quinta-feira, dezembro 16, 2010

ENTREVISTA: CARMEN SILVIA PRESOTTO



CARMEN SILVIA PRESOTTO – Acaba de ser lançado o terceiro livro de poesia da gaúcha Carmen Silvia Presotto: “Postigos”. Acompanha o livro ilustrações de Américo Conte, CD Áudio, com sete poemas lidos por Saulo Taveira. Américo, aliás, é um dos poetas convidados, ao lado de Adriana Bandeira, Aline Moraes, Gerci Oliveira, Ivan Bueno e Luiz Otávio Oliani, entre outros.



A AUTORA: Carmen Silvia Presotto é autora das obras “Dobras do tempo” (Editora Alcance/ 2003) e “Encaixes” (Ed. Vidráguas/ 2006). É coordenadora contextual do site Vidráguas. Já lançou, através da elaboração de projeto gráfico, os livros: “O Cavaleiro do Tempo” de Sérgio Luís Gallina; “Memória Cultural Polonesa” de Tiago Halewicz; “Viajando pela África” com IBN Battuta, organização de José Rivair Macedo; “Minha Vida Meus Amores” de Elma Neves Moraes; Os “PhotoPoemas’: “Dois Amores ao Mesmo Tempo” e “Imagine” e “As PhotoCrônicas: Todo Dia é Dia de Livros e Bardos”, “Será que Mrs. Dalloway passou por aqui”, “Bufões d’água” e , em vídeo, a entrevista com o poeta Ferreira Gullar e “O banquete de Platão” em parceria com o StudioClio. Entre outras atividades, a autora coordenou as atividades poéticas e do vídeo documentário: Uma Carta ao Presidente, apresentado no 5º Fórum Social Mundial em Porto Alegre , realização da Escola Brasileira de Poesia e Psicoánalise Grupo Cero. É integrante do Congressos Internacionais do Grupo cero: 40 anos de Escritura Grupo Cero, em Madrid com o trabalho Blancas Páginas e com um Poema do livro La Mujer y Yo, no Congresso sobre a sexualidade segunda a poética do livro “La Mujer y Yo” de Miguel Oscar Menassa XIV, em Buenos Aires. Já integrou as Oficinas Literárias Scrivere; Atelier da Palavra; Verbo Cronicar; Grupo de Poesia Grupo Cero, Poesia com Fabrício Carpinejar, A Poesia em tempo de Internet com Edson Cruz, Oficinas de Memória Narrativa com Luís Augusto Fischer, Paisagem e Cultura da Grécia Clássica com Francisco Marshall, no StudioClio; Ciclos de Filosofia Grega e Contemporânea com Donaldo Schüler. Participou dos Curso de Poesia com o Poeta Ferreira Gullar no Pólo de Pensamento – RJ; Grupos de leituras sobre James Joyce com coordenação de Donaldo Schüler; Encontros e Conversas Literária com Armindo Trevisan, Nei Lisboa, Luís Antonio Assis Brasil, Ivan Isquierdo, Sergius Gonzaga no Espaço de Atividades Literárias Charles Kiefer; A Construção do Romance com Luis Antônio Assis Brasil no Espaço de Atividades Literárias Charles Kiefer, Curso sobre a Idade Média com Jose Rivair de Macedo, no StudioClio. Atuou como coordenadora de encontros poéticos Grupo Cero, onde também coordenou saraus e a Revista de Poesia Águaviva. Participou de uma Entrevista pelo lançamento do livro Cronicando no Programa Nossas letras, coordenado por Luís Antônio Assis Brasil. Coordena, conjuntamente com Berenice Sica lamas o Clube de Leituras, Rastros de um Livro, com atividades mensais junto a ALF. Também é coordenadora Contextual do site Vidráguas e do Atelier da Palavra à Poesia e, conjuntamente, coordena com Ricardo Hegenbart o Espaço Vidráguas, um Espaço Cultural na Internet e uma Editora que tem por objetivo possibilitar o estudo e a organização de escritos em geral para que os mesmos saiam das gavetas e ganhem corpo e alma para serem publicados. Identificando o foco do escritor, trabalha os textos tematicamente nos campos semântico, fonético e estilístico. Atualmente, participa de um Grupo de Leituras e Estudos de Filosofia Grega coordenado por Donaldo Schüler e dos Seminário: Noite Áticas, no StudioClio, é membro da União Brasileira dos Escritores e Decana do Conselho do Clube dos Escritores Piracicaba.



ENTREVISTA: CARMEN SILVIA PRESOTTO

LAM – Carmen, vamos começar pela pergunta de praxe: quando e como foi que se deu a sua descoberta pela literatura?

Minha descoberta pela literatura se deu nos palcos da escola, onde fazíamos arte, recitávamos e líamos muito. Tudo isso me fez amar as aulas de redação, na época chamava-se composição, e esperar ansiosa pela nota e a leitura da professora para saber se meu relato agradara ou não... quando uma delas era pedida para ser compartilhada aos colegas para mim era a glória, algo que me diferenciava dos outros que se intimidavam em aparecer. Hoje penso que talvez aí já estivesse a minha necessidade de ser lida, compreendida, o que penso ser o motor de todo escritor. Existir para além de si.

