que tenhamos lido. Mas, o debate acerca do real e do virtual também nos leva a refletir sobre o fato de ser menos danoso ao futuro da humanidade possuir um mau blog do que publicar um mau livro. (A natureza agradeceria o bom senso.) Ocorre que, a preço de hoje, os nomes mais respeitáveis da poesia contemporânea brasileira (e mundial), independentemente do número de livros que tenham lançado, não abrem mão de manter seus blogs literários. Claro que isso não é uma regra, mas evidentemente é uma realidade inquestionável. Isso não ocorreria se possuir um blog não oferecesse imensas vantagens ao escritor, muito especificamente ao poeta.

Mas, como não existe fenômeno significativo que não gere outro igualmente significativo, destacamos um fator afluente do fenômeno dos blogs que também acende a nossa gula investigativa para uma próxima abordagem. Há uma evidente ascensão (talvez até mesmo uma forte influência) de escritores blogueiros sobre outros escritores ou candidatos a escritores também blogueiros. Especialmente poetas cuja produção foi consagrada publicamente através dos blogs chegam a alcançar níveis respeitáveis de trocas com outros poetas. Logicamente que daí não poderemos extrair interpretações óbvias. Não se trata de autores cronologicamente mais antigos influenciando escritores cronologicamente mais jovens. Trata-se de bons escritores, jovens ou não, influenciando ou trocando influências com outros escritores (jovens ou não) a partir das cartas de navegação oferecidas gratuitamente nos oceanos serenos e profundos da web. Este é um tema sobre o qual estudiosos devem estar se debruçando nos cursos de Letras onde o professorado, de um modo geral, não parou ainda para pensar nos efeitos que teria a internet para a época e para a poesia de Arthur Rimbaud, por exemplo, ou para o nosso condoreiro Castro Alves. Afinal, ambos produziram a parte mais significativa das suas obras com a idade da grande maioria dos jovens desbravadores das possibilidades da internet e das suas ferramentas. Portanto, um novo Rimbaud pode estar inaugurando seu blog exatamente hoje, no Acre, por que não?

Este é um fator que não irá gerar uma demanda de pesquisa apenas daqui a dez ou vinte anos. Não haverá, dada a velocidade dos tempos, oportunidade para distanciamento científico. O próprio conhecimento acadêmico não poderá abdicar de um futuro que já começou para refletir sobre o que está em pleno processo e, até mesmo por isso, operando mudanças culturais bastante acentuadas e influenciando comportamentos nas mais diversas áreas. Sobretudo na literatura e mais ainda na poesia que vai, assim, rompendo a aura de marginalidade para se mostrar detentora de uma imensa camada de admiradores que, na grande maioria, são também militantes da invenção nas portas das milhões de fábricas de miolos onde se processa permanentemente a metalurgia da palavra.

Logicamente que não queremos aqui desenvolver um raciocínio definitivo, mas apenas levantar questões relativas ao futuro da poesia a partir de um cânone cada vez mais desmistificado e a partir de uma solução ávida de novas soluções. Mais do que nunca precisamos lembrar a profecia de Cazuza: "o tempo não pára." Estamos no tempo em que trocar a roda de uma locomotiva em movimento pode ser um descaminho inevitável para a consolidação de uma geléia cujas expressões maiores devem ser esculpidas não apenas com os hálitos da delicadeza, mas principalmente com a certeza cada vez mais absoluta que “tudo que é sólido desmancha no ar”. Esta é apenas uma "levantada de bola" para um assunto que nem de perto se esgota por aqui. Afinal, quem escreve e principalmente quem escreve um poema, seja na idade média ou na idade mídia, apenas inicia um processo que se revela e se traduz de diferentes formas no olhar de quem lê, estendendo-se para além das ferramentas mais avançadas e popularizadas, a exemplo dos blogs.

LAU SIQUEIRA – O poeta gaucho radicado na Paraiba, Lau Siqueira é autor dos livros: O Comício das Veias (Paraíba: Editora Idéia, 1993), O Guardador de Sorrisos (Paraíba: Editora Trema, 1998), Sem Meias Palavras (Paraíba: Editora Idéia, 2002) e Texto Sentido (2007). Edita os blogs Poesia Sim e Pele sem pele.

