quinta-feira, outubro 20, 2011

SIMONE LESSA: TODO DIA É DIA DA MULHER



SIMONE LESSA – A professora, escritora premiada e artista plástica Simone Lessa, edita o excelente blog Simone Lessa reunindo seus projetos pedagógicos, entrevistas, crônicas, poemas e muitas outras informações. Ela também reúne seu trabalho literário no Recanto das Letras. Por ser uma pessoa bastante simpática, dinâmica, independente e batalhadora, resolvemos entrevistá-la para a campanha Todo dia é dia da mulher. Confira:

LAM - Simone, você é pernambucana radicada em Maceió e que tem uma atividade bastante múltipla. Então, vamos começar pela cidade natal: quais referências significativas de seu lugar de origem que contribuíram para sua formação?

Acredito que tudo que acontece em nossa infância contribui para nossa formação adulta. Falo isso, porque vim para Maceió com 5 anos de idade, então, de Recife só tenho algumas visões. Na verdade, de Pernambuco tenho mais lembrança é de Palmares e de Rio Formoso. Palmares, para onde íamos de férias numa rural velha, os adultos na frente e as crianças espremidas atrás. De Rio Formoso, o Rio Una, o Engenho Cocaú, onde minha mãe nasceu e se criou, o contato com os inúmeros primos e tias. O que ajudou na minha formação com certeza, foi valorizar a união familiar, o dar valor à família, aos avôs, principalmente.


  
LAM - Qual a leitura que você faz de Maceió e de Alagoas como um todo?

A leitura é bem triste. Sempre que se fala em Alagoas ou em Maceió, no Jornal Nacional, por exemplo, é tragédia na certa! Altos índices de mortalidade infantil, de adolescentes grávidas, drogados e abandonados. Por outro lado, se viro a página de minha leitura, me deparo com crescentes manifestações artísticas, com o mais bonito litoral do Brasil, com uma gente hospitaleira e falante. Passei 11 anos longe de Alagoas, e quando voltei, em 1995, vi Alagoas com outros olhos. Comecei a valorizar mais o estado que me acolheu, acolheu minha família. Por todo lado, fazia questão de levantar a bandeira dos “amamos Alagoas”. Acredito que este sentimento só desenvolvemos quando perdemos o que amamos ou estamos longe do lugar que moramos.

LAM - O que na sua infância e adolescência contribuíram para definir sua atividade pedagógica e artística?

Com certeza minha mãe, maior referência de atividade profissional;pois ela foi professora primária por 37 anos!  Lembro-me que já com 6 ou 7 anos, brincava com minhas amiguinhas de escola e colocávamos as bonecas pra assistir as aulas. Depois, no final da adolescência, com 16 anos, passei no vestibular para direito no CESMAC, e no primeiro ano, já fui convidada para ser Monitora de Direito Romano. Quer dizer, o ensino está no meu sangue! A parte artística que começou na adolescência, foi a escrita... vivia escrevendo poesias, e a coisa fluía rapidamente, escrevia até em papel de guardanapo pra não perder o raciocínio, imagina.


 LAM - Como surgiu a escolha pela atividade pedagógica? E por que História e Geografia?

Demorei 23 anos para assumir que sou professora, pois nesse intervalo, casei, viajei, trabalhei com cerimonial público, separei. Quando voltei à Maceió, estava com uma filha de 8 meses e precisava retornar à advocacia. Fui trabalhando, mas fazer o que não dá prazer tem um custo muito alto, e as doenças começaram a aparecer: depressão, dores de estômago etc... Há alguns anos, “chutei o pau da barraca” e resolvi ser apenas aluna de Licenciatura em História. Comecei a ser feliz: a saúde voltou, comecei a me arrumar, fazer pós-graduação...viver! Como sempre fui muito ligada em História e Geografia, optei em estudá-las mais profundamente.

LAM - Qual a satisfação de ser professora num país onde essa profissão é bastante desvalorizada?

Desde que minha mãe formou-se professora na cidade de Ribeirão/PE, que ouço falar nisso: ” filho de pobre estuda pra professor, mas ganha pouco”. Na verdade, tenho em mim a satisfação dos que ensinam, dos que acreditam que precisamos da figura do mestre, do que tem algo a nos ensinar. Caso não acreditasse nisso, teria continuado na advocacia, cobrando R$ 2.000,00 (dois mil reais) por um divórcio. Acredito que não tem dinheiro que pague você alfabetizar, receber um cartão no dia dos professores de seus ex-alunos...tem não!


LAM - Você desenvolveu um estudo sobre inclusão social para PNEs, como resultado da sua pós-graduação. Fala pra gente como foi desenvolver essa pesquisa e os resultados obtidos. A inclusão é possível no Brasil ou é uma utopia?

Minha primeira pós-graduação foi resultado de pesquisa que fazia na área de cerimonial público. Na época, fiz um curso de especialização em Recursos Humanos e vi a necessidade de um estudo sobre os portadores de necessidades especiais. Fui às entidades que trabalham com deficientes auditivos e fui muito bem acolhida. Passei 8 meses dentro dos supermercados de Maceió fazendo relatórios e pesquisas com questionários. Foi trabalhoso, mas bem gratificante, pois, aprendi libras e cheguei perto daqueles com os quais não tinha nenhuma convivência. Na época, 2006/2007, Maceió tinha poucos portadores de deficiências trabalhando, principalmente, diretamente com o público. A rede Bompreço, na época, foi a primeira a fazer a experiência e meu trabalho trouxe os resultados de forma escrita. Até hoje, o antigo Via Box e o Bompreço, possuem os resultados de meu trabalho. Com essa pesquisa obtive o título de habilitação em Didática do ensino superior para portadores de necessidades especiais em audição, pela Faculdade Maurício de Nassau, de Recife/PE.
No caso do Brasil, acredito nas políticas publicas para os PNEs, sim! O Brasil tem leis especiais e avançadas, talvez o que precise, sejam vontades e atitudes, tanto dos amigos e parentes destes, como dos gestores públicos.

LAM - Você é escritora premiada que participou de duas antologias e tem textos publicados até em revistas no exterior. Fala pra gente dessas publicações e do seu oficio de escrever.

Escrever pra mim é um exercício diário desde os 14, 15 anos. Primeiro tinha um caderno, depois, passei a mandar meus contos e poemas para concursos literários mundo afora, e as coisas foram acontecendo. Em 2004 veio o primeiro prêmio, num concurso da AG Editora, e o conto está em vários sites e blog de amigos. O meu maior desafio foi escrever com um tema pré-estabelecido: roupa íntima! Pois é! Daí nasceu “A calcinha de Dona Joana” (http://www.recantodasletras.com.br/contoscotidianos/775209) meu conto mais lido e elogiado no site http://recantodasletras.com.br. A publicação em revista veio em 2009 e reeditada agora, em Agosto/2011 pela Revista Íntima Magazine, que é de Portugal, mas com circulação em toda Europa. Tenho amigos lá e me disseram que os franceses e os portugueses amaram. Que bom!