LAM – Quais influências da infância e juventude definiram seu posicionamento pela literatura?

Ao ler uma Biografia de Toulouse Lautrec aos 12 anos de idade, fiquei muito marcada, pois o livro foi uma descoberta de mundo para mim. O livro era emprestado de um amigo, e lia meio escondida, pois não era de bom tom circular pelas páginas de Moulin Rouge... mais tarde, compreendi que neste autor estava um íntimo que todo o artista busca, a vida por quem faz e toda as viagens que desejamos sem sair do lugar, apaixonei-me por Paris, pela sua boêmia e vida literária e artística... Depois vieram os romances águas com açúcar da juventude, as novelas e sempre muita convivência poética em Escolas e na sala de nossa casa. Veio Cecília Meireles, Machado de Assis, Virgínia Woolf e Gullar e o reforço da primeira pessoa em minha vida, a força do monólogo interior como fonte de expressão e o meu desejo de seguir escrevendo.


LAM - Em 2003, você publicou Dobras do Tempo. Quais os resultados dessa experiência?

Foi meu primeiro livro de poemas e junto prosa poética. Para mim, foi uma passo decisivo para o que hoje fazemos em Vidráguas, de escutar, de acolher, de fomentar e incentivar a circulação de mais poesia a todos. Pois, vivi na pele o que muitos colegas e companheiros vivem e sabem e escutam: poesia não vende.

E por desacreditar disso que diziam todos os editores que rejeitavam a publicação, ou me persuadiam a tentar outro gênero é que fomos projetando o espaço Vidráguas. A Poeta em mim gritava para existir e fui atrás de uma editora e consegui editar Dobras do tempo. Na época, depois de editado, diziam que pagando qualquer um edita, isso me marcou mais ainda, porque Dobras do Tempo para mim não era qualquer um, era meu“eu” querendo existir. E o resultado foi me tornar mais presente no mundo da Poesia e também estar mais atenta ao mundo editorial, porque mais tarde descobri que poucos não pagam para serem editados, pois até Ferreira Gullar pagou pelo seu primeiro livro, Luta Corporal... Então, percebi que há muitos mal ditos sobre a questão poética, por isso conVersando vamos crescendo e tornando possível algo que para muitos tem adoração, mas que fica fora das opções de mercado porque falta poesia nas Escolas, nas ruas, nas praças... E pagar por seu livro é bom, pois assim a implicância é maior, assim o livro é do Autor de fato e de direito.

LAM - Depois você publicou seu segundo livro de poesias, Encaixes, em 2006. Diz pra gente como foi o processo de concepção até a receptividade recebida dessa sua realização.

EncaiXes é um livro que amo muito, penso que nele esta uma voz poética mais madura, mais intimista sim, mas é um livro onde a poesia transborda em cada poema. O livro surgiu depois que decidi deixar a Psicanálise para estar somente na construção da Poesia e usar todos os conhecimentos apreendidos apenas como ferramentas, como instrumentos para seguir escrevendo. Teve uma época que pensara ser possível ser psicanalista e poeta... mas, compreendi que minha ordem de tentar ser era outra, desejava ser Poeta e psicanalista, e não consegui conciliar as duas funções. Saí do grupo onde estava, para ficar apenas trabalhando com a Poesia.
E numa tarde, estava com um caderninho preto todo escrito com letras brancas, Ricardo viu e pediu para ler e dias depois, me traz este trabalho já diagramado e encaixado ao que é Encaixes, livro de poemas que fez nascer a Editora Vidráguas, pois este foi nosso primeiro projeto gráfico e trabalho, lançado em parceria com a Razão Bureau porque no momento não tínhamos ainda os registro de Editora.

LAM - Agora você traz o seu terceiro livro de poemas, Postigos. Como vai o desenvolvimento desse seu trabalho? Aproveita e fala da experiência de realizá-lo.

Postigos vem encaiXar as dobras do tempo, selar o compromisso que temos com a Poesia. É um livro que traz poemas, palavras, imagens, áudio e amigos, no mais puro sentido da palavra amizade. Postigos divide-se em duas parte, Postigos Naturais, versos onde a luz da lua se faz presente ao meu tempo mulher. Postigos Lunares onde percebo que as sombras da poesia de Cecília Meireles e Ferreira Gullar há muito me acompanham e evidencio isso como amor à Poesia e ao meio, está versosqueconVersam, amigos, colegas, trazendo sua voz para conversar com os meus versos, para mim Postigos é uma ato poético. Que sela o nosso trabalho em Vidráguas enquanto site, espaço cultural e também editora.

Postigos é uma soma de desejo que se multiplica e diz com alegria isso. Nele estão Pedro e Tânia Du Bois, Américo Conte, Antonio Amaral Tavares, Aline Morais, Adriana Bandeira, Berenice Sica Lamas, Ivan Bueno, Gerci de Oliveira,Luiz Otávio Oliani, Marcio Nicolau, Nestor Lampros e Valmor Bordin, um áudio na Voz de Saulo Taveira, Carmen em poemas e Ricardo com toda a arte e Vidráguas no selo, lidos por uma apresentação do Professor Donaldo Schüler.

