segunda-feira, maio 05, 2008
POETAS DE PALMARES
Imagem: Palmares, de Luiz Alberto Machado
ELISEU PEREIRA DE MELO
GÊNESIS
Crises de paroxismos de luz
Ofuscando seres vivos e inermes,
Cegando brilhos ternos de estrelas candentes,
Espargindo reflexos de prata fundante.
Tudo é luz que se liberta de prisões hélias;
Tudo é luz que fecunda coisas e gentes;
Tudo é luz que germina óvulos dormentes;
Tudo é luz que amplia células viventes.
Uma vez te vi no clarão ofuscante
E eras uma interseção sm brilho e cor.
Toquei de leve o teu seio,
E foste envolvida pelas luzes
De todos os arco-íris das regiões conhecidas e ignota
E mais um mundo foi criado.
PELAGIA
Quando te conheci foi diante do mar.
A água no vai e vem da maré vasante
Beijou os nossos pés nus aprovando o nosso amor
E retirou-se para observar e suspirar conosco.
Uma gaivota solitária passou sobre nossas cabeças
E grasnou desaprovando o nosso idílio
- por inveja ou ciúme talvez –
compreendi que fora traído por amo.
Depois o mar voltou em revolta
Pois lá já não estávamos;
Restava somente a forma do teu corpo sobre a areia.
Em fúria apagou a lembrança da tua presença
E voltou ao seu leito para repousar,
Enquanto minha alma absorvia todo o seu desespero.
ELISEU PEREIRA DE MELO – O poeta, advogado, professor, cantor lírico integrante do Teatro de Ópera de Pernambuco e atuante político cearense que se radicou em Palmares, Eliseu Pereira de Melo, publicou vários de seus trabalhos no jornal “A Noticia” e na antologia Poetas dos Palmares, tendo participado de recitais, saraus e atividades culturais e artísticos em Palmares onde faleceu em 1979.
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