LAM - Você reúne seus textos no Recanto das Letras e no seu blog. Fala pra gente da proposta do seu blog e, como indagação, a internet tem contribuído para difusão do seu trabalho literário?

Comecei o blog em 2007, mas escrevi pouco. A partir de 2009 levei a coisa mais a sério quando notei que as pessoas liam, acessavam e comentavam. Só colocava contos e poemas, mas fui me interessando por Projetos Pedagógicos e comecei a postá-los, também. Fez muito sucesso com os professores de outros estados. Recebi e-mails, cartas e até telefonemas pedindo pra bolar esse ou aquele tipo de projeto pedagógico. Agora mais recentemente, comecei a fazer entrevistas, colocar assuntos que minhas alunas me pedem: unhas, cabelos, celebridades... Então, meu blog ficou bem eclético: sento diante do computador e vejo os assuntos do dia,os e-mails, penso em algo e posto! Como todos da minha geração, essa estória de internet é meio bicho. Às vezes, quero colocar ou fazer algo no blog e não sei... peço um “help” a minha filha, Bárbara e tudo se resolve! Na verdade a internet tem muitos recursos que ainda não domino e sempre peço pra que meus amigos ajudem a divulgar meu trabalho. Aliás, meu blog é:  http://www.simonelessa.blogspot.com.

LAM - E a artista plástica? Como você concilia Literatura e Artes Plásticas? São momentos distintos de criação ou um complementa o outro?

Na verdade, a pintora apareceu num daqueles momentos de depressão que falei acima. O período da pintora vai de 2002 a 2005 e só! Neste tempo fiz exposições e vendi alguns quadros, mas a maioria está em casa de parentes e das professoras de minha filha (dava sempre de presente, no dia 15 de Outubro). Não tenho saudades de pintar, pois foi uma “saída” psicológica, um escape. Fico admirando, acho bonito, legal, mas passou!

LAM - Fala pra gente acerca daquela matéria do Don Juan na Internet, como foi essa experiência?

Como bom jornalista, Alberto, você desenterrou um defunto de CSI. A matéria é verdadeira, e até hoje, tem gente que pensa que foi coisa minha, que é um conto. De fato, tudo começou num bate-papo na sala da UOL. Conheci um português, passamos a nos falar todos os dias, depois passamos pra o MSN, foto, depois cam. Bem, tudo durou exatos 2 anos, e um belo dia, ele me pediu em casamento. Fiquei chocada, mas feliz! Ele mandou acertar hotel, comprar roupas novas, vestido pra casamento civil e tudo que tivesse direito. E falou por fone: “Vou te mandar o anel de noivado pra seus pais acreditarem em mim, meu amor”. Quem não acreditaria nisso? Bem, fiquei em dúvida quanto uns preparativos e liguei pra o celular dele (morava em Liseu, cidade de Portugal). Quem atendeu? A mulher dele!!! Sim, era casado e tinha filhos com ela, que, aliás, estava grávida de 6 meses. Quase tive um troço e morri, quando a moça, chorando, falou que sabia de mim e que Antônio sempre fazia essas coisas pra enganar as moiçolas pelo mundo afora. Fiquei passada. Liguei pra Bragança, onde tenho um amigo que era delegado e pedi pra ver de perto a estória. Em 24h estava com um relatório confirmando tudo.
Bem, essa é a estória e foi publicada pela Revista da Editora Abril, Sou + eu, que recebe estórias, receitas e várias coisas de suas leitoras. A versão de Antônio não tem, pois a polícia deu em cima dele e fugiu pra Alemanha, mas ajudei a “Desmascarei um Don Juan da Internet”.

LAM - Quais os projetos que Simone Lessa tem por perspectiva realizar

Não acredito muito em pré-estabelecer metas muito longínquas, então, vou aos poucos. Para agora, participar da bienal do livro de Alagoas/2011, como ouvinte e espectadora, fazer as oficinas e observar, sempre!  Estudar e continuar procurando uma escola legal pra ensinar, onde meu trabalho seja valorizado.
Aperfeiçoar-me nos Estudos Afro-brasileiros, minha mais recente paixão. E claro, tentar encontrar uma editora que publique meu romance infanto-juvenil, intitulado “Armadilhas no Castelo”, que se passa na época medieval e está direcionado aos alunos do 6º e 7º anos do ensino fundamental. ”Esperanças movem os vivos. Os mortos têm apenas sonhos” é um ditado chinês do Séc. X que muito diz de mim.
Um afro-abraço ao meu amigo Luiz Alberto Machado e agradecer, mais uma vez, pela confiança.



Veja mais dela no blog Simone Lessa e no seu perfil no Recanto das Letras. E também a campanha Todo dia é dia da mulher.

E veja mais o meu Portfólio Arte Cidadã, mais novidades na Agenda da HomeLAM e os clipes do show Tataritaritatá no YouTube ou baixe todas as músicas gratuitamente na Trama. 






domingo, outubro 16, 2011

V BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE ALAGOAS



V BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE ALAGOAS – A Bienal de Alagoas terá início na próxima sexta, dia 21 de outubro, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió.

OFICINA BRINCAR PARA APRENDER – No dia 24, a partir das 10hs, na sala Lêdo Ivo, realizarei a oficina Brincar para aprender.

Veja a programação completa da Bienal aqui.

E veja mais o meu Portfólio Arte Cidadã, mais novidades na Agenda da HomeLAM e os clipes do show Tataritaritatá no YouTube ou baixe todas as músicas gratuitamente na Trama.

sexta-feira, outubro 14, 2011

MEIMEI CORREA: TODO DIA É DIA DA MULHER





A POESIA DE MEIMEI CORREA

ALMA DE MULHER

Um soluço se perde no ar
E eu não sei de onde vem...
A tristeza se projeta nas nuvens
Quando a alegria surge de repente
Nos raios do sol ou no brilho das estrelas...
Um carinho imaginário,
Um toque, um arrepio...
Uma vontade de sorrir e cantar
Mas o melhor a fazer é calar.
A solidão bate à porta de mansinho
E as ilusões se espalham e se escondem
Para voltarem quando puderem.
E nessa mistura de sentimentos
Uma lágrima escorre pelos pensamentos
E eu me pergunto: como entender?...
E a resposta chega sorrateira:
-É apenas uma alma de mulher!

BRINCANDO COM VERSOS

Um verso
Disperso
Na calada da noite
Pensou ser esperto
E passou de mansinho
Caminhou no meu leito
Bateu forte no peito.

Invisível aos olhos
Sorriu para o coração
Que na distração
Do sonho acordado
Dormiu nessas linhas
Que fingem ser minhas.

Um poema sem métrica
Sem réplica se fez
Escorreu pela alma
Em forma de tintas
Colorindo a madrugada
Que foi enganada
Pelo sono que não veio
Estando em recreio
Com os pingos da chuva
Que uma nuvem esqueceu
No telhado da imaginação!

