segunda-feira, setembro 01, 2008

ROMANTISMO



ROMANTISMO - O termo romantismo pode apresentar uma série de significações: romant ou romaunt; língua românica ou neo-latina; narrativas escritas nesta língua; narrativas em geral; oposição ao termo Classicismo (romântico x clássico); movimento cultural e estético da primeira metade do século XIX; atualmente, sentimentalismo. O Romantismo, apesar de estar relacionado aos sentimentos, refere-se à arte. As significações mais adequadas, das citadas acima, seriam "oposição ao termo Classicismo (romântico x clássico)" e "movimento cultural e estético da primeira metade do século XIX". Provavelmente tem seu início na Escócia, Inglaterra e Alemanha, países europeus mais desenvolvidos, mas é na França, a partir do fim do século XVIII, mais precisamente a partir da Revolução Francesa de 1789, que o novo movimento ganha proporções revolucionárias.
O Romantismo é um amplo movimento, que surgiu no século passado, e representa, na literatura e na arte em geral, os anseios da classe burguesa, que, na época, estava em ascensão. A literatura, portanto, abandona a aristocracia para caminhar ao lado do povo, da cultura leiga. Por esse motivo, acaba por ser também uma oposição ao Classicismo. Assim sendo, o romantismo definiu-se como escola literária nas letras universais a partir dos últimos 25 anos do século XVIII. Publicado na Alemanha por Goethe em 1774, Werther lança as bases definitivas do sentimentalismo romântico e do escapismo pelo suicídio.
Em 1781, Schiller publica Os Salteadores, inaugurando a volta do passado histórico, e mais tarde o drama Guilherme Tell, em que transforma sua personagem em herói nacional lutando pela independência.
Na Inglaterra, o romantismo se manifesta nos primeiros anos do século XIX, com destaque para Lord Byron e sua poesia ultra-romântica, e para Walter Scott, autor do célebre Ivanhoé, que desenvolve o gênero romance histórico. Mas coube à Alemanha e à Inglaterra um papel pioneiro com relação à nova tendência. Coube à França o papel de divulgar o romantismo.
Em Portugal, o romantismo apresenta como marco inicial a publicação em 1825, do poema "Camões", escrito por Almeida Garrett durante seu exílio em Paris. Portanto, os primeiros anos do romantismo em Portugal coincidem com as lutas civis entre liberais e conservadores, acirradas após D. Pedro renunciar ao trono brasileiro e engajar-se na luta pelo trono português ao lado dos liberais. Portugal vive, assim, uma guerra civil que se estende por dois anos (1832 - 34) e, somente em 1836, com os liberais no poder, é que o país retoma uma certa tranqüilidade. É por isso que se define a escola romântica só a partir de 1836, com a publicação da revista Panorama, das primeiras narrativas de Alexandre Herculano e dos dramas de Garret. Com a vitória do liberalismo burguês, desaparece a censura absolutista, propagando-se ao mesmo tempo novas idéias políticas e literárias.
MOMENTO HISTÓRICO - Na segunda metade do século XVIII, o processo de industrialização modificou as antigas relações econômicas, estabelecendo na Europa uma nova organização política e social que muito influenciara os tempos modernos . Daí a importância da Revolução Francesa, tão exaltada por Gonçalves de Magalhães. Mais adiante, o introdutor do romantismo no Brasil, comenta os abalos sofridos pela velha estrutura monárquica em toda Europa, particularmente o caso português, agravado com a invasão das tropas napoleônicas em 1808, e suas conseqüências para o Brasil. São palavras de Gonçalves de Magalhães ao comentar a transferência da corte portuguesa, comandada por D. João VI. Assim é que, em conseqüência do processo industrial e da ascensão da burguesia ao poder político, o plano social delineia-se em duas classes distintas e antagônicas, embora atuassem parelhas durante a revolução: a classe dominante, agora representada pela burguesia capitalista industrial, e a classe dominada representada pelo proletariado. O romantismo, no dizer de um historiador, foi uma escola "da burguesia, pela burguesia e para burguesia", de onde seu caráter profundamente ideológico em favor da classe dominante (inclusive com algumas manifestações de rebeldia por parte de pequeno-burgueses insatisfeitos). O nacionalismo, o sentimentalismo, o subjetivismo, o irracionalismo - características marcantes do romantismo inicial - não podem ser analisados isoladamente, sem se mencionar sua carga ideológica.
