segunda-feira, junho 08, 2009
POETAS DE MINAS GERAIS
CÁSSIO AMARAL
SONNEN
Tramo um poema
Que abre
A porta do átimo
No buraco negro
Destrambelhado
A trama
Na tramela
Do oráculo
Perturbação
No inaudível
Corte da espada
Imprevisivel
De um samurai.
MORTALHA
O amor é uma farsa
Um vento em expansão no deserto da Patagônia
Um tiro in the dark side of the moon
Um rasgo na alma inocente de um menino homem
Um cão sangrando por meses, perdido por anos
É um delírio no Carandiru do manicômio
Vênus trepando com Horus de repente
De forma inesperada e incongruente
É sem refletindo a luz do lago
Na sutileza da estrela que despenca cogumelos
Carinho de suavidade, pétala e afago
É nó na garganta da noite que a distancia separa
Impeto, sol que fez pulsar e mentira mais casual
É fraude comprada num bilhete de loteria
É tortura do bóia fria da palavra que se cala no toque
Do sentimento de quem sente
É a porra que nos fez
E gozo que ainda queremos.
LEMINSKIKATI
Cataram tudo
Além do sono
Me deixaram o sonho
Um tio sensei
Me olhou nas nuvens
E uma espada cortou
Um verso japonês
Kobayashi disse rindo:
O sol parece Bashô.
Fiquei translúcido
Pedi uma cerveja
E catei um Leminski
Num haicai silencioso
Que beliscou minha alma.
TRANSIÇÃO
Perdida na esquina
Risada irônica da dissidência
Beijo no denso calor desconhecido
Rima seca, inesperado vômito do adeus
Cabala escarlate irônica de Osiris
Lírios híbridos rufantes de Hórus
Abortado por Isis no flash back do livro dos mortos
Mandala da ressurreição da alma
Revigorando o solo e permitindo
A continuidade da vida
Nilo que despeja nos meus olhos
Pirâmides dos bens intangíveis
Arte que engole o tempo
Na cinza soprada no por do sol.
OPEN THE DOORS
Desliguei o gás da lágrima
Explodi o silencio em plutão
Mergulhei no matrix moment
Me deletaram do Orkut como culpado
A verdade é um tiro no amanhecer
O correto corta a contramão
A História explica o presente
Pulo do décimo andar
Flores de antulio gozam na tarde Maiakowski
Lírios me fazem renunciar
Quando a bomba atômica explode meu eu.
A MORTE DO POETA
O poeta morreu
Balbuciando formigas em seus versos
Ficou obcecado por metáforas
Cuspiu pleonasmos pretéritos
O poeta morreu
Tentando achar seu caminho
Disse imperfeições nas metonímias
Atirou-se do nono andar
O poeta morreu tentando desmontar a bomba atômica
Depois de ter punhetado Descartes buscando a verdade ao contrário
Verter-se em Paganini tocando seu violino diabólico
Esvoaçando flores carcomidas por aliterações fenícias
O poeta morreu
Nos precipícios lunáticos de toda a imperfeição
Uivando diante do absurdo da sua própria viz
Silenciada no êxtase da loucura
CATADOR
Catando palavras
Desvirginando a métrica
Endoidando a sintaxe.
BASHÔ SUPRASSUREAL
Flores piscam raios de setembro
Vermelho diz a direção
Quando a teia é o sol nascente
CAFÉ À BAUDELAIRE
Lapide tatuada na alma
A lowcura é santa
O sonho é café entorpecido.
YUME
Reflexo no mar de Chagall
Nuvens conspiram absinto
Na noite engolindo o céu azul
Dois e dois são cinco
No meio do céu um eclipse
Torturando o léxico incontrastável
Endoidar as metáforas
Para comê-las com hipérboles
Safadas e ávidas de metalinguagem.
Todo dia me suicido
Lembrando que nunca envelheço
Meu preço é ser inocente.
Rola um blues
Que Deus nos preteja
A alma reluz azul.
CASSIO AMARAL – o poeta mineiro Cassio Amaral é professor de História, Filosofia e Sociologia, é autor de diversos livros, entre eles Sonnen. A respeito de sua promissora e excelente arte, diz o poeta e jornalista Rodrigo Souza Leão: “Cássio Amaral demonstra crescimento em Sonnen, seu livro mais recente. Já se vê a pegada dele desde os primeiros poemas, mas é nos haicais que o poeta demonstra todo o seu potencial e qualidade. O autor nos coloca em contato com seu mundo poético de forma muito peculiar. Os versos são de uma sutileza singela onde cada palavra se torna uma potencia de vida. É essa vontade de potencia que o torna um escritor singular. Ele constrói o poema de uma forma simples e bela. Mas há também as paralelas que se tocam no infinito: numa arquitetura mais elaborada, mas, nem por isso, deixando a clareza de fora; Cássio já demonstra um conhecimento formal muito raro. Ele não abre mão da forma pelo conteúdo e vice-versa. Forma é conteúdo. É isso que Cássio nos mostra: um poeta caminhando para a maturidade e alcançando seu espaço dentro de um mundo poético todo próprio. Resta-me desejar ao leitor que penetre neste livro como quem descobre e descortina o silencio. Pois o escriba se revela um cultuador de silêncios que vai transformando em poesia tudo que pode ser poetizado. Sofre o autor de uma doce loucura: onde as epigramas e as frases estão a serviço do poema de forma impar. Como diria Renato Russo ´força sempre`. Força sempre para o poeta que cicatriza os espaços em branco da vida com uma poesia que faz o abismo chegar à boca. Pule o abismo do Cão Danado e descubra que a vida é muito interessante e intensa com a boa poesia”. Assino embaixo: parabéns poetamigo. E não deixe de ver o blog do Cassio Amaral.
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