Imagem: Foto do bairro São Francisco, Palmares – PE. Fonte. Jornal O Olho.
EURIPEDES AFONSO FERREIRA
DENTRO DA DOR E DENTRO DA TRISTEZA
Não seu porque, não sei, porém é certo,
Que ao teu doce olhar eu vivo preso
Tendo entretanto, quase que certeza
Que não me hás de amar
E fico surpreso
A me comparar
Ao pequenino pajem da balada
Que falecera cheio de afeto
Sem conquistar as graças da princesa.
E, novo pajem da balada antiga
Daquela doce cantiga
Eu vivo a te adorar
Embora não me ames.
E sendo o meu desgosto esta certeza
Vou sofrendo, sofrendo e vou ficando
Dentro da dor e dentro da tristeza.
ULTIMO VERSO
Tudo me amarga, tudo me aborrece.
Como se é infeliz quando se é triste
E quando o corpo padece,
A gente fica numa confusão,
Numa agitação
Como se tivesse a alma mergulhada
No descampado imenso....
Do nada...
Entretanto, que importa estar doente
Se o céu é muito azul, e o sol é quente.
Estas coisas assim bem reparadas
Dão alegria a gente.
Há um cheiro de vida em toda a natureza:
A lua espalha luz com tanta macieza
Como um lençol de linho,
É tão bonita a lua lá no céu
(a benção, mamãe lua).
Que importa porém, o meu sofrer profundo?
Há tanta coisa bonita no mundo!
EURIPEDES AFONSO FERREIRA – Falecido aos 32 anos de idade, o poeta teve ativa vida intelectual e esportiva em Palmares, publicando seus trabalhos no jornal “A Noticia!”. Seu trabalho foi reunida na antologia “Poetas dos Palmares”, organizada pelo poeta Juarez Correya.
FONTE:
CORREYA, Juarez (Org). Poetas dos Palmares. Recife/Palmares: FUNDARPE/Fundação Hermilo Borba Filho, , 1987.