CARACTERÍSTICAS - O primeiro passo para tentar estabelecer as características românticas é entender o romantismo como um estilo de época delimitado no tempo, ou seja, percebe-se nitidamente uma evolução no comportamento dos autores românticos, sendo as características finais do movimento até contraditórias se comparadas às dos primeiros românticos.
Inicialmente, romântico era tudo aquilo que se opunha a clássico. Ou seja, os modelos da Antigüidade Clássica foram então substituídos pelos da Idade Média (notadamente de seus últimos séculos, que coincidem com o surgimento da burguesia); a uma arte de caráter erudito e nobre opõe-se uma arte de caráter popular, que valoriza o folclórico e o nacional; o indivíduo passa a ser o centro das atenções apelando para a imaginação e para os sentimentos, do que resulta uma interpretação subjetiva da realidade. Um dos acontecimentos mais importantes relacionados ao romantismo foi o surgimento de um público consumidor, uma vez que a literatura torna-se mais popular, o que não acontecia com os estilos de época de características clássicas. Surge o romance, forma mais acessível de manifestação literária; o teatro ganha novo impulso, abandonando as formas clássicas e se inspirando em temas nacionais (o teatro de Almeida Garrett, em Portugal, e o de Martins Pena, no Brasil são bons exemplos). Quanto ao conteúdo, os românticos cultivam o nacionalismo, que se manifestava na exaltação da natureza pátria, no retorno ao passado histórico e na criação do herói nacional (no caso das literaturas européias, esses heróis nacionais são belos e valentes cavalheiros medievais, na literatura brasileira, nossos heróis são os índios, não menos belos, valentes e civilizados). Da exaltação do passado histórico nasce o culto a Idade Média que, além de representar as glórias e tradições do passado, assume o papel de negar os valores da Antigüidade Clássica, como o paganismo. O romântico promove uma volta ao catolicismo medieval: "na gótica catedral , admirando a grandeza de Deus, e os prodígios do Cristianismo", como afirma Gonçalves de Magalhães. A natureza também assume múltiplos significados: ora é uma extensão da pátria, ora é um refúgio à vida atribulada dos centros urbanos do século XIX, ora é um prolongamento do próprio poeta e de seu estado emocional. Outra característica marcante do romantismo, e verdadeiro "cartão de visita" de todo o movimento , é o sentimentalismo, a supervalorização das emoções pessoais: é o mundo interior que conta, o subjetivismo. E à medida que esse aprofundamento em direção ao eu se intensifica, cultivando o individualismo e o pessoalismo, perde-se a consciência do todo, do coletivo, do social. A excessiva valorização do eu gera o egocentrismo, segundo o qual os poetas românticos se colocavam como centro do universo. Evidentemente, surge daí um choque entre a realidade objetiva e o mundo interior do poeta. A derrota inevitável do ego produz um estado de frustração e tédio. Seguem-se constantes e múltiplas fugas da realidade: o álcool, o ópio, as "casas de aluguel" (os prostíbulos), a saudade da infância, as constantes idealizações da sociedade, do amor, da mulher, o romântico, enfim, foge no tempo e no espaço. No entanto, essas fugas têm ida e volta, exceção feita à maior de todas as fugas românticas: a morte. Já no final do romantismo, notadamente na década de 1860, desenvolve-se uma literatura de caráter mais social, a partir das transformações econômicas, políticas e sociais; a poesia reflete as grandes agitações, que, em Portugal, explodem na famosa Questão Coimbrã; no Brasil, a luta abolicionista, a Guerra do Paraguai e o ideal republicano resultam na poesia social de Castro Alves. No fundo, era uma transição para o Realismo. O Romantismo caracterizou toda a cultura ocidental a partir do século XVIII (Alemanha e Inglaterra) até a primeira metade