HOMEM BONITO

Ah!...
Esse homem bonito
me deixa o coração aflito,
sequer pode imaginar
que seus olhos são luz
que ao paraíso conduz
esse louco sonhar...

Ah!...
Esse sorriso que encanta,
me fascina, me espanta
pela força que tem.
E todas essa energia
me traz paz e alegria
como jamais fez alguém.

Ah!...
Essa voz de veludo
é meu cais, é meu tudo.
No coração vou guardar
esses momentos tão doces
como se dona eu fosse
do seu modo de amAR.

HOMEM É COMO VINHO

Homem é como vinho: quanto mais
Maduro, melhor fica sua essência...
Algumas dizem: "Pra mim tanto faz!"
Mas não levam em conta a experiência.

Homem é como vinho... são tão sábios
Esses deuses em suas elegias...
Baco já acalentava tal presságio:
Que a bebida, em noites de boemia,

Regaria os canteiros dos poetas,
Embriagando as rimas tão incertas
Dos versos escondidos no luar.

Homens são como vinho... e se consomem...
Como resposta, o vinho leva os homens
À total embriaguez do verbo amar.

INQUIETUDE

Palavras tão inquietas que nascem
Do âmago de quem não esquece a dor
Que as desilusões há muito te trazem
Deixando a alma vazia... sem calor.

Horas inquietas vão roubar-te o sono
Que adormece nos braços da esperança
Deixam-te o coração nesse abandono
Como um castigo dado a uma criança.

Versos inquietos... rimas que se perdem
Nessa ânsia dos poetas que amanhecem
Buscando a simetria de um amor.

És senhor dos desejos que atormentam
Escravo dos carinhos que alimentam
O canteiro que espera nova flor.

LINHAS DOS MEUS VERSOS

Olhei ao meu redor e percebi
Que não se deve ir longe procurar
Os valores que há muito me esqueci
Estarem tão pertinho a me buscar.

Busquei as ilusões de um novo amor
Que na estrada distante se perdeu
Olhei ao meu redor, mas... quanta dor...
Estava ali o amor que não morreu

Aguardando o momento de uma volta
Superando essa fase sem revolta
Mesmo meu coração estando assim

Perdido em sonhos que, agora dispersos,
Vivem rondando as linhas dos meus versos
Me deixando esquecida até de mim.

LONGE

Estás longe... tão longe dos meus braços
Fora do meu alcance... E os olhos meus
Prendem-se numa imagem... nos teus traços...
Onde será que encontro os sonhos teus?

Longe... mas nem sabia que existias
E te encontrei nas horas caprichosas
De uma noite que me prometia
Brindar às ilusões com verso e prosa.

Longe... tão longe... do meu ser carente
Porém... tão perto desse coração
Sofrido, errante, mas muito contente

Por te ter encontrado no caminho...
Já não posso esconder minha emoção...
Sinto não poder te dar meus carinhos...

NA TOCA DOS LOBOS

Na toca dos lobos, o sol se esconde...
A lua reina, única majestade, testemunha do que as estrelas conversam...
Uivos se misturam num clamor de desejos, sonhos, sentimentos...
O tempo e o espaço se misturam, a natureza se confunde, a luz ainda está longe...
Bailo ao som da música que vem da imensidão, me solto, me esqueço, me enriqueço nessa elevação espiritual...
Você não sabe nada de mim...
Também não quero saber nada de você, porque sou única, sou só, sou eternidade...
Refaço-me a cada segundo que o relógio consegue cronometrar, mas nada importa, o tempo nada me impõe...
Amparo-me nos braços da minha alma, gêmea, fiel, verdadeira...
Meus comandos me fazem loba, soberana, dona de mim mesma, liberta das algemas que os seres impõem a si mesmos...
Na toca dos lobos meus segredos não se comparam às desilusões, porque no livro do meu destino, as páginas perfuradas pelos insetos da falsidade foram queimadas... meu diário não sente falta delas, porque sou livre, sou dona de mim, sou alma, corpo e coração... sou loba que não teme a escuridão, porque a luz se fez eternidade em minha existência...
Na toca dos lobos...
Ah... somente os lobos sabem...

MÚSICA E POESIA

A música e a poesia não admitem
Mentiras, dissonâncias, falsidade...
São as jóias preciosas que permitem
A posse de um tesouro de verdade.

É preciso o silêncio pra que nasça
A música que tange a imensidão.
Sua força tamanha nos abraça
Em sintonia com o coração.

A inspiração, arrimo da poesia
Encanta o mundo sem a distinção
De religião, idade, sexo e etnia.

A música e a poesia são aliadas
Na força de vencer a solidão...
Deus as fez puramente eternizadas...

NAS PROFUNDEZAS DO TEU OLHAR

Nas profundezas desse teu olhar
Mergulho sem ao menos te pedir
Que me permita nele aconchegar
Pois, de teus sonhos quero me vestir.

Nas profundezas desse teu olhar
Eu quero me esconder da solidão
Quem sabe, de mãos dadas caminhar
Pra que eu possa encontrar teu coração.

Nesse teu olhar quero me perder
Bem dentro do teu peito me esquecer
Me aquecer no calor dos braços teus.

Esse teu olhar... Deus, como é profundo!...
Abalou a estrutura do meu mundo...
Tomou conta de mim, dos versos meus!...

OLHANDO ESTRELAS

Olhando estrelas eu estava
Em noite de sonho e imaginação
Ouvi sorrisos de anjos cruzarem o céu
E me deparei com Seus olhos
A piscarem para mim
Brincando de esconder nas nuvens pequenas
Que viajavam tranqüilas nos mares do céu.
Percebi então, que a lua zombava de mim
Porque eu parecia uma criança
Saída do berço do universo
Sendo embalada preguiçosamente pelo vento
Que cantava uma canção de amor.
Sorri e senti vontade de tocar numa delas
Quando uma caiu em meu peito
E me fez sentir cócegas.
Acabamos rindo da cena
E me senti a “pequena princesa”
Cativando a imensidão do céu.
Opa, acho que esbarrei em alguém!
Pedi desculpas e só pude sentir Sua mão
Tocando o meu rosto quase assustado.
E como palavras são desnecessárias no infinito
Compreendi um sorriso acompanhado de bênção.
Senti vontade de chorar de alegria
E acabei dançando com as estrelas
E com a lua zombeteira
Ao ritmo pacífico do vento
E ao embalo macio das nuvens.
Voltei para a montanha onde estava...
Ali não havia mais ninguém
E mesmo assim, me senti protegida.
Acenei para o alto e adormeci feliz
Pensando que talvez
Eu tenha conhecido Deus!

PÁSSARO CEGO

Ah!... Sucesso... Sois um pássaro cego!...
Que abraças os aplausos dos meus sonhos...
Sois a emoção, a glória a que me apego,
Resultado de tudo o que componho.

Sois cores, sois aplausos e sorrisos,
Espelhos d’alma, muitas vibrações...
Teatro da vida, sois o que preciso
Pra que eu me vista inteiro das canções.

