sexta-feira, outubro 31, 2008
POEMAS DE TCHELLO D´BARROS
POEMETOS QUASE-ERÓTICOS
(Extraídos dos livros “Letramorfose” e “Vide Verso”)
vênus
nos
vê nus
.............................
amemos
a menos
que o amor
de vênus
seja menos
com
camisa-de-vênus
.................................
monumento
tu
nua
num
momento
sem
nem
um
movimento
..................................
nua vens
eu nas
nuvens
...................................
10
tua
nudez
..................................
à meia-noite
amei-a
à meia-luz
...................................
uma dama
em chama
me chama
pra cama
................................
há fogo
em teu
afago
................................
ateou-me
o teu fogo
meu fôlego
se foi logo
....................................
posso ir
te
possuir
?
.......................................
teu corpo
não se
comporta
mas me
comporta
......................................
seios
sei as
luas
nuas
suas
duas
........................................
sumi
semi
nu
numa
duna
duma
dona
.............................
nós
nus
:
um
+
um
=
hum!
.............................
era
hora
do
amor
ora
era
eros
ora
era
hera
.............................
indecente
tua
lava
me
lava
me
leva
me
love
incandescente
...................................
na
cama
a
calma
com
fusão
de
corpo
e
alma
....................................
como
tô carente
corro
tocar em teu
corpo
..............................
revelo
me
em
teu
relevo
............................
preciso
do
que
tens
de
precioso
............................
:
vampira
me
tara pira
me
tira para
me
expia inspira
me
aspira expira
!
........................
silencio
ao
te
ver
se lê cio
lascívia
ao
te
ver
lá se via
........................
ela violão
eu vilão
:
cello viola violão
..........................
fiu-fiu
belladonna
:
assoviar
e
chupar cona
..............................
o poeta
tinha o poema
na ponta da língua
e
na ponta da língua
tinha a musa
o poeta
.......................................
homem
são
elas
que
nos
comem
................................
o
cio
é
o
limite
............................................
POEMETOS QUASE-ROMANTICOS
(Extraídos dos livros “Letramorfose” e “Vide Verso”)
coração
ocupado
o cupido
o culpado
.................................
coração
:
nem dano
nem nada
no dono do
danado
...................................
castigo
não estar
contigo
..................................
senti
vazio
sem ti
...................................
amor
não
se
computa
...............................
objeto
mulher
objeto
................................
baste
ver-te
!!!
neste
susto
verte
luzes
deste
rosto
.............................
é
tu
ou
nada
.....................................
você
+
eu
=
vocêu
.................................
ela
:
meu
elo
..................................
partes de mim
se partem se
partes de mim
....................................
aporta
saudade
aperta
o peito
flechado
fechabre
a porta
...................................
dispara
meu
peito
que
ao
ver-te
diz: pára!
.................................
acaso
acasalamento
lamento
..................................
acaso
cedo
ou
tarde
cedo
e caso
em
suma
me
assuma
ou
suma
.............................
amor
ou
caso
acuso
o
acaso
cada
caso
é um
caos
.........................
a maria
quem
diria
que
um
dia
me
amaria
................................
a danada
da amada
uma dona
que me dana
uma dama
que me doma
nada muda
essa madame
me dá medo
se me ama
........................
culpa do
cupido
:
bem feito
é certo
que a seta
só acerta
quem aceita
essa seita
no centro
do peito
........................
a alma geme ao
ver
a alma gêmea
........................
ânsia
em
si
seu
cio
ensina
me
o
ciúme
........................
indecente
ainda sente
essa ninfa
essa peca
essa fada
inocente
e não sente
........................
há nela
meu
anelo
...........................
ela
:
é lá
meu
elã
.......................................
efetivamente
me
afeta
o
afeto
da
afetiva amante
..........................................
uma
mulher
madura
me nina
.........................
ecoa a dor
do lado
debaixo
do meu
coração
..............................
fiu
fiu
:
bem
te
vi
...............................
uma miss omissa
assume-se musa
mês-à-mês usa-me
mas amo essa moça
mesmo se isso
amacie meu siso
cicia o seu sim
assim me sacio
.....................................
POEMETOS QUASE-PENSAMENTAIS
(Extraídos dos livros “Letramorfose” e “Vide Verso”)
finito
fito
o
infinito
..........................
me dê cifra
ou
te devoro
.........................................
dome
o
medo
do
demo
..............................
peso
logo
existo
..............................
dize-me
:
diviniza-me
o dízimo
?
....................................
arara
a rara
..........................
obsoleto
tudo
que
eu
sabia
absoluto
................................
todos
nós
somos
hum
us
.............................
nem
sempre
as
coisas
são
comoção
............................
sempre essa
de
divagar
e
sem pressa
.............................
arte
?
deus
me
louvre
!
...........................
poética
intica
em
política
ética
é titica
.............................
vir tu ali dá de
10
na
virtualidade
........................
sou
anticonstitucionalissimamente
só
........................
do
poema
rimas
do
amor
rimos
da
vida
rumos
........................
moda
me dá
medo
mede
o meu
modo
muda
o meu
mundo
........................
belezas
à
beça
se
abrissem
as
cabeças
e
coubesse
que
a cobiça
se
acabasse
........................
prece
não tem
preço
ora
peça
à
beça
........................
muito mito
:
num minuto
ao limite
do infinito
........................................
meu cérebro
são dois
e mistérios
um ébrio
um sério
............................................
até
me
deu
um
choque
mas
pra
ser
bem
chique
tem
que
ter
bom
cheque
...............................
ter
ou
não
ter
eis
ambição
......................................
político
politicamente
mente
.....................................
Tio
Sam
nos
USA
???
.......................................
arde
uma temática
:
arte
é matemática
?
....................................
deleto
o
que
não
me
é
dileto
......................................
sou dado
à
paz
.....................................
medito
e
penso
com incenso
e
sem senso
...........................................
penso
logo
hesito
........................................
destino
:
atino
que
o
meu
é
desatino
............................................
IDEOGRAMAS OCIDENTAIS
(Extraídos dos livros “Letramorfose” e “Vide Verso”)
mais
luz
do
que
o
sol
do
meu
céu
só
o
som
do
seu
sim
.........................
eu
não
sei
o
que
deu
no
trem
que
se
foi
com
meu
bem
mas
veio
sem
.........................
por
fim
eu
de
ti
já
me
fui
mas
tu
de
mim
não
há
de
sair
mais
............................
ela
diz
que
ama
o
rio
e
diz
que
ama
o
mar
ela
só
não
diz
se
quer
ser
o
meu
par
.............................
me
dou
bem
com
meu
bem
se
ela
não
diz
não
mas
me
dou
mal
se
ela
diz
que
não
vai
dar
nem
à
pau
................................
quem
ama
mas
é
só
tem
em
seu
ser
uma
dor
que
mói
que
rói
que
dói
que
dó
.............................
tu
em
mim
eu
em
ti
num
afã
que
num
nó
nos
ata
e
num
imã
nos
une
...............................
mais
um
dia
mais
um
mês
mais
um
ano
e
mais
uma
vez
um
tum
tum
me
diz
que
te
amo
.........................
era
uma
vez
ela
+
eu
e
um
dois
três
e
deu
no
que
deu
...........................
no
bem
bom
com
meu
bem
dia
sim
dia
não
tem
vai
e
vem
.........................
a
flor
do
bem
me
quer
ou
mal
me
quer
me
diz
que
ela
me
ama
e
tô
aí
pro
que
der
e
vier
............................
eu
te
amo
ela
diz
a
ele
aos
seus
pés
mas
ele
diz
a
ela
ou
dá
ou
10
.........................
tem
dia
que
tem
sol
tem
dia
que
tem
lua
tem
dia
que
ela
diz
não
tem
dia
que
vem
nua
............................
cor
de
mel
o
tom
de
tua
tez
e
só
me
faz
bem
te
ver
mais
uma
vez
.........................
sei
bem
que
tem
que
ver
pra
crer
mas
mais
que
me
ver
quem
me
quer
quer
me
ter
.........................
cor
não
tem
a
ver
com
dor
mas
com
luz
com
som
com
tom
com
dom
.........................
mal
bem
sei
que
não
tem
mas
um
hai
kai
me
diz
pra
ser
zen
.........................
em
meu
ir
e
vir
que
vai
do
pó
até
a
luz
já
vi
paz
pés
PIS
pós
pus
.........................
mas
por
que
pra
uns
deus
dá
mais
pra
uns
deus
dá
ais
e
pra
uns
deus
dá
aids
???
.........................
ah
meu
bom
deus
oh
meu
bom
pai
no
dia
em
que
eu
for
pó
é
pro
céu
ou
pro
sul
que
se
vai
?
.........................
era
uma
vez
ser
ou
não
ser
mas
já
não
tem
a
ver
na
era
do
ter
ou
não
ter
.........................
tu
que
me
lês
não
me
vês
a
cor
da
tez
nem
o
som
da
voz
mas
um
não
sei
quê
nos
faz
ser
nós
.........................
não
vem
que
não
tem
mas
quem
mais
tem
mais
quer
só
não
vê
quem
não
tem
.........................
não
sei
se
vai
ter
flor
no
dia
do
meu
fim
mas
sob
7
pás
de
pó
ali
jaz
mim
..........................
a
lua
me
vê
ao
léu
tão
só
no
fim
da
rua
e
dá
pra
ver
lá
no
céu
a
luz
do
sol
na
lua
...............................
o
que
se
lê
tem
vez
que
tem
mais
cor
e
mais
som
do
que
o
que
se
vê
.............................
no
eco
do
oco
em
mim
não
há
o
som
de
tua
voz
eu
tô
a
sós
mas
o
eco
diz
nós
nós
n ó s
.................................
o
que
é
o
que
é
que
quem
tem
é
vip
mas
quem
não
tem
é
vil
............................
foi
deus
quem
me
deu
meu
eu
ou
foi
meu
eu
que
me
deu
meu
deus
?
.............................
vê
lá
o
que
tu
diz
e
o
que
tu
faz
pois
pra
ser
do
bem
não
se
dá
o
que
não
se
tem
......................
pra
mim
um
drink
de
rum
ou
de
gim
vai
bem
ao
som
de
um
jazz
ou
de
um
blues
.........................
o
frio
pó
do
chão
cor
de
breu
deu
à
luz
um
pé
de
ipê
com
flor
cor
de
sol
.....................
no
sul
não
se
diz
ôxe
nem
ô
meu
rei
mas
lá
se
diz
bah
tá
tri
bom
tchê
...........................