do século XIX e foi contemporâneo da ascensão da burguesia que, desde a Revolução Francesa, tornou-se a classe dominante. Na Segunda metade do século XVIII, novas idéias e ideais foram se firmando - era a revolução em marcha, no plano das concepções filosóficas e científicas, no plano da arte e da vida política, social e econômica. É preciso, portanto, estabelecer-se um paralelo através desse contexto pois a nova ordem das coisas modifica o panorama sócio-cultural então vigente. O leitor de obras literárias não é mais o elemento da nobreza, ligado ao clero, culto, letrado, que absorvia os textos visando à elevação do espírito, mas o burguês, limitado intelectualmente. Este buscava na obra de arte uma forma de entretenimento, procura uma possibilidade de identificação com a obra. As obras clássicas trabalharão com valores universais; as românticas, com valores relativos. Já o artista, antes financiado pela nobreza, agora terá que atender aos anseios e às expectativas da burguesia que irá adquirir seu livro. Talvez seja esta a primeira característica do estilo: uma literatura de caráter popular, voltada para a burguesia. Mergulhado em si, o artista se vê limitado por um profundo sentimento de abandono e angústia. Surgem o inconformismo, a insatisfação, a rebeldia, a tristeza e a agressividade. Uns reagem, revoltam-se e fazem poesias de inconformismo social. Outros, buscando formas de escapismo, de evasão, repudiam o presente, refugiando-se no passado, na infância, nos sonhos (que os conduzirão a lugares lendários, exóticos), na longínqua Idade média, teocêntrica e misteriosa. O mecanismo de compensação será idealizado: o herói (inspirado no cavaleiro medieval) é sempre puro, valente, corajoso, honesto e bom, respeitador de sua dama; a heroína, imaculada, angelical; e o mundo, ideal, justo.
Além das características já observadas, há outras que merecem destaque ou ser vistas com maior aprofundamento: subjetivismo: o romântico quer retratar em sua obra uma realidade interior e parcial. Trata os assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o que sente, aproximando-se da fantasia; idealização: motivado pela fantasia e pela imaginação, o artista romântico passa a idealizar tudo; as coisas não são vistas como realmente são, mas como deveriam ser segundo uma ótica pessoal. Assim, a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como virgem, frágil, bela, submissa e inatingível; o amor, quase sempre, é espiritual e inalcançável; o índio, ainda que moldado segundo modelos europeus, é o herói nacional; sentimentalismo: exaltam-se os sentidos, e tudo o que é provocado pelo impulso é permitido. Certos sentimentos, como a saudade (saudosismo), a tristeza, a nostalgia e a desilusão, são constantes na obra romântica; egocentrismo cultua-se o "eu" interior, atitude narcisista, em que o individualismo prevalece; microcosmos (mundo interior) X macrocosmos (mundo exterior); liberdade de criação: todo tipo de padrão clássico preestabelecido é abolido. O escritor romântico recusa formas poéticas, usa o verso livre e branco, libertando-se dos modelos greco-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e aproximando-se da linguagem coloquial; medievalismo: há um grande interesse dos românticos pelas origens de seu país, de seu povo. Na Europa, retornam à Idade Média e cultuam seus valores, por ser uma época obscura. Tanto é assim que o mundo medieval é considerado a "noite da humanidade"; o que não é muito claro, aguça a imaginação, a fantasia. No Brasil, o índio representa o papel de nosso passado medieval e vivo; pessimismo: conhecido como o "mal-do-século". O artista se vê diante da impossibilidade de realizar o sonho do "eu" e, desse modo, cai em profunda tristeza, angústia, solidão, inquietação, desespero, frustração, levando-o, muitas vezes, ao suicídio, solução definitiva para o mal-do-século.