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TCHELLO D´BARROS: CONVERGÊNCIAS



TCHELLO D´BARROS: CONVERGÊNCIAS - “Convergências” é atualmente um projeto de itinerância por capitais brasileiras, expondo uma retrospectiva da produção em Poesia Visual que Tchello d’Barros vem produzindo desde 1.993. São 50 imagens selecionadas, apresentando criações gráficas, Ideogramas Ocidentais e Poemínimos. Após a fase de exposições, o projeto deve resultar na publicação de um livro. Por enquanto a mostra já passou por PB, AL, SC, RJ, ES e PA. Em Maceió, onde boa parte dos poemas visuais forma criados, a mostra já foi apresentada na Galeria de Artes do Senac, com curadoria da alagoana Ana Glafira e tb foi apresentada no Misa e na IV Bienal do Livro, no Centro de Convenções. Parte das imagens podem ser conferidas nos perfis do autor nas redes sociais ou no blog-arquivo: http://tchellodbarros-poesiavisual.blogspot.com E ainda no Youtube: http://www.youtube.com/user/tchellod7barros SERVIÇO Quê: Exposição de poesia visual ‘Convergências’ Quem: Escritor e artista visual Tchello d’Barros (SC) Curadoria e montagem: Patrícia Rosa (BA) Texto crítico: Al-Chaer (GO) Ingresso: Entrada Franca Visitação: 20.01 à 20.02.11 Horários: 10 às 22:00h diariamente Local: Livraria Cultura | Salvador Shopping – Salvador BA. Veja mais Tchello d´Barros no Varejo Sortido e no Guia de Poesia.



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sábado, janeiro 15, 2011

ZINE TATARITARITATÁ



ZINE TATARITARITATÁ – 5 ANOS – Já está circulando a edição comemorativa de 5 anos e mais de 150 mil visitas o zine Tataritaritatá. A distribuição gratuita teve inicio nessa sexta-feira, dia 14 de janeiro. Os interessados em recebê-lo inteiramente grátis é só enviar mail para contato@luizalbertomachado.com.br com nome, endereço e CEP.

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sexta-feira, janeiro 14, 2011

LARISSA MARQUES



Imagem: Mulher na janela, de Larissa Marques.

POEMAS DE LARISSA MARQUES

GOTEIRA

escorreguei gotejando feito
chuva nas pedras do incompreendido
vãos entremeios do ignorar

há cura para o cansaço
é o sussurro seu no meu ouvido
é a mentira que me conta

já não corro da chuva, da nuvem cinza
nem da esperança que me cega
ainda tenho olhos esbugalhados

eles passam entre seus dedos
como as contas do rosário
de minha avó em devoção

lembro-me ainda do choro
de meu reflexo no seu olho
conjugações não me emocionam
só as gotas

distante me faz ler poesias
e tento reescrevê-las num ato falho
as lágrimas amargas falham em face vazia

jamais tentei o distanciamento
e até orei meu abismo aos bárbaros
que caçoaram de mim

e se consegue ver-me em seus olhos
fure-os na ira da gota
não estou pronta para nós.

ROTINA

nesses dias
confinada aos cigarros
e à solidão acompanhada
não choro
nem me queixo
apenas deixo
meus sonhos
confinados nas pílulas
dispostas nas gavetas
centrais de meus armários
imaginários
fartos de esperar.

PARÁBOLA

em outras eras
lancei-me
subi o quanto pude
projétil e palavra
a esmo
sem ter-me

e divaguei na
vertigem vazia
da queda

qual pedra
ao encontrar
o solo

quebrei-me
em mil
para estar
no centro

e o repuxo
fez-me inércia
que na descoberta
sempre pede
a dor
do chão!

MORRI DUAS VEZES

ceguei-me do olho esquerdo
de tão desgastada
não quis ver as chagas
que eu mesma abri

antes de ferir-me
mais algumas vezes
calei a aflição
na tentativa da conversão

desferi golpes certeiros
contra carnes moles
e pensamentos impuros
até não conseguir respirar

aprendi a viver assim
consumindo-me em perdas
queda a queda
gota a gota
clamando pelo novo

mãos estrangeiras
buscaram a re-vida
em vão
morri duas vezes.