é
dia
de
show
e
não
vai
ser
jazz
nem
rap
mas
já
que
é
rock
and
roll
é
pra
lá
que
eu
vou
........................
há
que
se
ter
paz
no
que
se
diz
e
fé
no
que
se
faz
TCHELLO D´BARROS - Tchello d´Barros é poeta, escritor, artista plástico e ator catarinense radicado em Alagoas, que começou a vida sendo premiado com desenhos, até realizar exposições no Brasil e no exterior, participa de antologias poéticas, publica livros, atua no teatro e milita nos mais diversos eventos culturais e artísticos, a exemplo de chegar a presidir a Sociedade Escritores de Blumenau. Foi incluído na antologia Poesia de Alagoas, editado pelas Edições Bagaço, 2007.
VEJA MAIS:
SÍTIO DO TCHELLO D´BARROS
ENTREVISTA DO TCHELLO D´BARROS NO GUIA DE POESIA
TCHELLO D´BARROS NO VAREJO SORTIDO
TCHELLO D´BARROS NO FÓRUM DO GUIA DE POESIA
TCHELLO D´BARROS NO YOUTUBE
quinta-feira, outubro 30, 2008
POETAS NA FREVIOCA & OUTRAS DICAS TATARITARITATÁ!!!
Foto: Luciano Ferreira
POETAS A BORDO DA FREVIOCA - Na Praça do Diário, em Recife, a partir das 17h do dia 31 de outubro, sexta-feira, os poetas cordelistas Allan Sales, Altair Leal, Adiel Luna, Felipe Junior (lançando o seu cd "Na Boléia da Rima e do Riso") e Michael Jonh estarão promovendo um recital poético-musical a bordo da frevioca, mostrando sua criação em literatura de cordel num projeto piloto de Allan Sales com apoio da Fundação de Cultura Cidade do Recife, no intuito de difundir a poesia em sua dimensão de oralidade nos locais públicos da cidade empregando um equipamento da municipalidade. Serviço: O que? Grande recital com Allan Sales, Adiel, Altair, Felipe Júnior e Michael; Onde? Na Praça do Diário Quando? 31 de outubro às 17h Info: Poeta Felipe Júnior www.di-versificando.blogspot.com
THE LETTER AS WORK OF ART – (Instalação) FERNANDO AGUIAR Galeria Pedro Serrenho - Arte Contemporânea Rua Almeida e Sousa nº 21-A, Campo de Ourique – Lisboa Inauguração no dia 1 de Novembro pelas 15.00 horas. E a exposição de pintura “NADA”, do artista VITOR PINHÃO Info: Fernando Aguiar Apartado 50.253 1707-001 Lisboa PORTUGAL
FÁBIO PESTANA RAMOS – o Império Ultramarino Português retratado no livro 'Por mares nuncadantes navegados'. A Editora Contexto iça as velas da história e apresenta o livro Por mares nunca dantes navegados: a aventura dos Descobrimentos, escrito pelo historiador Fábio Pestana Ramos. O autor é doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Seu currículo registra intensa atividade de pesquisa e passagens por arquivos históricos do Brasil e de Portugal, como a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, o Arquivo Público do Estado da Bahia, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, o Arquivo Histórico Ultramarino, a Biblioteca Nacional de Lisboa e a Biblioteca Central da Marinha Portuguesa. Pela Editora Contexto, publicou No tempo das especiarias e, como co-autor, História das crianças no Brasil, obra agraciada com o prêmio Casa-Grande & Senzala. Serviço Livro: Por mares nunca dantes navegados Autor: Fábio Pestana Ramos Formato: 16 x 23 cm; 224 páginas Preço: R$ 37,00Informações Fábio Diegues Assessoria de Imprensa Tel.: (11) 3832-5838 ou 8399-4331 imprensa@editoracontexto.com.br Info: Fábio Diegues.
DESCAMINHOS - 04/11- Expô desCAMINHOS do Presidente da AAVG: Waldemar Max. ASSOCIAÇÃO DOS ARTISTAS VISUAIS DE GRAVATAÍ Caixa Postal Comunitária N° 78 - CEP 94330 970 - Gravataí – RS Fones: (51) 92157001 Info: Maria Regina Moura Canteiros Editora canteiroseditora.blogspot.com
SOPA DE LETRINHAS (o sarau do Caiubi).Nesta seta, dia 31/10 no Villaggio Café Poeta homenageado que será: Roberto Ferreira Lima. Roberto Ferreira, 50 Anos, casado, dois filhos, professor de Geografia. Como o tempo é sempre curto e a vida não pode ser levada muito à sério, Roberto Ferreira adotou o estilo curto-irônico de escrever, influenciado por Drummond, Oswald de Andrade, Cacaso, Mario Quintana, Paulo Leminski, Manuel Bandeira e pelos poetas participantes do Sarau da Cooperifa.Obras publicadas: O instante existe- Phoenix Editora, 2003 É terno enquanto penso - Phoenix Editora, 2004 A poesia que se pariu - Phoenix Editora, 2006 O quarto, Ed. do Autor, 2008 POESIA Oswaldo Rosa/Dênis Ferreira/Paulinho das Frases Simone Teixeira/Mônica Martins/ Osmar Reiyex Vlado Lima/Carlos Savasini/Leoploldo Skolberg Dhara Barros/Aline Romariz/Ulisses Tavares Rose Dórea/Lu Souza/Tyta Bittar/Mavot Sirc/Vitória Paterna Lúcia Santos/Gurjão/Andrade Jorge MÚSICA Ozias Stafuzza Ana Lee Dandara Marcio Policastro O Homem da Gravata Amarela DISTRIBUIÇÃO DE BRINDES PARA AS MELHORES LEITURAS DA NOITE SOPA NA FAIXA DEPOIS DA MEIA-NOITE ENTRADA: R$ 5,00 VILLAGGIO CAFÉ RUA TEODORO SAMPAIO 1229
WWW.VILLAGGIO.COM.BR TELEFONE: 35713730
CONVERSA RIMADA NA ABL – Nesta sexta, 31/10, Felipe Cerquize e Luhli estarão na Academia Brasileira de Letras para a solenidade de premiação de livros editados em 2007, entre eles o Conversa Rimada,da dupla, recebendo Menção Especial da União Brasileira dos Escritores no Prêmio Afonso Félix de Souza. Endereço: Dia e hora: 31/10/2008, às 16h. Local: Teatro R. Magalhães Jr., da ABL.Av. Presidente Wilson, 203 – Centro, Rio de Janeiro - RJ. Mais informações no blog http://www.felipecerquize.blogspot.com.br
OSCAR ARARIPE - Flores para Nezahualcóyotl / Bienal de Arte Contemporânea de Chapingo e Centro Cultural de Texcoco / México - de 7 a 19 de novembro de 2008.Homenagem ao Rei Poeta Nezahualcóyotl, " O Coiote Faminto, Sedento" (de Justiça, Cultura, Sabedoria, Beleza) - Mural de 6mx3m pintado em acrílico sobre film laser / Universidade Autônoma de Chapingo. Também convidada à Bienal, Cidinha Araripe, gestora da Fundação Oscar Araripe, estará contactando artistas para uma exposição de arte mexicana a ser realizada em 2009 na galeria da Fundação, em Tiradentes, Minas Gerais, Brasil.Bienal de Chapingo, Arte com Raíz na Terra / Participantes, Programação: www.bienalchapingo.com Fundação Oscar Araripe: http://www.oafundacao.org.br/
LANÇAMENTOS - Lançamento dos livros Oiro de Minas: a nova poesia das Gerais, antologia organizada por Prisca Agustoni Terra além mar, de Iacyr Anderson Freitas Um dia, o trem, de Fernando Fábio Fiorese Furtado 15 de novembro de 2008 (sábado) No Espaço Cultural Letras e Ponto 12 horas Espaço Cultural Letras e Ponto Rua Aimorés, 388 – conjunto 501 (esquina com Rua Ceará) Funcionários – Belo Horizonte MG Tel. (31) 3273-2374 No 9º Encontro das Literaturas de BH 18 horas Chevrolet Hall, 2º piso Av. N. S. do Carmo, 230 – Savassi Belo Horizonte – MG.
CASA DAS MUSAS - Revista Casa das Musas - No. 8 nesta Edição: traduções: Italo Calvino, J-P Sartre e Ezra Pound. E mais: A poesia de José Geraldo Neres e Lauro Maia Marques Breve memória da Bienal Internacional de Poesia, por Alexandre Marino O samba é uma crônica por Eduardo Manhães Escrever é escrever por Francisco Bosco Conto de Carolina Dumaresq Crônica de Yvette Maria Moura e Marcus Rocha Os Escritores por Franklin Jorge Paul Newman por Sabestião Vicente Pensar o invisível por Tobie Nathan Entrevistas: Leda Tenório da Mota, Nilto Maciel e Régis Bonvicino Confira acessando: www.casadasmusas.org.br
X FESTIVAL CARIOCA DE POESIA - TEATRO GLAUCIO GILL, Pça Cardeal Arcoverde, Copacabana.18 Nov / 19:30h: MULHERES DE APPERJ 25 Nov / 19:30h: CONVERSA PROIBIDA 02 Dez / TREM DA POESIA / LANÇAMENTO DA REVISTA LITERÁRIA PLURAL N° 3 / SARAU VIA PLURAL: TEATRO da estação de Marechal Hermes até o Teatro Armando Gonzaga TEATRO ARMANDO GONZAGA 02 Dez / 17h: Sarau Via Plural - Amigos do Café; Poeta saia da gaveta; A poesia conversa com o verso; Poesia Simplesmente; APPERJ Durante o festival os integrantes da APPERJ estarão participando com apresentações em dias variados, consultar o folder em AMIGOS DO CAFÉ Coordenação: Grupo Poesia Simplesmente & APPERJ. Info: Sérgio Gerônimo Pres. da APPERJ www.apperj.com.br
VEJA MAIS:
VAREJO SORTIDO
segunda-feira, outubro 27, 2008
PRIMEIRA REUNIÃO
Imagem: Caneta e sangue, de Vincent Castiglia
AUTOCOMISERAÇÃO CATÁRTICA
“Eu faço versos como quem morre” (Manuel Bandeira)
Luiz Alberto Machado
Tenho que chorar
Toda culpa do mundo está debruçada sobre mim
As pedras nos pés mancos e os caminhos para seguir são lucros oriundos da vida.
Preciso lavar a culpa enxaguando as mãos golpeadas e seviciadas pelo bote certeiro do aríete dos sonhos com seus archotes de esperança que as hélices portáteis dos meus braços doem na carne lanhada do século XX e deixam um cisco na fronteira da percepção: os traçados de ontem com seus olhos de amanhã.