escapismo psicológico: espécie de fuga. Já que o romântico não aceita a realidade, volta ao passado, individual (fatos ligados ao seu próprio passado, a sua infância) ou histórico (época medieval); condoreirismo corrente de poesia político-social, com grande repercussão entre os poetas da terceira geração romântica. Os poetas condoreiros, influenciados pelo escritor Victor Hugo, defendem a justiça social e a liberdade; byronismo atitude amplamente cultivada entre os poetas da segunda geração romântica e relacionada ao poeta inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar um estilo de vida e uma forma particular de ver o mundo; um estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista, angustiada e, por vezes, satânica; religiosidade como uma reação ao Racionalismo materialista dos clássicos, a vida espiritual e a crença em Deus são enfocadas como pontos de apoio ou válvulas de escape diante das frustrações do mundo real; culto ao fantástico a presença do mistério, do sobrenatural, representando o sonho, a imaginação; frutos da pura fantasia, que não carecem de fundamentação lógica, do uso da razão; nativismo: fascinação pela natureza. O artista se vê totalmente envolvido por paisagens exóticas, como se ele fosse uma continuação da natureza. Muitas vezes, o nacionalismo romântico é exaltado através da natureza, da força da paisagem; nacionalismo ou patriotismo: exaltação da Pátria, de forma exagerada, em que somente as qualidades são enaltecidas.
luta entre o liberalismo e o absolutismo: poder do povo X poder da monarquia. Até na escolha do herói, o romântico dificilmente optava por um nobre. Geralmente, adotava heróis grandiosos, muitas vezes personagens históricos, que foram de algum modo infelizes: vida trágica, amantes recusados, patriotas exilados. RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS ROMÂNTICAS: Subjetivismo; Egocentrismo; Saudosismo; Sentimentalismo; Idealização da mulher e do amor; Medievalismo (volta às origens - Europa); Religiosidade; Condoreirismo; Byronismo (Lord Byron - boemia, prazeres, fumo, sexo).
O ROMANTISMO NO BRASIL - O romantismo inicia-se no Brasil em 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica, na França, a Niterói - revista brasiliense e lança, no mesmo ano, um livro de poesias românticas intitulado Suspiros Poéticos e Saudades. No prefácio desse livro de 1836, Gonçalves de Magalhães nos dá uma ótima visão do que era o romantismo para um autor romântico. Realmente, Gonçalves de Magalhães define o romantismo e suas características básicas de dois aspectos: conteúdo e forma.
Portanto, os novos conceitos românticos são introduzidos no Brasil em pleno período Regencial, ainda sob o impacto da abdicação de D. Pedro I, quando a jovem nação, politicamente independente desde 1822, vive uma necessidade de auto-afirmação. Com isso, entende-se que o Romantismo nasce no Brasil poucos anos depois de nossa independência política. Por isso, as primeiras obras e os primeiros artistas românicos estão empenhados em definir um perfil da cultura brasileira em vários aspectos: a língua, a etnia, as tradições, o passado histórico, as diferenças regionais, a religião, etc. Pode-se dizer que o nacionalismo é o traço essencial que caracteriza a produção de nossos primeiros escritores românticos, como é o caso de Gonçalves Dias.
A história do Romantismo no Brasil confunde-se com a própria história política brasileira da primeira metade do século passado. Com a invasão de Portugal por Napoleão, a Coroa portuguesa muda-se para o Brasil em 1808 e eleva a colônia à categoria de Reino Unido, ao lado de Portugal e Algarves.
As conseqüências desse fato são inúmeras. A vida brasileira altera-se profundamente, o que de certa forma contribui para o processo de independência política da nação. Dentre essas conseqüências, "a proteção ao comércio, à indústria, à agricultura; as reformas do ensino, criações de escolas de nível superior e até o plano, que se realizou, de criação de uma universidade; as missões culturais estrangeiras, convidadas e aceitas pela hospitalidade oficial, no setor das artes e das ciências; as possibilidades para o comércio do livro; a criação de tipografias, princípios de atividade editorial e da imprensa periódica; a instalação de biblioteca pública, museus, arquivos; o cultivo da pela oratória religiosa e das representações cênicas".
A dinamização da vida cultural da colônia e a criação de um público leitor (mesmo que, inicialmente, de jornais) criam algumas das condições necessárias para o florescimento de uma literatura mais consistente e orgânica do que eram as manifestações literárias dos séculos XVII e XVIII.
A Independência política, de 1822, desperta na consciência de intelectuais e artistas nacionais a necessidade de criar uma cultura brasileira identificada com suas próprias raízes históricas, lingüísticas e culturais.