Ave cega, abris essas cortinas,
Aos olhos que vos sentem sem esforços...
Sois o meu credo, sois minha doutrina,

Sois de todos os pássaros a luz,
Sois dos artistas voz que sem remorsos
Ecoa, se eterniza e assim... seduz!...

QUANDO OS SENTIMENTOS RONDAM (Ao som da música: When the feeling comes around – Robin Lee)

Quando os sentimentos rondam a gente
Ficamos sem rumo e tão distraídos...
Um sorriso brota e um ar de contente
Nos deixa sem graça, um tanto aturdidos.

Quando os sentimentos rondam, as horas
No relógio ficam tão preguiçosas;
Queremos sair, chegar, ir embora...
Não se tem sossego... nem mesmo as rosas

São mais lindas que esses doces arroubos.
Ficamos assim: parecendo loucos,
Perdidos em sonhos, em pensamentos.

A vida se solta, tudo é bonito!
Coração dispara... sente-se aflito
Quando se aproximam os sentimentos!...

SE NÃO ESCREVO

Se não escrevo, morro a cada instante
Se não escrevo, perco-me na estrada
Que me leva a lugares tão distantes
De sonhos... ilusões... do tudo e nada.

Sonhos que embalam sempre a nossa vida
Ilusões que dominam a saudade...
Saudade... mas de que? Chega a partida
Daquilo que não tive na verdade.

Se não escrevo... como suportar
Essa dor que meus versos vão levar
Para as páginas desse livro, enfim...

Vou sufocar o pranto que não devo
Deixar extravasar se não escrevo
Se não escrevo morro...morro... assim!...

UM CONVITE PARA SONHAR

Ei!
Que tal se você parasse
Um minuto para sonhar?
Se você está triste,
Desenhe na tela do pensamento
Apenas uma nuvem inerte.
Pronto?
Ela é você neste momento.
Experimente orná-la agora
Com os mais lindos pássaros,
É hora de dar asas à imaginação.
Viu?
Você já não está só!
Pense um pouco no infinito,
Mas, por favor, não tire os pés do chão...
Transporte, então, para este quadro
As belezas enigmáticas da natureza.
Não corra!
Não se esqueça dos detalhes
Que lhe são importantes.
Olhe só!
Você já está tão distante...
Flutue... navegue até se for preciso.
Atravesse os oceanos,
Explore os mares de Cabral
E deixe que as ilhas enfeitem seu sonho.
Volte agora para o ar
E desvende o espaço de Ptolomeu.
Procure abranger toda a beleza
Incógnita de seu próprio ser...
Você irá encontrar Deus.
Transforme os cálculos de Newton
Em uma teoria de sua existência.
Construa dentro de você
O mais alto castelo de sonhos
Sem nunca esquecer a realidade.
Deixe que as notas musicais
Deslizem aos seus ouvidos
À simples melodia de Romeu
Dedicadas ao seu amor.
Sonhe...
Mas...

VERSANDO PARA VOCÊ

Eu sou poesia, você é canção
Se rime na rima
Que eu deixo em cima
Do seu coração.

Me abrace mais forte
Se agarre na sorte
Desse amor repentino
Nascido do vinho
Da insônia das noites
Que embriaga as madrugadas.

Me siga nas ruas
Me encontre na lua
Que eu batizo a estrela
Que ilumina seu caminho
E lhe fala do meu carinho.

Me deita no colo
Me afaga os cabelos
Que eu me desdobro em desvelos
Para não machucá-lo.

Caminhe sem medo
Sou eu o segredo
Da procura constante
Da sua imaginação
Mas é tão real
Que acho normal
Gostar de você
Do jeito que gosto.

VOCÊ... MEU COLIBRI

Ao som do vento
um sentimento...
Ilusão?
Não sei.
Só sei que ele existe
e em meu coração insiste.

No silêncio do luar
teu olhar...
Sonhos?
Não sei.
Só sei que olhar pra ti
é como apreciar um colibri.

No acalanto da natureza
embalamos uma incerteza...
Fantasias?
Não sei.
Só sei que tudo é lindo
quando tu estás sorrindo.

NOSSO AMOR DE ONTEM (Inspirado no filme de mesmo nome, o original THE WAY WE WERE).

Dizem que o amor é forte, que é invencível,
Mas tudo no mundo tem seu limite...
O que pensamos jamais ser possível
Já não depende do que se permite.

Todo amor nasce muito forte um dia,
Devassando as árvores nos caminhos.
O tempo passa, chega a calmaria...
Somos galhos perdidos, tão sozinhos!

O amor de ontem tentou tudo na vida,
Calando no peito a dor da ferida
Que o amor de agora não suporta mais.

A renúncia, então, não pode esperar
O amanhecer das mágoas detonar
Se o amor nem sempre pode ser capaz.

LONGA ESPERA

Fiquei esperando para revê-lo
No domingo que transcorria triste
Eu juro: tentei até esquecê-lo
Mas quem gosta pra valer não desiste.

E as horas teimavam em não passar
Insistindo em não me trazer você
Tudo estava triste e até no cantar
Dos pássaros não havia por que.

Refleti sobre o pouco que o conheço
E o muito que em mim por você nasceu
Posso sentir isso quando amanheço
Escrevendo cada verso que é seu.

Nem mesmo a noite quis que você viesse
Nem mesmo o meu chamado o alcançou
Mesmo assim, gostaria que soubesse
Que sem querer, o amor você plantou.

"Amanhã poderei vê-lo" - pensei
E fiquei esperando a madrugada
Ela se fez caprichosa bem sei
Pois estendeu os meus passos na estrada.

Na luz da manhã que vinha chegando
Eu tentei sentir a sua presença
Mas senti que o tédio estava voltando
Marcando pra mim outra sentença.

Deixei que a esperança me alimentasse
E saí tentando encontrar seu rosto
Não havia nada que me agradasse
Nem mesmo as músicas me davam gosto.

O pôr do sol não possuía beleza
As montanhas me impediam de vê-lo
Estava triste toda a natureza
E eu aqui, na longa espera, sem tê-lo.

IDAS E VINDAS

Veio o acaso...
Depois veio você.
Veio o sorriso...
Depois a emoção.
Veio a presença...
Depois o por que
Dos meus sonhos,
Da minha inspiração.

Veio a simpatia...
Depois o amor.
Veio a ausência...
Depois a procura.
Veio a tristeza...
Depois a dor
Da certeza
De mais uma aventura.

Veio o tempo...
Foi-se a minha esperança.
Veio a tempestade,
Foi-se a bonança.
Veio o vazio...
Você foi embora.

Veio o reencontro...
Um convite... um passeio...
Veio o dia...
A noite... você não veio...
E o que será
Do meu coração agora?