Estou encarcerado no bagaço do meu corpo encharcado no mormaço do sisifismo que embota dos olhos e já não tenho motivos para esconder-me.
Ser-me já não basta porque a vida está nos seus olhos que me fazem incólume vivo.
VEJA MAIS:
PRIMEIRA REUNIÃO
POESIA & MÚSICA
domingo, outubro 26, 2008
DICAS DA SEMANA & TATARITARITATÁ!!!!!
MONICA MONTONE – a escritora, cantora e dançarina paulista, Monica Montone é formada em Psicologia pela PUC-RIO, é coordenadora e editora da coluna PONTO M no site de cultura www.culturall.com.br e atuou no projeto Paixão de Ler da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, 2003. Também participa nos recitais de poesia: Ver o Verso, Ponte de Versos, Poesia Simplesmente, PoemaShow, Poesia Esporte Clube, Verso Livre, Festa da Luta Anti-manicomial na praia de Copacabana, festa de aniversário da livraria Argumento, Alto-Falante, CEP20000, Poesia com letras, Quarta-Capa, Republica dos Poetas, Dizer Poesia,Letras Poéticas, Poesia no Corcovado, Poesia Digital, Poesia Voa, Santa Poesia, Movimento Inverso, entre outro. É autora do livro de poesia "Mulher de Minutos" e colunista colaboradora do fanzine PNOB; São Paulo. Edita o blog Fina Flor.
FERNANDO FABIO FIORESE FURTADO – o é poeta, doutor em Semiologia, escritor e professor da Faculdade de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora – MG, Fernando Fabio Fiorese Furtado lança o seu novo livro de poesia “Um dia, o trem”, no mês de novembro em Belo Horizonte (dia 15), São Paulo (dia 24) e Juiz de Fora (dia 29).
PAULO SÉRGIO VALLE - A Litteris Editora tem o prazer de convidá-lo para o coquetel de lançamento do livro SE EU NÃO TE AMASSE TANTO ASSIM... de Paulo Sergio Valle, em SÃO PAULO, no dia 28 de outubro, terça-feira, a partir das 19h, na Livraria Cultura (Conjunto Nacional - Av. Paulista, 2073 - SP - Tel: (11) 3170-4033) O livro Se eu não te amasse tanto assim... chega fazendo revelações, contando segredos, mostrando personagens reais em contos emocionantes. Considerado um dos maiores nomes da MPB, Paulo Sergio Valle vai mostrar, em seu mais novo livro, histórias de vidas, personagens famosos e anônimos, lições de amor inesquecíveis. Com apresentação de Armando Nogueira e Jael Coaracy, este livro nos leva a rever o nosso ponto de partida, mostrando, ao longo de suas páginas, o que devemos fazer para ter mais uma chance de contemplar a linha do horizonte. Além de ter nas mãos uma obra revigorante, você vai poder ouvir gratuitamente cinco grandes sucessos do autor, incluindo “Se eu não te amasse tanto assim”, feito em parceria com Herbert Vianna, e mais um vídeo muito especial, tudo em um card para download. Maiores informações, compra de exemplar e agenda completa em http://www.litteris.com.br
I PRÊMIO LITERÁRIO O QUE É QUE A BAHIA TEM? - Rica em diversidade cultural, amalgama de música, literatura e religião, a Bahia notorizou-se no Brasil e no exterior com cantores como Caetano Veloso, Maria Betânia e Ivete Sangalo e escritores como Jorge Amado e Zélia Gatai. Homenagendo esse estado que é motivo de orgulho para todos os brasileiros, a Litteris Editora está promovendo um concurso literário exclusivo para o público baiano. Batizado de "I Prêmio Literário O que é que a Bahia tem?", neste prêmio você pode escrever uma obra em tema livre, em qualquer gênero literário. Cada participante poderá concorrer com um máximo de 02 obras. Os escritores poderão enviar suas obras, GRATUITAMENTE, até o dia 5 de NOVEMBRO de 2008 enviando-as por uma das três formas: (1) pelo e-mail concursos@litteris.com.br (caso você não consiga enviar pelo formulário); (2) para a sede da Editora, na Av. Presidente Vargas, 962/1411 - Centro - 20071-002- Rio de Janeiro - RJ (válido carimbo postal); ou (3) para a Caixa Postal 150 - 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ (válido carimbo postal). Ao enviar suas obras por correio, envie junto o seu nome completo, pseudônimo, endereço de correspondência e telefone de contato. Como premiação, as melhores obras serão convidados a integrar o livro “O que é que a Bahia tem?”, que será lançado durante a 9ª Bienal Internacional do Livro da Bahia, em abril de 2009, em Salvador. Maiores informações em www.litteris.com.br
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VAREJO SORTIDO
POESIA & MÚSICA
sábado, outubro 25, 2008
POETAS DE GOIÁS
ANGÉLICA TORRES LIMA
DIAS CONTADOS
O poema da morte
é apenas um trovão
assustando a vida:
olhos se arregalando
estampidos nos ouvidos.
Melhor, talvez, chamar o medo
de expectativa
já que nessa estrada
não há outro desvio.
Dias contados.
Descontados os feriados
e dias profanos,
resta-me o dom de fabricar
o meu destino,
refazendo os planos
perdoando os erros
e os danos,
dando remo e rumo
às mãos
e ao pleno.
Contados os dias
em letras,
os números letais
se abrem
ao infinito.
Disfarço
a farsa, pondo fé
e desfaço, acho,
o carma da morte
no imposto da vida.
ENTARDESCENDO
A tarde não se olhou no espelho.
Sabia que a beleza aquele dia
era artefato insubmisso
a Miguel e Luzefel
E fez-se mel no crepúsculo
resplandecência, esmero.
Vestiu-se epifania no facho azulado
e nos raios dourados do sol
sobre os cabelos.
NAMORO COM OS PATOS
Queria te levar comigo, marreco
mas no Brasil estrangeiro serias.
Estranharias talvez o calor
o abandono do povo
irias te sentir perdido.
Saudades do Lago Monona terias;
do jogging, do footing
no cais do Mendota, tu chorarias.
É melhor te guardar a lembrança
nesta poesia.
MULHERES
Neste início de tarde
fim de manhã do verão
o sol me divide
nas várias mulheres
que me antecederam
e nas que virão
grávidas de luas
na fase obscura
com um abismo
no peito
ANOITECEU
Os homens inauguram-se bruscos
como monumentos.
Toscas palavras de sal.
Dormem secas as cascas
lacrimais da madrugada
desvirginada por galos e cães
Em geometria abismal
bebem as torrentes
do sono aceso.
E o sangue foge
para um campo
vazio e sem lamas,
enquanto a Via Láctea
espreita
o leite latino
da transmutação
GRANADA NO PEITO
Estaria eu melhor
se estivesses aqui comigo
neste Café, onde Lorca
se sentava
ao sol morno de dezembro
entre os pássaros
e pombos da praça
com o peito em chamas
os olhos inflamados
o incerto destino dos sós
O POEMA QUER SER ÚTIL
O poema quer ser útil
ao mobiliário
da noite solitária
nesta casa.
Pergunto à Musa, respeitosamente:
— Compaixão?
Ou inveja desta
acre-doce amarga
solidão?
HAICAI
Tomara que caia
um haicai
na tua saia.
AO NAVEGANTE
Desveste o coração
das plumas e dos pesos
da existência
Deste portal em diante
só existem paisagens:
os riscos esboçados
dos pórticos do olhar
Neles não cabe ciência,
sequer filosofia,
mas o simples gozo
de vagar
FAZENDA DOIS IRMÃOS
no casamento
da árvore com a terra
a minha crença na vida
na sua sobrevivência
sem cuidados humanos
a reverência
aos elementos
no seu crescimento para o alto
serenamente imponente
o ensinamento vivo
de u`a meta
e um comportamento
no trabalho das raízese
e no vôo das folhas
a compreensão
de que aos pés deu-se o chão
a mente o infinito
no gosto do fruto
presença de água e mel
drink ligeiro dos pássaros
cheiro de infância
na minha saudade
Olhar léguas e mais léguas verdes
cercanias de matas, vento
cantando baixinho
no ouvido, na fazenda
da miaha infância
Tanto verde em redor do Morro Alto
lado a lado no topo
dois bambuzais solitários
irmãos companheiros
No céu rastos vermelhos
restos de sol
No ar o cheiro do mato
a transparência da noite invadindo
No centro do reino verde
o cavalo e eu
a descer a calmaria
da velha natureza
lentamente
O som do trotar de Cacique
nas pedras friinhas
u`a melodia pura
os meus desejos ocultos
os sonhos puros de criança
riquezas simples da infância
Sensação de cria da terra
de filha do vento
Impressão de ser folha
de ser mato
Certeza de ter brotado
de solo fértil
feito flor
Ah, os campos, os pastos
os córregos de água fresquinha
o curral, a casa grande, o quintal
a goiabeira perto da bica
o milharal e as jaboticabeiras
o prazer de beber com as mãos em concha
a água pura da cacimba
No parque das altas mangueiras
perto do córrego sombrio
a morada sagrada
das fadas, gnomos, duendes, sacis
o meu recanto predileto
repleto de mistério amigo
onde os sonhos conversavam comigo
E eu a comer cajamanga
verde, azedo, com sal, contemplando
a beleza rústica do engenho
cana, garapa, rapadura
A casa do vaqueiro
escondia em mim eu mesma:
ela era o cenário imaginário
de minhas estórias
de príncipes e princesas
No jardim da casa-grande
as rosas e os cravos
por meu pai cultivados
com tanto amor
Na escadaria dos fundos
a vista do Morro Alto
com os bambuzais irmãos
e o requeijão quente
da Lucinda, tentando a gente
Da varanda, a beleza vermeLha dos
enormes flamboaiãs, o curral do gado tratado
o leite gostoso, na hora tirado
Na janela do meu quarto
tinha sempre visita de um colibri
Não muito longe, no riacho
o ensaio dos sapos para a noturna sinfonia
Ah, fazenda querida
bordei você na lembrança
como foram no céu as estrelas bordadas
nas suas noites de verão
Guardei você, eom cuidado,
no pór do sol de Goiás
pra que todo dia sua presença reviva
e eu a enterre imortal
dentro de mim
ANGÉLICA TORRES LIMA – a poeta goiana Angélica Torres Lima cursou Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília (UnB) e Direção e Cenografia em Artes Cênicas, na Fefieg (atual Unirio). Formou-se em Comunicação pela UnB e especializou-se em edição de livros e periódicos pela Universidade de Wisconsin (EUA). Trabalhou em diversos jornais, geralmente em editorias de cultura. Publicou Sindicato de Estudantes (1986), pelo qual recebeu o Prêmio Mário Quintana de Poesia, do Sindicato dos Escritores de Brasília, e Solares (poesias, 1988), com o grupo Bric a Brac. É autora do texto de Koikwa, Um Buraco no Céu (Editora UnB, 1999). Autora dos livros de poesia Paleolírica (Brasília: Alô Comunicação, 1999) e O Poema quer ser Útil (Editora LGE,2006). Atualmente exerce a profissão de Jornalista em Brasília.
