quarta-feira, junho 18, 2008
III ENCONTRO DE ESCRITORES LUSO-BASILEIROS
Foto gentilmente cedida do acervo de Tchelo d´Barros.
No meio da minha vida cheia de correrias e errâncias, tive a grata e singular satisfação de um dia aportar minha insignificante existência por 114 horas maravilhosas na belíssima e encantadora cidade de Blumenau. Gente, é bom demais. Só estando lá mesmo para crer.
Quando lá pus os pés, depois de dar entrada num hotel para lá de chique e acolhedor, fui levado pelo Tchello d´Barros para conhecer as paragens. Como eu sou andejo e adoro caminhar, ganhei o dia. Melhor, ganhei mesmo a vida naquela tarde.
Clima ameno, ainda não havia aquele frio de lascar na despedida. Aí fui perambulando e curtindo tudo: as capivaras na beira do rio, o teatro Carlos Gomes, os sebos, as mulheres lindas, o trânsito sem buzina, os chopes tomados, a alemãozada toda, tudo muito elegante e refinado. Até mesmo foi exageradamente elegante e refinada a forma como uma linda moça me barrou na Fundação Cultura, pois, nem podia mesmo retrucar, senão seria uma afronta e uma grosseria da minha parte à forma tão simpática como fui convidado a me retirar do recinto.
Pois é, nada, mas nada mesmo maculou o meu encanto por Blumenau. Tanto é que ensaiei de cara uns versos com a pretensão de tascar um poema daqueles bem apaixonados qual canção de amor com o título “Blumenau, meu amor”. Está vingando, depois mostro.
Por esta razão, nada mais justo que começar o papo agradecendo à vida esta experiência impar. Agradeço também ao meu amigo Tchello d´Barros e ao médico, escritor e agora também amigo Luiz Eduardo Caminha, pela paciência de ambos em me aturar e por estarem comigo nessa hora. E também agradeço ao portal Cá Estamos Nós - Portal CEN – a maior ponte literária entre Portugal e Brasil, capitaneado pelo amigo Carlos Leite Ribeiro, que promoveu e me convidou para participar como debatedor em Blumenau, do III Encontro de Escritores Luso-Brasileiros.
Tudo isso teve início muito antes, anos atrás. Foi quando mais ou menos, salvo engano, quase uma década atrás ou perto disso, fui convidado pelo amigo Carlos Leite Ribeiro para participar do “Cá Estamos Nós”. Na época não só participei, como ajudei a divulgar as atividades no Boletim Nascente que eu então editava ao lado da queridíssima poeta, escritora e pesquisadora, Vaninha Moreira Diniz, com o fito de alargar ainda mais a ponte proposta pelo amigo lusitano. Também fiz lincagem do CEN até hoje nos Portais Poéticos do meu Guia de Poesia. Contudo, o excesso de trabalho e os afazeres insuperáveis distanciaram-me, mas não conseguiu me desconectar por inteiro desta ponte que se manteve e se mantém até agora no meu coração. E foi justamente por causa do CEN que fui parar na belíssima e reiteradamente encantadora cidade de Blumenau, num evento coordenado pelo médico e escritor catarinense, Luiz Eduardo Caminha, uma figura agradabilíssima e que, ao lado da sua esposa simpaticíssima, formam o incansável casal que fizeram tudo para a festa de confraternização ser além da proposta de intercâmbio e chegar aonde chegou: na satisfação geral das pessoas. Obrigado procês também.
Foi neste evento que pude ter conhecimento do trabalho intelectual de uma das figuras das mais incandescentes de dignidade que já conheci na vida: o escritor, professor e acadêmico da Academia Catarinense de Letras, Celestino Sachet que proferiu a palestra oficial de abertura do evento, sob o tema “Influencias culturais da vinda da família real para o Brasil – enfoque especial para literatura”.
Em seguida ocorreram as palestras “CEN – quem somos, o que queremos, para onde iremos”, ministrada pelo historiador, geógrafo e jornalista português, Carlos Leite Ribeiro e a história dos encontros CEN, em depoimentos da escritora e poeta cearense, Vilma Matos, de quem pude ser agraciado de afetuoso relacionamento de amizade e respeito.
O primeiro painel foi realizado sob a moderação de Luiz Eduardo Caminha e trouxe as temáticas do “Romance histórico e literário na literatura lusófona”, com a escritora e editora Urda Alicer Klueger, “Reconstruindo a história através da memória dos documentos históricos” com Christina Baumgarten e “O arquivo histórico José Ferreira da Silva como fonte memorial e histórica de pesquisa” pela Sueli Petry. Este painel teve um momento inesquecível: o meu encontro com a escritora, pesquisadora, editora e amiga Urda Alice Klueger, uma figura iluminada de sapiência e simplicidade. Nos divertimos bastante no frio, na caminhada do hotel para sua casa e na noite chuvosa de Blumenau. Beijos no seu coração, Urdalinda.
No meio disso, participei da mesa de debates “Temáticas e linguagens da prosa lusófona contemporânea”, que foi moderada pelo poeta e webdesign Tchelo d´Barros. Comigo estiveram o professor e cronista Gervasio Tessaleno Luz e o poeta e professor doutor José Endoença Martins. Foi após esta exposição que tive a oportunidade de estreitar amizade com o grande professor Celestino Sachet que teve a simpatia de me aceitar entre seus discípulos e me premiou com a sua humílima sabedora de amigo. Também foi surpreendente a intervenção do Gervásio Luz expondo sobre “Antonio Maria”, resultando que a gente rememorasse coisas e fatos da vida deste grande nome da música brasileira, regadas a chope e muito bate papo e me presenteando ainda, com o seu belíssimo livro “Rio que passa em nossas vidas”. Obrigado, Gervásio.
No dia seguinte participei da mesa de debates “Poesia lusófona – de mares nunca dantes navegados aos horizontes atuais”, onde participei ao lado do poeta e produtor cultural gaúcho Ademir Antonio Bacca e do poeta e escritor catarinense Rubens da Cunha, moderados pelo poeta Marcelo Steil. Nem preciso falar que desta mesa de debates fomos direto para uma maravilha de bar onde rolou altos papos, muita música e risadagem que mais emolduraram meu encantamento pela cidade e pelas pessoas desta cidade.
No outro dia, tive oportunidade de participar do sarau em plena praça pública, uma surpresa atrás da outra. Lá o Jairo Martins fez bonito e o Otto Eduardo Gonçalves tascou o seu “O poeta é pimenta do planeta Malagueta”. Por causa disso tomamos umas e outras muitas na companhia do Marcelo Steil e, também, o não menos desenhista italiano Domenico que nos premiou com fartas risadas pelo seu jeito de quem caiu de uma nave especial de plutão.
Por fim, vieram o encerramento, as despedidas e o lançamento da III Antologia do Portal CEN, figurando entre os selecionados Artur da Távola, Tchello d´Brros, Vilma Peixoto, Célia Lamounier, Luiz Eduardo Caminha, Luiz Poeta, Ligia Antunes Leivas, Ligia Tomarchio, Carlos Leite Ribeiro, Terezinha Manczak, Aba Albarello, Efigênia Coutinho, Eustáquio Mario Ribeiro Braga, Iara Melo, dentre outros.
Foram 114 horas inesquecíveis. Por isso e muito mais, obrigado Blumenau.
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