HOJE O MEU PRANTO É DOCE

Hoje o meu pranto é doce
porque ele extravasa
toda  sensação de amor
que alguém possa sentir...
Hoje a insônia é companheira
porque ela vem me trazer
a sua lembrança aconchegante
no silêncio das horas que se vão...
Hoje o desejo não vai explodir
porque meu corpo se guarda
para o momento do nosso encontro...
Hoje a dor não faz sofrer
porque o amor é dor que não dói
como já dizia o poeta
e hoje eu derramo o meu amor por você
pela eternidade da existência...
Hoje as melodias estão diferentes
elas levam a todo o mundo
o grito da minha alma
dizendo o quanto eu amo você...
Hoje o sonho não quer o sono
porque ele está lutando
pela realidade de nós dois...
Hoje meu sorriso se perde na madrugada
porque os meus olhos derramam sobre ele
as lágrimas que regam o beijo que ainda não dei.
Hoje talvez a noite não permita
que o dia amanheça, que o sol venha me aquecer...
O sofrer que está dentro de mim
me mata aos pouquinhos, noite após noite
mas... se eu morrer... não me importo...
eu morro vivendo por esse amor!...

EU PRECISO DE UM SONHO

Um soluço se perde no ar
E eu não sei de onde vem...
A tristeza se projeta na nuvens
Quando a alegria surge de repente
Nos raios do sol ou no brilho das estrelas.
Um carinho imaginário
Um toque... um arrepio...
Uma vontade de sorrir e cantar
Mas o melhor a fazer é calar.
A solidão bate à porta de mansinho
E as ilusões se espalham e se escondem
Para voltarem quando puderem
E nessa mistura de sentimentos
Uma lágrima escorre pelos pensamentos
E eu me pergunto: Como entender?
E a resposta chega sorrateira:
"É apenas uma alma de mulher!"

AO TELEFONE

Meus pensamentos
me levam até você
e de repente
meus passos me conduzem
pelos seus caminhos.
Tento evitar mas não consigo
e me pego na tentativa de encontrá-lo.
Eu saio a procurá-lo em cada olhar
e até mesmo, à mesa de algum bar
mas tudo é silêncio para mim,
vazio e sem sentido.
Eu volto para a casa
tentando captar as suas ondas.
Busco na lembrança um número
mas não quero lhe falar,
apenas ouvir um "alô",
perceber um ruído de respiração
há muito conhecido
e, quem sabe até,
sentir seu coração.
Meus dedos obedecem a um impulso
e os deixo percorrer as teclas sonolentas.
É tarde da noite...
Um sinal se perde em seu espaço
e eu me estremeço,
ouço a sua voz
buscando em vão uma resposta.
Em minha garganta uma palavra contida.
Você desiste,
eu volto à realidade
e desligo o telefone.

A MULHER E O HOMEM

A mulher ama com intensidade
E o homem ama apenas com loucura...
Ela se entrega toda a uma vontade
De sempre demonstrar sua ternura.

A mulher exagera nos carinhos
E o homem busca a fonte dos desejos
Ela percorre todos os caminhos
Em busca das  essências e do ensejo

De dar-se por inteiro ao seu amado.
O homem nem sempre entende o nosso lado,
Ficando sempre à margem sem saber

Que nós somos de Vênus – Puro Amor...
Lá de Marte o homem traz senão a dor
De jamais a nossa alma compreender.

ENGANAS

Enganas com teu jeito doce e até
Jeito de quem parece mesmo bobo;
Tocas o coração de quem tem fé
No teu olhar, sorriso... és um tolo...

Enganas invadindo puras almas,
As almas femininas que se entregam
Ao sonho de te ver, perdendo a calma
E a paz que, antes de ti, sempre tiveram.

Enganas quando dizes: - "És Rainha!"...
Não se vê que, por dentro da bainha,
Muitas linhas estão embaraçadas...

Enganas, mas ninguém sabe o que eu sei:
Quantas lágrimas que por ti chorei,
Quantas mágoas por ti foram causadas...



MEIMEI CORREA – Trata-se de uma simpática mulher, radialista de primeira, mineira de Três Corações e romântica das canções de todas as horas.
Conheci pela rede, especificamente pelo Clube Caiubi de Compositores. Não sei como foi, acho que pela minha mania de futucar e de pesquisar pela rede.
Só sei que findamos curtindo um o trabalho do outro e quando dei fé, estava ouvindo na web o seu programa dominical na emissora de Campos Gerais.
Surpreso fiquei quando ouvi uma música minha. Oxente! E depois fui embalado por sua voz encantadora.
Não foi por acaso que achei seu blog. Depois sua participação em várias comunidades da internet.
Acompanhando, então, seu trabalho, resolvi instá-la por uma entrevista. De primeira, ela que é do ramo ficou assim meio que intrigada, mas logo aceitou cegamente a minha proposta. Demonstrou que é corajosa. Eis, então, Meimei Correa de corpo inteiro:



LAM - Meimei, primeiro vamos pra Três Corações... Quais lembranças e fatos que marcaram e suas perspectivas com sua cidade natal?

Primeiramente quero salientar que, nasci em Três Corações, mas como meus pais moravam em Cambuquira, aos dez dias de vida, fui para lá... lá fui criada e fiquei até os 19 anos, quando então fui definitivamente para Três Corações para terminar o segundo grau. A família da minha mãe sempre morou lá, então eu ficava na casa do meu avô, o saudoso Zé Carvalho, um português de gênio forte. Isso se deu em 1984 e no ano seguinte, levei meus pais também, já que nada mais os prendia em Cambuquira.
Em Três Corações, tive várias atuações na Rádio Tropical AM e FM, o que já ocorria desde a idade de 13 anos, quando comecei a escrever e tinha uma locutora que lia meus poemas aos domingos, à tarde. Isso acontecia comigo enviando os poemas para que fossem declamados por ela... por sinal, muito bem interpretados. Depois, outros locutores declamavam poemas meus ao longo do dia, em vários programas. À noite, tinha o programa do meu amigo Oliveira Silva, acontecia de oito até meia noite. Sempre às 23:30 hs, tinha o momento de ternura, que era o momento de declamar poemas. Eu saía do colégio, ia ficar lá até o fim do programa e ele declamava quase todas as noites os trabalhos meus, tinha noite que eu mesma declamava como acabava também participando do programa com minha voz em comentários. Começamos, então, a receber cartas dos ouvintes, endereçadas ao “momento Meimei Corrêa”... sutilmente os ouvintes modificaram o nome do programa (risos). E assim, por anos tive os poemas declamados ao longo da programação diária da Rádio Tropical... é um tempo que gosto de recordar, tempo em que tudo marca de fato, o colégio, os colegas, os namoros, as paixões repentinas, os barzinhos com música ao vivo e eu com alguns amigos, como até mesmo o próprio Oliveira Silva, também poeta, a poetisa Avani Grandi e uma amiga muito alegre que tínhamos, a saudosa Margarida, que Deus a tenha, varávamos a noite em pleno estado poético. Fazíamos poemas nos guardanapos durante os shows que íamos nesses lugares. Uma vez, Luiz Ayrão se apresentou na Lanchonete Calabreza... como fizemos poemas naquela noite e o próprio Luiz Ayrão ia declamando-os! ( tenho foto).
Bom, estudar no CCAA, fazendo curso básico de inglês, me abriu uma porta maravilhosa. Aos seis meses de curso, já fui contratada para dar aulas para as crianças e adolescentes e, em um ano de curso, eu já dava curso para os adultos também. Fiquei lá um bom tempo e o CCAA me deixou grande saudade, muitas pessoas que conheci, alunos maravilhosos que não me deixavam trocar de turma ao final dos períodos, sob a forte ameaça (rs) de todos deixarem o curso se não fosse eu (imagina quanto carinho recebido!).
Também trabalhei, logo que concluí o segundo grau, com o saudoso Deputado Dr. Jorge Gibram. Fui indicada a ele pela minha ex-professora de redação, Maria Eliza, a quem sou muito agradecida pois, com o Dr. Jorge, tive mais que um patrão, tive um amigo. Eu fui assistente administrativa dele, acabando por cuidar de tudo para ele... era época de campanha política e muito aprendi. Eu que sempre já tinha costume de trabalhar em política, conheci ao lado do Dr. Jorge, o que é realmente uma política bem feita.
Outra grata passagem, meu ingresso na Academia Tricordiana de Letras e Artes, ocupando a cadeira número 10, que tem por patrono meu pai, Argemiro Martins Corrêa.
Grandes momentos vividos... fazíamos vários concursos de poesia, tínhamos sempre uma festa cultural... saudade imensa de todos, alguns já se foram para o plano maior. Também trabalhei na escola de idiomas Follow Me, tenho saudades também.
Porém, em Três Corações perdi meus pais, num período de dez meses entre um e outro, o que me abalou muito.
Bem, falar que perdi... não perdemos, na verdade, passamos por uma separação. Em compensação a vida se refez e lá nasceu meu filho.
Saí de lá em 2001, para residir em Campos Gerais.
Minhas perspectivas para minha cidade natal... que ela se desenvolva, que seja administrada por bons prefeitos pois, é uma cidade que tem faculdade, tem a Escola de Sargento das Armas (ESA), tem indústrias, enfim... tem tudo para ser uma grande cidade, só precisa mesmo de competência na administração. Se já estiver tendo, que bom... estou por fora do que passa lá no momento.