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POETAS DE GOIÁS
quarta-feira, outubro 22, 2008
URBANESSENCIA DE VIVIANI DUARTE ACIOLLI
VIVIANI DUARTE ACIOLLI – a psicóloga, artista visual e arte-educadora alagoana, Viviani Duarte Aciolli, é professora de ensino superior e coordenadora de projeto sócio-cultural, estará realizando a exposição Urbanessência, a partir do dia 03 de novembro, na Galeria Capibaribe da UFPE – Em Recife, até o dia 21 de4 novembro. Imperdível.
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VAREJO SORTIDO
segunda-feira, outubro 20, 2008
PRIMEIRA REUNIÃO
Imagem: O Canavial, de Marcos Anthony.
SALMO DA CANA
Luiz Alberto Machado
Trabalhar a cana sempre nos olhos do amanhã
Trabalhar a cana sempre no breu da barriga
Havendo luz ou sol sempre e o adubo perfeito
Cogitando nas mãos para a cana florescer
A cana e a febre se confundem nas docas
Como canção de cambiteiros que cantam solar
O suor e a cana atravessada no peito
Como tortura de sangue na terra de ninguém
A casa e a cana divisam seu sonho
Transformam a fome em nó de espingarda
O trabalho perfeito justinho nas sementes
Que floram no verde de sangue escondido
Trabalhar a cana sempre nos olhos do amanhã
Enquanto a roupa já se esqueceu de viver
O cangaço a carcaça o trabuco já se faz ofegante
Não suja a cabeça nem trai coração
Sem horizonte sem festa sem ninar
Trabalhar a cana sempre no breu da barriga
Fazendo crescer a desdita risonha
De quem nem na cana pega pra chupar
Trabalhar a cana esmolando um sorriso
À beira da penúria de quem já se foi
Enterrado entre a cana e o bocejo
Trabalhar a cana sempre nos olhos do amanhã
Ilhando a cidade o ventre e o coração
O lacre dos sinos de ventos felizes
São campos de ares senis
A cana. E o ventre já não se refaz
A cara a mesma a cana a mesma
O sol o mesmo a luz e o luar
Somente a cana não pode mudar.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.
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PRIMEIRA REUNIÃO
POESIA & MÚSICA
domingo, outubro 19, 2008
LITERATURA DE CORDEL
O GALO DA MADRUGADA
José Honório
No Galo se ve de tudo
Em termos de carnaval
Tem o frevo que domina
Sendo o prato principal
Nesse banquete de ritmos
Que levantam nosso astral.
Tem abre-alas, baianas
Toureiros e mandarins
Passistas, porta-estandartes
Tocadores de clarins
Tem colombinas faceiras
Pierrôs e arlequins.
Palhaços, xeiques, piratas
Odaliscas, enfermeiras
Bailarinas, normalistas
Diabos, padres e freiras
Onças, anjos, gatas, noivas
Tiazinhas, feiticeiras.
Tem folião casual
Que nao vai fantasiado
Usa bermuda e camisa
Um sapato já sambado
Se embala com o frevo
E faz o passo rasgado.
Gente que vai pelo frevo
Pelo embalo da folia
Gente a fim de se dar bem
No xumbrego da orgia
Seja qual for o motivo
No Galo se extasia.
Aos que lhes falta coragem
De juntar-se r multidão
Por medo, por preconceito
Por qualquer limitação
Há camarotes pra quem
Puder gastar seu carvão.
Mas o bom é ir pro meio
Do povo que se atropela
Quando do trio se ouve
“Voce diz que ela é bela...”
A pernambucanidade
É aí que se revela.
Tem casado que dá drible
Na mulher e vai sozinho
Diz que vai fazer um bico
Combina com seu vizinho
Passa o dia na muvuca
Chega em casa mamadinho.
Tem também mulher que vai
Escondida do marido
Veste um short, calça o tenis
E diz pra ele: - Querido
Eu vou lá na costureira
Para provar um vestido.
Tem gente cheirando lança
Pra ficar numa maior
Cheira loló, cheira cola
Eu nao sei o que é pior
Prefiro cheirar cangotes
Molhadinhos de suor.
Lá no Galo todos brincam
Numa só cumplicidade
Criança, jovem, coroa
Folião de toda idade
Acompanhado ou sozinho
Quer seja ou não da cidade.
Muitos dos que lá não vão
Gostariam de poder
Mas o que pode e não vai
Eu não consigo entender
Só lamento que não saiba
O que está a perder.
Infelizmente também
Tem os pais desnaturados
Que levam os filhos e não
Tem os devidos cuidados
Não os protegem do sol
E nem dão água aos coitados.
No Galo também tem gente
Que não vai pra brincadeira
Sao lanceiros bem atentos
Aos que estão de bobeira
E depois que dçao o lance
Lá se foi sua carteira.
Tem quem vai com o propósito
De provocar confusão
Passa a mao na bunda alheia
Dá pisada e beliscão
Cantando mulher dos outros
Dando soco e empurrão.
Fazem para aparecer
Para mostrar valentia
Pensando ganhar cartaz
Perante alguma guria
Porém nem mesmo conseguem
Estragar nossa alegria.
Mulheres que se aproveitam
E dão corda aos donjuans
Comem, bebem às suas custas
Olhando pra suas cãs
E na “hora da verdade”
Desaparecem nas vans.
Tem cara que força a barra
E às minas dá bebidas
No intuito de deixá-las
Fogosas, desinibidas
E assim tê-las nas malhas
De suas mãos pervertidas.
Tem travesti exibindo
A forma siliconada
Sobre dois palmos de salto
Levando vaia e dedada
Dos gaiatos de plantão
Que não deixam passar nada.
Tem sapatões que se vestem
De soldado ou de palhaço
Com cachaça na cachola
Entram logo no amasso
E sem ligar para o povo
Tome beijo e tome abraço.
Tem vendedor de comida
Daquelas comeu-morreu
Ganhar o mais que puder
É este o desejo seu
Mesmo que fique doente
Quem seu quitute comeu.
No começo é maravilha
Mas depois de certa hora
A cerveja só vem quente
O calorão estupora
As brigas se intensificam
O melhor é ir embora.
Digo que as almas sebosas
Jamais serão empecilho
Para que o Galo sempre
Mantenha firme este brilho
E um pai possa brincar
Trazendo no braço o filho.
No bairro de Sao José
O Galo tem endereço
Muitos lá se equilibram
Outros viram pelo avesso
Se para uns basta o Galo
Pra muita gente é o começo.
JOSÉ HONÓRIO – o poeta e bancário pernambucano José Honório é formado em Turismo pela FIR e publicou seu primeiro folheto de cordel em 1984, o Recife-Carnaval, Frevo e Passo. A partir deste, publicou mais de cinqüenta folhetos, participando de palestras, oficinas e recitais. Isto levou o poeta à Suíça em palestras para brasileiros e admiradores da cultura brasileira em cidades como Genebra, Lousane, Zurich, Basel e Locarno. Ele é o criador da União dos Cordelistas de Pernambuco-Unicordel e divulga a área no seu sítio: http://www.josehonorio.com.br/
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POESIA & MÚSICA
POETAS DE PERNAMBUCO
RISOMAR FASANARO
DRUMMONDIANDO
Quando nasci
Uma cigana vesga
Dessas que vivem nos becos
Disse:
- vai, mulher,
Toma a vassoura e o Bombril
Revoluciona o Brasil!
Mas relutei confiante
Arranjei emprego em Baco
Hoje sou independente
Saio ás seis do emprego
E começo outro trabalho
Aqui – sou rainha do lar –
(mas sem salário)
Louças se empilham na pia
E as roupas nos varais
Pra que tanta louça, meu Deus?
Pergunta meu coração
Porem “meu senhor”
Não pergunta nada
Apenas lê o jornal
Vida vida frágil vida
Se eu chamasse Rira
Seria Lee
Comporia uma canção
Vida, vida, frágil vida
Mais frágil é o meu fogão
Eu não devia te dizer
Mas essa jornada dupla
Cansa como o diabo!
EU QUERIA
Não sentir
Não sofrer
Ser de aço
Mas sou frágil
Sou porcelana
Quebro à toa.
ABISMO
Te vi do outro lado da rua
Mas o asfalto
Se fez rio
E eu,
Rio,
Não
Sei nadar.
MÃE
Eu te via batendo bolo
Costurando noite e dia
Vestidos lindos de rendas
Roupas que nunca vestias
Enquanto isso minha vida
Se alinhava sozinha
Pescando pitus e piabas
Subindo nos cajueiros
E foi de te ver, mãe,
Que um dia me fiz assim
Enquanto bordavas vidrilhos
Nos vestidos das grã-finas
Meus olhos teciam sombras
E se fizeram tão tristes
Foi esse teu jeito, mãe
Manso aceitando tudo
Que me deixou desse jeito
Foi de te ver, mãe,
Lavando, passando, varrendo
De um lado a outro correndo
Que me deixou desse jeito
Enquanto vendias roupas
Eu enfrentava a vida
Pão que o diabo amassou
E foi de te ver traída
Morta, ferida, sentida
Que resolvi ser assim
Os sonhos transpunham rios
Que nunca alcançaram mares
E tu navegavas ali
Comandante
De um barco sempre à deriva
O cheiro de manjericão
Em ti era tão natural
Como opium nas grã-finas
E foi tua filosofia
Ruim cm ele, pior sem ele
Que me tornou desgarrada
A querer apagar-te mansa
Em toda minha lembrança
Mas disso tudo ficou
Um fiapo de memória
Faísca de fogueira
Das festas de São João
Quando fazias canjica
Pés-de-moleque e pamonha
Enquanto ralavas milho
E espremias o coco
Minha vida se esfolava
Cada dia mais sozinha
E hoje até aprece
Que espremeste e tiraste
Alguma coisa de mim
Que ficou esse vazio
Essas memórias de mim
Esse cheiro de cajá
E esse travo de cajo
Pois é, mãe,
É por tudo isso
Que hoje eu sou assim.