SOL DE JANEIRO O ANO INTEIRO

no acalanto de sua chegada
descobriu-me mulher
giro em sua órbita
provoca em mim estações
e desconhece-me esfera

causou-me amanheceres meridianos
as belas horas brilharam aqui
vogaram tanto e como que declinaram
no desespero de seu poente
ah, meu amor, minhas dúvidas!

seus lábios queimaram os meus
fizeram juras que não podem cumprir
não sou júpiter ou urano
nem sou saturno e em segredo
trago seu anel no polegar esquerdo

meus olhos devotei aos dias
que choram durante a noite
é madrugada agora
sinto a frieza da solidão
um medo tão meu

obedeço a ordem que impôs
apertam-me suas margens
privam-me do seu calor
tento esquecer o que foi
todas as manhãs.

RUBRO

queima a palavra presa na garganta
que o plexo venoso não espera represas
arrebenta o que envergonha
descarta o obsoleto
como quem verte câimbras falhas
o reflexo rugoso do desistir
é coágulo e seca na veia de peito alheio
deixando-o à míngua.

ALICE DESPEDAÇADA

sonhei com outro presente para mim
que não incluísse bebedeira
e filhos bastardos para criar

as meias arrastão e a jogatina
acompanhadas de bebida forte
abrandavam devaneios

mas minha perdição
era a fumaça do cigarro
que fazia voar

veio cair em minha mão nada mais
que um ás e uma rainha de copas
olhava para as expressões pacíficas
de outros jogadores
naquele jogo a verdade
era o que menos importava

sem xícaras de chá ou botões
na lapela do Chapeleiro Louco
ou qualquer outra coisa
que viesse da terra dos espelhos
eu era igual a todas as outras

não fosse aquela rainha de copas
mal me lembraria de quem fui.

ORÁCULO

que em sua língua
a minha se cale
reverencio o momento
e as horas que desatento
desorientam-me

que em sua voz
meu silêncio fale
tudo a seu tempo
e é do que desdenho
descontenta-me

que em seu fim
meu Planalto seja vale
eu, início de seu templo
e do que não tenho
encontra-me

INTERPOÉTICA

a palavra reles meretriz
na boca de meu poeta fugaz
apodrece e me faz
desejá-lo ainda mais

não preciso de matiz
se nas nuances disformes me faz feliz
e em sua língua
rouca suspensa me traz

se o poema sozinho se diz
e nem todo verso apraz
seu verbo me é cicatriz
e todo resto jaz.

APRENDIZ

fosse um misto de insegurança e certeza, nem isso. aquilo era torpor cego, loucura. personagem comandava certeiro e brotava em cada linha mal feita, em cada palavrão dito enquanto ele dormia. determinada a fechar aquele ciclo digitava calada e faminta pelo verbo. no trigésimo nono capítulo, não era Carlos que pulava a janela e sim a realidade nua, violenta e sem alegorias, aprendia com ela.

LARISSA MARQUES – A escritora, editora, artista visual, blogueira e excelente poeta Larissa Marques comanda a Utopia Editora, edita diversos blogs, a revista eletrônica feminina Falópios e reúne alguns de seus textos no Recanto das Letras. Veja tudo isso e mais da arte de Larissa Marques no Crônica de amor por ela.



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terça-feira, janeiro 11, 2011

VILMA ORZARI PIVA



OS VERSOS & PROSAS DE VILMA ORZARI PIVA

AI... CORAÇÃO !

Ai, coração! Por onde tu me levarás
Nessas fortes batidas aceleradas
Anunciando-me que convulsionarás
Irrigado de amor às estocadas.

Ah, coração! Faz-me corar de emoção
No contralto do ribombo sem cessar
Suspiros, gemidos que da cabeça
Aos pés transparecem na minha canção.

Compreendas-me, coração!Sou pureza
Às margens das febres das tuas escarpas
E a fragilidade no pacto da tua nudeza.

Eis-me artéria cravejada de amor e harpas
No segredo amante da tua torpeza
Sou a jugular da tua face e me farpas.

FLOR MULHER

Quando tu bem–me-quer na cor carmim
Espalhas pétalas macias no chão,
Aglutinas nos meus lábios teu jasmim
E deixas minha boca em palpitação,

Encarnada e rósea, feita flor mulher,
Em sedas que tuas mãos desfolham
Pétalas- talismãs que ao bel prazer
Tonalizam qual sorte as escolham.

Ainda assim trarei meus espinhos
Junto à haste da seiva amparada,
Vigilantes dos meus caminhos.