LAM – O que fez você seguir a carreira de radialista?

O fato de ter tido sempre participação nos programas dos amigos com meus trabalhos, sonhava em ter meu próprio programa há tempos. Tive participações, como já disse, na Rádio Tropical AM e FM de Três Corações, tive participação diária na Rádio Nacional de Brasília, no Programa Madrugada Nacional, do meu saudoso amigo, Adélcio Ramos. Era por telefone, eu declamava por volta de meia noite e meia... o programa ia até às cinco horas da manhã e o que fazemos hoje aí pela internet, de conhecer pessoas e contatá-las, fazíamos por telefone, através do programa. Conheci gente do Brasil inteiro por causa disso.
Tive participação também na Rádio Vanguarda, de Varginha, também com poemas meus declamados pelas vozes de Luiz Alberto Oliveira, programa que acontecia de manhã, de cinco e meia até oito horas... e também do Carlos Alberto, no ponto de encontro, às dezoito horas. A saudosa Mariângela Calil, também chegou a declamar poemas meus... linda voz ela tinha e também foi uma grande poetisa e escritora.
Os programas do Collid Filho, Rio de Janeiro, rádio AM, Tupi, também em São Paulo com Barros de Alencar e Eli Correia, tive a grata satisfação de vez ou outra, ter meus poemas interpretados por eles.
Quando cheguei em Campos Gerais, a primeira coisa que fiz, foi tratar de participar também das duas rádios existentes na cidade. Declamava no programa do Cebolinha, Rádio Montanhês, todos os domingos pela manhã e depois, na Rádio Cidade, onde hoje eu estou, às sextas-feiras, onze horas da manhã, no Programa do Sandro Napolitano.
Era vendedora de uma loja quando me surgiu a oportunidade de fazer um programa aos domingos. O diretor ouviu minha proposta e prontamente me concedeu espaço. Isso já tem 5 anos. Havia nascido, então, o programa Domingo Romãntico.
Esse foi o ponto máximo para mim, fazer um programa do meu jeito, com emoção, com minha alma, para mexer mesmo com as emoções das pessoas...




LAM - Você tem um programa radiofônico, Domingo Romântico. Fala da proposta e da receptividade do público com o programa.

A proposta desse Programa é simplesmente o desejo de tocar o coração das pessoas, tocando sucessos românticos de todos os tempos. Com uma forte tendência para o flash back, músicas dos anos 60, 70, 80 e 90, fui direto à emoção das pessoas, que começaram a me ligar, a suspirar, sorrir e chorar, por causa das músicas. Algumas confidências são feitas pelos ouvintes por se sentirem à vontade, identificando-se com o programa, assim também com a locutora dele. Toco também sucessos românticos do momento, afinal, o romantismo não tem época, ele é eterno. E para quem gosta, um prato cheio. Faço-o com amor, faço de cada manifestação de carinho dos ouvintes, a realização de mim mesma. Coloco minha alma nele e assim, me transporto. Vivo o romantismo, o amor, através dele. Com uma lista fiel de ouvintes, percebo a cada domingo, como vem aumentando a sua audiência, ainda mais agora, com o programa podendo ser transmitido pela net, através da qual tenho várias amizades pelo Brasil todo. Hoje posso dizer, é um programa campeão de audiência. Ainda encontrei uma pessoa como você, que tem me divulgado muito, só podia dar um resultado positivo. Já são cinco anos no ar, fazendo parte da vida de todos.


LAM - Você também é escritora. Quando se deu a descoberta pela literatura?

Dizer que sou escritora é exagero, meu querido... sou apenas uma pessoa que herdou do meu pai, Argemiro Corrêa, o dom de fazer poemas...  isso, desde pequena, sempre gostei. Meu pai transformava tudo em trova, as respostas dele em cartas, eram por meio de trovas ou sonetos. Ele tinha um tio, Antonio Martins, que também gostava das letras, vocês podem conferir isso num blog que Filipi Ribeiro, neto dele, fez. E há bem pouco tempo, encontrei a família desse tio pela internet e descobri que há muitos na família com o mesmo dom. Este foi um grato acontecimento em minha vida.
Eu já publiquei muitos textos em jornais, coordenei antologias de cidade pelas editoras Shogun e Crisalis, RJ, tenho várias participações em antologias diversas.
Meu primeiro poema, em forma de prosa, foi aos treze anos. Dali em diante, não parei mais, tinha noite que fazia quatro, cinco e até seis poemas por noite. Depois passei um tempo longo sem escrever, cinco anos, me deixando levar por coisas alheias à minha vontade.

LAM - Que influências da infância e adolescência, bem como da sua cidade natal, levaram você para a literatura?

Bem, meu pai sempre promovia eventos literários em Cambuquira, assim como sempre estava em conferências espíritas lá e em outras cidades. Aos oito anos, fiz meu primeiro discurso preparado por ele, para um conferencista.
Eu mal sabia ler, mas tinha uma memória fantástica para decorar e assim, ele me ensaiou para isso. Pouco tempo depois, mais um discurso...
Na época escolar, eu tinha boas idéias para as redações, sendo sempre destacada na matéria todos os meses.
Assim, aos treze anos surgiu....



