NILZA MENEZES
NEM SEMPRE ESCOLHO AS ARMAS
Óculos do avô
Por sobre a mesa
A vida cega
Serpentes de pesadelo
Adentram festas
Da alma partida
Encontrar Deus
Desprovidos de um corpo
À sua imagem e semelhança
Na escuridão
Cantiga de grilo
Lembra dragão
A casa ruiu
O menino vê anjos
Herança de família
Você come
Pedaços da lua de mim
Agora sempre minguante
Palavra, feito pedra
De fundamento
Guarda segredos
No vazio da essência
A palavra não
Cabe
Para poeta
Angustia não é aquele lugar
Onde se põe um poema triste
Angustia de poeta
É quando no vazio
Não cabe um poema
Todos os dias
Abrir as janelas
Para o ar da manhã
Envelhecer
É não ter mais vontade
De fugir
A tarde que tem gosto
De fim de mundo
Fecha as gavetas
Arruma os objetos
Por sobre a mesa
Para ir embora
Suas coisas ficaram
Incorporadas as minhas
Quando seu corpo quis sair do meu
Meu espírito não retornou
No amor
Saco armas
Reverso bang-bang
O bandido
Atira antes
Se
Você tivesse
Ficado
Na minha vida
Um pouco mais
Que aquele olhar
Malicioso
Enquanto abria
O sinal
Tivesse
Dado tempo
Eu teria feito um poema.
NILZA MENEZES – a poeta, pesquisadora e historiadora paranaense radicada em Rondonia, Nilza Menezes, é formada em História Pela Universidade Federal de Rondônia, Mestre e doutoranda em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. É pesquisadora do NETMAL\MANDRÁGORA, Núcleo de Mulheres da América Latina e desenvolve pesquisas na área de gênero e religião. Organizou e coordena o Centro de Documentação Histórica do Tribunal de Justiça de Rondônia.é também autora de diversos livros de poesia dentre eles: POÇÕES E MAGIA, A LOUCA QUE CAIU DA LUA, 50 MULHERES, FRUTA AZEDA COM SAL E FEITURA. Realizou diversos trabalhos de pesquisa destacando-se os estudos sobre a presença da mulher caribenha na construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré – EFMM, CHÃO DAS CINCO NA FLORESTA e ainda sobre as origens do antigo bairro do Mocambo. É autora das histórias de vida da artista plástica Rita Queiroz e em parceria com Fabíola Holanda escreveu o livro sobre a vida do ex-governador de Rondônia, o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira.
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