SENZALA
A musica da senzala
Era a mesma da casa-grande
Apenas tocava
Mais feridas
AMPLITUDE
Voa como faz a asa branca
Faz como a asa branca
Volta!
Mesmo por vias tortas
Pela palavra morta
Voa, volta!
Mesmo que as chaminés
Escureçam nosso ar
Voa, volta!
Também no mar
Há tempestades,
Borracas
Mas sempre tem por perto
Um porto seguro
Voa, como faz a asa branca
Faz como a asa branca
Bolta!
A porta, a morta na janela
Aguardam o teu regresso
Querem ouvir teu verso
Escrito naquele bar
Daquela terra triste
Terra tão fria
Onde ainda existem
Girassóis.
AVE LATINA
Ave latina
Santificada América
Mãe nossa de cada dia
De cada hora
Abençoados sejam
Teus passos por estas ruas
Em que caminham
Pobres, mendigos e abandonados
Abertas sejam
Tuas santas asas
Pra que teu povo cante
Latinamente
A liberdade santa
Nossa de cada dia
De cada hora
Terra morena
Em cada esquina
Em cada beco
Incita sempre
Nossa coragem
Devora sempre
O nosso medo
GUERRA
A bota do soldado
Ficou na neve
A borboleta pousou
O olhar fotografou
Imortalizou o vôo
Da borboleta
Sobre a bota
Sob a bota,
Pé:
Morto.
VAGARES
Não olhes os meus vagares
Nem registra esses pesares
Que me vês
Passando agora
Tudo isso vai passar
E quando um dia voltares
À encosta dos meus mares
Sentirás o sol em mim
De um tempo que não viveste
Por isso não aprendeste
Que viver é perigoso
É muito perigoso
Mas que viver vale a pena
Há sempre um sol de manhã
CANTO FUGAZ
Esta voz que mora em mim
Um dia calará
Mas mesmo quando eu partir
Em outra garganta
De asas irá brotar
Este canto
Foi um dia
Prisioneiro do meu peito
Hoje há não é meu
Dádiva fugaz
Risco de luz
Dentro da escuridão
Gesto no espaço
Negando o não.
ESCREVER
Escrever é tecer de aranha
É sol nos fios de orvalho
Entrelaçadas malhas
Malhas tecendo a manhã
Escrever é morte no orgasmo
É morte que ninguém vê.
CHE GUEVARA
O outono tricota a primavera
Os homens assinam
Tratados de paz
Derrubam muros
Declaram guerras
Mas os dragões estão lá
Revivem nossos sonhos
De unicórnios azuis
Ele vive
Duro e terno
Vivo, eterno.
SANTO DIAS
Me perdoe por estes santos dias
Me perdoe por tanta violência
Por estas santas vias
Por estes dias santos
Meu espanto se cala
Se cala por inteiro
E não é pra me espantar
Tanto sangue sangra tanto
Tanto sangra e mina dor
Hasteio hoje a esperança
Da geração tatuada
No sudário em que devolvo
A Pindorama tomada
Com tua imagem gravada
Desfraldando nossa dor
Salve o pendão que agoniza
Na manchete do jornal
Salve o pendão que anoitece
Como morte natural
Santo dias santa hora
Em que eu te conheci
Bebo tua coagem
E te estampo na bandeira
Em que tantos enxugaram
O seu suor
Santo, santo, santo, santo
Não é o senhor do deserto
É este destino incerto
De sair pra não voltar
ARGONAUTA
O leme deste barco
Está sem rota
A quilha rebentou
Contra tantas tempestades
E eu me esqueci:
O barco era de crepom
E chovia naquela noite
TRISTEZA
Enquanto o leite esfria na mesa
Bebo tua tristeza e te prometo
Amanhã haverá tempo
Para rires todo o riso
Chorares todo o pranto
Amanhã haverá tempo
Para tomares teu leite
Quente
Enquanto eu,
Beberei tua alegria
Já que detesto leite.
SAGRAÇÃO
Quando o homem nasce
Duas coisas a vida lhe dá:
O sal e os sonhos
Uns só recebem sal:
São os poetas.
DESPEDIDA
Te avracei
Vendo o rio os flamboyants
E sabendo que partia
Te dizia minha dor
Os sons, o cheiro de cajás
De doce maresia
Adeus para nunca mais
E quando saí molhada
Do verde mar
Noturno de Olinda
Te agarrei
Fugindo desolada
Tentaste por amor
Reter-me ainda
Mas uma mulher
Os deuses sabem por que
Por mais que se embriague
Por mais que se disfarce
É chaga aberta que sangra
Não sabe como enganar
E ao deixar o porto
Meu coração menino
Navegante sem destino
Não pode nem sonhar.
UM DIA SER FELIZ
Você chega e me encontra
Em carne viva e ferida
Sangrando pelos poros
E quando você me abraça
Esqueço as desgraças
Que hoje li nos jornais
E ai me visto de noite
Me encho de estrelas
Me atrelo ao som
Das cordas do teu coração
E sonho um canto blue
De Billie em um hollyday
Você deita e me beija
Me ama me deseja
E assim a noite se esvai
Enquanto um sol vermelho
Aquece meus anseios no silencio do cais
Vem sob meus pés subindo manso
Da correnteza peixes no remanso
Mas logo vem o mar
E adia o dia de ser feliz.
LIÇÃO
Anos e anos cavei
O chão em busca de estrelas
Sem saber que me bastava
Olhar o céu para vê-las
INVENTARIO
O trancelim de prata
Deve ter mareado
A flauta de bambu
Comprada no frio de maio
Deve ter se rachado
E a madona que um dia
Pendurei em teu pescoço
Dee ter se perdido
Como te perdi
Como me perdi
BEIJA–FLOR
Queria te dizer
Que conheci Drummond
Que fui amiga de Elis
Que entrei na câmara do rei
Queria te dizer
Que fui musa do Chico
E tenho casa no Haiti
Queria te fazer cafuné
Te cantar cirandas
Te abraçar e beijar
Te fazer carinhos mil
Desses que todo mundo quer
Mas antes que abrisse a boca
E contasse essas mentiras
Teu vôo se fez azul e
Em minhas mãos...
Só ficaram penas...
FELICIDADE
Felicidade:
Gaivota de crepom
Contra a tempestade.
LEMISKANDO
Um bom poeta se faz
Na solidão dos bares
Nas noites insones
No desencontro das paixões
Na morte do amigo
Um bom poeta se faz
Na barra do dia
No corte da água
Da luz, do telefone
Um bom poema,
Senhores,
Leva anos
PELO TELEFONE
Uma noite lhe pedi
a lua e o mar
mas ele não conseguiu
nem sequer
Me amar
Quando amo
Sou gueixa
Preparo o banho
Faço massagem
Ouço tuas queixas
de pássaro são teus passos
ainda assim eu sigo
teu vôo
teus passos
quando te vais
fica em mim
o silêncio dos haicais
um dia vou tentar esquecer
esses cavalos mortos
essas árvores tombadas
e esses casarões caídos
um dia vou tentar esquecer
esse vinho bebido no escuro
e esse rádio mudo, mudo, mudo
um dia vou tentar esquecer
que partistes
sem dizer adeus
O que mais fica na gente
É a sensação das coisas
Inacabadas
Enquanto o leite esfria na mesa
Bebo tua tristeza e te prometo:
Amanhã haverá tempo
Para rires todo o riso
Chorares todo o pranto
Amanhã haverá tempo
Para tomares teu leite
Quente
Enquanto eu beberei tua alegria
Já que detesto leite
procura
a vida inteira cavei
o chão em busca de estrelas
sem saber que me bastava
olhar o céu
para vê-las
guerra
a bota do soldado
ficou na neve
a borboleta pousou
o olhar fotografou
imortalizando o vôo
da borboleta sobre a bota
e sob a bota um pé:
morto
tentativa
tentei o vôo dos pássaros
mas só me restou
a gaiola
a vida
a vida
flor de papel crepom
com tudo pra ser
perfeita
vivida
pura ilusão
o barco
o leme deste barco
está sem rumo
a quilha rebentou
contra a tempestade
e eu me esqueci
o barco era de crepom
e chovia naquela noite
RISOMAR FASANARO – a poeta, jornalista, professora pernambucana Risomar Fasanaro, é autora do livro “Eu, primeira pessoa, singular”, obra vencedora do Prêmio Teresa Martin de Literatura em júri composto por Ignácio de Loyola Brandão, Deonísio da Silva e José Louzeiro. Também é autora do livrete de poesia “Casa Grande e Sem Sala” e tem alguns de seus contos e poesias nas antologias “O Buquê e o sonho” e “Contos de Desencontro” e em antologias escolares e apostilas de cursinhos vestibulares. Ela cursou Letras Clássicas na USP, foi militante contra a última ditadura militar no Brasil e participa do movimento cultural de Osasco, fundadora do Grupo cultural Veredas e editora da revista com o mesmo nome que o grupo publicava. Participou de vários festivais de poesia e de música em Osasco e outras cidades do país como letrista, tendo recebido vários prêmios. Trabalhou como redatora e colaboradora em alguns jornais de Osasco como o “Diário de Osasco”, “Jornal de Osasco”, “O Grande Osasco” e “Primeira Hora”.Publicou artigos nas revistas “Realidade” e “Planeta”. Ela possui alguns originais engavetados: são livros de contos, de poesia e três histórias para crianças.Atualmente está escrevendo um romance que ainda não recebeu um título.É uma história de amor.
