domingo, fevereiro 06, 2011

MAIAKÓVSKI: POÉTICA, COMO FAZER VERSOS



MAIAKÓVSKI: POÉTICA, COMO FAZER VERSOS – O livro “Poética: como fazer versos” do poeta e dramaturgo russo Vladimir Maiakóvski traz como fazer versos, os operários e os camponeses não vos compreendem e vinte anos de trabalho.

Nessa obra diz ele: “[...] Tendes o direito de exigir aos poetas que não levem com eles para o tumulo os segredos de sua arte. [...] não forneço qualquer regra capa de transformar um homem em poeta e de o levar a escrever versos. Essas regras não existem. Poeta é justamente o homem que cria as regras poéticas. [...] A inovação é indispensável a uma obra poética. O material das palavras, as combinações achadas pelo poeta, devem ser reveladoras. Se os versos são feitos com velhos resíduos verbais, a quantidade destes deve ser calculada em proporção com o material novo utilizado. É a quantidade e a qualidade do material novo que condicionarão as possibilidades da mistura. [...] Quais são, pois, os dados indispensáveis ao inicio do trabalho poético Primeiro: a existência na sociedade de um problema cuja solução só é concebível por uma obra poética. Segundo: um conhecimento exato, ou melhor, um sentimento dos desejos da vossa classe ou do grupo que representais, no que se refere à questão dada, isto é, tendência do poema para um fim preciso. Terceiro: a matéria. As palavras. Um continuo enriquecimento dos reservatórios, dos depósitos do vosso crânio, com palavras necessárias, expressivas, raras, inventadas, compostas e de todos os outros gêneros. Quarto: o apretrechamento da oficia e instrumentos de trabalho. Quinto: os hábitos e métodos de trabalho com as palavras, infinitamente individuais, somente adquiridos graças a anos de trabalho: as rimas, a métrica, as aliterações, as imagens, o estilo, a ênfase, a terminação, o título, a forma impressa, etc. [...] O ritmo é a força essencial, a energia essencial do verso. A poesia é uma industria. Aprender o oficio de poeta não é aprender o modo de preparar um tipo definido e limitado de obras poéticas, mas sim o estudo dos meios de todo o trabalho poético, o estudo das praticas dessa industria, que ajudam a criar outros. A novidade do material e dos processos é obrigatória para cada obra poética,. O trabalho do poeta deve ser cotidiano, a fim de melhorar a técnica e acumular reservas poéticas. Ter um bom bloco de notas e saber usá-lo é mais importante do que escrever sem erros, servindo-se de métricas antigas e mortas. É desnecessário construir uma grande fabrica de poesia para confeccionar objetos inúteis. Para compreender corretamente o mandato social o poeta deve situar-se no centro das coisas e dos conhecimentos. Para uma melhor execução do mandato social é necessário estar na vanguarda da sua classe, é necessário travar uma luta em todas as frentes por essa classe. Em lugar de raciocínios místicos sobre um tema poético, teremos a possibilidade de abordar o problema, pois chegou a altura de decidir acerca da tarefa e da qualidade poéticas. Não podemos considerar a cinzelagem de um poema, o trabalho técnico, como se costuma dizer, como um valor em si. No entanto, é este trabalho que torna o poema utilizável. A ambiência poética cotidiana, como todos os outros fatores, influi também na criação de uma obra autêntica”.

VLADIMIR MAIAKÓVSKI – Nasceu a 7 de julho de 1893 na aldeia de Bagdadi, Geórgia. O pai era guarda florestal. Quando este morreu, a família transferiu-se para Moscou. Aos 14 anos descobre apaixonadamente Hegel e Marx. Aos 15 adere ao Partido Socialista, bolchevique. Acusado de escrever manifestos, é preso. Posto em liberdade, volta a ser preso. Desta vê é julgado e condenado. Ao longo dos onze meses de clausura, devora Byron, Shakespeare, Tolstoi, entre outros. Quando saiu da prisão, em 1910, considerava-se capaz de escrever versos. Voltou-se para a pintura. No ano seguinte, entrou para a Escola de Belas Artes, donde foi expulso em 1914. Maiakovsky pertencia já a um gripo posteriormente designado por Futurista. Entretanto, começa a escrever – versos, principalmente. Muda-se para Petrogrado. Contata estreitamente com outros escritores de vanguarda: Vassili Kamenski e os escritores Khlebnikov e Chklovski. Depois da Revolução de Outubro a atividade literária dele se torna muito mais intensa, abrangendo quer a poesia, quer o teatro. Um dos aspectos mais interessantes desta nova fase na vida do escritor foi os inúmeros recitais que fez da sua poesia através de toda URSS. Escreveu também o argumento de diversos filmes. Suicidou-se em Moscou a 14 de abril de 1930.

Maiakovski não é apenas o maior poeta russo moderno, mas o primeiro grande escritor a assumir, no plano de sua consciência critica e estética, assim como nos meios e fins com que forma e informa sua obra, tanto a realidade concreta de uma sociedade industrial e de massa, quanto a essência mesma de sua transformação dentro de uma dada conjuntura histórica e cultural – no caso, em torno da Revolução de 1917. Observa-se no poeta e particularmente em sua poesia, um gigantismo que é ao mesmo tempo individual e coletivo. Mas há no artesanato maiokoviskiano, não tanto nos seus métodos na rigorosa armação fonética de suas assonâncias e dissonâncias, aliterações e paronomasias funcionais, ou nos realces tipográficos de distribuição das palavras ou dos versos pelo branco da páginas – espacejamento, mas sobretudo na consciência do uso do poema, na preocupação de lhe conferir um alto teor de oralidade para melhor comunicar-se, uma atitude criativa poeticamente pioneira, no sentido de que se faz um processo paralelo ao da atitude por que se orienta a produção industrial.

Foi escândalo público o primeiro poema publicado por Maiakovski, A nuvem de calças, de 1912. A poesia lírica e erótica atinge nível de alta realização em Amo, de 1922. E uma das suas obras-primas é seu último poema, A plenos pulmões. Também dramaturgo é autor de Mistério bufo, de 1918, O percevejo e Os banhos, ambas de 1930. Vivamente interessado pelas artes plásticas, fez desenho, cartaz, caricatura, roteiro para cinema, mantendo-se entusiasmado com a utilização artística de todos os meios modernos de comunicação.

FONTE BIBLIOGRÁFICA:
MAIAKÓVSKY, Vladimir. Poética. São Paulo: Global, 1984.

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