Retinta na cor da dor hasteada
Se não tiver toques do teu carinho
Serei pétalas de flor mutilada

SAL DA VIDA

Suspira a boca o hálito ofegante
Naquele beijo que o adeus deixara
Horas tristonhas depois do instante
Das bocas ungidas que ali estivera.

Com olhos molhados de despedida,
Naquele peito que o corte veio beijar
Quis a dor extravasar o fel da partida,
Na prece das mãos ainda a sangrar.

O corpo estremece, revive a paixão,
Expulsa o véu da morte, canta o sentir.
Ressurge o sal da vida e a sedução
De um vivo beijo nos lábios a colidir.

SANTO PECADO

Sagras teu corpo por todo nosso céu
Onde a santa esteve em profano ritual
A bendizer do meu amor habitual
Às madrugadas incensadas ao léu.

Rezam-me anjos para o santo ofício
No altar das oferendas, no asfalto,
Ardendo chamas de um mar cobalto
Que asperge meu corpo ao sacrifício.

No templo das ruas, entre paredes,
Na ceia da carne e no mistério da paixão
Sacralizando-me banquetes em procissão
Nesse meu sentir ardoroso por tuas redes.

Desnudando teus paramentos de linho
Na profanação das uvas prazeirosas
E no santo pecado das águas gozosas,
Somos a liturgia do peixe, mar e vinho.

CENTELHA DA PAIXÃO

Luzes de velas tremulam chamas
Da paixão sombreada nas paredes
Liberais do amor tatuando sedes
Em chispas acaloradas por flamas.

Na combustão do desejo ardente
Fagulhas invadem os poros suados,
Perdidamente lanham molhados
Dois corpos atritados, inclementes.

Por debaixo dos panos, nus, na alcova
Sem saber das horas, somente o tesão
Fervilha o tempo, peito e coração.

E faz-se a centelha da contraprova
Sem regras para amar sob ebulição
Das labaredas na força da paixão.

AMANHECER EM TEUS ACORDES

O amanhecer das flores orvalhadas, por entre beijos guardados nas reentrâncias
dos travesseiros, acorda-me perfumada de ti e conferes minha pele nas pontas de
teus dedos carinhosos, que perceptíveis expandem-se por caminhos umedecidos por
tuas noturnas digitais.

Acaricias meu rosto, meus cabelos estendidos na temperatura de teus abraços
reluzentes de sol sobre a cama desarrumada.

Ao som dos pássaros canto teu nome no céu da minha boca e vislumbro o amor nas
paredes azuis do nosso quarto.

Sinto o néctar de nossas línguas embebidas de licores, despertando meu corpo no
transpirar das gotas da tua saliva, e estremeço minhas pernas na harmonia de
teus cânticos deixados sobre meu umbigo.

Afasto suavemente o lençol... Encontro sobre meus seios teu beijo tatuado num
sorriso. Estendo-te minha mão. Palmo a palmo acaricio teu peito de acordes e
envolves-me no rocio do desejo. Quero-te!

E invade-me o tremor da tua voz ancorada nos meus ouvidos, palpitando-me
felicidades sobre os balcões dos dias que renascem para nos ver felizes!

DA MINHA VARANDA

O dia amanheceu preguiçoso respirando o ar puro das manhãs tranquilas. Um sol
tímido espiou mansamente os telhados e quintais que ficaram recobertos de folhas
trazidas pelo vento noturno.
As calçadas e as ruas esperam enxugar-se por entre os amontoados que misturam
galhadas e flores de Ipê, enfeitando agora os entulhos da esquina que ainda
ontem denunciava uma parede recém pintada.
As casas ganharam cores sombreadas de umidades e suas janelas gotejaram
lembranças do açoite e do uivo temporal que cantara solenemente a cumeeira.
E o dia abriu-se atrasado, se fez curto, iluminado de brevidades que da minha
varanda se estendeu em quietudes e carícias sob o manto da aurora em paz....
Hoje, mais cedo, acenderei estrelas no céu e a brisa mansa me anoitecerá.



VILMA ORZARI PIVA – A poeta e educadora paulista especializada na área da deficiência mental, Vilma Orzari Piva, já foi premiada no concurso Mamede Souza - Araras/SP e é integrante da Antologia de Novos Talentos da Literatura Brasileira. Edita o blog Poesias e Prosas, possui clipes no YouTube e também reúne seu trabalho literário no Recanto das Letras. Confira tudo isso e mais os poemas eróticos da autora no Crônica de amor por ela.

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