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POETAS DE PERNAMBUCO
POESIA & MÚSICA
ALICE RUIZ
ALICE RUIZ - POETA EM CENA - A série Poeta em Cena, da Biblioteca Alceu de Amoroso Lima, apresenta a obra de Alice Ruiz A terceira edição da série Poeta em Cena apresenta a obra da poeta Alice Ruiz no dia 27 de outubro, segunda-feira, na Biblioteca Alceu de Amoroso Lima, às 20 horas, com entrada franca. Após a encenação será realizado um debate com a presença da autora, diretor, atores e todos os presentes. O projeto tem direção de encenação assinada por Helder Mariani (ator, psicodramatista e professor de Filosofia), que conta ainda com a assessoria artística da premiada atriz e diretora Denise Weinberg. Em todas as apresentações os poemas encenados são selecionados em pesquisa por Flávio Rodrigo Penteado. Esta encenação - que homenageia Alice Ruiz - pretende trazer à cena a delicadeza e descontração de seus poemas. Alice é poeta, compositora e tradutora, cuja dicção mostra-se bastante cara à tradição do haikai - poesia mínima de origem japonesa. Na sua poesia, rigor e humor caminham juntos, revelando o máximo no mínimo e, ao mesmo tempo, demonstra que simplicidade não corresponde, necessariamente, a simplismo de composição. Os atores escolhidos para essa encenação são Flavia Teixeira, Giuliana Oliveira e Kiko Rieser. Com o objetivo de promover o encontro entre a Poesia e o Teatro, indo além da encenação dos textos, a série Poeta em Cena provoca o diálogo entre artistas de mídias diferentes por meio de um debate com todos os presentes. O projeto não pretende encenar a vida dos poetas. A apresentação é fruto do processo criativo e colaborativo dos atores para revelar, dentro da linguagem cênica, a poesia de autores contemporâneos. A série é composta, inicialmente, por quatro encenações, tendo um poeta diferente a cada mês, buscando assim novas e diferentes perspectivas para as apresentações e debates. Cada encenação é sempre o resultado de um trabalho colaborativo da direção com os atores, buscando diversificar as formas de leitura das obras, que brotam do processo criativo e experimental de cada intérprete. A estréia do Poeta em Cena aconteceu, em 25 de agosto, com a obra de Roberto Piva. Na seqüência, Glauco Mattoso e Alice Ruiz, em setembro e outubro, respectivamente. As apresentações ocorrem na última segunda-feira de cada mês e a série traz ainda o Paulo Ferraz (25 de novembro, excepcionalmente na terça-feira). Serviço Série: Poeta em Cena Poeta: Alice Ruiz Dia 27 de outubro – segunda-feira - às 20 horas Local: Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima Av. Henrique Schaumann, 777 - Pinheiros/SP – Tel: (11) 3082-5023 Entrada Franca – Duração: 50 min – Debate: após a encenação Indic. de idade: 14 anos - Capacidade: 130 lugares Não possui estacionamento. Possui acesso universal e ar condicionado. Ficha Técnica Encenação: Helder Mariani Assistente: Gabriel Godoy Elenco: Flavia Teixeira, Giuliana Oliveira e Kiko Rieser Pesquisa poética: Flávio Rodrigo Penteado Assessoria artística: Denise Weinberg Curadoria da Biblioteca: Emilia Vicente e Frederico Barbosa Criação e produção: Flávio Rodrigo Penteado e Helder Mariani Próxima apresentação - Poeta em Cena - 25 de novembro de 2008 (20h) - Poeta Paulo Ferraz Assessoria de imprensa: ELIANE VERBENA Tel: (11) 3079-4915 / (11) 9373-0181 – eliane@verbena.com.br
OUTRAS DICAS:
TANTO – A revista literária Tanto, editada pelo poeta e editor Luiz Edmundo Alves traz uma série de novidades: Tonico Mercador, Ivaldo Ribeiro Filho, Alain Bisgodofu, poemas de Juam Gelman traduzidos por Max Moreira, conto de Leonardo Magalhaens, André Sefrin escrevendo sobre José Olympio e uma resenha sobre Albert Camus. Imperdivel. É só acessar: www.tanto.com.br
LIVRO É SHOW - A 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará, que acontece de 12 a 21 de novembro, promove troca de livros por ingressos para as apresentações musicais e de teatro programadas. Trata-se da campanha Livro é Show. Com a doação de 1 a 9 livros, recebe-se 1 ingresso. Quem doar a partir de 10 livros, recebe o número de livros doados mais 3 ingressos. De 20 livros em diante, cada livro doado dá direito a 2 ingressos. Serão disponibilizados 800 ingressos para cada show. O ponto de troca será na Biblioteca Estadual Gov. Menezes Pimentel. Outras informações: (85) 3267.2283.
FESTIVAL DE POESIA - Estão abertas, até 12 de dezembro, as inscrições para o XIV FESERP - Festival Sertanejo de Poesia – Prêmio Augusto dos Anjos, que acontece nos dias 9 e 10 de janeiro de 2009 no município de Aparecida. Podem se inscrever poetas de qualquer país, independentes de estilo, gênero ou nacionalidade, desde que as obras sejam inéditas e escritas em português. Inscrições e outras informações: (83) 3543.1320,oufeserp@ig.com.br.
FEIRA DO LIVRO - Acontece, de 28 de outubro a 2 de novembro, a III Feira do Livro de Sergipe. O evento, que acontece na Biblioteca Pública Epifânio Dória, das 10h às 21h, tem como tema A Palavra Guarda o Mundo e conta com a participação de diversos autores sergipanos. Durante o evento, serão realizadas conferências, mesas-redondas, lançamentos de livros, narração de histórias, saraus de poesia, literatura de cordel, audições musicais, apresentações teatrais, exposições de arte, oficinas, exibições de filmes. Outras informações: (79) 3179.1907.
I CONCURSO NACIONAL DE POESIA CABEÇA ATIVA – estão abertas as inscrições para I Concurso Nacional de Poesia promovido pela Cabeça Ativa – Projetos & Eventos Culturais, aberto a todos os autores interessados com o tema: Música. O poema apresentado não precisa ser inédito A poesia deverá ter um limite de 25 (vinte e cinco) versos. O candidato deverá enviar o trabalho para: Cabeça Ativa – Projetos & Eventos Culturais Caixa Postal 156 – Centro – São Vicente – São Paulo – SP CEP 11.310-971 O prazo de inscrição terminará dia 28 de outubro de 2008 (data de postagem). Maiores informações: cacbvv@gmail.com ou pelo blog http://cacbvv.blogspot.com
OTTO SULZBACH – BRUNO VILELA na Dumaresq Galeria de Arte Rua Professor Augusto Lins e Silva 1033, Boa Viagem, Recife – PE 81-3341-0129 ou arte@dumaresq.com.br www.dumaresq.com.br Segunda a sexta, 9-18h; sábados, 9-13h Exposição até 8 de novembro de 2008
II ENCONTRO DE ARTE GLOBAL - CICLO INTERNACIONAL DE PERFORMANCE-ARTE - Entre os dias 1 de Novembro e 1 de Fevereiro realiza-se em Lisboa, Portugal, II ENCONTRO DE ARTE GLOBAL promovido pelo Colectivo Multimédia Perve, e fui convidado para organizar, integrada neste evento, uma Exposição Documental sobre os Encontros Nacionais de Intervenção e Performance que organizei em 1985 em Torres Vedras, e em 1988, na Amadora.As performances irão realizar-se nas seguintes datas: - 12, 13, 18, 19 e 20 de Dezembro de 2008 e 8, 9, 10, 16 e 17 de Janeiro de 2009. Inscrições até ao dia 25 de Novembro. Info: Fernando Aguiar Apartado 50.253 1707-001 Lisboa PORTUGAL fernandoaguiar@netcabo.pt & http://ocontrariodotempo.blogspot.com/ & http://www.anamnese.pt/index2.php?projecto=az & http://homepage.oniduo.pt/domador_de_sonhos/faguiar_poema.html
DULCINEIA CATADORA - lançamento dos livros da Dulcinéia Catadora: "Do sereno que enche o Ganges" de Ademir Demarchi, "Livro obsceno" de Celso de Alencar, "Pássaros de papel" de José Geraldo Neres, e "O Livro dos verbos" de Whisner Fraga. 25 de outubro, sábado, 17hs. Casa das Rosas: Av. Paulista, 37, São Paulo - SP.
XIV FESERP – Festival Sertanejo de Poesia – Prêmio Augusto dos Anjos - Numa realização da APC - Acauã Produções Culturais será realizado na cidade de Aparecida PB, no período de outubro a dezembro de 2008. As inscrições deverão ser feitas na Rua João Benedito de Sousa, 22 CEP 58823-000, Fones: 0xx-83. 3543.1320 ou 9112.2515 Aparecida /PB. E-mail: feserp@ig.com.br A premiação do XIV FESERP acontecerá nos dias 09 e 10 de janeiro de 2009, a partir das 20:00h, no Espaço da Cultura à Rua Cecílio Abrantes, S/N – Aparecida/PB, dentro de uma intensa programação cultural. Maiores Informações nos sites: www.xiiifeserp.zip.net e www.iteia.org.br/acaua Laercio Filho – Coordenador
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segunda-feira, outubro 13, 2008
LITERATURA BRASILEIRA
O ROMANCE NO ROMANTISMO - O gênero romance é uma das conseqüências da liberdade de criação e forma permitidas pelo Romantismo, tendo suas origens nas novelas de cavalaria medievais e nas epopéias clássicas. Na Europa, principalmente na Inglaterra, seu surgimento remonta ao início do século XVIII, com obras posteriormente consagradas no mundo todo, mas no Brasil somente começara cerca de cem anos após. Tal fato leva Assis Brasil a observar que para alguns estudiosos, o romance é a mais completa de todas as formas artísticas por ter uma característica saliente: “(...) apresenta uma pluralidade de conflitos, de ações, de episódios, de personagens; atinge uma cosmovisão, um horizonte largo da condução humana”. E para Nelson Werneck Sodré (1976, p. 166): “(...) O romance representa a contribuição por excelência da ascensão burguesa ao desenvolvimento literário. É com aquela ascensão que o gênero chega à sua maturidade, torna-se o caminho natural, o caminho comum da criação literária”. Com base nas idéias expressas por Dimas (1987), Dourado (2000), Proença Filho (1990) e Brasil (1979), o romance é um gênero da literatura que transpõe para a ficção a experiência humana, em geral por meio de uma seqüência de eventos que envolvem um grupo de pessoas em um cenário específico. Anota Autran Dourado (2000) que a diferença entre romance e novela é flutuante; uma das distinções possíveis seria definir o romance como uma narração extensa em prosa, e a novela como uma mais breve, intermediária entre o romance e o conto. Pode-se ainda distinguir o romance da novela definindo esta como exposição de uma situação conflituosa, em que causas e efeitos são apresentados resumidamente, ao passo que no romance inclui a evolução e o desfecho de todos os acontecimentos, com o panorama social ou histórico. Encontra-se, em conformidade com os autores mencionados, os elementos fundamentais do romance que são o enredo, a caracterização dos personagens e o narrador.