O Romantismo, além de seu significado primeiro — o de ser uma reação à tradição clássica —, assume e. nossa literatura a conotação de um movimento anticolonialista e antilusitano, ou seja, de rejeição à literatura produzida na época colonial, em virtude do apego dessa produção aos modelos culturais portugueses. Portanto, um dos traços essenciais de nosso Romantismo é o nacionalismo, que orientará o movimento e lhe abrirá um rico leque de possibilidades a serem exploradas. Dentre elas se destacam: o indianismo, o regionalismo, a pesquisa histórica, folclórica e lingüística, além da crítica aos problemas nacionais — todas elas posturas comprometidas com o projeto de construção de uma identidade nacional.
Tradicionalmente se tem apontado a publicação da obra Suspiros poéticos e saudades (l836), de Gonçalves de Magalhães, como o marco inicial do Romantismo no Brasil. A importância dessa obra reside muito mais nas novidades teóricas de seu prólogo, em que Magalhães anuncia a revolução literária romântica, do que propriamente na execução dessas teorias.
AS GERAÇÕES DO ROMANTISMO – Tradicionalmente se têm apontado três gerações de escritores românticos. Essa divisão, contudo, engloba principalmente os autores de poesia. Os romancistas não se enquadram muito bem nessa divisão, uma vez que suas obras podem apresentar traços de mais de uma geração. Assim, as três gerações de poetas românticos brasileiros são: primeira geração: nacionalista, indianista e religiosa. Destacam-se os poetas Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães. A geração nacionalista é impulsionada pelos valores nacionais, introduz e solidifica o Romantismo no Brasil. A segunda geração: marcada pelo "mal do século", apresenta egocentrismo exacerbado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. Destacam-se os poetas Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire. Essa geração é conhecida também por Ultra-Romantismo, devido à forte influência byroniana. Além das mencionadas acima, há ainda o determinismo, vítimas de destino, melancolia, desejo de evasão, recordação de um passado longínquo, que não tiveram, cansaço da vida antes de tê-la vivido. A terceira geração: formada pelo grupo condoreiro, desenvolve uma poesia de cunho político e social. A maior expressão desse grupo é Castro Alves. Essa última geração — condoreira — vive um clima de intensa agitação interna: Guerra do Paraguai, lutas abolicionistas, propaganda republicana. O poeta torna-se o porta-voz das aspirações sociais e seus versos são armas usadas nas lutas liberais.
O Romantismo brasileiro contou com um grande número de escritores, com uma vasta produção, que, em resumo, pode ser assim apresentada: na lírica: Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Álvares de Azevedo, Cardoso de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire, Castro Alves e Sousândrade, dentre outros; na épica: Gonçalves Dias e Castro Alves; no romance: José de Alencar, Manoel Antônio de Almeida, Joaquim. Manuel de Macedo, Bernardo Guimarães, Visconde de Taunay, Franklin Távora e outros; no conto: Álvares de Azevedo; no teatro: Martins Pena, José de Alencar, Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e outro.
Em suma, o Romantismo valoriza o homem emotivo, intuitivo e psicológico, por isso despreza o racionalismo dos iluministas. Apesar disso, o filósofo iluminista Jean-Jacques Rousseau é um dos precursores do Romantismo e exerce forte influência sobre o pensamento da época. Em sua "teoria do bom selvagem", o pensador defendia que o homem é primitivamente puro, mas se perverte no convívio com a sociedade. Estados de pureza e inocência passam a ser supervalorizados, como a natureza, a infinda, o índio e países e povos do Oriente, distantes da "velha e decadente" (assim considerada) Europa. No Romantismo brasileiro, essas idéias ganham ampla aceitação, sobretudo porque a América também podia ser vista como um continente ainda primitivo e inocente, com uma natureza exuberante e selvagem. O índio brasileiro, igualmente, passa a ser idealizado como o "bom selvagem" de Rousseau, com o particular de não ser apenas um índio fruto da fantasia literária, mas um índio que, embora idealizado, estava vivo nas matas brasileiras.

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