terça-feira, junho 24, 2008
POETAS DO CEARÁ
VILMA MATOS
CONFLITOS
A partir daquele dia
Que viste as gravuras,
Sei perfeitamente que sentiste
Calafrios e tonturas.
Gostas de figuras,
Mas também de versos,
Principalmente dos meus
Que falo de amor sincero.
Procurei te mostrar o universo
Onde iríamos bailar,
Mas porém tu não quiseste,
Passei a ti provocar.
Fiz –me versos
Para ser apreciada.
Fiz-me canção
Para ser cantada.
Conseguindo apenas!
Inspirar-te a escrever
Versos que descrevem teu olhar
Em busca de me ver.
Na cilada nós caímos,
Surgindo daí os conflitos
E o que nos restou foi amargar
Em nossos próprios escritos.
DELÍRIO
Andando por caminhos desconhecidos
Enfrentei escuridão,
Durante o percurso tropecei nas pedras
Da traição.
Dobrei meus joelhos,
Fiz uma prece.
Queria arrancar a dor
Que dilacerava meu coração.
Senti minh’alma chorar,
Molhavam-me o rosto
Lágrimas de saudade.
De um príncipe, acreditei no amor
Vôos da imaginação.
Diante de mim, apenas,
O fantasma da solidão!
FERTILIZAÇÃO
A terra pouco a pouco
Vai escurecendo,
E, por trás das montanhas
O sol sorrateiramente vai sumindo,
Deixando que a noite
Debruce-se sob a terra
E lhe faça um carinho.
Ela, sem se dar conta,
Lentamente vai se desnudando
Sob o curioso olhar da lua,
Nesta doce magia se vê
Totalmente nua.
Rendida ao toque suave e ao cheiro da chuva
Torna-se fértil
Para fertilizar a semente e trazer à vida
A meiga, doce e amiga
A nossa linda Camila.
COMEÇAR DE NOVO
A vida é um eterno recomeço,
Muito embora, em algumas vezes,
Encontre-se saída
Só pelo avesso!
Diante dos percalços
O mais importante é acreditar na vida
Com ou sem tropeços
Sempre será preciso um novo inicio!
Constituem-se chances “benditas”
Para grande aprendizagem,
Conduz o sujeito por outros caminhos,
Encontrando novos e velhos amigos!
DESABROCHAR DA FLOR
Encontrei no jardim da vida
Uma pequena
Uma singela Flor.
Suas pétalas eram brancas
Simbolizando Paz,
O amor.
A Florzinha não percebia,
Nem se dava conta que é luz
E que desfaz trevas... !
Gosto de você
Por ser sensível e afeita ao amor
Minha querida, minha linda Flor!
FACETAS
Risos, gargalhadas...
Procuro motivos
Nada vejo,
Que palhaçada!
Infeliz, lamento
O tempo passado
Acreditava neste povo...
Que Eu ,muito amava.
O que aconteceu,
Não foi administrado!
A verdade, é, que no meio à turbulência
O meu coração reclamava
Sentimentos verdadeiros
Estão sendo alcançados
Reflexos imaginários
Vindo de quem?
A mente me cobrando
cadê o amor que tu amavas
Onde estão os eleitos
Aqueles que tu tanto veneravas?
Fica-te quieta
O ser humana é isso e não basta
Imaginar um ser perfeito
Pois somos misturas de muitas raças.
AFLIÇÃO D’ALMA
Deus.
Oh, Ser Supremo e amado!
O que fazer,
Diante de um coração sangrado?
Patético,
Inocente,
Imortal
Esquece que é semente,
E se deixa levar
Pela vaidade.
No âmbito do ser
As lágrimas se transformam
Em sangue
Alma chora inconformada
Vendo o amor morrer
Nos braços d’alma penada
Oh, triste vida!
Oh, morte desalmada.
O JOGO
Usando algumas palavras
Transportei-me ...
Lendo os teus escritos
Te senti.
Viajei pelo mundo das palavras,
Durante algum tempo te idealizei...