O enredo, segundo Assis Brasil (1979), é a história de um romance, de um conto, de uma novela. É um suporte para que a linguagem ficcional se realize como tal, como expressão. A caracterização dos personagens, conforme Brasil (1979), é dada a partir da origem da persona que são as pessoas que transitam pelo romance, obtendo estas formas, juntamente com o enredo e a descrição paisagística, e são caracterizadas por comportamentos, atitudes, fisicamente, temperamentos, dentre outras. Neste sentido, Antonio Candido (1976) assinala que os personagens obedecem uma lei própria seguindo uma lógica preestabelecida pelo autor, que os torna paradigmas e eficazes. Neste sentido, Silva (1992, p. 703) observa que no romance do século XVIII e de quase todo o século XIX, “(...) a personagem é em geral apresentada através de um retrato, elemento relevante, por isso mesmo, na estrutura de tal romance”. Este retrato, mais ou menos minuciosos, mais ou menos sobrecarregado de dados semânticos, pode dizer respeito à fisionomia, ao vestuário, ao temperamento, ao caráter, ao modo de vida, etc., da personagem em causa.
O terceiro elemento constitutivo do romance é o narrador que, segundo Brasil (1979), é aquele conta a história, cria o enredo, caracteriza os personagens, dá vida aos acontecimentos por meio de uma narrativa. Por esta razão, Brasil (1979) assinala que a importância relativa do enredo, dos personagens e o papel do narrador, determinam a forma do romance, da qual depende a maior ou menor importância do diálogo na narração.
Com o surgimento do Romance no Romantismo, este é visto como uma forma mais acessível de manifestação literária e era levada a termo porque o escritor deste movimento, segundo Brasil (1979), era livre para conceber novas formas de expressão dentro de um ímpeto revolucionário e patriótico, tendo, com isso, de ser uma reação à tradição clássica e assumindo a conotação de um movimento anticolonialista e antilusitano, ou seja, de rejeição à literatura produzida na época colonial, em virtude do apego dessa produção aos modelos culturais portugueses. Há que se considerar que, conforme Sodré (1976, p. 191): “O primado do romance, tornado gênero literário por excelência, proporciona a melhor ponte, o caminho natural para os espírito; generaliza o gosto da leitura, incorpora novas e amplas camadas ao interesse literário, permite celebridade, sucesso variado ao romancista, tornando-o um instrumento fácil e flexível, capaz de interpretar a sociedade a seu modo, apto a aceitar, defender e difundir o primado da classe que atinge a plenitude do seu poder ao mesmo tempo em que se geram os fatores que concorrerão para a sua ruína, porque ela oferece liberdade e proporciona uma disfarçada escravidão, que é imprescindível disfarçar sempre mais. O surto individualista, ampliando extraordinariamente o campo literário, acarreta os seus grandes problemas, entre os quais se destaca o da liberdade de expressão e o da honestidade interpretativa”. Além do mais, os escritores da época trazendo os traços essenciais do nacionalismo, que orientará o movimento e lhe abrirá um rico leque de possibilidades dentre das óticas indianistas, regionalistas, a pesquisa histórica, folclórica e lingüística, além da critica aos problemas nacionais, levam-no a se empenharem na definição de um perfil da cultura brasileira em vários aspectos, tais como a língua, a etnia, as tradições, o passado histórico, as diferenças regionais, a religião, dentre outras.
Nesta direção, Coutinho (1978, p. 130) chama atenção para o fato de que:”(...) o gênero ofereceu ao espírito romantico as melhores oportunidades de realização de seus ideais de liberdade e realismo – fosse na linha psicológica, histórica ou social – além de proporcionar-lhe melhor atmosfera para o sentimentalismo, o idealismo, o senso do pitoresco e do histórico, e a preocupação social.Com o Romantismos, inaugura-se o gosto da análise precisa e do realismo na pintura dos caracteres e dos costumes. Mas a simples realidade não prendia os romancistas românticos, que também buscavam a verdade através da construção de sínteses ideais e tipos genéricos, reunindo traços variados e de origens diversas na composição de uma personagem. O romance, destarte, fundiria realidade e fantasia, análise e invenção. (...) o gosto da história, dos motivos e personagens, é de tal maneira disseminado, que imprime ao gênero uma de suas formas principais na época: o romance histórico”.
No caso do Brasil especificamente, Coutinho (1978, p. 173) atenta para o fato de que: “(...) realizaram os românticos a criação dos generos literários com feitio brasileiro. (...) a ficção brasileira foi criada no Romantismo. Mesmo com predomínio do descritivo e da pintura sobre o narrativo; mesmo a despeito da voga da historia romanesca, sentimental e idealizada, as condições peculiares do meio brasileiro favoreceram a formação do gênero, na temática e na estrutura, mediante sobretudo as expreriencias altamente conscientes de Alencar (...) A Alencar, entretanto, deve-se a compreensão de que o romance era o gênero mais adequado à expressão brasileira do que a epopéia”.
Dentro desta ótica e com base Dimas (1987), Dourado (2000), Proença Filho (1990) e Brasil (1979), encontra-se que a ficção romântica teve desdobramentos pautados no passado, na cidade e no regionalismo. O passado, por meio do romance histórico que buscava na história e nas lendas heróicas a afirmação da nacionalidade; na cidade, através do romance urbano e de costumes, retratando a vida da Corte, no Rio de Janeiro do século XIX, fotografando, com alguma fidelidade, costumes, cenas, ambientes e tipos humanos da burguesia carioca; e o regionalismo, voltado para o campo, para a província e para o sertão, num esforço nacionalista de reconhecer e exaltar a terra e o homem brasileiro, acentuado as particularidades de seus costumes e ambientes. Além do mais, conforme menciona Coutinho (1978, p. 147) que no movimento romântico, não somente a remotidão no tempo, mas também no espaço: “(...) com gosto das florestas, das longes terras, selvagens, orientais, ricas de pitoresco, ou simplesmente de diferentes fisionomias e costumes”, sendo, pois, o pitoresco e a cor local um meio de expressão lírica e sentimental e de excitação de sensações.
Observando tais tendências, é importante chamar atenção para o romance urbano, aquele que desenvolve tema ligado à vida social, principalmente do Rio de Janeiro, apresentando uma variedade dos tipos humanos, retratando os problemas sociais e morais decorrentes do desenvolvimento da cidade, tudo isso fazendo cenário e servindo de fonte para os romancistas brasileiros, dentre eles, José de Alencar como o seu romance Senhora. Nesta observação, apreende-se que as características do romance romântico estão, dentre outras, na estrutura linear com personagens estereotipadas e previsíveis; predomínio do tempo cronológico; partes bem definidas: prólogo, trama e epílogo; mensagem redundante; grande valorização do enredo; detalhes de costumes e de cor local; comunhão entre a natureza e os sentimentos das personagens; divisão das personagens em bons e maus; e final feliz para as complicações sentimentais, ou a fuga, a morte, celibato, dentre outras. Além do mais, outro fato merece destaque e foi exaltado por Moisés (1994, p. 11-12) ao mencionar que: “(...) a primeira mais relevante conseqüência desse intercâmbio ser a profissionalização do escritor: refugado do mecenalismo dos potentados como atentatório à liberdade criadora, o escritor, emergido da Burguesia, produz um objeto a ser consumido pela classe média e do qual aufere proventos para sua subsistência. (...) o escritor funcionava, desse modo, como a consciência da classe de que provinha e como ideólogo que lhe propunha um figurino moral, estético, etc. (...) A ficção servia, portanto, de espelho de um estado de coisas e, simultaneamente, decálogo da sociedade: esta se revela, não exatamente como era, mas como pretendia ser ou aprendia a ser, graças à imagem fornecida pelo escritor”.
Neste sentido, o Romance, neste movimento, difundia as tendências literárias do séc. XIX, sofrendo alterações importantes em suas características básicas.
JOSÉ DE ALENCAR – O escritor, advogado, jornalista, professor, crítico, teatrólogo e poeta José Martiniano de Alencar nasceu no dia 1.º de maio de 1829, em Mecejana, no Ceará. Filho de um senador do Império foi ainda menino para o Rio de Janeiro com a família, viagem esta que deixou profundas marcas e influenciou muito nas suas obras. Entrou para a faculdade de Direito, em São Paulo, no ano de 1844 e formou-se em 1850. Em 1854 começa a escrever no jornal Correio Mercantil. E em 1856 sob o pseudônimo de IG, escreve as "Cartas sobre a Confederação dos Tamoios". Depois, já se assinando José de Alencar, publicou: "O Guarani", "Iracema", "Ubirajara", "As Minas de Prata", "O Garatuja", "O Ermitão da Glória", "Lucíola", "A Pata da Gazela", "O Gaúcho", "O Tronco do Ipê", "O Sertanejo", “Senhora” e muitos outros livros. Melhor dizendo: sua obra é diversificada e pode ser dividida em ciclos de romances, tais como: romances urbanos ou de costumes, romances históricos, regionalistas, rurais e indianistas. Com a variedade de obras e paisagens descritas, ele perseguia o mesmo objetivo: chegar a um perfil do homem essencialmente brasileiro. Teve participação na vida política a partir de 1859 quando entrou no Partido Conservador; por onde foi deputado por várias legislaturas e ministro da Justiça de Pedro II. Foi eleito deputado e, depois, nomeado ministro da Justiça. Morreu tuberculoso em 1877 no Rio de Janeiro.
Alencar é considerado como o fundador do romance brasileiro, sendo o primeiro a dar ao país um verdadeiro estilo literário, um ficcionista que trilhou todos os caminhos da prosa romântica, caindo no gosto popular.
Em resumo, conforme Moisés (1994, p. 88): “José de Alencar nasceu em Mecejana, na província do Ceará, em 1829. Veio para a Corte em 1839, tendo feito a viagem do Ceará à Bahia pelo sertão. Estudou no Rio e em São Paulo e fez o curso de Direito em São Paulo e em Olinda. Formado em 1952, destinou-se à advocacia, na Corte. Colaborou no Correio Mercantil, substituindo em 184, Francisco Otaviano. Escreve para o Diário do Rio de Janeiro. Escreveu para o teatro. Foi Ministro da Justiça, em 1868, no gabinete Itaboraí, demite-se no inicio de 1870. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1887”. E, ainda assinala que: “(..) No decurso duma breve mas intensa jornada literária (de 1857 a 1877), praticou a crônica, o teatro, a crítica literária, a biografia, a poesia, o romance, etc., aglutinados em torno de dois núcleos fundamentais: o primeiro formado pelas manifestações propriamente literárias (o teatro, a critica literária, a crônica, a poesia e o romance); o segundo, pelas demais obras à fração perempta do espolio alencariano (...) Poucos escritores há na Literatura Brasileira que tenham suscitado juízos tão contraditórios como José de Alencar. (...) Na verdade, porém, Alencar está para a prosa romântica assim como Gonçalves Dias para a poesia: é o nosso mais importante ficcionista do Romantismo, pelo volume da obra produzida, pela variedade dos temas versados e o estilo grandiloquentemente brasileiro e espontaneo. Marco em nossa tradição literária, tornou-se o primeiro escritor a devotar-se integralmente à sua obra: romancista por vocação, não apenas por reflexo do meio ambiente”. (MOISES, 1994, p. 90).