LAM - Fala agora pra gente dos propósitos, ações e receptividade com relação ao extraordinário trabalho desenvolvido com o Vidráguas que você coordena ao lado de Ricardo Hegenbart.

Penso que acima já falo disso e confirmo aqui. Vidráguas é um poema, é um site cultural e também uma editora, que sem a presença de Ricardo Hegenbart não existiria. Pois além de discutirmos todos os projetos que nos chegam, temos o desejo de colocar amor em tudo que fazemos e pensamos cada poema, cada relato, cada livro de uma forma artesanal, onde a essência de quem nos busque não seja alterada, manter a voz de quem nos procura e buscar garantir o Estilo de cada um, é algo muito importante no mundo massificante em que vivemos. E eu por escrever e o Ricardo por ser fotógrafo buscamos sempre impressionar expressões com Arte.
Nosso propósito é seguir trabalhando com amor, valorizar o processo artesanal e principalmente a Voz e o Estilo de quem nos procura e sempre tentar colocar ao mundo mais Estética Poética, por isso, penso que nossas capas trazem sempre um diferencial.

LAM - Fala agora acerca do Clube de Leitura que você coordena com a Berenice Sica Iamas.

O Clube de Leituras é um encontro de leituras que funciona a cada mês. Combinamos o livro, marcamos a leitura e nos encontramos para conversar abertamente sobre nossas leituras. Digo abertamente porque precisamos disso, precisamos, na minha opinião, de menos indicações e mais conversas sobre a literatura. Seja de uma bula de remédio, de uma receita, de uma esquina, de um livro.

Rastro de Leitura é isso, encontros para conversar sobre impressões de leituras. Começou esse desejo com o livro A Sociedade literária e a torta de casca de batatas. Agora estamos em férias e em março retornamos, também pensando em aliar ao grupo um trabalho em que as gerações converSem, trocas saudáveis.

LAM - O que é o atelier Da palavra à poesia?

O atelier da palavra à poesia é um crédito de que o trabalho literário nasce pelo amor à palavras, cresce ao poema e chega à Poesia o gênero mãe, para nós,
de toda Criação Artística. Por isso, conVersar é fundamental, transforma! É isso que fizemos em Vidráguas.

LAM - Quais são suas perspectivas para suas realizações na relação entre o universo editorial de trabalhos impressos e a dinâmica do universo da internet? De que forma um contribui sobre ou outro? Existem dicotomias que inviabilizem um e outro?

Acho que para Poesia nunca houve um espaço maior e melhor do que a internet. Aqui encontramos o espaço ideal que a síntese poética necessita para existir e também a velocidade de leitura que a poesia proporciona. Texto mais longos já sofrem com isso.

Penso que na Internet está uma troca fantástica, todos escrevem para serem lidos e isso está acontecendo. Claro, escutamos e sentimos e acompanhamos que há muitos escritores, que qualquer um escreve, etc... e então sempre digo, que bom, a Literatura é um espaço para todos, é vida, é orgânica e esse movimento tende a desmitificar o império dos poucos que escrevem...

Mas, como também é um mundo fugaz, volátil por demais, também necessitamos ver o que pensamos, criamos, fantasiamos, imaginamos no papel, por isso o Livro sempre existirá, de forma diferentes mas sempre existirá... chegou o império da leitura penso eu, e os editores sabem disso, portanto temos que repensar esse valor e não coibir... O editor está assumindo o papel do antigo Livreiro, ajuda, reúne, é o primeiro leitor e o que vai ajudar o livro existir da maneira que o sujeito deseja, e não ao seu modo, senão fica lá no blog... Bem, sabemos disso, porque vivenciamos em nós mesmo, e quando o editor também escreve algo há de mudar com relação ao valor do livro, não é mesmo?

LAM - Quais os projetos que a poeta e editora Carmen Silvia Presotto tem por perspectiva de realizar?

Hoje estamos lançando mai um Livro de Poesia, Poesia Volátil – amor e versos em expansão... para fevereiro já estamos trabalhando outros e também estamos com a programação de organizar uma coletânea de poetas e de nos debruçar sobre o nosso Projeto Anáguas, trabalhando o erótico de uma maneira possível e muito poética. E quanto a mim, já penso em colocar no Vidráguas uma novela, há muito escrita, Vivas Memórias e também a crônica poética Outono em Bloomsburry onde juntamos, Ricardo e Eu, memórias, escritos e fotografia.

Também estamos trabalhando muito no espaço da blogesfera, tendo como parceiros Marcio e Saulo, do espaço Intermediário, onde há diálogos, encontros, reflexões dessa era internautica que vivemos. Juntos seremos mais e melhores sempre, por isso meu querido Amigo, obrigada por este convite, mas te confesso que era por mais Poesia no mundo, lançamento hoje, portanto uma boa causa.
Te abraço e parabenizo pelo trabalho que desenvolves na Cultura e saibas que é uma honra estar contigo nesta entrevista e sempre a mais Poesia e Arte ao mundo.

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