LAM - Você edita o blog Baú de Ilusões. Qual o propósito e como você vê a receptividade do seu público nesse canal?

Baú de Ilusões é um título antigo, desde adolescente, cismei que seria esse o nome do meu livro... E assim foi quando, a Casa da Cultura de Três Corações, pela prefeitura, resolveu editar o meu livro Baú de Ilusões, junto com minha amiga Avani Grandi, assim de surpresa. Não tive acesso ao digitador na época por ter sido uma surpresa e o trabalho todo foi digitado de última hora, correndo, e não foi feita uma revisão. Na noite de autógrafos, descobri muitos erros no livro, o principal deles, o título de um poema que fiz para o meu pai quando ele foi para o plano maior, intitulado “O canto do poeta” cruelmente havia virado “O Canto da porta”. Foi um choque para mim, não queria autografar, quis ir embora, mas não me deixaram... a cota do livro que tocou pra mim, queimei-a. A cota que tocou para minha amiga, ela ainda distribuiu. Foi uma grande frustração. Passaram-se os anos decidi que não faria outro livro, embora muitas pessoas tenham me cobrado para publicá-lo. Foi então que decidi editar o blog, com mesmo nome do livro... mas ele está parado, precisando ainda de muita coisa, para melhorá-lo.
Digamos que está em reforma.

LAM - Você é integrante da Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências. Fala pra gente dessa sua participação.

Eu fui convidada por um dos membros da Academia, muito meu amigo, inclusive é um dos fundadores da Academia Tricordiana de Letras e Artes, Aníbal Albuquerque, a receber o título de membro correspondente. Isso há três anos. E lá, estou entre velhos amigos, até mesmo de Três Corações como o escritor e poeta José Keitel e o Sr.Nelson. Também integram a Academia, agora in memorian, meus grandes amigos Zanoto, que escreveu a coluna Diversos Caminhos, no jornal Correio do Sul, pessoa maravilhosa que recebeu várias comendas e homenagens. Também o poeta, escritor, autor de novelas para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, contista e maior sonetista que já conheci, Cicero Acaiaba.  Éramos muito amigos.
(Ver a respeito no blog do meu amigo Ailton Rocha – http://palavraemelodia.blogspot.com/2009/04/cicero-acaiaba-o-mestre-nos-deixa.html). E a homenagem ao Zanoto no Varejo Sortido: http://varejosortido.blogspot.com/2011/01/adeus-zanoto.html
Sinto-me em casa, embora participe pouco devido ao fato de estar um pouco longe .





LAM - Você também integra o Mural de Escritores. Como é participar dessa comunidade?

Pois é, a gente acaba ficando em falta com alguém ou com alguma coisa na vida... Não tenho tido maior pariticpação no mural, embora saiba que me tem maior apreço. Não é por descaso, de jeito nenhum, mas de repente, não conseguimos cuidar de tudo com o mesmo carinho. Eis uma boa oportunidade para que me redima dessa falha.

LAM - E a CAPPAZ? Fala pra gente da sua participação lá.

Fui indicada a fazer parte da Confraria de Artistas e Poetas Pela Paz, pelo amigo Aníbal Albuquerque, tornando-me presidente da seccional Campos Gerais. Em seguida, me indicaram para ser a vice-presidente nacional, juntamente com minha ilustre amiga, Regina Coeli, como presidente. Infelizmente, dentro da CAPPAZ, instalaram-se disputas, inveja e desavenças, causando danos profundos a todos os integrantes. Tivemos que conviver com preconceitos e intrigas. Quando Regina Coeli deixou o cargo, também deixei o meu, assumindo a regional Minas até que outra fosse indicada para o meu lugar. Não me permito ficar onde há esse tipo de coisa.
Mas, o que mais me deixa aborrecida é que, a CAPPAZ é uma confraria que, no caso de você deixar de participar ativamente, toda a sua obra, a sua página, o seu perfil, deixa de existir. Penso que não deveria ser assim, afinal há coisas que são feitas excepcionalmente para aquilo, nem nos preocupamos em registrar em outro lugar. Já pensou que toda pessoa que deixa de participar ativamente da Academia Brasileira de Letras, até mesmo as que passam para o plano maior, tivessem suas obras deletadas para sempre, só porque não estão mais entre nós... É um absurdo você ser excluído, ainda mais sem um prévio contato. A obra, ela não se acaba com o autor dela... portanto, deixei de tirar o chapéu para a CAPPAZ.





LAM - Você também é professora, fala pra gente dessa experiência.

Eu não sou professora formada, apenas tenho curso de formação de professores, pelo CCAA, que me habilita a dar aulas em cursinhos, até mesmo a ter meu trabalho terceirizado pelas escolas, ou seja, eu não tenho vínculo direto. Dou aulas de inglês em casa, auxiliando os alunos que tem dificuldades com relação ao idioma. Tenho também dezenas de cursos feitos no Centro de Educação Profissional – CEDUP – que me habilitam a ser monitora de cursos de informática. Trabalhei um bom tempo lá nessa área. Decidi, então, trabalhar em casa, para acompanhar o crescimento dos meus filhos, eles ficavam muito tempo sem mim por perto. Com isso, decidi pelas aulas particulares, digitação de trabalhos para alunos de faculdade e também pesquisas, e as vendas.

LAM - E a atividade de consultora de vendas? Dá para conciliar essas atividades todas ou cada coisa é feita a seu devido tempo?

Com certeza, dá para conciliar sim. Aperta bastante porque represento quatro empresas de cosméticos e utilidades domésticas. Mas com certeza, é uma grata experiência.



LAM - Qual sua percepção acerca da internet? Esse veículo tem proporcionado difundir seu trabalho? Qual sua experiência na rede?

A internet é algo maravilhoso que surgiu para todos, infelizmente, tem sido meios de muitas perversidades, muitas maldades, enfim, o ser humano se usasse sua inteligência apenas para o bem, o mundo seria maravilhoso. É um meio perigoso, onde se deve ter todo tipo de cuidado, mas todo tipo mesmo. Penso que isso se deve ter também na vida até mesmo fora do virtual, afinal, nem sempre sabemos com quem lidamos e a decepções ocorrem dentro ou fora dela. Mas como veículo de informação, de divulgação, não tem igual. Acho que como todo mundo, também tive meus contratempos através dela, mas em compensação, sou tão grata a ela, sou uma internauta de carteirinha, pelo fato de ter os meus trabalhos divulgados com sucesso, pelo fato de ter reencontrado amigos e colegas de infância, isso não se daria de outra forma, jamais... O fato de ter descoberto a família do meu pai que nem pensei existir e, ainda, o fato de conhecer pessoas tão maravilhosas. Tenho tido sorte, porque meu círculo de amigos é saudável, é maravilhoso e tenho sido agraciada com o carinho de todos, sempre as pessoas querendo fazer algo por mim. Muitas amizades virtuais já se tornaram reais, e tudo o que tem me acontecido, é algo impagável.
Veja só, estou diante de uma pessoa que me conhecendo, estendeu suas mãos e tem me levado por todos os caminhos que se possa imaginar, em matéria de divulgação do que faço. Viramos parceiros em tantas coisas, poemas, músicas, blogs, enfim, onde está um o outro também está, nessa união tão abençoada, contribuindo com a cultura do país. Assim também, não meço qualquer sacrifício para também estender as minhsa mãos a quem precisa, a quem mereça. Sou grata a você, Luiz Alberto, por tudo o que tem me acontecido ultimamente, uma pessoa que chega a ficar durante todo o meu programa, que tem a duração de quatro horas, divulgando o site pela internet e me deixando a par de tudo, dos recados, dos comentários,  por telefone... poxa... palavras são poucas para lhe agradecer.