Vê-se, portanto, que a obra alencariana está repleta de um nacionalismo vibrante, toda ela escrita numa tentativa de nacionalismo puro, numa temática nova, muito brasileira. Por outro lado, em suas obras transparecem nitidamente suas posições políticas e sociais: grande proprietário rural, politicamente conservador, monarquista, escravocrata, nacionalista convicto. O seu romance urbano, por exemplo, era construído dentro de uma ótica que fervilhava no cenário da época quando havia a imitação de costumes europeus que se misturava com a mediocridade da vida local, retratando esta duplicidade por meio de relatos urbanos contraditórios que representavam a sociedade que procura refletir, oscilando entre a estrutura do folhetim e a percepção da realidade brasileira. Por ser o fundador do romance brasileiro, Sodré (1976, p. 282) assinala que:”(...) Fundador do romance nacional, José de Alencar pretendeu compor um quadro do pais que abarcasse toda a sua variedade. (...) a obra de José de Alencar não só está incorporada ao patrimônio literário brasileiro, com um lugar de indiscutivel destaque, mas persiste na curiosidade popular, onde encontra ressonancia, o que não deixa de ser um expressivo traço de sua força”. Isso reiterado por Litrento (1978, p. 121) que enfatiza: “(...) Apresentado por criticos literários de valor, como o primeiro vulto da literatura nacional, José de Alencar, até hoje o maior cantor lírico da paisagem brasileira, não começou pelo romance, com o qual adquiriu grandeza, pelo jornalismo”. Sua trajetória, conforme visto, vai além da Literatura, envolvendo política, jornalismo, teatro, dentre outras atividades. E conforme palavras de Litrento (1978, p. 124): “(...) a contribuição de José de Alencar à literatura do Brasil é mais importante do que a atribuída por criticos apressados e desconhecedores das particularidades sintaticas e vocabulares da verdadeira língua falada no Brasil. Seu estilo desvenda uma forma libertária que enriquece a língua portuguesa, acrescentando-lhe uma aculturação tupi, desvendando-lhe caminhos novos, que embora não fugindo às peculiaridades de sua estrutura e sintaxe, proporcionou-lhe uma expressão brasileira, inconfundível, própria”.
Ao desenvolver o romance urbano ou de costumes, Alencar procura traçar seus "perfis femininos", a exemplo de Aurélia no romance Senhora, quando ocorre um casamento por interesse, um dos poucos móveis de ascensão econômica na sociedade brasileira da época. O que, para Sodré (1976, p. 332) (...) O próprio Alencar com seu lirismo hugoano, as suas abstrações de sonâmbulo, não foi insensível em vários dos seus romances à influencia dos costumes do seu tempo”. Vê-se, portanto, que este romance é considerado sua melhor realização da ficção urbana. Além do retrato da vida burguesa da Corte, também mostra um escritor preocupado com a psicologia dos personagens, principalmente os femininos, com a presença constante do dinheiro, provocando desequilíbrios que complicam a vida afetiva dos personagens e conduzindo basicamente a desfechos: a realização dos ideais românticos ou a desilusão, numa sociedade em que ter vale muito mais do que ser. Neste romance a heroína arrisca toda sua grande fortuna na compra de um marido. O que levou Amora (1976, p. 248) a observar que: “(...) Alencar foi um criador de perfis femininos onde o autor fez uma série de obras neste gênero tendo, como ponto alto, Senhora, publicado em 1875”.
Há que se considerar o comentário feito por Amora (1976, p. 250) acerca de seu momento urbano: “Medir o progresso que fez Alencar, de Cinco Minutos até Senhora, é relativamente fácil. Basta a leitura atenta dos dois romances, para compreender como o tempo e a experiência foram ensinando ao Romancista (em primeiro lugar), a fazer da análise dos sentimentos um processo cada vez mais metódico e penetrante, até o ponto de chegar aos rigores do que então (e desde Balzac) se chamava a fisiologia do coração, ciência que antecedeu a análise psicológica dos realistas (que a partir dos anos de 1880, principalmente com Machado de Assis, superariam o romance alencariano); em segundo lugar, a apresentar o caráter das personagens, cada vez com maior soma de elementos tipificadores (hábitos, gostos e atitudes de vária ordem e em várias circunstancias da vida intima, da vida domestica e social); em terceiro lugar, a aumentar sempre os elementos de interesse do drama vivido pelas personagens (tornando-o cada vez mais intenso), da narração de sua historia (cada vez mais exitante pela intriga) e das descrições dos tipos humanos e de suas ações (cada vez mais expressivas; em quarto lugar, a criar perfis humanos, particularmente femininos, e quadros da sociedade carioca, cada vez mais perfeitos, quanto à fidelidade aos modelos observados e à realidade analisada, e quanto ao poder impressivo; em quinto lugar, vinte anos de progressiva experiência num processo romântico, que começou com Cinco Minutos e culminou com Senhora, deram a Alencar o completo domínio da arte de escrever (o que à sua geração e a ele, particularmente, muito preocupou): vocabulário cada vez mais abundante e mais representativo do que se poderia chamar o portugues da alta sociedade brasileira do II Reinado; e, de outro, um estilo cada vez mais rico de matizes adequados aos diferentes níveis e tons de linguagem das personagens e do próprio Autor. Fácil, como se vê, definir o progresso de Alencar em dois decênios de romances de perfis femininos e quadros da sociedade”.
Tal fato levou Faraco e Moura (1985, p. 141) a esclarecer que: “O romance de Alencar é o mais representativo da florescente nacionalidade na época, visto que o escritor tinha consciência do papel que cabia ao romancista naquele momento histórico. Por isso, sua obra atinge amplos aspectos da realidade brasileira da época. Deve-se salientar ainda sua preocupação com a língua”. Para os autores, o estilo de Alencar possui uma perspectiva história, situado no seu tempo e na sua época, onde ele pinta o Brasil de sua época”. Isto quer dizer, portanto, que a descrição da paisagem local, para os autores mencionados, indica a tomada de consciência e a afirmação daquilo que é característico em cada país. O que para Sodré (1976, p. 290) está: “A fidelidade paisagística de Alencar tem sofrido fortes restrições, bem assim a sua capacidade artística para trazer à ficção a paisagem brasileira”. No entanto, Sodré (1976, p. 282) observa que: “(...) em Alencar há também paisagem, opulenta, pitoresca, colorida, que compõe com o tema indianista como a moldura em um quadro e que subsiste ao indianismo, pois está nos romances em que o autor pretende transfigurar o ambiente brasileiro. Os dois elementos, o índio e a paisagem, conjugam-se perfeitamente e somam os seus efeitos nos murais magnifico que o romance levanta. No primeiro, Alencar lança definitivamente uma escola, polariza as atenções e dá novos moldes ao romance brasileiro. Na segunda, estabelece as pontes para o sertanismo, que será a forma de que se revestirá, em seguida, e com mais longa duração, em que a literatura brasileira expressará os seus anseios de autonomia”.
O estilo alencariano é definido a partir das características que são expressas na sua obra, como a de aproveitamento de vocábulos, expressões e fraseados nacionais, retrata a fauna e botânica do país, usa linguagem literária de inúmeros brasileiríssimos, enfase a fantasia nos seus romances regionalistas, ao seu estilo épico e ao desejo de lançar fundamentos da literatura nacional, dentre outras.
AS OBRAS DE ALENCAR: ROMANCES O GUARANI, 4 vols., RJ Empresa Tipográfica Nacional do Diário, 1857. Publicado principalmente em folhetins, no Diário do Rio de Janeiro, sem o nome do autor. CINCO MINUTOS, RJ, Empresa Tipográfica Nacional do Diário, 1857. A VIUVINHA, RJ, Empresa Tipográfica Nacional do Diário, 1860. LUCÍOLA, RJ, Garnier, 1862. DIVA, RJ, Garnier , 1864. IRACEMA, RJ, Viana & Filho, 1865. GAÚCHO, 2 vols., RJ, Garnier, 1870. A PATA DA GAZELA, RJ, Garnier, 1870. TRONCO DO IPÊ, 2 vols., RJ, Garnier, 1871. GUERRA DOS MASCATES, 2 vols., RJ, Garnier, 1871-1873. SONHOS D’OURO, 2 vols., RJ, Garnier, 1872. TIL, 4 vols., RJ, 1872. ALFARRÁBIOS, (O GARATUJA, O ERMITÃO DA GLÓRIA, A ALMA DE LÁZARO), 2 vols., RJ, Garnier, 1873. UBIRAJARA, RJ, Garnier, 1874. SENHORA, 2 vols., RJ, Garnier, 1875. SERTANEJO, 2 vols., RJ, Garnier, 1875. ENCARNAÇÃO, RJ, 1893.
TEATRO: A NOITE DE SÃO JOÃO, RJ, Empresa Tipográfica Nacional do Diário, 1857. VERSO E REVERSO, RJ, Empresa Tipográfica Nacional do Diário, 1857. O DEMÔNIO FAMILIAR, RJ, Soares & Irmão, 1858. AS ASAS DE UM ANJO, RJ, Soares & Irmão, 1860. MÃE, RJ, Paula Brito, 1862. A EXPIAÇÃO, RJ, A. Cruz Coutinho, 1867. O JESUÍTA, RJ, Garnier, 1875. O CRÉDITO, Rev. Brasileira, RJ, 1893.
ENSAIOS LITERÁRIOS, CRÍTICOS E FILOSÓFICOS: "Questões de Estilo", ensaios literários, SP, 1847-1850. "Ao Correr da Pena", crônicas semanais no Correio mercantil, RJ, 1854, SP. Tip. Alemã, 1874. "Cartas sobre a Confederação dos Tamoios", RJ, Empresa Tipográfica Nacional do Diário, 1856. "Como e Porque Sou Romancista", RJ, Leuzinger, 1893.
ESCRITOS E DISCURSOS POLÍTICOS E JURÍDICO: "Ao Imperador" – CARTAS POLÍTICAS DE ERASMO, RJ, Garnier, 1865. "Ao Povo" – CARTAS POLÍTIAS DE ERASMO, RJ, Tip. de Pinheiros Cia. 1866.
FONTE:
AGUIAR, Luiz Antonio. Corações partidos. São Paulo: Ática, 2004.
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