sexta-feira, maio 30, 2008
PRIMEIRA REUNIÃO
Imagem: do músico, designer de moda e artista plástico sorocabano João Tortello.
LAVRATURA
Luiz Alberto Machado
Eu lavrei a minha vida com sangue e lágrima, luzes e trevas, sementes de nada e de tudo. E o insidioso surpreendente mais acrescentou sangue e lágrima, luzes e trevas e muito mais sementes de nada e de tudo. E o bom é surpreendente, tudo é surpreendente no meu coração, Hy Breazil.
Eu lavrei como quem planta chuvas no coração e recolhe terras secas da carne de guerra no meio das decepções.
Eu lavrei o meu canto entre acenos de adeus e recepções no meio do meu momento futuro em plena pretérita agonia. E restou tudo e nada. E eu fiquei ruminando nas pedrarias de Pirangi onde as águas borbulham nos meus olhos e fazem a correnteza braba que deságua de mim no incerto preciso.
Eu lavrei o meu poema no quebrar da barra quando eu varria os sonhos que as borboletas levavam do meu coração incerto. E quadro cruzaram o arco-íris trouxeram meus sonhos com as tormentas da vida queimando meus pés na hora chegada em Pirangi.
Eu lavrei o meu canto e o meu poema no aceno dos rostos presos na tarde da província onde a noite é insidiosa, as pessoas são insidiosas, tudo é insidioso e a pressão da vida é imperativa nas mortes que desabam para não fornecer vantagem para quem fala na calada da noite queimando o pavio da esperança.
Eu lavrei o meu canto e o meu poema queimando o pavio da esperança quando eu perdia os sentidos no meio dos diálogos sombrios com as minhas estrelas que quedavam muitas na minha cabeça pela estrada de volta.
Eu lavrei o meu canto no poema que se estirou na estrada do canavial onde eu estava perdido no meu coração, Hy Breazil, e planalto central dos anhangás vociferavam a morte de sempre nas palavras suaves que não são a tônica para quem vagueia errante.
Eu lavrei o meu canto no poema do silêncio de armas, o silêncio de vida, o silêncio capaz de revolver luzes porque não conhece a primavera na confusão de inverno e verão quando maio é uma estrada empoeirada com os filhos do barro são incólumes escravos que não sabem o calor das pedrarias solidárias na fineza de Pirangi.
Eu lavrei o meu canto que caiu no chão como um poema de chaga aberta no meio do esconjuro que o vento soprou no suor do meu dedo sem direção.
E no meu canto o poema exorcizou a América do meu peito e conheci a direção de nada porque os sonhos de Bolívar estavam na América do Soul dessas paragens que são a viela da América do Sul que sou.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
VEJA MAIS:
PRIMEIRA REUNIÃO
CRÔNICA DE AMOR
GUIA DE POESIA
PALESTRA: CIDADANIA NAS ESCOLAS
BRINCARTE
RÁDIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM & CURTA!
PUBLIQUE SEU LIVRO – CONSÓRCIO NASCENTE
TCC – FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS