quinta-feira, dezembro 09, 2010

SIMONE MOURA E MENDES E UMA VIDA EM POESIA



SIMONE MOURA E MENDES E UMA VIDA EM POESIA

POEMA ALAGOANO

Como Adélia Prado, “nasci um anjo esbelto”
e “de vez em quando Deus me tira a poesia”.
É a tal pedra de Drummond de Andrade no meu caminho.
Porém, “nada a temer senão o correr da luta”,
como lecionado pelo grande Milton Nascimento
Se no verso de Camões o “amor é fogo que arde sem se ver”,
“quero vivê-lo em cada vão momento”, como fez Vinícius de Moraes,
fazendo louvação à poesia – expressa maior da alma-
eis que “quem faz um poema abre uma janela”,
como sentenciado pelo inolvidável Mário Quintana
Adolescida, regressei da Terra do Maracatu,
para reencontrar a poética na Maceió dos meus tempos primevos
sonho em conhecer a França, a Itália, a Grécia...
até mesmo a maravilhosa Passárgada de Manuel Bandeira.

Mas, tal como o “Acendedor de Lampiões” de Jorge de Lima,
sou alagoana e do Velho Graciliano Ramos sou fã.
É, pois, dos ares dos alagoanos mares de onde emana minha inspiração.

EM ALAGOAS

Em Alagoas, não somente há lagoas!
há mares cálidos, amores ávidos, regados de luar
há as alegres cantorias da Seresta da Pitanguinha
há o acalanto da sereia a inspirar os poetas embriagados
que veem em todo canto tanta beleza reverberar
Radiosa Alagoas!
de Jorge de Lima, Aurélio Buarque de Holanda
Nise da Silveira, Pontes de Miranda
Graciliano Ramos e outros tantos sonhadores
és a terra onde Djavan plantara a Flor de Lis
para o deleite das Marias e dos Josés trabalhadores
Em Alagoas...
regalo-me com o saboroso sururu de capote
degusto o pitu, o massunim, a carapeba
e à margem da bucólica Lagoa Manguaba
embrenho-me nas iguarias do Bar do Bahia
para depois despir minha alma, me traduzir
no mar multicor do Pontal do Peba
Em Alagoas, há muito mais!

ACEITA-ME COMO EU SOU

Meu desenho, minha escrita...
nada evoluiu
estagnou a minha vida
derrotou-me o insucesso
a inspiração, a ternura... perdi-as

É assim que sou
respeita o meu limite
meu tênue e ínfimo limite

Sou estranha
sou extrema
e apesar do que sou
aceita-me integralmente
integralmente como sou

AFETOS TRAÍDOS

Beatrice fora criada num lar forjado por um ambiente turbulento, onde pululavam traições, agressões físicas e morais; onde o mais forte aviltava, subjugava o mais fraco, que, nesse caso, era a mulher, sua mãe, incapaz de enxergar por si só a sua força interior para driblar as vicissitudes contingentes em sua vida ou, talvez, não o quisesse fazer, porque tivesse ganhos subliminares e, portanto, ininteligíveis ao observador descuidado. Seria isso objeto para profundos estudos psicanalíticos, sociológicos, antropológicos, inacessíveis, pois, a Beatrice, por sua pouca idade, por possuir ligações consangüíneas e afetivas com os protagonistas da guerra e, sobremodo, por não deter base científica para tal.
Seu sofrimento era contínuo, temia desestruturar-se como pessoa. Nada, porém, que o tempo não pudesse ir arremessando para os espaços remotos da memória. Durante o processo de maturação, não conseguia Beatrice manter-se como observadora imparcial, o que, conquanto, lhe fosse render severas conseqüências emocionais a requerer-lhe potente capacidade de sublimação, fizera-lhe recriar em si um mundo alternativo, no qual idealizara a existência de criaturas probas, desinteressadas, fiéis. O crescimento emocional fizera-lhe optar por parodiar o “jogo de Pollyana” e fazer as pazes com o otimismo, com a face alvissareira da existência humana.
Cultivara Beatrice o princípio de que um traidor é um ser com apenas resquícios de humanidade, um ser amoral, uma caricatura humana, um psicopata. Ou, por outro lado, definia-o como um covarde, cuja vida seria permeada por conflitos existenciais, sentimentos de culpa e receio de que o destino pudesse operar uma inversão no seu papel: de bandido a vítima. Para ela, Beatrice, mentir, enganar, ludibriar, sobremodo a quem se ama, seria viver uma vida paralela a si mesmo.
A vida, todavia, é uma faca que, desembainhada apresenta, de um lado, uma lâmina limpa e reluzente, e do outro, o sangue de um coração traído.

SIMONE MOURA E MENDES – a poeta alagoana Simone Moura e Mendes é administradora de Empresa e Analista Judiciário. Reúne seus trabalhos no seu site Uma vida em poesia, no portal Escritores Alagoanos, no Recanto das Letras e no Jornal da Besta Fubana.

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