sexta-feira, maio 22, 2009
O TRAMITE DA SOLIDÃO
Imagem: foto de Derinha Rocha.
ENDECHA
Luiz Alberto Machado
O sax soava no quintal, reluzia na tarde mansa.
O mundo ouvia o silêncio do passado: o Brasil tricampeão mundial de futebol e a dor do nunca mais
A tarde calma no solo do sax
Com a tez grisalha da música
Horas de emoções a fio
Ao redor da minha solidão a preta gorda vinha buscá-lo pro jantar
O sax silenciava e eu morria na noite.
O Brasil tetracampeão de futebol e a vida do nunca mais
O sax soava no quintal com o solo de brasileirinho sob o pinheiro.
Acendia em mim um frêmito feliz.
Quem sentia falta do lar àquela hora?
O Brasil pentacampeão de futebol e eu sozinho no meio do mundo.
Toda tarde o sax soava dentro de mim.
Onde andava aquele solo?
Eu sozinho e o Brasil campeão em nada com a dor dos que choram na lama.
O cabelo em desalinho e um olhar vago por sobre o muro.
Um moleque menino de nada espantar quando adolescente irrefreável e um adulto incorrigível.
E o Brasil era imenso e não era nada para os donos de tudo.
Anoiteceu e faz frio
O sax ainda soando no quintal da memória
E nos meus sonhos o velho de pé com seus cabelos brancos
Com os acordes do coração
Que anoiteciam comigo
Enquanto o Brasil adormece ainda hoje na escuridão
Veja mais:
O TRÂMITE DA SOLIDÃO
NITOLINO & O MEIO AMBIENTE
VIII SEMANA DE HISTÓRIA DA UFAL
ARTIGOS DE PESQUISA