LAM - Por falar em divulgação, você vem divulgando muitos cantores, compositores e artistas em seu programa. Fale sobre isso.

Bem, quando comecei o programa, o primeiro contato que tive foi com o cantor e compositor Jorge Simas. Um trabalho bonito, ritmo gostoso... pessoa de valor... foi sumindo ao longo desse tempo, só e unicamente pelo fato dele não acreditar nele mesmo. Coisas da vida, o que lamento profundamente que ele não tenha continuado. Era muito incentivado por sua ex-esposa, a Dra. Ana Campitelli Simas. Com a separação, ele parou com seu trabalho. Com o carinho e grande amizade cultivada entre mim e a Dra. Ana Simas, fui apresentada ao ator Anselmo Vasconcelos (do Zorra Total, forma mais fácil de referenciar). Um dia, conversando com ela pelo msn, tinha dia que conversávamos horas a fio, Anselmo me adicionou e me chamou dizendo: “Surpresa!”... fiquei muito feliz com a chegada dele à minha vida. Dali em diante, passei a ler algumas crônicas dele no meu programa, por sinal, lindíssimas, penso até em repetir a dose qualquer hora dessas. Assim, passei a divulgar o trabalho dele aqui por essa região e como o programa não estava na internet na época, fui mais incisiva na divulgação pela internet mesmo.... Assim, onde ele tem um peça em cartaz, um filme em cartaz, eu logo divulgo entre os tantos amigos que tenho por todo o Brasil, o que tem levado pessoas de fato ao evento.
Assim, a Dra. Ana também me apresentou para uma gracinha de pessoa, atriz, hoje ela não atua em TV, trabalha mais com teatro, com cursos, que é a Neuza Caribé... um amor de pessoa e muito minha amiga.
Fui então descobrindo novos cantores e compositores, eles foram chegando ao meu recanto, muitos já nem sei mais como me descobriram, e descobri o Clube Caiubi (http://clubecaiubi.ning.com/profile/MeimeiCorrea), também não me lembro como.
Sonekka é uma gracinha de pessoa, talentoso e tudo o que leio sobre ele, emociona. (Veja a entrevista do Sonekka: http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=30385&cat=Artigos&vinda=S).
Também toco sempre músicas dele. Venho divulgando: meu querido amigo Nilton Pinheiro, de Mogi Guaçu, que já passou por várias parcerias, hoje com Juliano Sene, percebo ser a melhor delas; conheci Dido Oliveira, um baiano que mora no Rio, outra pessoa com quem estreitei amizade, até mesmo de telefonar sempre, com seus sucessos maravilhosos, estilo forró, mas tem também cada música romântica linda.
Assim, vieram para o meu mundo, você, Luiz Alberto, com sua obra encantadora, apaixonante; conheci Augusto Pitta, com quem também tenho o prazer de dizer que é um grande amigo, um trabalho maravilhoso o dele, mora em Salvador, também é tradutor.
Conheci no Caiubi, a linda obra de Edson Lopes, um compositor sensacional; e quando entrei no Facebook, acho que pelo fato de estar lá sobre o meu programa, as pessoas vão se identificando com nossa atividade e assim, conheci o DJ Nemésio do Rio de Janeiro que tem uma web rádio; através dele conheci o DJ e jornalista Nilton Filho da web rádio Multy Som, que tem me ajudado muito, me passando dicas, me orientando, me apresentando a muitas pessoas maravilhosas também.
Através do Nilton, conheci o Marco Leal, um cantor e compositor que mora na cidade de Bananal, interior de São Paulo, vem melhorando a cada dia o seu trabalho. Também fiquei conhecendo a atriz Bia Sion, maravilhosa, hoje com o CD “A Levada do Jazz’, uma voz encantadora.
Através de você, Luiz, me vem a amizade com Sônia Mello, que agora estou divulgando. Também estou encantada com o trabalho dela, lindo mesmo.
Enfim, meu pouco tempo, o círculo de amizades cresceu, quanta gente tem vindo e ainda tem muita gente boa para divulgar, é só uma questão de tempo. Tenho ainda como afilhado por ter levado para a CAPPAZ, mesmo saindo de lá, ele ainda me chama de madrinha, o cantor e compositor Leonardo André. E assim, como na música, o trabalho de divulgação se dá com poetas também... Temos muitos poetas maravilhosos para divulgar. O que mais vem se destacando, não porque outros não tenham o mesmo naipe dele, mas até mesmo por falta de oportunidade, e também porque tenho um contato diário com ele, é o nobre poeta, meu amigo Nizardo Wanderley, com quem tenho parcerias pela net, com poemas de temas relacionados, então fazemos um trabalho a quatro mãos. E eu sei que muitos ainda virão para fazerem parte desse trabalho.

LAM - Quais são suas perspectivas em Campos Gerais?

Minhas perpectivas em Campos Gerais, é de ver essa cidade crescer, poder proporcionar aos seus moradores uma melhor condição de sobrevivência, de saúde, trabalho, estudo... É uma cidade acolhedora, mas que ainda há muito por fazer nela e por ela.

LAM - Quais projetos você tem por perspectivas realizar?

Eu tenho um blog do meu pai iniciado. Quero ainda resgatar sua memória, deixando aí para a eternidade, a sua obra maravilhosa entre trovas, poemas, contos e crônicas. Também quero resgatar a memória de Cícero Acaiaba, o qual já citei nesta entrevista, e vou contar com o amigo Ailton Rocha para isso. E muitos ainda me cobram um livro de poesias... Eu não sei se ainda deixarei minha obra em livro, é algo que vou decidir. A experiência que passei não me deixou com vontade disso, mas enfim, nada como um dia atrás do outro, vai se saber, rs.
Também pretendo expandir meus trabalhos em rádio, sempre lutando pelo que há de melhor em música, em cultura. E há outros projetos que por enquanto, prefiro que fiquem no anonimato... isso depende de muitas outras coisas, por isso, não me arriscaria a citá-los agora.



Veja mais de Meimei Correa aqui. O Programa Domingo Romântico aqui. E também da Campanha Todo dia é dia da mulher aqui.

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