segunda-feira, janeiro 19, 2009

O TRÂMITE DA SOLIDÃO



Imagem: foto de Derinha Rocha.

SEGUNDA-FEIRA

Luiz Alberto Machado

Não estou morto
E respirei aliviado

Veio o sol
E não sei nada
Nem me eternizo

Não tenho ninguém
Para ficar comigo
A esta hora

E as pessoas patéticas e tolas
Saíram para não sei quê nem onde:
Fabricam sonhos nas ruas

Os barulhos indômitos
Refazem a cidade
De pernas pro ar

Sorrio e choro
Lavando o destino

Nenhuma ressurreição no tempo:
O sisifismo louco dos dias
E a contagem regressiva das horas

Coabita comigo
As imagens de ontem
E a migração dos ponteiros
No corrimão tortuoso da manhã

Ademais
Me deprimo com tudo isso:
tudo no espelho

Não estou morto
E respirei aliviado
Com o amanhecer

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