Formamos um acorde.
Pena que retornei...
Continuei usando metáfora
Usei magia.
Não compreendeste minhas palavras,
Quanta ironia!
Divaguei um pouco,
Não encontrei respostas.
Amor ou ódio?
Desprezo e raiva.
Mistérios e segredos,
Angústia e vazio
Lamento,
Estás sendo esquecido!
CORPOS CELESTES
Via-se um foco de luz,
Que grande luminosidade!
Fui até lá para verificar
Se não era uma miragem.
O estranho é que,
À medida em que eu me aproximava
Minha visão ficava mais ofuscada,
Meu corpo estremecia
E a cabeça girava.
Continuei andando, andando...
Existia ali uma luz que cintilava
Foi então que percebi
Que vinha de dois corpos entrelaçados.
Enquanto a lua e todos os astros
Brilhavam com maior intensidade
Continuava a dança rítmica
De dois corpos que proclamavam
O objeto desejado.
SEPARAÇÃO
Examinando com minúcia
Falou a razão!
A serenidade do espírito reagiu,
Não deixando a contradição
Tomar conta do momento,
Da situação.
Se possível for
Contar-lhe-ei o sucedido.
Com certeza
Daria para escrever mil páginas
De um livro.
Onde seria relatada
A conversa franca, aberta...
Exposições de idéias
E discurso declamado
Por poeta.
Troca de olhares, declarações
Rostos marcados
Homens, mulheres...
E ELA, com todo seu encanto,
Não conseguiu impedir as lágrimas
Que insistiam em surgir
Tornando-a mais atraente.
O enfeitiçado não pensa, só vê.
Corre um risco desgraçado
Podendo a razão perder,
Na calçada, no escuro
Não dava... não via
Que a mão direita tocava os dedos dela
E o corpo que tremia.
E a traição do corpo em pedra transformado
Despertando o impulso congelado.
Trêmula não queria, desprezava,
Não admitia o óbvio, recusava.
Supondo ampla avenida,
Num beco sem saída
Se encontrava.
FUGA
Procuras fugir!
Aposto que não queres.
Desejas mesmo é estar aqui.
Desistas, dessa fuga,
Não vais conseguir!
Não adianta sonhar
O melhor é desistir.
Sempre que tentares distanciar ...
Mais próximo vais sentir.
Será uma sombra, apenas!
Sempre que houver sol, luz a clarear.
Ela estará juntinho a ti
E te fará lembrar...
Entregue-se ao calor
A chama está acesa
Aqueça o corpo
Dissolva o gelo
Livre-se do medo, viva o amor!
VILMA MATOS - Maria Vilma Matos Peixoto nasceu em Crateús – Ceará. Aos 18 anos foi morar em Brasília - DF, onde trabalhou no Jornal de Brasília, situado no Setor Gráfico. No início de 1985, mudou-se para Fortaleza. Desejava arranjar um bom emprego e ingressar na faculdade de Direito. Em setembro do mesmo ano, conseguiu o emprego almejado, onde permanece até hoje. É graduada em Pedagogia e Pós-Graduada em Psicopedagia Universidade Estadual Vale do Acaraú. Professora da disciplina "Prática do Ensino", a poeta criou sua primogênita poesia, intitulada "Ética Pedagógica". Capacitação em Saúde Mental - Universidade Federal do Ceará - UFC , Dinâmica de Grupo - Universidade Federal do Ceará – UFC, Espanhol - Yes Idiomas. Atualmente está cursando Direito pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR. Ela pertence às Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará ALMECE Academia Feminina de letras do Estado do Ceará – AFELCE e Associação Cearense de Imprensa – ACI. Lançou recentemente o cd “Doces Poemas” em que ela recita seus poemas acompanhada de Joãozinho do Violão. Também foi incluída na III Antologia do Portal CEN, recentemente lançada em Blumenau – Santa Catarina. Seus trabalhos estão reunidos no www.caestamosnos.org/vilmamatos
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